O Ofício de Trevas, por
mais que o nome evoque coisas obscuras, é uma das orações mais belas da
Semana Santa. Em alguns lugares ele é celebrado na Segunda Feira Santa, mas o
dia mais correto para esta celebração é entre a noite de Quarta-Feira até antes do amanhecer da Quinta,
marcando o início do Tríduo Pascal.
Ao longo dos séculos houve muitas formas musicadas, inclusive não apenas na
forma gregoriana, mas também na forma de música clássica. Durante muito tempo
este rito permaneceu guardado pela igreja em celebrações mais restritas, mas,
atualmente vem sendo retomado em diversas paróquias e dioceses do Brasil.
O Ofício de trevas mostra, de
forma bastante clara, a figura do servo Sofredor e, junto dEle, nos colocamos
rezando e meditando sobre os Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz.
O nome da cerimônia é Ofício
"de Trevas" e não "das Trevas" (matutina tenebrarum), como se pensa. É uma liturgia Cristã
relacionada à Paixão de Cristo, que existe desde o século XIII, e uma das cerimônias
mais místicas da Semana Santa, nas noites de quarta, quinta e sexta-feira.
Consiste nos Ofícios de Matinas (nove
Salmos, nove leituras) e Laudes
(cinco Salmos, o Benedictus, uma
antífona, Salmo 50 e uma Coleta) do Breviário.
O nome deriva-se de três situações de trevas:
1 – As trevas naturais de meia-noite ao
anoitecer, ou seja, as horas destinadas à recitação do ofício,
lembrando as palavras de Cristo preso nas trevas da noite: “Haec est hora vestra et potestas tenebrarum”
(Esta é a vossa hora e do poder das
trevas.) (Lc 22, 53).
2 – As trevas litúrgicas, quando
durante as cerimônias da paixão apagam-se todas as luzes na igreja, exceto uma.
3 – As trevas simbólicas da paixão de Cristo.
Como este ofício é cantado ao
cair da noite, o auxílio das luzes de velas torna-se indispensável. No coro é
colocado um candelabro de quinze velas (Tenebrário). Uma delas é de cor branca
e todas as outras são feitas de cera amarela e comum, como sinal de luto e
pesar. No final de cada um dos Salmos que vão sendo cantados, o cerimoniário
apaga uma das velas. Ao mesmo tempo, as luzes da igreja vão sendo apagadas
também.
As velas que vão se apagando
representam os discípulos, que pouco
a pouco abandonaram Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Paixão.
A
vela branca escondida atrás do altar e, mais tarde, outra
vez visível, significa Nosso Senhor
que, por breve tempo, se retira do meio dos homens e baixa ao túmulo, para
reaparecer, pouco depois, fulgurante de luz e de glória.
No fim, apagam-se as luzes
para simbolizar o luto da Igreja e a escuridão que baixou sobre a terra quando
Nosso Senhor morreu, enquanto o coro canta a antífona Christus factus est (Cristo
Se fez obediente até a morte) e então o Salmo 50, o Miserere.
A
razão histórica do rito de apagar pouco a pouco as velas do tenebrario
provavelmente é uma lembrança. Semelhantemente se apagava uma vela depois de
cada salmo, para constar quantos foram recitados. Este rito remonta, portanto,
ao tempo em que ainda não havia ofícios metodicamente organizados ou quando
havia, conforme a estação do ano, mudança no número de salmos. Ao término do
ofício, o oficiante e os que o seguem, fecham o livro com estrépito.
Ao final do ofício, todos os
fiéis batem os pés no chão ou seus livros no banco. O ruído no fim do ofício de
trevas significa o terremoto e a perturbação dos inimigos e recordam a desordem
que sucedeu na natureza, com a morte de Nosso Senhor. Por isso é comum que os
participantes batam os pés ou nos bancos, fazendo um barulho ensurdecedor.
Se você nunca participou do
Ofício de Trevas, informe-se na sua paróquia ou diocese onde a celebração
acontece, e quando tiver oportunidade, vá participar e rezar, é um dos momentos mais lindos e profundos da
Semana Santa.
Oficio das Trevas Catedral Frederico Westplan
Por Emílio Portugal Coutinho
-
Arautos do Evangelho
- Dominus Vosbicum.
- Fotos: Diocese de Frederico Westphalen)
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