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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

O PODER DAS PLATAFORMAS DIGITAIS

 

As redes sociais digitais, produto desta nova civilização são, com certeza, uma inovação e um grande avanço na comunicação humana. A internet em si é uma revolução em tudo aquilo que conhecíamos do ponto de vista dos relacionamentos. Um dos pontos positivos é que ela é de acesso a todos. O ponto nevrálgico disso é que nem "todos" deveriam ter esse acesso fácil.

Ontem ainda, discutíamos numa live com catequistas, a importância do uso da rede na evangelização. São espaços que se não ocupamos com o bem, com certeza vai ser ocupado pelo mal. Vemos milhares de youtubers como Monark por aí e também vemos milhares de pessoas que usam a religião de forma dantesca para expressar sua natureza preconceituosa, racista, homofóbica, xenofóbica...

É, assim como o bolsonarismo se apropriou da bandeira do Brasil como "escudo", muita gente usa a cruz de Cristo como anteparo para falar besteira.

Cuidemos, cuidemos do que vemos, do que expressamos, do que compartilhamos, do que curtimos. Para cada Monark que cai, surge um "injustiçado" que se defende com a bandeira da "liberdade de expressão". E no lugar dele nas redes e podcasts, surge mais 20 todos os dias.

Li hoje que, sendo a internet gigantesca, não é difícil achar imbecis para seguir ideias imbecis. Monark é uma peça descartável, colapsou porque chegou ao limite, mas, existem outros beirando este limite.

As plataformas incentivam esse tipo de comportamento e discurso. Permitem que os "polêmicos" encontrem seguidores em nome da monetização e do comércio. Ideias extremistas e discursos de ódio são produtos com muita aceitação no mercado.

E onde ficam as pessoas de bem? Espero que não, estarrecidas e caladas com o que veem ou revidando na mesma moeda com discursos inflados que alimentam mais ainda o crescimento nefasto deste tipo de personagem, que na verdade, quer atenção, quer 👍 (likes), quer o dinheiro dos anúncios. Espero que estas pessoas estejam "lutando", com as armas que possuem (argumentos lógicos e civilizados!) para que se crie espaços limpos, conteúdos mais humanos, mais palatáveis, mais enriquecedores nas plataformas e redes digitais.

Moderar conteúdo é algo que as grandes empresas não querem fazer. Custa caro e exige que se "desça do muro", exige posicionamento. Se houvesse interesse em mudar isso, teríamos um espaço mais limpo, um debate de qualidade, sem tanta polarização. Mas, as Big Techs teriam que promover isso a custa de seus lucros. A legislação, que defende (ou deveria) o cidadão digital, acaba sem ação diante do poderio do capital. Então, são os internautas, consumidores de conteúdos que precisam começar as mudanças. Não há outra forma.

Vem aí a campanha política. E nada causa mais polêmica que política. Já me causa arrepios o que vou ver na internet...

Ângela Rocha

domingo, 6 de fevereiro de 2022

A SOLIDARIEDADE NÃO PODE TER FIM

Leonardo Boff - Teólogo

Nós estamos vivendo em um mundo onde é cada vez mais escasso encontrar um ato de boa vontade.

Ver alguém fazendo uma ação de bom coração é algo a se aplaudir hoje em dia. Mas não era para ser assim, ser bom deveria ser algo mais costumeiro, estar mais latente em nossas rotinas.

Mas, parece que não é para esse lado que o mundo está caminhando.

Veja, Francis Crick e James Watson, foram dois biólogos que decodificaram o código genético, ou seja, eles descobriram a mesma base biológica que todos os seres vivos possuem, que são como vinte tijolinhos com quatro tipos de cimentos diferentes e é com isso que construímos toda a biodiversidade e, também, toda vida humana.

Watson diz que no código genético, dentro da nossa existência, está o instinto de solidariedade, o instinto de amor.

Mas isso acontece não porque nós queremos ou não queremos, a verdade é que isso é um grande impulso natural da nossa vida, tudo porque convivemos uns com os outros. Nós não vivemos, nós convivemos na família, na sociedade, no trabalho, no grupo de estudos etc.

Agora, mesmo que nesse momento esteja predominando o egoísmo, a rejeição, ainda temos a solidariedade das pessoas que por exemplo doam toneladas de roupas, de alimentos.

E é essa a solidariedade que não pode ter fim. Precisamos nos unir nesse momento de dificuldade que a maior parte das famílias estão passando, sofrendo com doenças, fome, perdas, é um momento realmente difícil.

E quais práticas então serão indispensáveis para construirmos um futuro viável a todos nós?

É isso que veremos em nossa aula gratuita com Leonardo Boff, um dos maiores teólogos do mundo.

Essa aula será no dia 17 de fevereiro, às 20h e contará com o tema: As virtudes fundamentais no novo tempo pós-pandemia.

