HOMILIA DO 4° DOMINGO
DA QUARESMA – ANO C
A famosa parábola do filho
pródigo é sempre atual e comovente. No tempo da Quaresma, somos convidados a
participar do ministério da reconciliação: “Deixai-vos reconciliar com Deus”
(2Cor 5, 20).
O verdadeiro nome da
história contada por Jesus deveria ser Parábola
do Pai misericordioso, embora muitas vezes preferimos Parábola do filho pródigo. De fato, a centralidade não deve estar
no pecador que se converte, mas no Pai que ama de modo incondicional. O Pai ama
aquele que gasta parte considerável de seus bens, ama e perdoa, sem se importar
com a conduta do filho. O pai
misericordioso ama o filho mais velho, mesmo sendo rabugento. Ama todos,
independentemente dos pecados.
Cristo nos fez seus irmãos e
nos revelou a face amorosa do Deus que é Pai. Contudo, não é um pai severo,
castigador ou distante como aqueles pintados nos antigos catecismos. Em sua
gratuidade, Deus não ama só justos, mas veio para os pecadores (cf. Lc 5,
31-32). Deixa as noventa e nove ovelhas no aprisco e sai em busca daquela que
está perdida. (cf. Lc 15, 1-7). Deus é um Pai que abre os braços para abraçar e
fazer festa com o filho pródigo que voltou para casa, sem perguntar o que ele
fez com seus bens. O Evangelho de hoje é uma oportunidade para que
experimentemos o amor misericordioso e gratuito.
O outro personagem é o filho
pecador. Este tinha a experiência do Pai da lei e da justiça, não do Pai da
misericórdia. Sua fuga é uma tentativa frustrada de felicidade. O pecado é sempre
uma busca, uma procura por acerto. Como consequência, perde tudo, afasta-se do
amor, da casa paterna. O que lhe resta são as sobras, a dureza da vida, a falta
de amor. Caindo em si arrepende-se. Ainda não pensa nas lágrimas de seu pai,
mas na dura situação da sua vida. Seu retorno possibilita a manifestação do
amor do Pai, que se adianta para abraçar o filho, não pergunta sobre o que fez,
simplesmente devolve-lhe tudo: dignidade (dá-lhe roupa nova, calçado), filiação
(anel no dedo) e acolhida (festa com o novilho).
O filho mais velho nos traz
lições preciosas. Aliás, ele é fundamental na parábola, tendo em vista que
Jesus está diante dos fariseus e escribas que questionam o fato de Jesus se
aproximar dos publicanos. Ou seja, Jesus
questionou a atitude daqueles que condenavam os pecadores, julgando-se santos.
É ilustrativo mencionar que o filho pródigo da parábola de Jesus experimentou o
amor do Pai, enquanto o filho mais velho, que sempre esteve em casa, reclamou
seu lugar diante da alegria manifesta pelo filho que voltou. É mais fácil nos
tornar filhos mais velhos do que filhos pródigos. Não é raro encontrarmos
pessoas que se consideram religiosas porque vivem certas práticas, mas vivem
amargas; são incapazes de desfrutar da alegria como dom de Deus. Jesus sempre criticou a atitude farisaica
daqueles que se consideravam os justos.
Assim, é preciso eliminar o
julgamento, alegrar-se com aqueles que estão em busca do Senhor, mesmo que
ainda não tenham deixado certas atitudes. É preciso acolher os novos na
comunidade em seu entusiasmo e não julgarmos aqueles que são considerados, até
por nossos cânones, pecadores públicos. Aquele que nunca fez festa com o pai,
não compreende a festa do filho mais novo, que reconheceu a grandeza da misericórdia
de Deus. Também aqueles que nunca saem
da igreja devem estar atentos para não deixar de desfrutar da festa de Deus, da
alegria de ser cristão, desprezando aqueles que experimentam o Deus de amor e
bondade. Certamente, muitos de nós sentimos morando na casa paterna, mas com a
mesma atitude soberba do filho mais velho.
A experiência cristã inclui
considerar-se pecador, sempre necessitado da misericórdia. Significa não se
achar santo, julgando os demais, mas abrir-se ao amor gratuito do Pai. Nosso
Deus é o Pai da Parábola da misericórdia? Como está nossa atitude diante do
Deus da graça: somos cumpridores da lei ou participantes da festa? Em que lugar
nos encontramos? Existe em nossa vida marcas do filho pródigo? Existem também
marcas do filho mais velho?
Pe. Roberto Nentwig
Aquidiocese de
Curitiba- PR
FONTE: NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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