Mas afinal, o
que é retórica?
Sabe aquele professor ou professora
que você adorava ouvir falar? Ou aquele palestrante que prende a platéia com
suas palavras? Ou então aquele político que discursa como ninguém? Ou ainda
aquele padre cuja homilia é simplesmente maravilhosa? Ou aquele escritor que
você sente que diz tudo que você gostaria de dizer?
Todas essas pessoas podem ter aquilo
que chamamos de “o dom da palavra”. Ou então, dominar aquilo que chamamos de
“retórica”. Que nada mais é do que a arte ou técnica de usar a linguagem para
comunicar de forma eficaz e persuasiva a mensagem que quer transmitir.
E para entender um pouco o que é
retórica, precisamos voltar no tempo e na história e discutir um pouco de
filosofia.
A Retórica nasceu no século V aC,
tendo se desenvolvido nos círculos políticos e judiciais da Grécia Antiga. A
palavra origina-se do latim rhetórica,
que por sua vez vem do grego rhêtorikê
e dela também se deriva rhêtôr, que
significa orador.
Originalmente a retórica visava
persuadir uma audiência dos mais diversos assuntos, mas acabou virando sinônimo
da arte de bem falar. Aristóteles, na obra “Retórica”, lançou as bases para sistematizar
o estudo desta arte, tornando-a um dos elementos chave da filosofia junto com a
lógica e a dialética.
A retórica foi uma das três chamadas
“artes liberais” ensinadas nas universidades da idade média, junto com a lógica
e a gramática. Até o século XIX foi parte central da educação ocidental, cujo
objetivo era a necessidade de treinar oradores e escritores para convencer
audiências mediante argumentos bem constituídos.
A retórica apela à audiência em três
frentes: ethos, logos e pathos. Respectivamente: a pessoa do
orador, o assunto a ser falado e quem vai receber a mensagem. Se analisarmos
cada uma destas frentes, veremos que ela tem muito a ver com nosso trabalho
como disseminadores da Palavra.
Comecemos pelo Ethos, que diz respeito ao caráter do orador, que se for íntegro,
honesto e responsável conquistará mais facilmente o público. O orador deve
possuir certas competências para ter sucesso como a capacidade de dialogar
(tanto de comunicar como de ouvir), de optar, de pensar e de se
comprometer, por isso, se o orador for uma pessoa cuja opinião se atribui algum valor,
idônea, é já é metade do sucesso.
O Logos é a consideração pelo conteúdo
do discurso por parte do orador, se este quer que a mensagem convença. Para
isso tem que apresentar claramente o conteúdo e as idéias (tese) que vai
defender, selecionar bem os argumentos que fundamentam a tese (argumentos que
diminuam as hipóteses de rejeição ou réplica), apresentando os mais fortes no
início e repetindo-os no fim, antecipar objeções à tese (para desvalorizar os
contra-argumentos) e procurar recursos estilísticos (retórica/arte).
Já o Pathos define-se
pela sensibilidade do público, que é variável em função das características do
mesmo. É preciso perceber, por mera intuição, o que o move, a que é sensível,
numa expressão: como quebrar o gelo. O orador tem que selecionar as estratégias
adequadas para provocar nele (público) as emoções e as paixões necessárias para
suscitar a adesão (conversão) e
levá-lo a mudar de atitude e de comportamento. O orador mesmo servindo-se ideias racionais,
não pode deixar de usar seu carisma e a sua habilidade na oratória.
No início, a retórica ocupava-se mais dos discursos políticos falados, ou seja, a oratória. Mais tarde se alargou e passou a se ocupar também de textos escritos e, em especial, aos literários, disciplina hoje chamada “estilística”. A retórica enfim, é uma ciência,
no sentido de um estudo estruturado, e uma arte
no sentido de uma prática que vem de uma experiência que utiliza uma técnica.
E aí? Deu para entender a importância da retórica na catequese? Um bom orador, com certeza, saberá converter e fazer discípulos missionários de Jesus.
Para finalizar nossa exposição, um
pensamento:
“Quem deseja
ter razão decerto a terá com o mero fato de possuir língua.” (Goethe).
Ângela Rocha
Catequistas em Formação
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