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terça-feira, 30 de outubro de 2018

CATEQUESE FAMILIAR: UMA PROPOSTA DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ



CATEQUESE FAMILIAR
Uma proposta de Iniciação à vida Cristã
 O segredo da catequese está no testemunho. A transmissão da fé está na vivência dos valores e opções de vida anunciados às crianças e jovens. 


Introdução:

O estilo catecumenal prioriza a evangelização dos responsáveis pelos catequizandos, que, como primeiros interessados, devem ser envolvidos em todo o processo. A educação da fé é uma tarefa que compete a toda família. O papel dos pais não consiste na simples delegação aos catequistas de sua responsabilidade de educar na fé. Em primeiro lugar, cabe aos pais evangelizar, em decorrência de seu compromisso assumido no matrimônio e no Batismo de seus filhos.

É preciso ir ao encontro das pessoas em seu ambiente habitual e não apena esperar que venham até os recintos da igreja. O pluralismo religioso já é um fato dentro de uma mesma casa. Por isso, faz-se necessário acompanhar as famílias na educação da fé de seus filhos. De modo geral, as famílias perderam a capacidade de educar os filhos na fé. Muitos adultos acham-se afastados da comunidade e precisam ser evangelizados. A comunidade deve se preocupar, principalmente, com aqueles que não completaram a iniciação e não receberam a Crisma e/ou a Eucaristia.

Felizmente, hoje, já podemos contar com belos exemplos de catequese familiar em muitas paróquias em que atuam catequistas juntamente com a pastoral familiar. Acreditar e investir na catequese familiar é o grande passo da chamada conversão pastoral. Mais que se lamentar pelas dificuldades de envolver as famílias, é melhor conhecer as comunidades que assumiram este desafio e caminham a passos largos.

1. O QUE É A CATEQUESE FAMILIAR

Trabalhando com a catequese de crianças, adolescentes e jovens, percebe-se a necessidade de envolver a família no processo. A afirmação de que os pais são os primeiros catequistas dos filhos tem sido feita continuamente em documentos e palestras. Mas, como os pais podem ser “catequistas”, se estes não foram devidamente evangelizados?

É uma fala comum dos catequistas, a dificuldade em se envolver os pais na catequese dos filhos. É o trabalho, os compromissos, a vida corrida, pais separados, enfim. Com tanta coisa acontecendo a família não acompanha mais a catequese dos filhos. Sem falar na dificuldade que os próprios pais têm em entender, hoje, uma catequese que não tiveram em seu tempo de criança.

Por isso, a necessidade da Catequese Familiar, que, mais que envolver a família na catequese dos filhos, procura “catequizar” ela mesma em busca de uma parceria eficaz na evangelização das crianças e adolescentes.

No entanto, nem sempre as iniciativas para implantar esta catequese têm êxito. Algumas paróquias ainda continuam a perseverar nas “reuniões” com os pais apenas para passar recados e “reclamações” da falta de comprometimento destes e dos filhos. A família não quer saber “como criar os filhos”, ela quer receber os sacramentos tão somente, por não ter tido uma evangelização que a levasse ao “seguimento” verdadeiro a Jesus Cristo. Muitos adultos, apesar de ter frequentado a catequese e recebido os sacramentos da iniciação, ainda possuem uma fé imatura e infantil.

Observamos algumas iniciativas no sentido de preparar os pais para dar catequese em casa aos seus filhos, chamadas de “catequese familiar”.  Não há mais encontros semanais nas paróquias, exceto uma vez a cada mês ou nem isso. Acaba assim a catequese eclesial e a vivência comunitária. Discordamos desta prática. Claro que os pais são “catequistas” de seus filhos, mas não em ordem de preferência ou primazia e sim por ordem do primeiro “relacionamento” no sentido de educar os filhos. Com as primeiras noções de comer, andar, falar, vem junto as primeiras noções de fé, de oração, de acreditar em “algo mais”. Contudo, a fé dos pais, não é uma fé “particular”, dissociada da comunidade. É a fé da Igreja a que pertencem. Portanto, cabe à essa Igreja proporcionar a catequese às crianças. Os pais transmitem a fé e a Igreja aprofunda esta fé. É da paróquia a tarefa de fazer a catequese acontecer.

