O antes, o agora e o depois de fato está sendo experimentado pelos fiéis. Ansiamos pelo dia de poder participar, muitos precisam até mesmo de um "passe" ou "senha" para garantir a entrada. Se preparam, anseiam pelo encontro com o Senhor.
Sim, agora podemos dizer que temos um encontro com Ele. Sentem-se
privilegiados.
Durante a celebração, cada
palavra começa a fazer sentido. Todos os cantos parecem escrever a realidade
cruel e de sacrifícios que temos vivido com a pandemia. Nos recorda
constantemente, o quanto somos pequenos e indefesos. Lutamos contra um inimigo
invisível e desconhecido. Entendemos que pedimos muito pouco ou quase nada, pelos
dons do Espírito Santo, principalmente inteligência e ciência. Incentivamos
nossos filhos na frente de modernos jogos e vídeos de Youtube e esquecemos de
motivá-los aos estudos que realmente importam.
Percebemos quantos inocentes e
heróis sacrificam suas vidas pelo próximo. Quantos gestos de amor se vêm em
hospitais e entre familiares. Quantos pedidos de perdão e quantos perdões foram
dados. Medo, ansiedade! Quantas cruzes estamos presenciando. Quantos “Cireneus”
disponíveis em ajudar a carregar cruzes. Quantas vitórias. Quantas
injustiças causadas pelo desvio de atenção dos poderes públicos. Quantas
ressurreições. Milagres!
O ato penitencial, antes era
despercebido. Não tínhamos noção de que ali deveríamos implorar pela
misericórdia de Deus diante de nossas falhas diárias, para que Deus pudesse
amenizar as consequências dos pecados que cometemos. Agora, o "piedade
Senhor", seja rezado ou cantado, tem poder místico, pois o pronunciamos
com força, com fé e com tom de súplica. Oferecemos na pronúncia dessas palavras,
cada pessoa, cada cidade e cada país que sofre com a pandemia. Imploramos que o
Senhor tenha piedade e aprimore o dom da ciência para descobrir a cura para o
mal que nos abate. Repetimos três vezes "Piedade Senhor" e agora
entendemos que é pouca repetição.
Após implorar piedade, o rito
nos ensina a glorificar a Deus: "Glória a Deus nos céus e na terra paz aos
homens...". Paz aos homens é só o que nosso coração pede nesse momento.
Paz essa que só Deus ensina a conquistar. E Ele ensina por meio das leituras da
Palavra. Quanta riqueza há na Bíblia. Há também histórias e verdades. É tão
rico que se tornou o livro mais lido no mundo todo. E quem além de ler o
pratica, encontrou aí o segredo da paz.
Há também as preces da
assembleia ou a chamada de preces comunitárias. Nesse momento percebemos a
importância de ser um conjunto, de unir-se na fé. Uma Igreja precisa de pessoas
unidas que praticam a mesma fé. Ressalto aqui a importância de praticar a fé e
não apenas pronunciar a fé (isso inclui principalmente, perdoar e suportar uns
aos outros). Sabemos que a comunidade fundada por Cristo, só chegou até nós
porque viviam unidos em oração, num constante pentecoste. Todos na mesma prece!
E agora consideramos que são poucas as preces descritas no rito. Precisamos
aumentar para caber todas as nossas preocupações pessoais, financeiras e com
quem amamos.
O rito da missa é tão sábio
que antes das preces devemos professar a nossa fé por meio do Creio. Precisamos
compreender o que cremos, colocar nossa fé ali para poder então acreditar no
que pediremos em nome dessa fé.
Na Liturgia Eucarística
percebe-se o quanto é preciosa a mística. Ocorre uma junção entre céus e terra.
Ocorre o ápice do sacrifício eucarístico. Ali é possível visualizar todas as
pessoas que foram infectadas e que infelizmente não resistiram. São pais, mães,
avós, filhos, netos, profissionais, enfim, eram o amor de alguém. Seres
humanos. Então oramos para que estejam recebendo o céu como prêmio. Oramos
pelas almas e não pelo que eram ou fizeram. Oramos para que encontrem a
paz.
Oramos por toda Igreja. Oramos
pelos sacrifícios que ocorrem todo dia. Para que a injustiça enfraqueça.
Imploramos para que Deus não olhe nossos pecados, mas sim a fé que anima a
Igreja. Oramos para que Deus tenha piedade e mesmo na nossa indignidade ele
faça morada em nós. Oramos para que o Senhor veja nossa humilde e imperfeita
fé. Nosso pensamento sobe aos céus e nosso joelho se dobra. Sentimos a força
dessa fé. Nos inundamos com amor e saímos dali restaurados e cheio de esperança.
Ganhamos força e o desejo de retornar.
Recebemos o Jesus por meio da
Eucaristia na comunhão física ou espiritual. Ele se digna a entrar em nossa
morada, tão pecadora e imperfeita. Agora compreendemos que estar com Jesus é a
nossa única alternativa. Ciência dos homens neste momento tem auxiliado e
orientado, mas não curado. Então resta ao ser humano se apegar com o divino.
Recebemos Jesus no mais íntimo
de nosso ser e clamamos que Ele visite cada célula de nosso corpo e seja nossa
proteção. Que Ele esteja em nós. Assim, como se diz no rito missal: "O
Senhor esteja conosco. Ele está no meio de nós".
Tem "pesado" cada
palavra pronunciada na Missa. Os olhos da fé estão se abrindo. E agora é
possível compreender que realmente Deus consegue tirar proveito até dos maus
acontecimentos das nossas vidas.
Repetições são feitas por mais
de dois mil anos conforme foi repassado pelo modelo Apostólico da Igreja
Católica. Hoje podemos entender que elas são necessárias quando repetidas na
angústia da alma ou na profundeza do amor pelo Deus Criador. Senhor, tenha
piedade de seus filhos, Senhor tenha piedade de nós, Piedade Senhor!
Catequista Sandra Fretta Gomes Malagi
Paróquia Sant’Ana- Laranjeiras do Sul-PR