Dá-me sempre o que pensar, quando alguém à minha volta pede um café descafeinado.
Acho uma invenção muito estranha! Você sabe o que é um café descafeinado, não sabe?
Tem a cor do café, cheira a café, parece café… Mas, já não tira o sono!
Arranjamos uma maneira de ficar com gosto de café na boca, mas, de maneira que depois possamos dormir tranquilamente. E quando penso no café descafeinado, lembro-me sempre que esta lógica pode ser comparada ao cristianismo dos últimos tempos...
Às vezes, parece que não há muito mais do que uma fé desfeinada...
É como a fé, cheira a fé, parece fé… mas já não muda nada, não nos transforma, nem transforma à nossa volta. Parece que lhe tiramos muitas vezes a força transformadora e recriadora de corações, como tiramos a cafeína ao café.
Parece que fizemos da Fé um suceder de rituais aprendidos, mas que já não nos põe em casa, não nos faz estar despertos para a Vida, não nos mantém acordados no acolhimento e anúncio da Palavra de Deus e das palavras dos outros.
Às vezes, sentamo-nos num banco de Igreja como numa mesa onde se toma um café descafeinado. Bebemos a nossa dose, cumprimos o ritual, deixamos nas bordas do coração um travo leve de fé, mas, de maneira a que não nos tire o sono, não nos estimule nem desinquiete, de maneira a que não nos possa dizer que temos de mudar!
Depois, costumamos levantar-nos e seguir o nosso caminho, como se nem sequer nos tivéssemos sentado…
SHALOM
Pe. Rui Santiago, cssr.
Você também pode ouvir o Pe. Rui AQUI
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