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segunda-feira, 31 de março de 2014

A CATEQUESE MISTAGÓGICA


1. Por que falar de mistagogia?


O tema mistagogia aparece em um momento de urgência de renovação da Igreja e de nossas práticas evangelizadoras.

As vozes do documento de Aparecida ainda ecoam em nossos ouvidos, proclamando a necessidade de deixar uma pastoral de mera conservação, avançando para a renovação das estruturas eclesiais (DAp 366-368). Diante do indiferentismo religioso, da falta de consciência cristã dos batizados e da grande massa de católicos que buscam nossas comunidades como “fregueses” dos serviços eclesiais, faz-se necessária uma renovação de métodos. Na catequese, não podemos mais nos contentar com a falta de engajamento dos muitos que recebem os sacramentos de iniciação e depois somem da Igreja.

Diante de tal realidade com a qual se depara nossa prática pastoral, precisamos tomar consciência de que estamos em tempos de evangelização. Tempos em que urge o primeiro anúncio da alegre boa nova, levando nossos interlocutores ao encontro pessoal com Jesus Cristo, na adesão ao seu Reino. É urgente uma catequese mistagógica que resgate os tempos áureos dos primeiros séculos para renovar a prática catequética.

2. O que é mistagogia?

Mistagogia é um termo grego que significa “conduzir ao mistério”. Segundo Pe. Gilson Camargo, é possível traduzir o termo por “ter domínio” do mistério. É evidente que esta expressão precisa ser bem interpretada, já que Deus não é alguém que dominamos, além do que a vida nele é uma graça, não depende somente de nossos esforços. Um cristão mistagogo tem intimidade com o mistério divino e deixa transparecer Deus de modo simples e fácil.

Cabe explicitar que este “mistério” não é um segredo inatingível. O Novo Testamento define “mistério” como o desígnio divino oculto em Deus desde todos os séculos (Ef 3,9), agora revelado em Jesus Cristo (Cl 1,26-27). Portanto, ser conduzido ao mistério é encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo, acolhendo o desígnio do Pai (a salvação) na força do Espírito Santo. A experiência cristã, portanto, não é um sentimentalismo vazio, nem um mero aprendizado teórico, mas a experiência viva que leva o fiel a aderir ao Reino de Deus, o projeto do Pai, em comunidade, assumindo a dinâmica renovadora da Páscoa: o mistério de morte e ressurreição (Rm 6,8-11; Fl 3,10-11).

O termo mistagogia designa o último tempo do processo catecumenal. Trata-se de um tempo que valoriza muito a liturgia do Tempo Pascal, com a finalidade de fazer o neófito experimentar a Páscoa do Senhor e sentir-se acolhido pela comunidade da qual começou a fazer parte pelos sacramentos. Na Igreja antiga, as catequeses mistagógicas

tinham a finalidade de levar os neófitos a aprofundar os sinais que foram manifestos na recepção dos sacramentos da iniciação.

Ao tratarmos de mistagogia na catequese, no entanto, não estamos falando de um tempo determinado, pois todo o processo catequético deve ser permeado pela mistagogia, ou seja, deve ter a finalidade de levar Deus ao coração e à vida dos interlocutores.

3. Caminhos mistagógicos

Destacamos três caminhos que contribuem para uma catequese mistagógica: a Palavra, a liturgia e a oração.

a) Palavra. Tanto a tradição da Igreja como as Escrituras são fontes da Palavra de Deus. Sobretudo, destaca-se a Bíblia, “livro por excelência da catequese”, como fonte primordial da atividade catequética. Ainda carecemos de uma catequese mais bíblica, do uso frequente da Escritura nos encontros, de uma intimidade maior no uso da Bíblia por parte do povo católico.

Os documentos da Igreja têm insistido sobre a prática da leitura orante, como um caminho eficaz para o uso da Escritura na pastoral. A lectio divina destaca-se como um método de leitura orante em consonância com a grande tradição da Igreja. Inspirada na oração dos monges, conserva quatro passos que remontam ao monge Guido (séc. XII), escritor do livro A escada dos monges (BOFF, 2006):

- Ler: leitura calma, pausada, procurando saborear cada palavra;

- Meditar: como a Palavra aplica-se na vida da pessoa;

- Orar: deixar a oração, a prece, o louvor brotar da Palavra;

- Contemplar : sentir-se amado por Deus. Os místicos falam deste estágio como o mais elevado, como total entrega a Deus.

Esses degraus não precisam ser necessariamente justapostos (vir um após o outro). É importante que primeiro se faça a leitura e, depois, deixe brotar a oração de acordo com a inspiração do Espírito e as características próprias do grupo.

b) Liturgia. A liturgia, por si só, tem uma dimensão catequética. As celebrações, com sua riqueza de palavras e ações, são uma verdadeira “catequese em ato” (CR 89).“Embora a sagrada Liturgia seja principalmente culto da majestade divina, é também abundante fonte de instrução para o povo fiel” (SC 33). Uma celebração bem preparada, participada e adaptada à realidade com verdadeira dignidade e cheia do verdadeiro sentido litúrgico, educa na fé, recorda os seus conteúdos centrais, renova o ideal de vida cristã e incrementa a consciência de pertença eclesial. Pela ação do Espírito Santo, a liturgia alimenta e estimula ao compromisso com a vida.

Há uma contínua união entre Palavra e símbolo, colaborando para que o conteúdo da fé seja interiorizado, não permanecendo como uma mera teoria: “O rito, ao envolver a pessoa por inteiro, marca mais profundamente do que uma simples instrução e interioriza o que foi aprendido e proclamado, realçando a dimensão de compromisso”

(IVC 44). Na liturgia há o envolvimento corporal por cantos, gestos, vozes, silêncio, de modo que a união entre atitudes do corpo, símbolo e Palavra, contribuam para uma experiência mais concreta do mistério:

Na liturgia conjuga-se 'o que se diz' e a 'maneira de dizer'. Gestos e palavras transmitem seu sentido no próprio ato. Por isso mesmo são até mais expressivos do que discursos e ensinamentos. (…) Mais do que compreender por intelecção o importante é que se experimente algo do mistério pascal de Cristo. Se celebrado com intensidade e profundidade não haverá risco da banalização repetidora (PERUZZO, 2010, p. 33).

O Diretório Nacional de Catequese corrobora esta ideia, afirmando a necessidade de um itinerário catequético que inclua um itinerário celebrativo como componente indispensável (DNC 118):

As festas e as celebrações são momentos privilegiados para a afirmação e interiorização da experiência da fé. O RICA é o melhor exemplo de unidade entre liturgia e catequese. Celebração e festa contribuem para uma catequese prazerosa, motivadora e eficaz que nos acompanha ao longo da vida. Por isso, os autênticos itinerários catequéticos são aqueles que incluem em seu processo o momento celebrativo como componente essencial da experiência religiosa cristã. É esta uma das características da dimensão catecumenal que hoje a atividade catequética há de assumir.

