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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

HOMILIA DO DOMINGO: HOUVE BODAS EM CANÁ DA GALILEIA


                     HOMILIA DO 2° DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

Jesus distribui o “bom vinho” da felicidade prometida para os últimos tempos. Nunca é tarde para aprender a viver com mais profundidade. Aquele Jesus que iluminou com sua presença as bodas de Caná pode ensinar aos esposos cristãos a beber um “vinho ainda melhor”.
 (José Antonio Pagola)

Caná da Galileia, uma minúscula aldeia da montanha situada a quinze quilômetros de Nazaré. O quarto evangelista descreve elementos e pormenores de uma festa de casamento. A cena tem um caráter claramente simbólico. Não se sabe o nome do esposo e da esposa. A figura central é Jesus. A história nos ensina que nas cidadezinhas do campo a festa de casamento tinha muita importância e durava alguns dias. Comida, bebida, festa, danças. Certamente muito vinho. A mãe de Jesus, de repente, se dá com que não havia mais vinho. Como é que os convidados poderiam continuar a cantar e dançar sem essa bebida que alegra o coração do homem. Jesus aceitará de colocar ali o “primeiro sinal” que aponta para o Reino que ele vem instaurar conosco e para o bem da humanidade.

O tema da novidade e da alegria perpassa a narração. Com a falta de vinho falta alegria naquela festa e na festa do mundo. Ao transformar a água em vinho Jesus traz alegria. Havia na casa jarrões de barro com água para os ritos purificatórios dos judeus. Aquela água é transformada em vinho. O antigo fica novo. Jesus é a novidade. Encerrou-se um modo de estar com Deus e de adotar comportamentos legais. Os que quiserem viver a festa da vida serão aqueles que haverão de sorver do vinho novo que é Jesus.

Bodas, festa, intimidade dos esposos, amor esponsal. Fundamental que nossos relacionamentos com o Senhor se revistam de respeito, mas também de carinho e de intimidade. A primeira leitura da liturgia desse domingo, tirada de Isaías, coloca nos lábios de Deus palavras de imensa ternura: “Não mais te chamarão de Abandonada, e a tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será minha Predileta e tua terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e a tua terra será desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposam; e como a noiva é a alegria do noivo, assim tu também é a alegria de teu Deus”. Linguajar amoroso. Não deveríamos todos alimentar e nutrir com o Senhor um relacionamento esponsal.

Nota-se no texto de João uma intervenção de Maria. A mulher é sempre mais atenta aos detalhes de uma recepção. Ela vai dizer ao Filho que o vinho tinha acabado. João, é claro, insinua que se trata do vinho da felicidade dos filhos de Deus com o Pai. Essa água transformada em vinho lembra o momento da chegada da hora de Jesus. Quando ele derramar seu sangue rubro como o vinho poderá acontecer a felicidade para o buscarem com coração sequioso e humilde. Retemos em nosso ouvidos uma palavra de Maria na ocasião: “Fazei o que ele vos disser”. Não é esta a missão da Mãe do Senhor e nossa Mãe a nos repetir: “Façam tudo o que meu filho mandar”?

A leitura do episódio das Bodas de Caná nos leva a pensar nos casamentos de hoje e de todos os tempos. A cada momento entram por nossos olhos cenas conjugais. Desde pequenos estivemos presenciando o amor de nosso pais. Delicadezas, serviços prestados, mãos dadas e corações unidos. Os verdadeiros casais se unem pelos laços do bem querer. Num determinado homem e mulher se escolhem com discernimento e livremente. Fazem-no com um desejo e empenho do para sempre. Um bem-querer irresistível deles toma conta e se entregam mutuamente para a aventura (ou ventura) da conjugalidade e da paternidade. Alguns se unem de qualquer forma e não conseguem viver um grande amor. Ficam nos prolegômenos. Outros, mesmo sem viverem uma fé religiosa, se unem na solidez do dom mútuo. O mundo precisa de homens e mulheres que saibam o que estão fazendo quando se casam.

Os cristãos começam sua vida a dois com a celebração do sacramento do matrimônio. O amor conjugal cristão pretende ser uma “propaganda” do amor de Deus pela humanidade. Pagola coloca na boca dos noivos as razões e o sentido do sacramento: “É isto que os noivos querem dizer: ‘Nós nos amamos com tal verdade e fidelidade, com tanta ternura e entrega, de maneira tão total, que nos atrevemos a apresentarmos nosso amor como ‘sacramento’, isto é, sinal do amor que Deus nos tem. Daí em diante, quando virdes como nos amamos podeis intuir, ainda que seja de maneira deficiente e imperfeita como Deus vos ama” ( Pagola, João, p.55).

Esposo e esposa, dois buscadores das estrelas, dois ardorosos discípulos do Senhor. O amor íntimo que eles celebram e desfrutam, os gestos de carinho e de ternura que trocam entre si, a fidelidade que vivem dia a dia, tudo tem para eles um caráter sacramental, de símbolo, de sinal. Eles experimenta a proximidade de Deus em suas vidas e são “propaganda viva” do amor de Deus.

Texto para reflexão

"O matrimônio é um sinal precioso quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer “espelha-Se” neles, imprime neles as características e o caráter indelével de seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o mistério do matrimônio: dos dois esposos Deus faz uma só existência. Isto tem consequências muito concretas na vida do dia a dia, porque em virtude do sacramento, os esposos são investidos de uma autêntica missão, para que possam tornar visível, a partir das realidades simples e ordinárias, o amor com que Cristo ama a Igreja, continuando a dar a vida por ela." (Papa Francisco, Amoris Laetitia, n. 121).
Por:Frei Almir Guimarães
FONTE: franciscanos.org




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