A Eucaristia não é um rito social-religioso de final de semana ou de conveniência social. Nela, encontramos o Tesouro da Igreja e as responsabilidades do cristão. Na sequência, três Papas nos ajudam a meditar sobre esse Mistério da Fé e suas implicações.
São João Paulo II, na Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, ensina que a Igreja vive da Eucaristia, pela qual experimentamos todos os dias a presença do Ressuscitado. O sacrifício eucarístico é a fonte e o centro de toda a vida cristã. É o Tesouro da Igreja, sacramento por excelência do mistério pascal. Ela estimula a nossa dedicação diária para viver os deveres como cidadãos, visando construir um mundo conforme o projeto de Deus.
São João Paulo II confidencia: “[...] os meus olhos concentram-se sobre a hóstia e sobre o cálice onde o tempo e o espaço de certo modo estão ‘contraídos’ e o drama do Gólgota é representado ao vivo, desvendando a sua misteriosa ‘contemporaneidade’. Cada dia pôde a minha fé reconhecer no pão e no vinho consagrados aquele Viandante divino que um dia Se pôs a caminho com os dois discípulos de Emaús para abrir-lhes os olhos à luz e o coração à esperança (cf. Lc 24, 13-35)”.
O Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, reafirma que a Eucaristia está sempre no centro da vida eclesial e por meio dela, a Igreja renasce sempre. Quanto maior for a fé eucarística, mais profunda e comprometida será a nossa participação na Igreja e na missão atribuída por Cristo aos seus discípulos, que é testemunhar a fé com a vida, comunicando o amor de Deus onde atuamos.
A união com Cristo realizada no Sacramento da Eucaristia nos chama a transformar as estruturas sociais injustas, para restabelecer o respeito ao ser humano, imagem e semelhança de Deus. Trata-se da luta pela justiça e pela paz, da denúncia das situações indignas às quais são submetidos os seres humanos, conforme exposto na Doutrina Social da Igreja.
Nessa linha, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, amparado em bases bíblico-teológico-pastorais, acentua a nossa responsabilidade de ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres.
Tal responsabilidade cristã encontra diretrizes na Doutrina Social da Igreja, expressando o Evangelho da Misericórdia de Deus, concretizado pela “solidariedade”, atitude que vai além de gestos esporádicos de generosidade e remete à uma mentalidade pautada no bem comum e na justiça social.
Vitor Nunes Rosa
Professor de Filosofia na Faesa
REVISTA VITÓRIA MAIS – Arquidiocese de Vitória –ES.
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