Outra prática de catequese familiar, são os subsídios para a catequese, que trazem, além dos livros para o catequista e catequizando, um livro para os pais. Neste caso, se o livro da família não tiver uma orientação dos responsáveis pela catequese, quem garante que ele será lido e observado pelos pais e vai trazer ao ambiente familiar uma maior presença de Deus? Outros subsídios, este com mais possibilidade de êxito, são aqueles que trazem roteiros de encontros temáticos para os pais, a serem feitos no ambiente eclesial e orientado pelos catequistas. A Igreja proporciona aos catequistas uma formação específica para exercer a catequese. Formação esta que pode ser transmitida também à família de maneira gradual e progressiva, como se dá a catequese das crianças.

Algumas comunidades têm convidado os pais para participar de encontros e celebrações junto com os catequizandos. Ou fazem eventos especiais envolvendo a família: gincanas, exposições bíblicas, passeios, visitas, comemorações de dias especiais. Eventos alegres e festivos, principalmente que envolvem algum tipo de apresentação das crianças, motiva os pais a participar.

Outra coisa que incentiva os pais à catequese familiar, são as visitas dos catequistas às famílias dos catequizandos: seja para conhecer melhor a família, convidar as pessoas para a catequese, para comemorar o aniversário dos catequizandos, seja para confortar em momentos difíceis ou em caso de alguma enfermidade. Esta visita pode ser também com a turma toda, estreitando os laços de amizade.

O segredo é valorizar a família e buscar estreitar o relacionamento família/Igreja. Também é importante acolher as situações diversas que vão aparecendo. Muitas crianças chegam à catequese sem terem sido batizadas. Uma excelente oportunidade para acompanhar a preparação ao sacramento junto da família, não só do batismo do catequizando como, muitas vezes, de outros sacramentos que a família não tem ainda: como o matrimônio e a crisma dos adultos.

Com relação ao acompanhamento das famílias, não podemos esquecer da importância da Pastoral Familiar ou de qualquer grupo que exista na paróquia que cuide da evangelização dos casais. É muito mais papel da Pastoral Familiar e não da catequese oferecer aos casais, apoio específico para a vida familiar. A catequese, onde existe a pastoral familiar e conta com o apoio desta, desenvolve um trabalho mais frutífero com as famílias. 

2. COMO “TOCAR” OS PAIS? COMO FAZER COM QUE PARTICIPEM INICIAÇÃO CRISTÃ DOS FILHOS NA IGREJA?

São questionamentos que sempre fazemos: Como trazer os pais para a catequese familiar? Como evangelizar e sensibilizar os pais para a educação cristã dos filhos, fazendo-os ver a necessidade de encontros com a família?

Para que as crianças cresçam e aprofundem a sua educação cristã, é necessária a colaboração dos pais. A catequese paroquial deve ligar-se cada vez mais à família. A família é a Igreja doméstica que tem a primeira responsabilidade na educação dos filhos e que exerce uma influência direta e fundamental no desenvolvimento da sua fé.

Aliás, a evangelização das crianças de modo algum pode realizar-se à margem da evangelização dos adultos. De nada adianta evangelizar as crianças se os pais, adultos responsáveis por eles, não vão acompanhar os filhos. As crianças dependem e recebem informação dos adultos.

A formação cristã das crianças e adolescentes depende, portanto, da formação cristã dos adultos, ou melhor, da formação dos pais/responsáveis e da comunidade paroquial em geral. Assim não podemos organizar a catequese da infância e adolescência sem nos preocuparmos, simultaneamente, com a sensibilização e formação dos pais.

Desta forma, a “Catequese Familiar” tem como objetivo primeiro:

·         Sensibilizar e formar os pais/responsáveis com relação à Iniciação Cristã dos filhos.

Para isso é necessário pensar que os pais precisam caminhar junto com os filhos, conhecendo os temas fundamentais da catequese que os filhos, semanalmente, veem na catequese. E a grande verdade é que poucos dos nossos pais conhecem a nossa Igreja ou lembram do que fizeram na sua catequese. Isso que a catequese, anterior aos anos 90, era exclusivamente voltada à “aquisição” dos sacramentos da Eucaristia e Crisma. Hoje, vemos uma catequese muito mais preocupada com o anúncio e a iniciação na vida de fé.

