HOMILIA DO 18° DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
O povo que havia presenciado
a multiplicação dos pães foi atrás de Jesus. O que buscavam? Jesus interpreta o
desejo que estava em seus corações: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais
me procurando não porque vistes os sinais, mas porque comestes o pão e ficastes
satisfeitos” (Jo 6, 26). A busca religiosa pode não ser autêntica. A
autenticidade depende de um critério: buscamos o prodígio ou o sinal? Ir em
direção do prodígio é o interesse pelo vislumbre da religião e pela saciês
imediata operada de modo mágico, provedora de comida, saúde e bem-estar. Não
devemos buscar os milagres de Deus, mas o Deus dos milagres.
Para que Jesus nos dê o
verdadeiro pão, precisamos passar do desejo do pão terreno, para o desejo do
Pão do Céu, o Pão da Vida. A fé nasce do reconhecimento como sinal – este indica
algo mais profundo, que vai além, da fome material. Aponta para uma vida nova,
que nasce da fé no doador dos dons que é o Senhor. Jesus procura nos mostrar
que existe uma realidade mais sublime que pode ficar escondida, justificando o
famoso dito: “Enquanto o sábio indica as estrelas, o tolo olha o dedo”. Porém, cuidemos para que uma
interpretação superficial não tome conta da nossa mente. Desejar o Pão do Céu
não significa a busca de doutrinas sublimes, do brilho glorioso, da divagação
sobre as coisas da vida após a morte. Ou seja, buscar o Pão do Céu não é um
alienação em detrimento do pão que sacia a fome material. Pelo contrário, alimentar-se
com o Pão do Céu e crer que Jesus transforma a nossa vida aqui e agora.
Corre-se um risco de um
apego ao passado. Não é fácil mudar a mentalidade, mudar de residência, rumar
novos horizontes. O povo de Israel reclamou porque perderam as seguranças do
Egito e não tinham o que comer. O povo do Evangelho pediu um sinal e preferiu o
Jesus da Multiplicação, àquele que fazia um discurso um tanto mais exigente.
É preciso realizar um êxodo,
uma saída, um deslocamento. O povo de Israel saiu do Egito e foi para o lago.
São Paulo no fala na segunda leitura de outro tipo de deslocamento: deixar a
antiga humanidade, renovando o espírito e a mentalidade. Esta humanidade
recriada leva à procura à verdadeira imagem de Deus. Lembremos que Deus mesmo
nos moldou e nos deu o seu espírito. Esta argila continua sendo modelada,
mostrando ser verdadeira imagem de quem a esculpiu? O que precisa ser feito
desta argila, animada agora com o espírito novo do Senhor? Que nova mentalidade
devemos ter diante da vida?
“Senhor, dai-nos sempre
deste pão” (Jo 6,34). O povo não entendia o que estava pedindo; pedia comida
material, como a samaritana pediu a água do poço. O Senhor, porém, oferece o
verdadeiro pão: “Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim não terá
mais sede” (Jo 6,35). Hoje, na mesa da Eucaristia nós podemos comer do Pão da
Vida: Pão que não nos deixa sentir fome, que preenche a fome de Deus, a fome de
sentido, a fome do coração.
Pe Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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