Toda a atividade da Igreja tem suas forças arraigadas na liturgia. A catequese deve conduzir à vivência litúrgica, pois esta sintetiza a experiência cristã. Sobretudo aqui, destaca-se o uso de símbolos e gestos litúrgicos, pois estes afetam áreas do ser humano que o conteúdo racional não alcança. Uma catequese mais celebrativa e orante traz a força do significado dos ritos, conduzindo os interlocutores, de modo eficaz, à vivência do Evangelho.

c) Oração. A catequese deve ser “permeada por um clima de oração” (DGC 85). O encontro catequético não deve parecer uma aula ou palestra, mas ser um espaço aberto para o diálogo com Deus. Qualquer conteúdo exposto deve ser interiorizado pela prece, sobretudo valorizando a espontaneidade e a criatividade. Hoje muitos cristãos rezam somente fazendo pedidos. É preciso que nossos catequizandos exercitem a oração como meio para experimentar o amor de Deus, acolhendo o mistério divino de um modo afetivo.

Já falamos da importância da Sagrada Escritura como caminho mistagógico. A Bíblia é a principal fonte da oração: o fundamental é partir da leitura do texto sem a pretensão de encontrar verdades, mas para acolher o sentido espiritual. Depois da leitura, muitos são os caminhos que nos ajudam a orar: repetir as frases do texto pausadamente (pedir que o grupo repita), cantar refrões, fazer preces espontâneas... Convém, seguindo a tradição da Igreja, concluir o momento orante com um Pai-Nosso, reunindo todas as preces. Um caminho por vezes esquecido é o silêncio. É preciso deixar Deus falar, imaginando-se, por exemplo, no cenário do texto lido (método Jesuíta). Enfim, o importante é que a Palavra seja o guia mestre de nossa oração.

4. O catequista mistagogo

O catequista mistagogo é um instrumento que facilita o encontro dos seus catequizandos com o mistério divino. A Palavra tem forte relação com o seu proclamador. No contexto da revelação, não basta saber com exatidão o que é pronunciado, mas é preciso conhecer quem comunica, pois quem enuncia é também mensagem.

A força reveladora e realizadora da Palavra de Deus são evidenciadas na catequese. Também o catequista, seguindo a lógica da revelação, não apenas transmite verdades, mas revela o próprio Deus. Para que este mistério aconteça com eficácia, o catequista não fala de si mesmo, mas a partir do seu encontro com o Senhor, de sua experiência, de sua vida.

Catequese significa fazer ecoar. Ela será um verdadeiro eco da Palavra de Deus se o catequista deixar transbordar do seu interior aquilo que nele está repercutindo. Aquele que ouve, por sua vez, acolhe em seu coração este transbordamento e passa a também ser um eco da mesma Palavra.

São Paulo nos diz que somos um texto vivo da Palavra; “Sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo” (2Cor 3,3). O catequista, portanto, é uma carta de Deus, em texto vivo. Fala mais pela sua vida do que por suas palavras, comunica mais com o seu jeito de ser, com sua alegria e amor do que com suas ideias. Por isso, para catequizar, o catequista deve se deixar escrever pelo Espírito Santo. Deixará que o amor seja impregnado em seu coração, lembrando que este é um mistério para os simples: “Eu te louvo, ó Pai, porque escondestes estas coisas dos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25).

Portanto, o catequista mistagogo é aquele que se encontrou com o Senhor, assumiu o seu projeto em sua prática de vida e deseja, por um ímpeto interno, anunciar a experiência realizada (1Cor 9,16), além de não descuidar da formação continuada. Não basta mudar os métodos se não houver catequistas que transmitam a verdadeira experiência de encontro com Cristo.

5. Elementos para uma catequese mistagógica

Não se pode falar de mistagogia sem abordar o processo catecumenal. O catecumenato foi resgatado como forma ordinária de iniciação de adultos, seguindo a metodologia do RICA. Sua eficácia evangelizadora fez dele um modelo inspirador para outros processos catequéticos, como afirma o Diretório Geral para a Catequese: “Dado que a missão ad gentes é o paradigma de toda a missão evangelizadora da Igreja, o Catecumenato batismal, que lhe é inerente, é o modelo inspirador da sua ação catequizadora” (DGC 90). O Diretório Nacional também afirma: “é a inspiração catecumenal que deve iluminar qualquer processo catequético” (DNC 45). Assim, é nossa missão construir itinerários de educação na fé de inspiração catecumenal. Deste modo, estaremos favorecendo uma catequese mistagógica

Para alcançar este objetivo, é preciso conhecer a metodologia catecumenal. São características essenciais da metodologia catecumenal: seu caráter cristocêntrico e

gradual, a função eclesial, a centralidade do mistério pascal, a inculturação, a formação intensa e integral vinculada a ritos e símbolos (IVC 72-73).

Portanto, um itinerário catequético catecumenal e, consequentemente mistagógico, não é uma repetição do que nos é proposto pelo RICA, mas a aplicação criativa da metodologia catecumenal. Seguem algumas pistas que podem nos ajudar.

- Realizar encontros celebrativos: os gestos, os ritos, os sinais da liturgia são bem vindos na catequese. Comunicamos mais dos mistérios divinos pelo uso de sinais do que pelo enunciado de teorias.

- Aproximar os catequizandos da liturgia: é preciso que compreendam e se apaixonem pela liturgia, sobretudo pela participação ativa das celebrações eucarísticas.

- Realizar celebrações catequéticas. É muito oportuno fazer com os catequizandos algumas celebrações da Palavra, convidando os familiares, reunindo outras turmas. Os próprios catequistas podem conduzir estes momentos, inspirando-se nos conteúdos catequéticos, valorizando e partindo sempre da Proclamação da Palavra – da palavra brota a oração em comunidade.

- Realizar celebrações de entrega e ritos de passagem. É preciso resgatar o sentido da gradualidade do processo catequético presente no catecumenato. O catequizando deve sentir que ele avança a cada dia no caminho. A realização de algumas celebrações de passagem pode ajudar neste sentido. Aqui merecem destaque as entregas, tão valorizadas no catecumenato: pode haver uma celebração festiva, com toda a comunidade, com a entrega de um símbolo para cada etapa do itinerário: a Bíblia, o Pai Nosso, o Credo, a Cruz, as Bem Aventuranças... Outras celebrações também são carregadas de significado: celebração de acolhida (no início das atividades catequéticas, com as famílias), celebração de envio... Convém que as celebrações de entrega aconteçam na celebração eucarística, com a assembleia reunida. Deste modo, intensifica-se a consciência da participação comunitária.

