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quinta-feira, 31 de março de 2016

A CATEQUESE E O LÚDICO - FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS


"Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com as crianças."
(Monique Deheinzelin). 

• Vem do latim ludus, que significa: jogo, exercício, drama, teatro, circo;
• Uma atividade lúdica é uma atividade de entretenimento, que dá prazer e diverte as pessoas envolvidas. O conceito de atividades lúdicas está relacionado com o ludismo, ou seja, atividade relacionadas com jogos e com o ato de brincar.

DIFERENÇA

LÚDICO: promove reflexão, avalia minha capacidade, meus conhecimentos;

DINÂMICA: coloca em “movimento”. 

É bom diferenciar os dois termos!

O OLHAR...


• O lúdico faz com que se olhe, perceba o outro... O “olhar”...

Uma Dinâmica...
• Um de frente para o outro, observem-se nos detalhes... Agora fiquem de costas um para o outro e procure mudar alguma coisa na sua aparência... Qualquer detalhe... Agora virem de novo e tentem descobrir o que mudou...

 O OUVIR...

• Texto de Rubem Alves “Ouvir para aprender” a arte da “escutatória”...

Dinâmica:
Quietos, de olhos fechados... Agora ouçam os sons ao longe... Agora os de mais perto... Agora os de dentro de você...
Qual foi a sensação? O que você ouviu?

 NA PALAVRA

• Eclo 42, 15 e sgtes...
• “Vou agora recordar as obras do Senhor...”
• O sol, os anjos, o coração humano, a ciência, o tempo, os pensamentos... Todas as suas obras... Nada lhe escapa ou fica escondido...

 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO     

“A criança precisa ser alguém que joga para que, mais tarde, saiba ser alguém que age, convivendo sadiamente com as regras do jogo da vida. Saber ganhar e perder deveria acompanhar a todos sempre” Orso (1999).

• A brincadeira, além dos mil motivos da importância da vida da criança, é o verdadeiro impulso da criatividade e que não existe adulto criativo sem criança que brinque. 
• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade; 
• Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;
• Aprender de forma lúdica é muito mais prazeroso e encantador.

Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.

• Brincando, ela explora o mundo, constrói o seu saber, aprende a respeitar o outro, desenvolve o sentimento de grupo, ativa a imaginação e se auto realiza.
• A criança que não brinca, que desenvolve muito cedo, a noção do “peso” da vida, não tem condições de se desenvolver de maneira sadia e que de alguma forma, esta lacuna irá se manifestar em sua personalidade adulta.
• Brincando coloca para fora as suas emoções e personaliza os seus conflitos.

Três aspectos que por si só justificam a incorporação do jogo e da brincadeira como método educativo:
  • O caráter lúdico;
  • O desenvolvimento de técnicas intelectuais e; 
  • A formação de relações sociais.
• O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deve encontrar espaço para ser entendido como método educativo, à medida em que o educador compreender melhor toda sua capacidade potencial de contribuir para com o desenvolvimento da criança.
• As crianças estão, principalmente na primeira infância, explorando o mundo de um modo múltiplo, conectivo, molecular, sensível e não hierárquico. Cabe à educação (escola e catequese) favorecer essa busca de conhecimento inventivo e criador. O brincar mostra caminhos.

 A COMPETIÇÃO

• A competição pode desviar a atenção da criança do conceito envolvido no jogo.
• Muitas vezes é o educador quem sem nem se dar conta enfatiza um vencedor ou um perdedor.
• Trabalhar também com a perda e a vitória é importante, pois em situações reais da vida algumas vezes se ganha, outras se perde.
• Desenvolver jogos colaborativos, ao invés de competitivos, onde um ajude ao outro a resolver a questão do jogo. 

Os jogos, utilizados de forma adequada e com mediações por parte dos catequistas, com certeza, serão para a educação da fé, mais um agente transformador, enriquecendo os encontros de forma divertida e animada, pois brincando também se aprende e é muito mais prazeroso.




  • “Jogo é o resultado de interações linguísticas diversas em termos de características e ações lúdicas, ou seja, atividades lúdicas que implicam no prazer, no divertimento, na liberdade e na voluntariedade, que contenham um sistema de regras claras e explícitas e que tenham um lugar delimitado onde possa agir: um espaço ou um brinquedo” (SOARES, 2008).
  • “O jogo não é o fim, mas o eixo que conduz a um conteúdo didático específico, resultando em um empréstimo da ação lúdica para a aquisição de informações” (KISHIMOTO, 1996).

DESVANTAGENS

Nem toda experiência lúdica liberta...
Jogos violentos, jogos de azar...
• Viciam, escravizam e destroem...
• Promovem a humilhação e ofendem a moral e a dignidade da pessoa...
• Algumas diversões são cansativas, excludentes e exploradoras, perigosas...
• Quando é direcionado pelos resultados;
• Pode conduzir ao isolamento e consequente atrofiamento das competências sociais;
• Podem se tornar uma atividade viciante;
• Pode desenvolver um conjunto limitado de conhecimentos;
• O tempo gasto com as atividades lúdicas em sala é maior se o catequista não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos por falta de tempo;
• A perda de “ludicidade” do jogo pela interferência constante do catequista, destruindo a essência do jogo;
• Quando os jogos são mal utilizados, existe o perigo de dar ao jogo um caráter puramente aleatório, tornando-se um apêndice do encontro. Os catequizandos jogam e se sentem motivados apenas pelo jogo, sem saber porque jogam.

