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sábado, 18 de junho de 2016

OU MUDAMOS OU... MUDAMOS!


Ontem andei fazendo uma retrospectiva de minhas ações e atuação na catequese nos últimos dez anos e posso dizer que andei enveredando por caminhos maravilhosos. Caíram as "escamas dos meu olhos" eu diria.

Depois de um começo equivocado, sem saber exatamente por onde andar, passei a amar a catequese. Os encontros semanais com as crianças, falar de Jesus, de fé, da história da Salvação... Foi como embarcar numa "roda-gigante" e viver momentos de intensa emoção, alegria, "susto", coragem...

E isso me levou a estudar muito. A conhecer muito mais a Bíblia, o magistério da Igreja e os documentos da catequese. Enfrentei, a duras penas, uma curso de especialização em Catequética. Metade dele por minha conta, por meu esforço e determinação. E posso garantir que não foram 360 horas de estudo e mais 150 horas de viagem, em vão. 

Assim como não é em vão, dedicar-se a ler, novamente, e de novo se for preciso, o Diretório Nacional de Catequese, como se fosse a primeira vez; a reler sempre a catequese Renovada; a estar por dentro de tudo que se fala sobre Iniciação à Vida Cristã nos moldes do antigo Catecumenato; a ler os Documentos do Papa; conhecer o que falam pedagogos e psicólogos sobre o tratamento com crianças e adolescentes; enfim...  Posso dizer, como afirma uma querida amiga formadora, que não falo nada sem ser algo corroborado por alguma coisa que li da Igreja e dos estudiosos da catequese e das ciências que nos apoiam. 

Só que isso, não torna meu caminho mais suave e nem facilita muito minha missão na catequese. Aliás, em alguns momentos, isso até dificulta mais... 

Principalmente quando entro em alguns embates com algumas pessoas que acreditam que não precisa nada disso. Basta uma carga enorme de boa vontade e rezar para que o Espírito Santo te ilumine. Claro, a boa vontade deve existir sempre. Afinal, a catequese é um serviço voluntário, não remunerado. 

E quanto a iluminação do Espírito Santo, acredito que ele mora no coração de todos aqueles que tem fé, e acreditam verdadeiramente no projeto de Jesus de um mundo melhor e de um reino onde todas as criaturas vivam em paz. E o Espírito Santo se manifesta sempre na obra e na vida daqueles que estão imbuídos de fazer o bem, o que é correto, o que é justo e necessário. 

Só que meus caminhos não tem sido lá muito "maravilhosos"... desde que passei a não aceitar e criticar determinadas coisas que ando vendo. Já tive muitos problemas com o dito "sistema" que ainda impera em algumas paróquias. Mas, felizmente ainda há, em muitas paróquias, padres abertos, dispostos e trabalhando com os leigos engajados, em perfeita sintonia. 

E há, também, o velho problema dos catequistas que vão para a catequese, só com a dita "boa vontade" e velhos caderninhos na bolsa. E que entende a catequese só como um voluntariado. "Onde vou nas horas que me sobram e faço só o que me é possível". E, muitas vezes, mal o que me cabe... 

Assim, a catequese se restringe a ir aos encontros. Encontros de planejamento? Formações? Missa? Eventos da Igreja? Festas da paróquia? Ah não! Não tenho tempo pra isso não... 

A catequese feita assim, não pensa nos reflexos futuros ou qual o objetivo que a entidade precisa atingir. Também não tem grandes responsabilidades no planejamento das tarefas. Vê-se, nesse último quesito, que a catequese raramente tem planejamento. E esse é um problema muito sério. 

Esse modelo típico do regime da cristandade, em que o predomina o "eclesiocentrismo", como sendo a teologia central de nossa Igreja do "Corpo Místico" (onde Jesus é a cabeça e os batizados os membros), meramente transferida para a igreja/instituição como: o Clero é a cabeça e os leigos, seus membros colaboradores; faz com que a realização das ações dependam da vontade do clero e os leigos meramente obedecem as suas "ordens". Isso faz com que os leigos não se sintam exatamente "responsáveis" pelo atos que praticam e suas consequências no futuro da nossa Igreja. 

A falta de comprometimento na ação catequética, isenta o catequista de pensar em objetivos a serem atingidos, na gradualidade dos conteúdos da fé a serem ensinados e na própria sobrevivência da fé e da religião num mundo cada vez mais distante dos ideais cristãos. Só que... falar disso é perigoso!

Ninguém que queira ter um "futuro" numa pastoral pode falar abertamente que não concorda com isso ou aquilo. Invariavelmente a conversa chega aos ouvidos do padre e lá, tem uma conotação bem diferente. 

Ah! Já fui taxada de "revolucionária" e até mesmo "proibida" de dar formações em paróquias, porque ousei dizer aos catequistas que as coisas deveriam ser diferentes... 

Agora, grave, gravíssimo mesmo, é não pensar nas pessoas envolvidas em todo o processo catequético. Aliás, nem se pensa muito na catequese como um processo que vai levar o "querigmatado" a um exercício de discipulado missionário. Normalmente, não se vai além de tarefas em torno de se receber os sacramentos. O que se vai fazer depois, não é uma grande preocupação. 

Mas, minha conversa inicial sobre "terem caído as escamas dos meus olhos", dizem respeito ao seguinte: estou cansada de "ter paciência", de "esperar", fazer as coisas "de mansinho". Acho que não quero morrer esperando as coisas acontecerem. E penso que, enquanto espero, estou sendo conivente com muita coisa errada, estou só fazendo "voluntariado". E é isso. Preciso mudar, precisamos mudar! Ou aquela adorável roda gigante onde a gente entrou cheio de alegria lá trás, vai virar só um velho monumento.

Ângela Rocha

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