- Valorizar o tempo litúrgico. É preciso retomar toda a riqueza do Ano litúrgico e a centralidade do Mistério Pascal. O tempo da Quaresma, com sua riqueza, é um forte momento para se vivenciar a fé por gestos concretos, principalmente aproveitando-se a Campanha da Fraternidade. Não esqueçamos também do apelo à oração, das celebrações penitenciais, via sacras... O Tempo Pascal é o centro do Ano Litúrgico. Convém que a iniciação eucarística e a Confirmação sejam celebradas neste tempo, vinculando-os ao sentido da vida nova que brota da Ressurreição do Senhor.

- Conduzir os catequizandos para a participação em atividades evangélico-transformadoras. Não podemos nos esquecer de que a mistagogia é uma educação para o viver cristão. Não basta a Palavra, a liturgia e a oração se não nos convertemos. Assim, é muito oportuno que os catequizandos realizem atividades que os eduquem para a caridade e o compromisso social, como atividades em prol da ecologia, visitas em instituições sociais, campanhas, etc.

Uma catequese mistagógica necessita de agentes mistagogos. Que pela graça do Espírito, sejam suscitados pessoas que deixem transbordar do seu interior o encontro

decisivo com o Cristo, Senhor, na adesão ao seu Reino. Só assim, teremos uma catequese viva, mais querigmática, bíblica, celebrativa, orante e mistagógica!


Pe. Roberto Nentwig
Regina Menon

sexta-feira, 28 de março de 2014

AFETIVIDADE E SEXUALIDADE EXPRESSÕES DO SUBLIME AMOR DE DEUS.

O verdadeiro cristão não distingue vida carnal de vida espiritual, ao contrário, antes as conjuga, fazendo de sua vivência material a expressão de sua opção por Cristo Jesus. Assim, sua relação com o mundo exterior é reflexo de sua mais profunda espiritualidade. Tendo um só Espírito e um só pensamento nós, Autênticos Cristãos, guardamos em nossos corações as palavras de São Paulo: "Que Deus torne vocês perfeitos em todo bem. Assim, poderão cumprir a vontade Dele, realizando em vocês aquilo que agrada a Deus, por meio de Jesus Cristo." (Hb 13, 20).

É nessa unicidade que àqueles que amam a cristo, deixam transparecer em seus pensamentos, palavras e ações o Amor, princípio e fim em si mesmo, unificador da Misericórdia do Pai, da Fidelidade do Filho, e do Ardor do Espírito.

A Sexualidade é a essência de cada ser feito homem ou mulher, cada qual como Deus o criou. É a expressão para qual originariamente fomos feitos, uma forma peculiar de ser e estar no mundo. Ser homem ou ser mulher é assumir a natureza criada pelo Verbo. "Homem e mulher ele os criou, os abençoou e lhes deu o nome de "Homem" no mesmo dia em que foram criados." (Gn 5, 2)

A Afetividade é a ponte que nos liga ao outro, por onde podemos achegar àqueles que amamos. A nossa capacidade de criar vínculos e comungarmos o amor que existe em nós manifesta-se no carinho, no respeito, na vivência dos sentimentos com os outros, no toque, na generosidade da partilha. O afeto que damos ou recebemos é algo humanamente divino, pois, um gesto puramente humano é capaz de fazer-nos entender o que é verdadeiramente o amor, e viver na nossa materialidade o divino princípio do Amor. Viver com ternura nossa afetividade é demonstrar ao outro o Deus que habita em nós, é comungar com o próximo a essência de nossa existência.

Chamados a dar continuidade à Criação como parte do Plano Divino, mulheres e homens são convocados a viverem uma união que seja expressão do amor do próprio Deus. Uma união de acordo com a vontade do Pai é aquela em que o princípio gerador de todas as coisas, o Amor, seja fecundo, como fecundo é Deus, Senhor, que a tudo dá vida e santifica. "E Deus os abençoou e lhes disse: "Sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra...” (Gn 1,28).

Conjugar sexualidade e afetividade deve ser uma máxima da vida cristã, exercício e prática constantes. Viver relacionamentos em que participam o amor, o respeito, a fidelidade, as expressões de genuíno afeto, o exercício do perdão e da aceitação, é realizar a vontade de Jesus Cristo em nós. Assim, estaremos cumprindo com o mais sublime de seus mandamentos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” .

Amar incondicionalmente, gratuitamente é deixar refletir em si o próprio Deus Feito amor.

Leninha (Catequista)

quinta-feira, 27 de março de 2014

AS CRIANÇAS E O MUNDO MIDIÁTICO

* João Batista Libâneo

Aniversário no sul de Minas. Família de classe média alta, mas cujo filho aniversariante mantém amplo contacto com colegas de vários níveis sociais. Convida-os para a festa. Numa sala cheia de brinquedos, um grupo sadio de crianças diverte-se com carrinhos, roda piorras, monta quebra-cabeça, sai pela casa num esconde-esconde barulhento. Noutro canto, empoleirados nas cadeiras, atentos e de olhos cravados na tela da TV, alguns vêem programas ou vídeos de aventuras. E num quarto menor, grupo restrito navega pela Internet.

Três universos de crianças, três momentos do processo cultural atual no mundo infantil. A história caminha na ambiguidade da vida humana. Avança em alguns pontos, perde outros, descobre riquezas e esconde tesouros. Em se tratando de crianças, os pedagogos têm chance de orientá-las de modo a reter o máximo possível, elementos sadios de outrora, conjugados com os avanços tecnológicos.

A convivência alegre com companheiros de brinquedo faz parte do equilíbrio psíquico da criança. Saltá-la e imergir os pequerruchos no universo fictício da pura fantasia midiática desenvolve-lhes uma faceta da inteligência e afetividade, mas atrofia-lhes o lado do convívio humano. Rouba-lhes a alegria pura das risadas e brincadeiras estridentes para encerrá-los nas salas, repletas do barulho dos sons e imagens artificialmente organizados por programadores, nem sempre pedagogos preocupados com valores. Interessa-lhes o mercado. E este se revela, não raramente, perverso.

Há programas infantis de TV ou vídeos que estragam o interior das crianças. Aceleram-lhes instintos sexuais. Acordam-lhes desejos precoces. Fazem-nos marionetes da indústria de consumo. E a criança sofre muito por não poder comprar ou usar as roupas, tênis ou botas, mochilas das grifes da moda. E os pais subordinam-se facilmente ao império das propagandas para não frustrar os filhos.

