Fiquei
muito feliz com um convite que recebi para conduzir um encontro para os pais
dos catequizandos em uma das nossas comunidades. Não só porque me realizo
fazendo estes encontros, mas, porque considero o tema de suma importância nos
dias atuais: Como estamos vivendo esta
“era digital”? Como pais e filhos estão encarando todas essas novas tecnologias
de comunicação?
Nossos filhos e a era
digital.
Este foi e tema que escolhemos para falar da tecnologia e da angústia que
muitos pais vivem hoje, vendo seus filhos, praticamente “grudados” em seus
celulares e, aqueles que podem, em seus tablets, Ipads, etc.
Há
quem ache isso o “mal do século”. Que a tecnologia acabou com as relações “face to face”, olho no olho. De fato,
hoje a gente se relaciona mais nos meios digitais do que por meio de encontros
“físicos”.
Mas,
pera aí! É impressão minha ou ainda é com GENTE, que nós nos relacionamos? Por
mais que a tecnologia nos pareça um tanto “fria”, ela nos proporciona muitas
vezes, o calor da amizade, do reencontro, companhia num momento de solidão...
Fico
triste quando vejo pessoas do nosso meio criticando nossos jovens pelo fato de
estarem mais nas redes sociais do que no mundo real. E eu me pergunto então, o
que, neste “mundo real”, pode existir de mais interessante que o próprio mundo
digital?
A
tecnologia hoje nos proporciona uma realidade nunca imaginada pelos nossos pais:
falar com uma pessoa com apenas um toque, e esta pessoa pode estar a milhares
de quilômetros; proporciona diversão e entretenimento com menor custo; temos
informação apenas digitando a primeira letra de uma palavra: é o "instant" fazendo com que se
encontre em segundos o que se está procurando... e o que não se está, também.
E
com isso, o filho não precisa perguntar mais nada aos pais! Os buscadores da
Internet respondem tudo! E, pobres pais, perderam a autoridade sobre os filhos.
Afinal, conhecimento é poder! Alguém duvida disso?
Mas,
uma coisa temos que considerar: a internet não ensina a perguntar, são os pais
e a boa e velha "vida real" é que faz isso.
Por
isso é preciso refletir. E refletir bastante a respeito, não só do lugar a que
tudo isso nos leva, mas, do próprio caminho que se está trilhando. Porque o
caminho vai levando, vai levando, e durante a caminhada, as tecnologias de
comunicação estão avançando, avançando, sem que a gente tenha a menor noção de
onde se vai chegar... Se é que se vai mesmo “chegar”.
É
a “Infinita highway”... Acho que devemos nos inspirar um pouco na letra desta
música que, por incrível que pareça, é de uma geração onde a tecnologia ainda
estava engatinhando... Cantei na minha juventude e, posso escutar o jovem
de hoje cantando estes versos...
♫ Mas não precisamos
saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que
não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos nem
objetivos
Nós estamos vivos e é
tudo...
A música: http://mais.uol.com.br/view/9065471
Alguns comentários:
Eu
não acredito muito nisso de "ideia básica" numa palestra e nem de
"passar aos pais". Aliás, meu estilo de formação não é
"passar" nada a ninguém... Porque se eu passar, fico sem! Não, não
estou curtindo com a cara de ninguém.
Essa
é uma coisa que aprendi na minha experiência profissional com jovens
aprendizes. Precisamos pensar que, enquanto educadores - e esse é nosso papel
na catequese - somos MEDIADORES do conhecimento, da informação. Não podemos e
não devemos "passar" ideias a ninguém. Mostramos o
"caminho" e ajudamos na caminhada...
Cada
um precisa "fazer" sua ideia, seu próprio conhecimento com a sua
interpretação da realidade. E isso vem, em primeiro lugar, das experiências que
a pessoa já tem, que vai se somando ao que ela adquire ao longo da vida.
Por
isso eu sou tão contra qualquer "obrigatoriedade" que se crie na
catequese. Ninguém pode ser obrigado a aceitar a fé, ela vem, firme e forte,
quando a pessoa estiver prepara e aberta a isso, quando quer.
Eu
não pretendo dar solução para nada e nem acho que é meu papel isso. Não posso
chegar para os pais e dar uma "receita" de como criar os filhos. Nem
sei se estou criando os meus direito! Posso dar a "informação" do que
está acontecendo, a percepção da realidade, do mundo que se tem hoje e, aí,
esperar que eles processem essa informação, deem um passo à frente e transforme
essa informação em conhecimento, e depois, mais um passo (reflexão) e ela se
transforma em AÇÃO.
É
assim que construímos o saber: dando às pessoas a oportunidade de somar, as
experiências que possuem (no caso de "pais") às informações do mundo
atual; para que assim, refletindo, possam transformar isso em ação com relação
ao tema/problema.
Uma
boa formação, um bom encontro, é isso: provocar reflexão. Seria muita soberba
nossa, achar que temos a solução.
E
quando ao perigo do "Sexting" essa é uma coisa que só mudou de nome.
É o mesmo perigo do sexo físico entre adolescentes e jovens que não tem
maturidade para isso. O que acontece é que a internet tornou mais fácil as
manifestações da puberdade dos jovens. Se educamos nossos filhos para a
castidade, essa castidade se manifestará na vida real e na digital também.
E
sobre os muitos pais que se preocupam mais em “dar” presente do “estar”
presente na vida dos filhos. Talvez nossos pais estejam carentes de
"Pai" também...
Eu
faço parte das mães que não acreditam que existe um mundo "virtual".
Virtual é meio imaginário. E lá nada é "imaginário" - é real pra
caramba! – É sim, um mundo onde as pessoas estão “ficando” cada vez mais. Quanto
a crianças e jovens, é dever do pais orientar e direcionar os filhos. Se eles
não praticam atividades físicas é porque não gostam e não são estimulados. Se
não caminhem nem pra ir à escola, como é que vão gostar de caminhar algum dia? Se
não tem tarefas em casa pra cumprir, quando é que vão aprender a ser
responsáveis? E se não cumpre o combinado por causa da internet, precisam ter seus
aparelhos eletrônicos "confiscados". Simples assim, sem discussão ou briga. Os pais
precisam descobrir os caminhos, fazer concessões e pedir resposta a isso. Os
pais precisam estar no mundo digital também. Nada de ficar "ausente",
se este é o mundo onde nossos filhos estão, temos que estar nele também.
Ângela Rocha
Catequistas em Formação
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