Esta preocupação tem levado muitas dioceses a elaborarem projetos no sentido de envolver os pais na preparação e realização da catequese, correspondente à fase/etapa do seu filho. Ou seja, aquele conteúdo que o filho vê na etapa de catequese, os pais também veem na catequese familiar. Em outro formato e linguagem, em tempo mais curto, mas, de forma a que os pais possam, também, ser referência no ensino da fé. Não somente o catequista e o padre são responsáveis pela catequese das crianças agora, a família passa a ser coparticipante.

Mas, como motivar os pais a participar da catequese familiar? Como convencê-los de que precisam “voltar” à catequese?

Primeiro é necessário colocar o tema em pauta nas reuniões de pais, onde serão desenvolvidos temas motivadores que pretendem ser uma ajuda para a valorização da sua formação cristã e que os leve a sentir a necessidade de aprofundar a sua fé e conhecimento da nossa Igreja.

Percebemos que a própria família já vem sentido a necessidade de “atualização” com relação aos conteúdos ensinados às crianças na catequese.

3. MOTIVAR OS PAIS, UM DESAFIO!

“Os pais não se sentem comprometidos! ”. Essa é uma grande verdade e um desafio ao catequista. Isso faz com que as crianças e adolescentes tenham um número excessivo de falta nos encontros e não encontrem “resposta” em família, ao ensino que recebem na Igreja.

Que fazer para motivar os pais que têm filhos na catequese a participarem destes encontros, a interessarem-se cada vez mais na educação cristã dos filhos e a formarem-se como verdadeiros cristãos, de modo a ajuda-los a desenvolver a sua fé?

Em primeiro lugar é valoriza-los: É procurar que aqueles que participam se sintam enriquecidos. O interesse e a participação dependem do conteúdo e da própria dinâmica dos encontros. Além de enriquecer os encontros deve-se também encontrar uma forma de chegar aos pais e motivá-los a participar.

Sugerimos alguns métodos de chegar até aos pais:

A primeira e a mais tradicional, mas sempre válida e indispensável, são as convocações para reuniões. Nela deverá constar o conteúdo e os objetivo da reunião, assim como uma introdução e conclusão que valorizem o conteúdo e a participação dos pais ou educadores.

Um segundo método de motivação será a participação dos pais na preparação e realização de uma pequena atividade em cada um dos encontros. Esta atividade pode ser a ambientação, a acolhida e até mesmo sobre o tema a ser desenvolvido. Desta forma, os pais tendem a aprofundar a sua formação, buscando perguntas e respostas. Este método permite o empenho dos pais na sua formação cristã e a dos seus filhos, já que necessitam de uma preparação prévia. Então em família, deverão procurar informações e sentidos da sua fé. Com isso se estabelece um maior contato entre a Família e a Igreja, levando os pais a colaborar cada vez mais com a catequese paroquial.

Outra oportunidade está relacionada à facilidade com que hoje nos comunicamos com as famílias, seja pelas redes sociais ou por grupos de Whatsapp. A tecnologia nos proporciona um contado mais rápido e direto com as pessoas.

Outros momentos propícios para despertar o interesse dos pais pela catequese familiar são: a Inscrição na catequese; a Abertura do ano catequético; a Preparação e Celebração das festas de catequese, etc.

Os dois aspectos, VALORIZAÇÃO e MOTIVAÇÃO, supõem uma preocupação de fundo: Como sensibilizar a família para a educação cristã dos filhos? Como evangelizar a família e torna-la evangelizadora? Aqui situa-se o problema fundamental: a evangelização dos adultos. Os encontros de pais, com filhos na catequese, são apenas um aspecto deste problema, muito mais profundo e só encontra a resposta adequada na evangelização da família.

4. ENCONTROS COM OS PAIS

Os encontros de pais dirigem-se a um grupo de adultos, com experiência e ideias próprias, que devem ser tratados como adultos. Não deixam, porém, de ser um grupo de catequizandos. Por isso o orientador/catequista precisa dar muita importância ao diálogo, à participação e à comunicação no grupo, de modo que os participantes sintam que o encontro é deles.

Os encontros devem corresponder ao nível e à situação religiosa dos pais. De modo geral, os pais não estão suficientemente convertidos nem esclarecidos sobre a fé cristã. Apresentam-se pouco sensibilizados e preparados para a sua tarefa educativa. A perspectiva que têm de catequese nem sempre é correta e por fim, estão mais motivados para as festas da catequese do que para a formação catequética.