A propaganda, com cores e recursos visuais, faz a cabeça da criança; esta, por sua vez, a dos pais. Entra-se em círculo vicioso, de difícil saída. E, não raro, famílias pobres preferem sacrificar até mesmo a qualidade do alimento para não negar aos filhos requintes eletrônicos que os jogam para dentro do reino da informática.

A felicidade e o sadio desenvolvimento das crianças passam por outras experiências. A maior força humanizadora chama-se cuidado. No início da vida o bebê experimenta sentir-se cuidado para depois saber cuidar dos outros. Ora, uma criança entregue à propaganda aprende prioritariamente a consumir bens que lhe seduzem o olhar e não se percebe realmente cuidada. Quanto mais os pais afogam os filhos de bens, tanto mais eles se sentem menos cuidados pelo coração e sim pela troca entre coisa e afeto. Algo fatal!


João Batista Libânio, teólogo jesuíta. Licenciado em Teologia em Frankfurt (Alemanha) e doutorado pela Universidade Gregoriana (Roma). Foi professor da FAJE (Faculdades Jesuítas), em Belo Horizonte. Publicou mais de noventa livros entre os de autoria própria (36) e em colaboração (56), e centenas de artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Internacionalmente reconhecido como um dos teólogos da Libertação. Faleceu em plena atividade, aos 81 anos, em 30 de janeiro de 2014.

ROTEIRO PARA CELEBRAÇÃO DA RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS DO BATISMO


Primeira Eucaristia - renovação das promessas do batismo e entrega do Credo
(Celebração a parte, anterior ao dia da Primeira Eucaristia)

Ambiente:

- Preparar uma mesa bem bonita em frente ao altar (que não atrapalhe na hora da comunhão ou afastá-la nessa hora), para receber os símbolos do batismo. Deixar o pedestal da cruz e do círio ao lado da mesa.

- Preparar os pergaminhos com a oração do CREIO para ser entregue as crianças. (pode-se pedir aos pais que as preparem previamente com carinho para oferecer aos filhos nesse dia).

- Preparar as respostas da renovação e entregar ás crianças (ou projetar em data show).

- Deixar as velas e os pergaminhos com os pais.

- Providenciar as cruzes para todas as crianças.

(O comentarista deve ser um dos catequistas ou se for uma só turma, o catequista da turma)

Comentário inicial: Sejam todos bem-vindos! Nossa comunidade hoje está em festa. Estamos aqui juntamente com os catequizandos que se preparam para participar conosco da comunhão eucarística. Pelo batismo, eles entraram na comunidade cristã. Nós acolhemos e prometemos ajudá-los a crescer na fé. Hoje, eles vêm pessoalmente dizer que querem seguir a Jesus, ser cristãos de verdade e viver na família de Deus. Por isso, querem renovar as promessas que os pais fizeram em seu nome no dia do batismo. Vamos nos unir a estes catequizandos mostrando nossa alegria e o esforço de vivermos em comunidade, cantando juntos o Canto de entrada, enquanto recebemos o presidente da celebração, ministros e catequizandos. (Aguardar e entrada de todos).

(Aguardar a acolhida do padre)

Com alegria queremos apresentar a nossa comunidade os nossos catequizandos, pedimos que cada um suba aqui no altar para ser apresentado: (Cada um vai subindo ao altar a medida que for chamado. Se houver um número muito grande de crianças, é interessante que se chame por turma. Pedir a assembléia uma salva de palmas e pedir as crianças para sentarem em seus lugares)

Comentário: Vamos receber agora, os símbolos que representam o batismo, sacramento primeiro de nossas vidas.

Círio: (Um catequista entra com o círio) A luz revela Deus. No principio era o verbo. Todas as coisas foram feitas por eles. Nele estava à vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e o verbo se fez homem. A luz verdadeira, que vindo ao mundo ilumina todo homem, é cristo. E ele disse: “Eu, a luz, vim ao mundo para que aquele que Crê em mim não permaneça nas trevas.” (canto apropriado que fale de luz)

Cruz: (Um casal de pais entra com a cruz) Jesus veio ao mundo para dar à maior prova de amor a humanidade; ele nos dá sua vida por amor. Cristo morre na cruz por amor. A cruz é a nossa salvação, pois Jesus toma sobre si, com o sacrifício, os pecados de todos os homens. (canto que fale de cruz)

Água: (Dois catequizandos entram, um com a bacia e outro com o jarro de água, chegam à mesa na frente e vão despejando a água a vista de todos enquanto se canta) Deus é o criador da água. Do nada ele tira as águas. Elas geram vidas e fertilizam campos, lavam nossos corpos e refazem nossas forças. Por ela, consagrada pelo Cristo no Jordão, renova-se, pelo banho do novo nascimento a nossa natureza pecadora. A água para nós é também uma recordação do nosso batismo, e todo aquele que entrou nas águas pelo batismo tem direito de participar da mesa da comunidade. (canto que fale da água)

Óleo: (um casal de padrinhos entra com o óleo) O óleo é símbolo mais usado nos sacramentos. Está no batismo, crisma, ordem e unção dos enfermos. A palavra cristão, que significa ungido com o óleo carrega em si as mensagens mais belas e ricas da bíblia. (canto que fale de óleo ou unção)

Ato penitencial:

Padre: Benção da água.

(Após a bênçaõ feita pelo padre, convidar as crianças a formarem uma fila para lavarem as mãos na água). (canto).

Entrada da Palavra: (convidar alguém da comunidade ou catequistas) A melhor mensagem está no livro de Deus: as Sagradas Escrituras. É a escrita que contem o amor, o caminho e os segredos de Deus. A bíblia é o livro vivo nas mãos do povo. Sua palavra é como uma espada que corta nosso coração com a verdade. Ela é viva e eficaz, vamos recebê-la agora, cantando.

Liturgia da palavra (DO DIA)

Salmo de Resposta Aclamação ao evangelho: Em pé vamos aclamar o evangelho cantando.

Evangelho Homilia

PROFISSÃO DE FÉ:

(Convidar um catequizando para falar em nome de todos)

Catequizando: No dia do nosso batismo, recebemos de Cristo a vida, a graça e a luz, sabemos que naquela ocasião, o padre fez algumas perguntas, e nossos padrinhos responderam por nós, agora nós mesmos podemos responder e queremos renovar nosso batismo.

Catequista das turmas: Diante da comunidade reunida quero dizer, que me dediquei à preparação dessas crianças para a primeira eucaristia e testemunho que elas estão preparadas, pois plantei em seus corações a sementinha da fé. Elas já têm consciência de serem filhos de Deus e membros da igreja. Por isso é preciso que elas sejam apoiadas pelos pais, e que aprofundem mais o conhecimento e a vivencia que adquiriram.