Grande abraço
Equipe Instituto Conhecimento Liberta

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sábado, 5 de fevereiro de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: SEGUIMENTO DE JESUS NÃO RIMA COM SUPERFICIALIDADE!

 


5º DOMINGO DO TEMPO COMUM –  LUCAS 3-10-14

Após do episódio da sinagoga de Nazaré, quando Jesus foi expulso da cidade depois de apresentar-se como o profeta que prioriza a vida dos marginalizados, temos hoje o belo relato da pesca que termina em vocação. Jesus já havia estado em Cafarnaum e curado um homem possuído por um espírito impuro, a sogra de Pedro curvada sob a febre, e muita gente que estava doente (cf. Lc 4,31-41). Jesus então se retira para rezar (cf. Lc 4,42-44) e, posteriormente, chama, reúne e inicia a formação dos primeiros seguidores e colaboradores.

Simão, Tiago e João voltam de uma noite de trabalho. Os barcos estão vazios de peixe e cheios de frustração. Jesus vê os barcos parados à margem do lago e, mesmo percebendo que os pescadores não estão interessados na sua palavra, sobe num dos barcos. É de dentro da própria lida cotidiana, frequentemente dura e vazia, que Jesus fala assegurando que as promessas de Deus estão se cumprindo, que, com ele uma boa notícia finalmente é anunciada aos pobres e oprimidos. Jesus entra na nossa vida e, desde o interior dela, nos ama, nos acolhe e nos chama.

Os pescadores não parecem muito interessados com o que está acontecendo naquele momento às margens do lago de Genesaré. O cansaço e a sensação de frustração os invade por inteiro. Não vislumbram um horizonte que não seja voltar ao mesmo e rotineiro trabalho na noite seguinte. Para eles, o duro realismo não pode fazer concessão a sonhos e utopias. Seu destino está desde sempre escrito a ferro e fogo nas instituições. Poderiam repetir o ditado: ‘A vida é um combate que aos fracos abate’. Inicialmente, o jovem pregador não suscita neles nenhuma expectativa.

Infelizmente, também hoje são muitos os que se contentam com as rotinas de uma religião recebida como herança e conservada por inércia. Outros vivem a fé como um fardo pesado e cansativo, ou como um hábito que envergonha. Permanecem cristãos por conveniência ou por medo de mudar, mas exalam vazio e a frustração por todos os poros. E o que dizer dos bispos, padres, religiosos e catequistas que reclamam do afastamento dos fiéis mas se conformam às ‘antigas lições’ com cheiro de caserna e aderem a posturas violentas, armadas e discriminadoras?

Sem desconhecer a frustração dos pescadores, Jesus pede que Pedro avance para águas mais profundas e recomece a pesca. A superficialidade sempre nos parece tentadoramente segura, mesmo que saibamos que é também é menos fecunda. Lugares profundos costumam ser arriscados e exigem prudência e habilidade. Mas a excessiva prudência impede o avanço, e a superficialidade conduz à esterilidade. A abertura e a obediência à Palavra de Jesus abre-nos as portas à fecundidade. Como Pedro, aprender reaprender a pescar, recomeçar sempre.

Em atenção à Palavra de Jesus, Pedro lança as redes novamente, e o resultado é surpreendente. Ele então reconhece sua indignidade, mas Jesus não dá ouvidos à sua contrição. “Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens!” Ele é chamado a vivificar e reunir para conservar a vida. E este chamado dirigido a Pedro, que implica em aprender uma nova missão, não é isolado: Tiago e João, companheiros no ofício da pesca, são agora também companheiros nesta nova identidade e missão. “Eles levaram os barcos para a margem, deixaram tudo e seguiram Jesus.”

Chamando-nos, Jesus nos coloca cara a cara com nossa realidade mais profunda e autêntica: a vulnerabilidade e a finitude, que, quando negadas ou esquecidas, nos induzem ao erro desde o primeiro passo. Mas, ao mesmo tempo, descobrimo-nos preciosos aos olhos de Deus. Ele dá impérios pela nossa liberdade (cf. Is 43,3-4), tatua nosso nome na palma da sua mão (cf. Is 49,16) e, tocando nossos lábios, perdoa nosso pecado e confirma nossa dignidade.

Jesus de Nazaré, peregrino nos santuários das dores e esperanças humanas! Abre nossos ouvidos à tua Palavra, preenche nossos vazios com tua presença, cura nossas frustrações e desamarra as mãos que o medo e a acomodação imobilizaram. Engaja-nos na tua missão de reunir teus irmãos e irmãs, de promover e conservar a vida e de anunciar teu Evangelho. E não nos deixes cair na tentação de que podemos fazer tudo sozinhos e esquecer que somos sempre discípulos e aprendizes, distribuidores e servidores. Assim seja! Amém!

Texto de Itacir Brassiani

FONTE: cebi.org.br