                                                O LÚDICO AOS OLHOS DA FÉ

  • Preparar o coração para saborear a vida;
  • Estampa-se no próprio rosto nas inúmeras expressões do sorriso;
  • Dupla necessidade: sorrir e colher sorrisos;
  • Autentica expressão diante da realização humana na intimidade do amor, da acolhida sincera, do prazer da convivência nas muitas formas de amor experimentado e compartilhado.

 MANIFESTAÇÕES DE NATUREZA LÚDICA:

  • Criação de jogos, brincadeiras, diversões, festas, ritos, expressões de humor;
  • Criação de instrumentos musicais, canções, danças, poemas, teatro, cinema, jardins, parques...
  • O lúdico é a expressão externa do prazer de viver, da harmonia e alegria presente na interioridade humana.


COMO INSERIR O LÚDICO NA CATEQUESE?
  • o primeiro passo para se trazer o lúdico, a brincadeira para a Catequese é o resgate da infância dos próprios catequistas, a memória. “do que brincavam, como brincavam”.
  • Envolver-se nas atividades de forma a vivenciar o lúdico com as crianças.
  • Há vasta literatura sobre a prática catequética e uso de dinâmicas e brincadeiras.
  • Diversificar o uso de criatividades, inserido na realidade de cada lugar onde a catequese acontece, com a preocupação constante de ajudar a tornar o aprendizado de cada conteúdo uma experiência marcante, leve, agradável, interativa, participativa, sedutora, libertadora e transformadora...
  • Buscar e preparar dinâmicas, músicas, filmes, aplicativos, gestos, ritos, símbolos, narrativas, teatros (encenações), imagens e brincadeiras, que sejam adequadas a cada encontro.

 CRITEÉRIOS DE AVALIAÇÃO

  • Em que sentido este jogo, esta brincadeira, este modo de divertir, alegrar e festejar promove ou agride a dignidade da vida das pessoas envolvidas ou do meio ambiente? 
  • As pessoas tornam-se mais amigas?
  • Em que sentido este jogo, esta brincadeira, este modo de divertir, alegrar e festejar impulsiona ou destrói a integração, a boa convivência, os sentimentos e a paz entre as pessoas?
  • Alguém sai magoado ou ferido?
  • Em que sentido este jogo, esta brincadeira, este modo de divertir, alegrar e festejar favorece ou impede o processo de amadurecimento e de aperfeiçoamento das pessoas? 
  • As pessoas ficam felizes?

A PESSOA DE JEUS E O LÚDICO 

• O rosto de Deus, revelado através da pessoa de Jesus Cristo, em seus ensinamentos e ações, o Abba (paizinho querido), pode ser caracterizado pela ternura, pelo encanto e pela proximidade amorosa... 
• Diante do rosto deste Deus não há lugar para o mau humor, a postura carrancuda, o semblante sombrio... 
• Ele é o Deus da vida, fonte da verdadeira alegria e amor. A catequese que pretende revelar esta experiência de salvação, uma verdadeira “Boa Nova” precisa encontrar uma expressão adequada, esperançada, lúdica, alegre, bem humorada...
• A cruz para o cristão é um “fardo leve” e um “desafio suave”. Neste sentido, o seguimento de Jesus não pode ser compreendido como um peso a mais para a vida. Mas, ao contrário, o que torna a dureza da vida algo mais suave.

O CRISTÃO 

Uma configuração do cristianismo e, portanto, da catequese, que não expresse essa autêntica alegria da “Boa Nova” denuncia a sua falta de autenticidade. Como diziam os antigos, ainda que santo, “um santo triste é um triste santo”. 
Uma das marcas do cristão é sua alegria e o encantamento diante da vida. Mesmo diante da derrota, da dor, da perda, o cristão é chamado a contemplar a presença amorosa de Deus, nossa fonte inesgotável de sentido, nosso destino último, nossa pátria definitiva.





Ângela Rocha



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


• ALMEIDA, P. N. Educação lúdica: Técnica e Jogos Pedagógicos. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2003. 
• FLEMMING, D.M. MELO, A.C. Criatividade e jogos Didáticos. São José: Saint Germain, 2003. 
• GRANDO, R. C. O jogo na educação: aspectos didático-metodológicos do jogo na educação matemática – disponível em www.cempem.fae.unicamp.br/lapemmec/cursos/el654/2001/jessica_e_paula/JOGO.doc- acessado dia 12/06/2010. 
• GUIMARAES, Edwar Neves. O lúdico que liberta. 
• KISHIMOTO, T. M. O Jogo e a educação infantil. 3ª ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1994. 
• SOARES, M. H. F. B.; Jogos e atividades lúdicas no ensino de química: teoria, métodos e aplicações. Anais do XIV Encontro Nacional do Ensino de Química – disponível em www.quimica.ufpr.br/eduquim/eneq2008/resumos/R0302-1.pdf - acessado dia 25/05/2010.


OBS. material apresentado aos catequistas da Paróquia Jesus Eucarístico em Apucarana - PR. m19/03/2016.

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