Esta situação pede que se adote um tom evangelizador nas reuniões. Primeiramente despertando a fé dos pais, fazendo um segundo “anúncio”; aprofundando e consolidando essa fé, (Este aprofundamento leva, muitas vezes, alguns pais a sentirem o desejo de complementar os sacramentos que não possuem: crisma, matrimônio); convidando para a vida cristã, participando das pastorais e serviços na Igreja; assumindo verdadeiramente a educação religiosa dos filhos com o seu testemunho/exemplo.

Para o desenvolvimento dos encontros da catequese familiar são necessários alguns elementos de apoio, que necessitam de um trabalho prévio e aprofundado, com relação à realidade concreta dos participantes, ou seja, a sua situação religiosa: se tem os sacramentos da iniciação, se são casados, se são impedidos de concretizar o casamento religioso, se um dos cônjuges não é católico, etc.

Numa perspectiva evangelizadora, abordar nestas reuniões/encontros, as atitudes fundamentais de fé em que as crianças e adolescentes são iniciados, de modo que os pais possam acompanhar e colaborar no processo da educação cristã dos filhos e, eles próprios, se sintam estimulados a crescer na fé.

Nestes encontros, devemos reforçar o que o Concílio Vaticano II afirma: “A família é a primeira escola de virtudes sociais, de que todas as sociedades precisam. Este dever da educação familiar é de tal importância que, quando falta, dificilmente pode ser substituído” (GS 3; e DGC 179).

Precisamos sublinhar que os pais são “os primeiros e principais educadores” (GS 3), pois “a família constitui para a criança a primeira comunidade na qual vai desenvolver-se a sua fé” (Pio XII). A catequese precisa manter uma ligação constante com os pais e outros agentes educativos (como a escola).

Tendo em vista que os pais são muito sensíveis ao crescimento dos filhos, é oportuno introduzi-los no itinerário de fé em que estes são iniciados: oração, vida comunitária e familiar, participação na eucaristia, sentido de pecado e penitência, interesse pela Palavra de Deus, etc.

4.1 Sugestão de Temas para os encontros/reuniões:

Sugerimos que antes de iniciar a Catequese Familiar com os pais e educadores, faça-se reuniões de sensibilização, no sentido de apresentar o projeto dos encontros da Catequese Familiar, que podem ser mensais ou quinzenais. Construa um ambiente evangelizador e sensibilize os pais sobre o seu papel na catequese.

Apresentar aos pais as principais “ligações” que a família precisa ter com a catequese dos filhos:

·         Ligação entre os pais e a catequese paroquial: Lembrar a existência de momentos nos quais é imprescindível a colaboração dos pais com a catequese paroquial:
– Perguntando aos filhos o que deram na catequese;
– Utilizando o espaço "em família" conhecer o material usado pelos catequistas;
– Rezando com os seus filhos (de manhã e à noite, antes e depois das refeições);
– Chamando-lhes a atenção para o tema do encontro da semana em ocasiões oportunas, etc.

·         Articulação entre Paróquia e Família: Esta articulação deve possuir algumas características que se podem apresentar em quatro verbos:
- Ser – os filhos precisam se “dar conta” da correspondência entre o que dizemos e o que fazemos, o que exigimos e o que somos.
- Falar – tendo em conta as suas perguntas, devemos apresentar a fé como uma realidade dinâmica e prática.
- Interessar-se – nada do que se passa na catequese paroquial deve estar fora do interesse dos pais.
- Celebrar – celebrar e viver cristãmente as diversas realidades familiares: oração, Eucaristia, sacramentos, festas.

