HOMILIA DO 1°
DOMINGO DA QUARESMA – ANO C
Ir ao deserto. Na primeira leitura, vemos
que o Povo de Israel fundamenta a sua fé em algo bem concreto: Deus conduziu
Abraão, e depois o Povo todo para um êxodo, uma saída. O Povo viveu uma
experiência pascal, indo ao deserto e também experimentando um Deus que liberta
r que faz aliança; mas também um Deus que põe à prova. Jesus[A1]
também vai ao deserto, preparando-se para o seu ministério que será uma grande
Páscoa – a passagem da morte para a vida.
O deserto é o lugar da
tentação. O
Povo de Israel foi tentado ao viver uma experiência de total despojamento, o
que o trouxe a tentação de desconfiar de Javé. Jesus, conduzido pelo Espírito,
viveu esta experiência antes de sua vida pública. Os padres eremitas da
antiguidade viam o deserto como o lugar de luta contra o demônio: no silêncio e
na solidão se revela os males do interior dos eremitas. Ao se deparar com o seu
verdadeiro eu, aprendiam a vencer aquilo que se opunha ao projeto de Deus.
Jesus é tentado no deserto.
Jesus é humano em todas as suas ações, pensamentos e sentimentos: Ele sente
sede e fome, fica frustrado com seus amigos, enfurece-se com os vendilhões,
chora no túmulo de Lázaro, muda de ideia com a insistência da Cananéia... E tal
fato se evidencia na tentação. Ele, como qualquer um de nós, é tentado a
sucumbir, a falhar, a se render ao prazer, ao ter, ao poder... São essas as
três forças que se opõem ao projeto do Pai, que foi assumido pelo Senhor:
1.
“Se és filho de Deus, manda que estas pedras
se mudem em pão” (Lc 4, 3). É a tentação de buscar ser saciado a todo custo.
Nós queremos ser saciados, precisamos de alimento, de abrigo, de proteção...
Torna-se perigoso quando nos esquecemos a sacies do pão da Palavra. Deus não
está a serviço de nossos caprichos, mas deseja antes que nos orientamos para
sua vontade. Por isso, Jesus responde: ”Não de pão vive o homem! (Lc 4,4).
2.
“Eu te
darei todo este poder e toda a sua glória...” (Lc 4,6). O diabo é o doador dos
bens deste mundo. É fácil perceber como nos curvamos diante dos bens deste
mundo. É preciso os extremos do acúmulo egoísta como aquele homem que guardou
tudo no celeiro e foi surpreendido pelo fim da vida, como o extremo do
consumismo que realiza a busca da felicidade na obtenção dos bens anunciados
pela mídia, proclamados como segurança.
3.
“Se és filho de Deus, atira-te daqui para
baixo!” (Lc 4,9). É a tentação de se usar o poder para o exibicionismo, em
benefício próprio. Também queremos o prestígio, o reconhecimento, a fama, o
respeito. Somos tentados a fazer o mau uso do poder para obter tudo isso. Pais,
mestres, chefes, religiosos... De alguma forma, todos nós temos algum poder. O que fazemos com ele?
O Diabo se afastou e voltará
no tempo oportuno. Não apenas para tentar a Jesus, mas para tentar a cada um de
nós. É tempo de tomarmos consciência de nossa fraqueza, certos de que eliminar
todo o mal do coração é um processo para a vida toda.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de
Curitiba - PR
FONTE: NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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