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sábado, 14 de janeiro de 2012

HOMILIA DO DOMINGO

2º. Domingo do Tempo Comum – B

Hoje as leituras nos trazem um contexto vocacional. Deus sempre toma a iniciativa e nos chama. Deseja nos comunicar o seu amor, a sua proposta, deseja que nossa vida seja marcada pela sua. O Senhor é insistente e mantém sempre vivo o seu convite, como o fez com Samuel. Como o coroinha de Eli, podemos também tardar em escutá-lo ou não compreender a sua voz, pois nem sempre é tão reconhecível como as mensagens que estamos acostumados: Deus fala de modo discreto, além da necessidade de abertura e discernimento para escutar a sua voz. Certamente o Senhor fala em nossa oração pessoal, pela Palavra proclamada; fala no silêncio de nosso coração ou por intermédio das pessoas; algumas vezes nos fala pelos acontecimentos, dá-nos sinais de sua presença e de seu amor que por vezes são simplesmente desconsiderados. Um dia o Senhor nos chamou. Continua nos chamando pelo nome: Roberto, Tereza, Pedro, Maria, Daniel... Qual é o seu convite? O que Ele deseja hoje de mim e de você? Qual é o tom de sua voz?

Do chamado ou do anúncio, como aconteceu aos apóstolos pela indicação de João Batista, nasce o encontro, como eles mesmos anunciaram: “Encontramos o Messias!” Quando o Senhor se manifesta a nós, deseja que o experimentemos. O primeiro passo não é um oráculo exotérico, uma teoria filosófica ou teológica. Ao se revelar, Deus mantém uma relação de afeto, pois nos ama e somos seus filhos. Por isso, encontrar o Senhor é uma experiência que atinge nosso coração, o interior de nossas decisões, transforma nossas vidas. Ou nossa vida cristã é fruto de um encontro pessoal com o Senhor, ou será um cristianismo de preceito, ou ainda o seguimento de normas e prescrições vazias e frias como as talhas de pedras dos judeus.

Os discípulos foram até Jesus para conhecê-lo, por mandato de João Batista, e tiveram uma grande surpresa. Desejavam saber onde morava o mestre e tiveram uma resposta convidativa: “Vinde e vede!” Então permaneceram e andaram com Ele, mas não chegaram a casa nenhuma, pois o Rabi é um peregrino. Aqui há uma implicação fundamental para nós cristãos: conhecer o Senhor significa sair, não ficar parado, movimentar-se, peregrinar ao lado do Mestre. Não o encontraremos em um lugar fixo, mas nas experiências do dia a dia. Apenas o encontraremos se sairmos do nosso comodismo, se formos capazes de arriscar.

Do chamado nasce uma resposta, como soaram as palavras de Samuel: “Fala que o teu servo escuta!” O seu convite procura tirar-nos do lugar onde estamos. Deus nos chama para uma vida nova, que implica em reconhecer que a vida é mais do que os nossos olhos vêem, uma vida de quem não é dono de si mesmo, mas pertence ao Senhor, como nos diz São Paulo (2ª. Leitura).

Depois do risco de sair para ver onde está o Senhor, podemos permanecer. É preciso interpretar este convite com cuidado. Não é uma contradição ao primeiro movimento, pois, de fato, sempre estaremos peregrinos, a caminho. Permanecer não significa a estabilidade passiva, mas sim que dentro do caminho da fé é preciso ser constante e demorado. Não conheceremos o Senhor de uma hora para outra, pois Ele é um mistério. Por isso, é preciso dedicar tempo, dedicar energia, demorar em sua presença.

A lógica bíblica é simples: do convite amoroso brota um encontro vivo; de um encontro vivo, uma reposta livre; de uma resposta livre, uma vida nova; de uma vida nova, uma missão. Neste domingo você é convidado a meditar sobre o seu encontro pessoal com Jesus Cristo e sobre suas implicações. É chamado a meditar sobre sua vocação como batizado (a) e sobre o modo específico de desempenhar sua vida cristã. É ainda impelido (a) a ser um anunciador do amor derramado em seu coração pela graça do Espírito Santo na força renovadora da Páscoa, como os discípulos que não deixaram a experiência trancada dentro deles mesmos.

Continuamos sempre um pouco curiosos, querendo saber onde ele mora. O Mestre continua a nos surpreender, mostrando-se dos modos mais inusitados. Seu convite ressoa pelos séculos e atinge os nossos corações: “Vinde e vede!” A resposta fica por sua conta.
Bom domingo!

Pe. Roberto Nentwig
"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!”
 (2Cor 12,9).

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