Já no início dos encontros da Catequese Familiar, primeira fase, manifestado o interesse dos pais em participar, sugerimos que sejam abordados temas como:

1 - O que é a Catequese e como se organiza
2 - Catequese dos filhos e formação cristã dos pais
3 - Iniciação à oração e Oração em família (Pai Nosso)
4 - A Palavra de Deus como fonte de iluminação ao ensino da fé (Bíblia).
5 - A Eucaristia na vida cristã.
6 - O Domingo, celebração indispensável para o cristão (A Missa).
7 - Significado e importância pastoral das celebrações e ritos da catequese (Sacramentos da Eucaristia e Crisma, ritos de entrega).
8 - Ano Litúrgico.
9 - Em que acredita o cristão (Credo)

Numa segunda fase, já com os pais mais conscientes do seu papel de educadores na fé:

10 - Desenvolvimento psicológico e educação da fé (Psicologia das idades).
11 - Diálogo em família.
12 - Paróquia, comunidade de fé, de esperança e de caridade (Dízimo, Festas, Pastorais).
13 - Compromissos Diocesanos, Anos Pastorais, Campanha da Fraternidade.
14 - A dinâmica da fé cristã: Conversão, Sacramentos da Iniciação Cristã; Reconciliação; Discipulado; missão.

5. COMO ORGANIZAR E ORIENTAR UM ENCONTRO OU REUNIÃO DE PAIS?

Uma reunião de Pais na catequese, nada tem a ver com uma reunião de pais da escola. Por isso procuramos chamar de “encontro”, para que se desvincule da proposta escolar. São encontros para sensibilizar, formar e evangelizar. Não podem ser uma instância de juízo ou censura de comportamentos, nem para fazer “sermões ou discursos”, mais ou menos moralizantes.

Assim, o orientador duma reunião de pais (padre ou catequista) deve ser um facilitador do processo comunicativo. O objetivo é transformar “pais clientes” em “pais colaboradores” e parceiros educativos. A reunião de pais precisa ser participada por todos os presentes sem deixar de ser orientada. Há que interpelar, incentivar a participação, motivar, manter o rumo da reunião e ajudar a alcançar uma conclusão clara. É de suma importância preocupar-se também com o “como” vai dizer e quem e como vai ouvir.

Em primeiro lugar, deve-se ter em conta questões relativas ao encontro propriamente dito:

1. Convite: Esta convocação ou convite deve ser enviado antecipadamente, (nem muito antecipadamente nem em cima da hora); deve ser explícito de modo claro e inequívoco quanto ao local e hora (que começa e termina) onde se vai realizar o encontro. Deve ser graficamente bem apresentada e agradável (não necessariamente ser em papel, podemos usar os meios de comunicação, e-mail, redes sociais); deve ser mais criativa que formal; deve utilizar uma linguagem (não simplesmente verbal) simples e acessível; deve suscitar curiosidade e interesse pelo tema a ser apresentado.

2. Pauta: Deve-se indicar de forma objetiva, quais os momentos em que a reunião se vai desenrolar. Por exemplo: Oração inicial, tema principal, dinâmicas de grupo, oração final.

3. Acolhimento: Como na catequese, também o acolhimento aos pais é muito importante. O ambiente deve ser cuidado: sala limpa, bem iluminada, aquecido ou resfriado, com cadeiras para todos, dispostas de maneira adequada às estratégias que se vão desenvolver; com arranjos florais, música de fundo, etc. Os catequistas devem estar disponíveis para um bom acolhimento, recebendo os pais e, à medida que vão chegando, identificando-os como os pais de seus catequizandos; já em grupo, cumprimentar, saudando cordialmente a todos e dando as boas-vindas.

4. Apresentação do Tema: Na apresentação do tema, sugerimos que se siga o itinerário catequético, isto é, partir da vida dos pais (ver), iluminá-la com a Palavra (desenvolvimento do tema) e, por fim, levar à conversão em ordem a um agir novo. O animador (pároco, catequista ou convidado) deve recorrer a métodos ativos (que movimentem) que incluam (se conveniente) dinâmicas de grupo e audiovisuais.

Para alguns temas propostos pode-se convidar pessoas mais habilitadas e de reconhecido conhecimento do assunto (e se possível também espiritual). O convite a estas pessoas terá de ser devidamente enquadrado dentro dos objetivos a atingir e competências a desenvolver. Nesta situação também se pode fazer uma parceria entre o convidado, o orientador e os pais.

4.1 Trabalhos de Grupo e/ou reuniões de grupo: Se a reunião for para um grupo muito grande de pais (o que se desaconselha) podem reunir-se, em algum dos momentos por grupos, seja para qualquer trabalho relativo ao tema, seja para diálogo concreto e orientado com o catequista respectivo. Os trabalhos de grupo podem funcionar como uma estratégia para “fazer falar”, sobretudo na abordagem de temas difíceis.