Comentário: No dia do batismo, o padre colocou em nossas mãos uma vela acesa para nos dar nossa fé em Jesus cristo, a luz do mundo. Agora queridas crianças, vocês vão receber das mãos de seus pais uma vela acesa. Peço que cada um dos pais venha até a frente do altar, acenda a vela no círio e entregue a seu filho ou filha.

Canto: Minha luz é Jesus

Presidente: Catequizando recebe a luz da fé e viva sempre na esperança e no amor dos filhos de Deus. Com a vela acesa na mão, vamos fazer nossa profissão de fé, renovando as promessas do nosso batismo. Caríssimas crianças em nome de quem vocês foram batizadas?

Crianças: Fomos batizadas em nome do PAI do FILHO e do ESPÍRITO SANTO.

Presidente: O que aconteceu no dia do seu batismo?

Crianças: Pela graça do batismo nós nos tornamos filhos de DEUS, irmãos de Jesus cristo e membros da igreja.

Presidente: Vocês querem mesmo renovar as promessas do batismo?

Crianças: Sim, eu quero

Presidente: Vocês querem ser amigos de Jesus cristo todos os dias de suas vidas? 

Crianças: Sim, quero.

Presidente: Mas quem quer ser amigo de Jesus não pode querer o mal, o pecado, vocês prometem evitar sempre o pecado?

Crianças: Sim, prometo.
Presidente: Vocês prometem fazer sempre a vontade do pai do céu?

Crianças: Sim, prometo.

Presidente: Vocês prometem sempre seguir aos ensinamentos de Deus? 

Crianças: Sim, prometo.

Presidente: Vocês prometem escutar a voz do espírito santo em suas vidas? 

Crianças: sim, prometemos.

Presidente: Vocês crêem em tudo aquilo que Jesus ensinou pela sua igreja? 

Crianças: Sim, eu creio.

Presidente: Pelo dom da fé que recebemos, demos graças a Deus.

Canto: Prometi no meu santo batismo

(Pedir aos catequizandos que apaguem as velas e coloquem no banco ou embaixo)

Catequista: No dia do batismo nosso pais e padrinhos professaram a fé em nosso nome. Hoje vocês professam com a própria voz que Deus enviou seu filho Jesus para nos salvar e Ele nos enviou o espírito santo para nos santificar. Estas são as verdades que o cristão crê e estão contidas no Creio que vocês vão receber da mão de seus pais.

Presidente: Este gesto de entrega, por escrito, do CREIO, significa que vocês agora assumem a responsabilidade de crescer na Fé. Convidamos a família de cada catequizando a trazerem até o altar a Oração do CREIO.

(Enquanto cada família entrega a oração ao catequizando o Presidente profere a seguinte oração)

Presidente: Recebam a Oração do CREIO, a oração da comunidade cristã. Vivam estas verdades da fé com amor. Professar com fé a oração do Creio é entrar em comunhão com a Trindade Santa e com toda a Igreja que nos transmite a fé. O Catecismo da Igreja católica nos diz que o CREIO é o Tesouro da nossa alma. Vamos então, abrindo a nossa oração, todos a uma só voz proclamar a nossa fé.

ORAÇÃO DO CREIO: Creio em Deus Pai...

Catequista: Prezados pais, nossos filhos, afilhados, irmãos em cristo, professam sua fé em Deus Pai, junto de nós. Queremos ajudá-los, pelo nosso testemunho a viver nesta fé. Queremos chamar aqui um casal de pais, para em nome de todos, fazer uma oração:

Pais: Ajudai-nos, Senhor, a nós, pais, que demos a vida a nossos filhos, a educá-los bem. Nós os apresentamos hoje, sabendo que é apenas o início. Precisamos da vossa ajuda para continuarmos a nossa obra: levá-los a vós, através do nosso exemplo e de nossa palavra. Aumentai, senhor, a nossa fé. Faça-nos viver, em plenitude, vossa vida de amor. Por Jesus cristo nosso senhor. AMÉM.

Catequista: Chamamos agora um casal de padrinhos, para fazer uma oração em nome de todos os padrinhos aqui presentes.

Padrinhos: Senhor Deus, um dia, quando essas crianças eram ainda pequenas, nós as tomamos em nossas mãos como SIMÃO e ANA fizeram com Jesus. Hoje nós renovamos nossa fé em Jesus cristo e pedimos a vossa benção sobre os nossos afilhados para que possam crescer sempre em vosso amor. Por Jesus cristo nosso senhor. AMÉM.

Presidente: Mostre-nos sempre, Senhor, o caminho da verdade, a fim de que, reconhecendo-vos como Deus único, Pai no filho e Filho no Pai, na unidade do Espírito Santo, mereça receber o fruto desta nossa profissão de fé, neste mundo e no século futuro. Por cristo nosso senhor.

Todos: Amém.

Rito sacramental/Rito da comunhão.

Oração do pai nosso/Abraço da paz.

Canto da comunhão.

Benção dos filhos pelos pais e entrega da cruz.

Presidente: Como gesto de amor e confiança de que os catequizandos vão viver essa fé que vocês estão transmitindo pelo testemunho, convidamos os pais ou familiares a traçarem o sinal da cruz na testa de seus filhos e filhas, dizendo: O Senhor te abençoe em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em seguida coloquem no pescoço de seu filho a Cruz de Cristo, que deverá acompanhá-los durante toda catequese de preparação para a crisma.

Benção final

Presidente: O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor te mostre a sua face e conceda-te tua graça.

O Senhor volte seu rosto para ti e te dê a paz.

O Senhor te abençoes, hoje e sempre.

Amém.

Canto final.


*Angela Rocha: angprr@gmail

CATEQUESE DE JOVENS E ADULTOS


Atendendo ao pedido de uma amiga sobre material para catequese de jovens e adultos, vi o quanto somos carentes do "COMO" fazer as coisas.

Temos inúmeros livros, muita teoria, mas nenhuma prática efetiva relatada. Uma ou outra coisa a gente pode aproveitar. O Estudo 84 da CNBB é algo para se olhar com carinho. Fala da SEGUNDA SEMANA BRASILEIRA DE CATEQUESE, cujo tema é Com adultos, catequese adulta. Lá encontramos textos interessantes, como, por exemplo, o da Ir. Mary Donzelini, que fala sobre o catequista da catequese com adultos. Também tem outro texto que fala de metodologia da catequese com adultos, esse de Ir. Marlene Bertoldi. Mas já vou adiantando, são ótimos textos, mas, teorias sem se mostrar efetivamente a prática.

Há alguns anos atrás, o padre da minha paróquia me pediu para fazer catequese com um rapaz de outra religião que ia se casar com uma moça católica. Claro que a primeira intenção do rapaz era receber os sacramentos da iniciação, eucaristia e crisma, para poder se casar na Igreja católica.

