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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

ASPECTOS CENTRAIS DA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS NA CATEQUESE

Muita gente me pergunta no grupo de formação para catequistas, o QUE colocar na catequese de crianças, QUAIS conteúdos abordar e qual o roteiro ou itinerário ideal. Normalmente referindo-se aos conteúdos que devem ser abordados durante o tempo em que as crianças frequentam os encontros de preparação para a Eucaristia ou Crisma. E não é uma pergunta muito fácil de responder em se tratando de um país continental como o nosso.

O que acontece é que cabe a cada "Igreja Particular" (Diocese ou Arquidioceses) estabelecer os rumos da catequese por meio de diretórios ou orientações. E temos em nosso país, 17 Regionais que congregam em suas divisões espaciais, mais de 270 circunscrições eclesiásticas, entre arquidioceses, dioceses, eparquias e prelazias. Um fato que vale uma referência é que, mesmo a maioria TENDO um diretório ou orientações a respeito, elas são praticamente DESCONHECIDAS dos catequistas de base. Quando pergunto, ninguém sabe, ninguém viu. E lá vamos nós, colocar na catequese aquilo que "alguém" acha que deve ou, na maioria das vezes, o que o próprio catequista, sem qualquer tipo de formação, "acha" que deve.

Pior ainda é tentar sugerir um "Itinerário" para a catequese de crianças, já que temos, dentro de um mesmo país, uma Igreja que possuiu diferentes tempos, idades e referências para uma mesma catequese. Encontramos desde 7 anos de preparação para sacramentos, até menos de 2 em alguns lugares. E falo "preparação aos sacramentos" porque é exatamente isso que nossa catequese faz, com raras exceções. A verdadeira "iniciação à vida cristã", sem a preocupação com o sacramento-fim, é uma coisa bem rara. E quanto à idade de início, temos desde os 3 anos até 10,11. Em alguns lugares a crisma encerra a catequese aos 12/13 anos, em outros inicia aos 15/16. Complicado então, responder aos vários questionamentos de vocês sobre "o que devo dar de conteúdo para minhas crianças?".

Mas, vamos aqui tentar simplificar um pouco as coisas. Primeiro que nós temos as orientações do DGC (128 -130) e também DNC (130), que estabelece em linhas gerais os "pilares" da catequese. Você pode ver isso em nossas publicações antigas aqui e no blog:


ou ainda:


Continuando... Vejamos ainda, em que as nossas crianças devem ser "educadas" ou preparadas:

Primeiro a catequese deve EDUCAR para a ORAÇÃO. E esta oração deve ser PESSOAL, COMUNITÁRIA e LITÚRGICA.

- Como PESSOAL, ela deve ensinar a falar com Deus, a ver em Deus um Pai, em Jesus um amigo. E aí, além da oração que cada um pode e deve fazer, vem as orações tradicionais: Santo Anjo, Ave Maria, Pai Nosso.
- Como COMUNITÁRIA, vem a oração com a comunidade: Profissão de fé, Via sacra, Adoração, Terço, momentos fortes do ano litúrgico (Quaresma, Natal), novenas, procissões.
- Como LITÚRGICA, vem a participação na missa, nas celebrações eucarísticas e da Palavra.

Em segundo lugar temos o ACOLHIMENTO NA COMUNIDADE. Fazer com que a criança sinta-se "parte" da comunidade orientando e incentivando a participação em: corais, grupos de canto, coroinhas, acólitos, Infância Missionária, etc.

Em terceiro lugar vem a CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA. Desde pequenos eles podem ser "discípulos", falar ao outro sobre sua fé, espalhar a Palavra e a boa nova. Para isso, o catequizando precisa entender a sua responsabilidade como batizado. Uma excelente catequese sobre o batismo é prioritária e precisa ser feita sempre, guardando as devidas idades e capacidade de discernimento.

Em quarto lugar temos a INICIAÇÃO AO CORRETO USO DA SAGRADA ESCRITURA. E daí vem o conhecer a Bíblia, manusear a Bíblia e entender a Palavra. Aqui uma leitura orante da Palavra, ADAPTADA ás crianças e jovens é muito frutífera.

E tudo isso precisa ser feito CUIDANDO DA APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDO, com adaptação da linguagem e simplificação de conceitos. No entanto, esta simplificação precisa de qualidade teológica. E para entender isso o catequista precisa de boa formação e criatividade. Uma mera infantilização em nome da "mentalidade infantil" é um erro teológico grave que pode causar uma crise de fé no futuro. Assim como o excesso de "regras" e "normas" pode levar a uma compreensão equivocada da religião.

A catequese, como ação básica da Igreja, estende-se pela vida afora. É preciso respeitar o "tempo" de cada um, principalmente das crianças, sem querer "despejar" nelas crianças todo o conteúdo doutrinário da nossa Igreja, que só um adulto é capaz de entender.

Fiquemos atentos então para o que diz o item 233 do DNC:

"233. A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do Evangelho, da catequese e da liturgia, tendo como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação à vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal e com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento, na participação e na ação."

Não queria, portanto, que a criança "aprenda" tudo de uma vez. Lembre que você a está "iniciando" na fé, junto com a iniciação que a família e a comunidade também proporcionam. Devagar com o andor. O sacramento nunca é o "fim", ele é um rito de passagem que marca etapas vencidas e o começo de uma nova vida a cada uma das nossas crianças que, fortalecidos, se tornarão os discípulos de amanhã.

Catequista

FELIZ NATAL!!

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