5. Oração e cântico final – Devem ser escolhidos de acordo com o tema, com letra e música fáceis para que todos possam acompanhar.

6. Breve convívio: Onde se cria espaço para os pais dialogarem com os catequistas dos seus filhos. Se se puder terminar a reunião com um pequeno convívio à volta de uma mesa com um chá, café, suco e alguma coisa para acompanhar, isso pode “quebrar o gelo” e predispor para as próximas reuniões/encontros. Às vezes, entre dois dedos de prosa, entre dois goles de chá ou café, descobrem-se e dizem-se coisas profundamente sérias e significativas sobre os filhos, o modo de ser pais, etc. Seria oportuno se o encontro for de longa duração, num intervalo, convidar e proporcionar um chá ou café. Se for conveniente e em horário compatível, os filhos podem ser convidados a participar do desse encerramento.

6. COMO FORMAR OS PAIS?
Como formar cristãmente os pais? Esta pergunta, sempre pertinente, tem hoje uma ressonância peculiar, sobretudo em razão duma nova configuração da família: família nuclear, família com pouco tempo para o convívio familiar, família influenciada pelos meios de comunicação social, famílias com indefinição de papeis e de responsabilidades, família privatizada, família atípica, em número cada vez maior, etc. 

Esta nova situação da família exige que a Igreja anuncie com renovado vigor o Evangelho, redescobrindo a verdade da família, enquanto íntima comunhão de vida e de amor, aberta à geração de novas pessoas; e também a sua dignidade de “igreja doméstica” e a sua participação na missão da Igreja e na vida da sociedade.

Primeiro é necessário reconhecer que muitas famílias, já não tem mais a composição nuclear de “pai, mãe, filhos”. Esta nova situação da família é um claro desafio à evangelização e ao trabalho sério e responsável com os pais das crianças e adolescentes que participam na catequese das nossas comunidades paroquiais.

Este trabalho com pais exige uma análise cuidadosa da realidade familiar local e sua participação na catequese, uma proposta de objetivos e ações concretas, uma planificação (partilhada), uma temática significativa e uma didática atraente e esmerada.

Para conseguir tais objetivos, e tendo em conta apenas o que nos cabe de ajuda possível, deixamos aqui duas pistas: uma relativamente à temática e outra relativamente à didática ou estratégia a desenvolver.

6.1      Proposta temática

Esta proposta temática tem como suporte os objetivos e competências assinaladas em cada etapa da catequese de crianças e adolescentes. Na preparação do que dizer, seria conveniente analisar com cuidado o que se aponta em cada fase e adotar ou reformular os objetivos propostos.

Esta proposta segue de perto o itinerário de catequese dos filhos até à Profissão de Fé ou Comunhão Solene e depois até o sacramento da Crisma, fechando a catequese (catecumenato). Oferece quarenta temas para reuniões de pais (prevendo oito encontros por ano ao longo de cinco anos) que nos ajudam a refletir as principais realidades da fé que são comunicadas nesse período da catequese.

Esta proposta não oferece a planificação (roteiros) desses temas. Tendo em vista a realidade de cada diocese, e reconhecendo também a atualidade dos temas, sugerimos uma atualização no tratamento e desenvolvimento dos mesmos, sobretudo em razão dos anos e acontecimentos ocorridos, das recentes orientações do magistério e da análise de cada região. Ousamos apresentar aqui uma estrutura possível dos principais temas para a infância e sugerir uma estrutura de reforço e aprofundamento para a catequese da adolescência, iniciada após a Eucaristia.

TEMAS DAS REUNIÕES DE PAIS NAS ETAPAS
(Oito encontros anuais – 5 Etapas)

1º Etapa
2º Etapa
3ª Etapa
4ª Etapa
5ª Etapa

 

Tema 1

O que é a catequese e como se organiza
Campanha da Fraternidade- Eventos da Diocese/ Paróquia
Em que acredita o cristão
As Bem Aventuranças
Comprometidos com a ousadia de crer

 

Tema 2

Catequese dos filhos e formação cristã dos pais
O Domingo,
Celebração do cristão
A Profissão de Fé
Credo
A paróquia, comunidade de fé, esperança e caridade
Cristão: Sal da Terra

 