Em principio pensei no que poderia fazer. Enfiar a doutrina católica goela abaixo? Ensinar a ele o que significa os sacramentos na nossa Igreja?... Porque, normalmente, é isso que se faz com os adultos...

E procurei os livros e manuais utilizados pelo pessoal da catequese com adultos, que na verdade, não tinha qualquer ligação com a catequese de crianças da paróquia. Era um “departamento” diferente. E lá me indicaram o “Água Viva”, um catecismo popular da Editora Santuário e o “Manual da Fé”, de Frei Battistini. Ambos podem até servir de leitura, mas, como subsídio catequético não recomendo nenhum.

Então, resolvi começar "aprendendo" com meu catequizando. Nossos primeiros encontros na verdade eram longas "conversas". Sobre o que ele tinha de religiosidade na vida dele, sobre ele "crer" em Deus, sobre o que ele pensava de estar se tornando católico, como foram as instruções religiosas que ele recebeu, enfim.

E nessas conversas fui "entremeando" algumas coisas que se espera de um católico: a devoção aos santos, a devoção mariana, a compreensão do porque da tradição e do magistério, a nossa comunhão (porque na dele também tinha), mas, sobretudo, a crença em JESUS, a presença de Deus na nossa vida e na vida da família que ele ia constituir.

Ele me deu um testemunho muito interessante...

Perguntei a ele porque ele ia mudar de religião e não a noiva dele, como eles tinham decidido que religião seguir. E ele me disse o seguinte: que estava fazendo isso por ela, porque era um sonho dela: o casamento na igreja, vestido branco, a cerimônia, a família, a festa, enfim. Mas, que tinha pensando que, futuramente, quem ia dar a primeira formação religiosa aos filhos deles, seria ela, a mãe... E que pensava que não deveria dividir a cabeça dos filhos, assim, resolve, ele, tornar-se católico. E queria, Também, saber afinal o que nossa religião tinha de tão bom...

Claro que muitas vezes encontramos catequizandos adultos, que nem sequer foram convertidos ao cristianismo ainda, mas eles não nos procuram se não tiverem alguma "sede" de alguma coisa. Não vamos, nunca, evangelizar alguém "na marra". Não conseguimos com as crianças! Que dirá com adultos!

Penso que o primeiro passo é saber qual é a sede desta pessoa. E saciá-la. É preciso conhecer as pessoas, suas realidades, seus anseios. O que elas querem afinal? Algumas pessoas querem mesmo saber de doutrina, outras precisam ter a experiência de encontrar Jesus. Algumas ainda estão afastadas da religião porque tem um ideia completamente equivocada do catolicismo, veem a nossa religião como uma coisa cheia de "normas" e leis, veem a nossa liturgia como uma "repetição" sem fim.

Penso que é preciso dar a elas as "razões": Que se dê a elas a paz de uma oração, o alívio da reconciliação, a mistagogia da eucaristia... Que se mexa com os sentimentos mais profundos, que se mexa com a FÉ interior dessa pessoa... Aí, com certeza a catequese terá resultado.

Ângela Rocha
angprr@gmail

LIVROS QUE RECOMENDO:

BLANKENDAAL, Antonio Francisco. Seguir o Mestre: Batismo e/ou Confirmação e Eucaristia de adultos. Volume I e II. São Paulo: Paulinas, 2007.

BRUSTOLIN, Leomar A.; LELO, Antonio F. Caminho de Fé: itinerário de preparação para o Batismo de Adultos e para a Confirmação e Eucaristia de adultos batizados. (Livro do catequista e do catequizando). NUCAP.  4ª ed. São Paulo: paulinas: 2008.

CNBB. Segunda Semana Brasileira de Catequese: Com adultos, catequese adulta. (Estudos da CNBB 84). São Paulo: Paulus, 2002.

CNBB. Sou católico; Vivo a minha fé. Publicações da CNBB – Subsídio 2. Brasília: Edições CNBB, 2007.

MASI, Nic. Cativados por Cristo: catequese de adultos. São Paulo: Paulinas, 2010.




quarta-feira, 26 de março de 2014

QUE SAIBAMOS SEPARAR O JOIO DO TRIGO

Por volta do ano 250 a.C., na China antiga, um certo príncipe da região de Thing-Zda, norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua auspiciosa proposta.

No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao ouvir que ela pretenderia ir à celebração, e indagou incrédula: - Minha filha, o que achas que fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:

- Não querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz, pois sei que meu destino é outro.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei, para cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu as profundas tradições daquele povo, que valorizavam muito a especialidade de “cultivar” algo sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura pois sabia que se a beleza das flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem de tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido e dia a dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e nada ela havia cultivado, e, consciente do seu esforço e dedicação comunicou a sua mãe que independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além do que mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, de todas as mais variadas formas e cores. Ela estava absorta, nunca havia presenciado tal bela cena. E finalmente chega o momento esperado, o príncipe chega e observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção e após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a jovem que será sua futura esposa: a que trouxera o vaso vazio!

As pessoas presentes tiveram as mais inusitadas reações, ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado, então, calmamente ele esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz, a flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

(Desconheço o autor)

VOCÊS CONHECEM NOSSA “FANPAGE” NO FACEBOOK? NOSSO BLOG NA WEB?


“Nossa, mais um lugar pra gente entrar? E agora, onde vou?”

A princípio pode parecer confuso e “a mesma coisa”. Pra que ter um GRUPO e uma FANPAGE (Página) no mesmo lugar?

Ah! Tudo tem sua razão de ser no mundo da informática.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE FAN PAGE, PERFIL E GRUPO DE DISCUSSÃO?

Basicamente, existem 3 formatos de acesso no Facebook: FanPage, Perfil e Grupo. Cada um possui a sua particularidade e o formato correto depende do seu objetivo. Veja:

PERFIL - É a interface para usuários comuns, deve ser usada por pessoas e não organizações. Com o perfil construímos amizades, compartilhamos informações pessoais, gostos, notícias, vídeos, links. É o nosso “cadastro” pessoal no facebook. Este é o meu endereço no Facebook:


FANPAGE (Página) - Destina-se a promover empresas, produtos, marcas, etc., e a construir e fidelizar os seus fãs. A FanPage é um perfil pessoal aplicado às organizações. Com ela não se faz amizade, mas, sim relacionamento. Além disso, a Fan Page permite diversos recursos que um perfil não permite. 

Nosso objetivo com a Fanpage é divulgar notícias e temas interessantes da catequese, tornando nosso material que é produzido no blog e no grupo de discussão mais público, acessível a toda rede social (Facebook). E é também uma página para divulgarmos nosso trabalho aos demais usuários do Facebook que não fazem parte do grupo fechado.

