Foi
em Guarapuava, na Catedral de Nossa Senhora de Belém que comecei meu
aprendizado na catequese. Se é que, ser catequista, é uma questão de
aprendizado. Se for, com certeza, é eterno. Aprendemos junto com nossos
catequizandos a cada ano que passa. Isso casa bem com o fato de eu me achar
amadora.
Uma
das coisas que fez parte do meu "aprendizado" e que me chamou a
atenção lá, é que a (o) catequista inicia a caminhada com as crianças na
primeira etapa da catequese, ou seja, no primeiro ano, e acompanha a
criança até ela receber o sacramento, no terceiro ano de caminhada. Acontece a
mesma coisa com a catequese de Crisma, que é de dois anos. Claro que nem
sempre a gente começa e termina com as mesmas crianças. Muitos mudam de
horário, de dia, de período; por conta da escola e de outros compromissos. Mas
a maioria fica com a gente. A não ser que nos odeiem, aí... rsrsrsr.
Bom,
o fato é que assisti outro dia na TV, uma reportagem sobre a educação na
Finlândia, país nórdico europeu. E achei interessante as escolas de lá. Os
professores fazem algo como a catequese da Catedral. Acompanham as crianças por
todo ensino fundamental. Se fosse por aqui, seria desde o jardim de
infância até a quarta série mais ou menos. A justificativa para isso é a
seguinte: Interagir com a criança, estabelecer laços de amizade e
companheirismo com elas e com os pais. Interessante, não?
Outra
coisa é que a escola é uma "extensão" de suas casas. Eles têm tarefas
diárias que não tem nada a ver com a escola, como cuidar das plantas,
supervisionar a coleta de lixo, ajudar a cuidar dos mais novos, etc. E tiram os
sapatos para entrar nas salas para não sujar o chão! Participam também de
oficinas de arte e de pequenos ofícios. Aprendem a pregar um quadro na parede e
a apertar parafusos. Elas gostam verdadeiramente de ir à escola. Isso faz
com que muitas crianças fiquem com saudade da escola nas férias. Lá, férias é
uma "chatice".
Guardadas
as devidas proporções, - afinal não podemos fazer uma comparação justa entre um
país de primeiro mundo e o Brasil - acredito que se pode aprender muito com
isso. Da experiência que tive ao acompanhar os mesmos catequizandos por três
anos, posso dizer com certeza, que foi absolutamente válido do ponto de
vista do que deve ser a Igreja, ou seja, uma "comunidade". Aprendi as
conhecer as crianças, suas realidades, seus hábitos e suas famílias. Coisa que
é praticamente impossível em oito meses (quando chega a isso), de catequese no
ano. E pensemos que nesses oito meses, nos encontramos com nossos catequizados,
quatro vezes por mês. Que conhecimento e que profundidade pode ter um
relacionamento de 32 encontros? Isso se não tiver feriados e recessos pelo
meio.
Um
outro benefício disso tudo: nossos encontros não se tornam rotinas de conteúdos
e nem viramos "especialistas"
numa determinada etapa. Isso gera crescimento. E o relacionar-se, gera
amadurecimento e afinidade. Quer motivos melhores?
E
vamos lembrar que Jesus ficou em torno de três anos com seus discípulos... até
que eles estivessem prontos para pregar a sua palavra. E o catecumenato, a
catequese dos primeiros tempos da igreja, também era assim. Um tempo onde se
aprendia junto, um processo de crescimento contínuo e não um processo seriado e
fragmentado como temos hoje.
Ângela
Rocha