Tema 3

 Família Cristã, Igreja Doméstica
Maria, mãe da Igreja
Igreja – Povo de Deus
Viver ou não viver segundo o Evangelho
Pentecostes – O dom do Espírito Santo

Tema 4

Lugar da Palavra de Deus na vida cristã
A criação
Os sacramentos da Iniciação
Diálogo em família
A Igreja, lugar de relação vital

Tema 5

(Iniciação à ) Leitura do Evangelho em família 
Os dez Mandamentos da fé 
Vocação – Semana da Família
Valores para uma vida com projeto -  viver com sentido

Escolher a esperança - Fraternidade

Tema 6

Iniciação à oração e oração em família
A história da Salvação
(Patriarcas, profetas)
Iniciação ao sentido do pecado e reconciliação 
Em relação com a pessoa de Jesus 
A fé que celebramos - Liturgia

Tema 7

Ano Litúrgico
Jesus nos ensina a rezar: Pai Nosso
 Lugar da Eucaristia na vida cristã
Traços psicológicos da Adolescência
O sacramento da Confirmação

Tema 8

Quaresma – Tempo de conversão
Ritos e celebrações – Entregas de Símbolos
Primeira Eucaristia, iniciação cristã das crianças
A religiosidade do Adolescente 

Discipulado e Missão

 6.2 Proposta didática/estratégia

Como organizar a Catequese familiar na paróquia:

a)  Não há necessidade de coordenação específica para a CF. Não deve ser uma "pastoral a parte".
b)  A Catequese Familiar deve estar no Planejamento junto com a catequese das crianças e adolescentes.
c)  Envolver os catequistas das turmas, que conhecem os pais, que interagem com eles nos encontros semanais, nas missas, nos grupos de whatsapp.
d) Formar uma equipe (3 pessoas são suficientes) para organizar a estrutura de cada encontro:
·         Enviar aviso aos pais de cada etapa (e a catequista da turma também deve acompanhar).
·         Estar sempre em contato com o catequista de cada etapa
·         Arrumar o ambiente, material necessário
·         Providenciar o bem-estar (lanche, água etc.)

f) Convém que a assiduidade de cada família seja acompanhada pela catequista da turma. Cabe ao catequista da turma o contato, a visita e o acompanhamento das ausências.
h) Encontrar o melhor dia e horário para os encontros, conforme a disponibilidade da família.
i) Cuidar para que se tenha bons assessores: motivadores, bons testemunhos de vida de oração. Buscar apoio da Pastoral Familiar e demais pastorais e grupos: ministros, missionários, agentes da pastoral social, comunicação, etc.

A catequese familiar não pode caminhar à parte, sem a catequese das crianças. Os catequistas de turma precisam saber o que é trabalhado e saber quais famílias estão participando. A equipe que cuida da catequese familiar precisa estar em sintonia com a coordenação e os catequistas que conduzem as crianças. E usar os encontros do subsídio utilizado na catequese, conforme a catequese das crianças caminha, não aleatoriamente. Catequista da turma de crianças é primordial para a Catequese Familiar funcionar.

CONCLUSÃO

Nada é muito fácil quando pensamos em realizar um trabalho catequético presencial com as famílias. Não nos deixemos desanimar pela reduzida participação, pela aparente indiferença ou desinteresse, pela suposta inoperância deste trabalho. Trabalhemos convictamente, com perseverança e confiança, cuidando do tesouro que queremos comunicar e transmitir. Trabalhemos com competência, com qualidade metodológica, zelando pela beleza da comunicação, respeitando os interlocutores (sejam muitos ou poucos, ricos ou pobres, formados ou não) e sendo fiéis à mensagem que desejamos ardentemente anunciar e testemunhar. O trabalho com pais tem que ser um trabalho confiado na ação do Espírito Santo. Ele é o principal dinamizador da fecundidade deste trabalho.

Ângela Rocha
Catequistas em Formação

* Este material foi adaptado de informações/orientações das Dioceses de Coimbra e Braga – Portugal, à catequese que praticamos no Brasil. Agradecemos pela valiosa partilha de experiências.  Como não há citação de autores, pedimos desculpas por não dar os devidos créditos.

* Foram feitas várias inserções de autoria da catequista Ângela Rocha – Curitiba Pr.

 Outubro/2018 
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