Mas, por hora, vão visitar nossa FANPAGE ou Página no Facebook, CURTIR e indicar aos amigos! É fácil, tem um recurso lá que já sugere que você indique a página aos amigos.

Neste endereço:
GRUPO DE DISCUSSÃO - O grupo de discussão é basicamente uma ideia de comunidade que interliga usuários interessados em determinados temas ou assuntos, com o objetivo de debaterem e/ou compartilharem informações relevantes a cada um. Os grupos podem ser abertos, fechados ou secretos – o nosso é “Fechado”, apenas quem está nele lê as publicações e é preciso que um administrador inclua os novos membros - acreditamos que as organizações, só devem utilizar grupos se o objetivo for algo específico, como por exemplo, um grupo para discussão de temas de religião e catequese, como é o CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO, onde as pessoas podem trocar informações e experiências. De qualquer forma, a organização deve tomar muito cuidado com esse grupo, monitorando diariamente o seu conteúdo, impossibilitando assim o desgaste do objetivo do grupo.

 

Nosso grupo está neste endereço:
A diferença entre a Fanpage, está na palavra “groups” ali no meio... Só que os grupos possuem uma especificidade: podem ser públicos, fechados ou secretos!

O nosso é FECHADO, ou seja, para entrar nele é preciso a aprovação de um dos administradores. No caso do Grupo catequistas em Formação, ainda solicitamos que se preencha um "cadastro" com algumas informações básicas do catequista. Mas, é uma prerrogativa NOSSA e não do Facebook.

Também estamos utilizando o BLOG para divulgarmos os CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO.

 O QUE É UM BLOG? Por que um blog?

BLOG OU WEBLOG – é uma página na web, ou seja, ela é pública e não restrita a rede social (Facebook ou outra). O conteúdo é apresentado de forma cronológica e permite ao leitor buscar publicações mais antigas. O blog também permite um sistema de “marcadores”, ou seja, um arquivo por palavras ou “tags” relevantes. O conteúdo e o tema dos blogs abrangem uma infinidade de assuntos. No nosso caso, formações e material didático catequético. Texto, links, áudios, vídeos, notícias, poesia, idéias, fotografias, enfim, tudo que a imaginação do autor permitir, pode ser feito no blog. Usar um blog é como mandar uma mensagem instantânea para toda a web.

Aqui é preciso entender uma coisa: a INTERNET é uma espécie de UNIVERSO que a gente chama de WEB (teia em português). O FACEBOOK é uma REDE SOCIAL dentro deste universo. O BLOG é uma página dentro deste universo. Ou seja, o Blog e o Facebook estão dentro da rede mundial de computadores (WEB), mas, são espaços distintos. O que confunde a nossa cabeça aqui é a palavra PÁGINA. Podemos ter página dentro da WEB (Blog) e podemos ter "páginas" dentro de uma rede social (Perfil  ou Fanpage do Facebook).



Ângela Rocha

terça-feira, 25 de março de 2014

DIDAQUÉ CAPÍTULO XVI - FINAL

D. PERSEVERAR ATÉ O FIM

Os cristãos vivem continuamente á espera que se manifestem Jesus e o seu projeto. Isso se realizará totalmente no fim da história. Contudo, é através do momento presente que esse final vai sendo pouco a pouco construído. É essa a esperança que produz perseverança.

Capítulo XVI

Da Parusia* do Senhor

1 - Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins. Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar (Cf Mt 24,41-44; 25,13; Lc 13,35).

2 – Reúnam-se com frequência para procurar a salvação de vossas almas, porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram na fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos.

[NOTA: Jesus chega no momento em que a comunidade está colocando em prática o projeto dele. Por isso, a comunidade se reúne para discernir o modo como irá realizar o projeto de Jesus, respondendo aos problemas e desafios do ambiente em que ela vive.]

3 – De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio (Cf Mt 24,10-13; 7,15).

4 – Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o filho de Deus, e fará milagres e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e ele cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo (Cf Mt 24,24; 2Tes 2,4-9).

5 - Então toda a criatura humana passará pela prova de fogo e muitos se escandalizarão e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na sua fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam (Cf Mt 24,10-13).

[NOTA: A comunidade vive na história em constante prova de fogo, porque deve enfrentar projetos contrários ao de Jesus. Muitos se apresentam semeando a injustiça, a desigualdade e o ódio, com todas as conseqüências que daí provem. Por isso, o testemunho cristão se faz em meio a conflitos e lutas, e a comunidade deve estar sempre discernindo, para fazer a coisa certa no momento certo. A união e a solidariedade são necessários para evitar o desespero e o desânimo.]

6 – Então, aparecerão os sinais da verdade: primeiro o sinal da abertura no céu, depois o sinal do som da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos (Cf Mt 24,31; 1Cor 15-52; 1Tes 4,16).

7 – Ressurreição sim, mas não de todos, segundo foi dito na escritura: “O Senhor virá, e todos os santos estarão com Ele”.

8 - Então verá o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu (Cf Mt 24,30; 26,64).

[NOTA: É através do testemunho cristão que, pouco a pouco, aparecem os sinais da verdade. A abertura no céu permite que os cristãos compreendam o que acontece na historiam porque são capazes de ver com os olhos de Deus. Então compreendem que o julgamento (toque da trombeta) se realiza através do testemunho. E quem testemunhar até o fim terá o mesmo destino que Jesus: a ressurreição. Fica então claro que a ressurreição é para os justos, isto é, para aqueles que se comprometem com Jesus e seu projeto. É desse modo que Jesus aparecerá vitorioso, e o projeto de Deus estará completamente realizado: liberdade e vida para todos através da fraternidade e partilha.]


* PARUSIA: A segunda vinda de Cristo (teologia)


FIM



DIDAQUÉ, o catecismo dos primeiros cristãos para as comunidades de hoje.

Tradução, Introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin.

Adaptação e citações bíblicas: Ângela Rocha

DIDAQUÉ – CAPÍTULOS XI a XV

C. VIDA COMUNITÁRIA

Os capítulos XI a XV da Didaqué dispõem sobre a vida comunitária, com especial atenção para com a hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores, o culto e a organização.

Capítulo XI

Verdadeiros e falsos pregadores

1 – Se alguém vier até vocês com instruções conforme tudo aquilo que acima é dito, recebei-o.

2 - Mas, se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.

3 - A respeito dos apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio (texto grego: dogma) do Evangelho.

4 - Todo o apóstolo que vem até vocês, seja recebido como o Senhor.

5 - Ele não deverá ficar mais que um dia, ou, se necessário, mais outro. Se ele, porém, permanecer três dias é um falso profeta.

6 - Na sua partida, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar; se, porém, pedir dinheiro é falso profeta.

7 - E não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas este pecado não será perdoado (Mt 12,31).

8 - Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser aquele que vive como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.

9 - Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela; caso contrário é um falso profeta.

10 - Todo profeta que ensina a verdade sem praticá-la é falso profeta.

11 - Mas todo profeta provado (e reconhecido) como verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, não ensinando, porém, a fazer como ele faz, não será julgado por vocês, pois ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.

12 – Se alguém disser, sob inspiração: dá-me dinheiro ou qualquer outra coisa, não o escutem; se, porém, pedir para outros necessitados, então ninguém o julgue.

[NOTA: Segundo a Didaqué, as comunidades da Igreja primitiva, conheciam os apóstolos, os profetas e os mestres. Difícil saber a diferença entre eles, pois parece que a função dos três era anunciar o Evangelho e ensinar. Por outro lado, a insistência na hospitalidade para esses três tipos de pessoas indica talvez que eles exerciam seu ministério de maneira itinerante, visitando as diversas comunidades. Uma das principais dificuldades era distinguir o verdadeira do falso pregador. Para isso, a comunidade chegou a diversos critérios para reconhecer o verdadeiro pregador: ensinar a justiça e o conhecimento do Senhor, falar sob inspiração, viver como o senhor, praticar o que ensina. O falso pregador é aquele que explora a comunidade e não pratica o que ensina. O respeito pelos pregadores é muito grande, pois nesses tempo a comunidade dependia deles para conhecer o Evangelho. De certa forma, podemos dizer que o pregador, por meio de sua palavra e vida, era a personificação viva do Evangelho. Porque os Evangelhos que hoje conhecemos eram escritos que circulavam somente em algumas comunidades.]



* * * * *

Capítulo XII

Hospitalidade com Discernimento

1 - Todo aquele que vem em nome do Senhor, seja acolhido. Depois examinem para conhecê-lo, pois vocês têm juízo para distinguir a esquerda da direita.

2 - Se o hóspede estiver de passagem, dêem ajuda no que puderem; entretanto, ele não permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.

3 - Se quiser estabelecer-se com vocês, tendo uma profissão, então trabalhe para o seu sustento.

4 - Mas, se ele não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para não deixar nenhum cristão ocioso entre vocês.

5 - Se ele não quiser aceitar isso, é um comerciante de Cristo. Tenham cuidado com essa gente.

[NOTA: A comunidade cristã vive o clima da fraternidade e da partilha e, por isso, está sempre aberta para acolher aqueles que necessitam de ajuda. Isso, porém, pode tornar-se ocasião para que aproveitadores explorem a boa vontade da comunidade. O discernimento deve atingir também outras áreas de exploração, para que a comunidade não seja manipulada em favor de interesses alheios ao projeto de Jesus. Não basta ser bom: é preciso ser justo e ter muito bom-senso.]

* * * * *

Capítulo XIII

Sustentação do profeta

1 - Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno de seu alimento.

2 - Do mesmo modo, também o verdadeiro mestre, como todo operário, é digno de seu alimento.

3 - Por isso, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.

4 – Se, porém, vocês não têm profeta, dêem aos pobres.

5 - Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.

6 - Do mesmo modo, abrindo uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e dê aos profetas.

7 – Tome uma parte do seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê conforme o preceito.

[NOTA: O pregador ou agente de pastoral, que emprega todo o seu tempo na evangelização, fica por isso mesmo dependendo das comunidades para sobreviver. Sua situação equivale à dos pobres. Toda comunidade deve preocupar-se não só em sustentar seus agentes, mas também dar-lhes possibilidade para que, de fato, possam prover às necessidades da evangelização.]

* * * * *

Capítulo XIV

A Celebração Dominical

1 – Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer (celebrar a eucaristia), depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.

2 - Aquele que está em discórdia com o outro, não se junte a vocês sem antes ter se reconciliado, a fim de que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado (Cf Mt 5,23-25).

3 - Com efeito, este é o sacrifício de que disse o Senhor: “Em todo o lugar e em todo o tempo se me oferece um sacrifício puro, porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações” (Cf Mal 1,11-14).

[NOTA: A Eucaristia é a celebração da fraternidade. Para que ela não seja profanada no seu significado profundo, exige-se reconciliação, não só no momento do culto, mas na vida concreta. Sem isso, o culto não tem sentido.]

* * * * *

Capítulo XV

A Vivência Comunitária

1 – Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor, homens dóceis, desprendidos (altruístas), verazes e firmes, pois eles também exercerão entre vocês a liturgia dos profetas e doutores (mestres).

2 - Não os desprezem, porque entre vocês, eles são da mesma dignidade que os profetas e mestres.

[NOTA: A Igreja nascente viu-se logo diante de dois modelos de comunidade. O primeiro era a comunidade palestinense, mais ligada à tradição, e onde estavam presentes os apóstolos e presbíteros. Na Didaqué, as figuras dos apóstolos, profetas e mestres parecem lembrar esse tipo de Igreja, de modelo judaico, onde também encontramos os sacerdotes, profetas e mestres de sabedoria. O outro modelo de Igreja nasceu fora da Palestina e era muito mais voltado a missão e as necessidades que daí surgiram. Esse segundo tipo de Igreja logo teve necessidade de servidores para a comunidade (diáconos) e de supervisores para as diversas comunidades (bispos), escolhidos em clima democrático. Toda comunidade vive na tensão entre a tradição e a missão. Tradição significa ser fiel ao compromisso com o projeto de Jesus, e a missão significa encarnar esse projeto, respondendo aos desafios de cada tempo e lugar. Essa tensão se resolve quando mantemos um olho no Evangelho e o outro na vida.]

3 – Corrijam-se mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho. E ninguém fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido o próximo, nem o escute até que ele tenha se arrependido.

[NOTA: O cimento da vida comunitária é a correção mútua, feita com espírito fraterno. Perdoar-se e reconciliar-se mutuamente é o sacramento básico, porque não é bom viver sozinho, como não é fácil viver junto. De tal modo isso é importante que a comunidade deve ser implacável: isolar completamente quem ofendeu o próximo, até que ele aprenda na própria pele a necessidade da reconciliação.]

4 – Façam suas orações, esmolas e todas as ações, da forma que vocês têm no Evangelho de Nosso Senhor.

[NOTA: A vida cristã tem na sua frente o Evangelho e se exprime como oração (ligação com deus), esmola (socorro imediato ao próximo necessitado) e ação (transformação da sociedade pecadora na comunidade fraterna que Deus quer).]