CONHEÇA!

quarta-feira, 31 de maio de 2023

A SANTÍSSIMA TRINDADE: ROTEIRO DE ENCONTRO


O DOMINGO DA SANTISSÍMA TRINDADE, exige que falemos dela aos nossos catequizandos...

Não como "dogma" da Igreja Católica ou matéria do CIC - Catecismo da Igreja Católica,  nossos catequizandos ainda não estão maduros para entender a complexidade da doutrina da nossa Igreja), mas, como verdade da nossa Fé. Pois cremos que Pai, Filho e Espírito Santo habitam uma só essência. É o Deus Trindade que, apesar de parecer ser fruto de consenso humano, é a conclusão óbvia da longa história da Salvação experimentada pelo Povo de Deus e pela Igreja primitiva, chegando até os nossos dias. 

Vale lembrar às nossas crianças já batizadas que a participação na vida da fé em nossa Igreja tem início quando escutamos o nosso nome e em seguida a frase: "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Mesmo que a gente nem lembre, este dia foi decisivo! Pelo Batismo cada um de nós foi mergulhado na longa experiência de Salvação do Pai que nos deu seu Filho no Espírito Santo.

A fé em um Deus único no foi dada por Abraão, já a fé de que este Deus são as três pessoas divinas (Pai, Filho e Espírito Santo) nos foi comunicada pela experiência dos primeiros cristãos em Jesus Cristo. Deus assim quis se manifestar a nós! Em sua bondade, mostra ao ser humano que é comunidade de pessoas. 

Desta experiência brota a profissão de fé cristã, que pode ser dividida em duas partes principais: 

- Cremos em um só Deus;

- Que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 

Estas duas partes da fé no Deus cristão não podem jamais estar separadas. Deus é um só. Mas, este UM é o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Parece difícil, um absurdo até: um em três. Mas não é matemática. É Fé. E quem começa a querer contar, começa a errar... 

Por isso é bom não se ater a matemática humana com as crianças, nela um é um e três são três. É impossível três laranjas serem uma laranja e nem uma maçã ser ao mesmo tempo três maças... 

Mas a TRINDADE não se trata de matemática. Trata-se de fé. Deus está muito acima de nossos pensamentos, de nossa matemática, de nossa razão e de nossa ciência. A Trindade não é uma verdade para ser entendida com a razão, mas para experimentarmos e sentirmos com o coração. Foi assim que ela foi descoberta pela nossa Igreja e é assim que acolhemos esta verdade em nosso coração. É "mistério". 

E mistério aqui não significa coisa oculta e que não se pode compreender. Pelo contrário, ela deriva da palavra grega "myein", que significa "lábios fechados". 

De fato, nosso Deus Trindade se revela a nós assim: compreendemos em nosso coração Quem Ele é, mas se tentarmos falar e explicar, não conseguimos. As palavras são insuficientes, é melhor fecharmos nossos lábios e apenas louvar. É como o amor que as mães sentem pelos filhos: não se explica, entende-se melhor quando se experimenta. Assim, a nossa Igreja denomina "mistérios" as realidades acerca da nossa fé, que embora a gente conheça e precise dizer algo sobre elas, nossas palavras não bastam para exprimir o que de fato significam, pois são inacessíveis às razões humanas, ao nosso ser "racional". Só as conhecemos porque Deus as quis revelar, portanto entende-se melhor pela experiência do que pela especulação intelectual. 

Não procuremos então, entender, procuremos experimentar, sentir e louvar. Neste momento, nossos catequizandos precisam somente "sentir" em seus corações como nossa Fé é forte e verdadeira. E como se trata do "mistério dos mistérios", é importante ter os seguintes cuidados: 

- HUMILDADE: é importante entender que nossa linguagem é humana e limitada. Jamais conseguiremos dizer com exatidão o que deus é. Deus está além de todo nosso pensar e não cabe em nossa inteligência;

- COMPARAÇÕES: contudo, é preciso falar de alguma forma sobre o Deus Uno e Trino, tendo em vista nosso esforço catequético. E esta fala só é possível por meio de comparações e analogias. A trindade jamais será compreendida pela nossa mente humana e limitada;

- CONVERSÃO: somente com a transformação da vida de acordo com o Evangelho é possível sentir e saber sobre a Trindade. Só quem ama pode entender como Três pessoas podem ser ao mesmo tempo um só SER. 

E uma das comparações que podemos usar com as crianças é unir a chama de três velas que, separadas são três coisas distintas, juntas, formam uma só chama. As chamas se unem e dão origem ao fogo da Trindade Santa. 

Também podemos trabalhar com comparações da natureza, como de uma árvore: suas raízes, que dão alimento e sustentação (Deus), invisível ao homem; seu tronco que aparece da terra (o Filho) para trazer a nós os frutos e folhas (Espírito Santo) que nos dá seus dons e energia para enfrentarmos qualquer coisa. 

DINAMICA SUGERIDA: 

Trabalhamos uma árvore e a montamos montá-la com três corações, grudando-as num molde onde só existe o tronco.  Para isso é necessário confeccionar vários corações, pintando-os de cores diferentes (três para cada catequizando: escrito em um Pai, no outro Filho e no outro Espírito Santo, e um molde da árvore para cada um também (se forem muitos pode ser realizado em dupla.

As árvores podem ser grudadas nas paredes da sala em locais diferentes. Os corações com os nomes (da Trindade) podem ficar espalhados sobre uma mesa decorada com a cruz, vela, bíblia, água benta... 

Depois da explanação sobre a Santíssima Trindade (como o texto acima), pode-se pedir a eles que façam memória das muitas vezes que usam o "nome do Pai" (persignação). . Somos batizados em nome da Santíssima Trindade. Por isso o sinal da cruz é uma profissão de fé. Fé na Santíssima Trindade, fé no mistério da Encarnação e da Redenção. Mostrar como devem ser feitos os gestos corretamente, devagar e pronunciando a profissão de fé “Em nome do Pai (na testa), do Filho ( no peito), do Espírito Santo ( primeiro do lado esquerdo e depois do direito)”. Este não é um mero ritual mas, o sentido Sagrado de que acreditamos na Trindade. 

E a Trindade se entende com amor. E o amor é representado pela imagem de um coração. E na mesa temos vários corações. Peça aos catequizandos que venham, cada um de uma vez, pegar seus três corações. E com este "amor" em "três" pedaços, façam dele um SÓ! E que façam isso montando estes corações nas pequenas árvores espalhadas pela sala... Árvores formadas por várias partes mas que, juntas, formam um só ser... 

Os corações devem ser postos conforme o esquema desenhado. 



Depois que todos tiverem colado os corações nas árvores, peça a todos que escrevem no tronco o que ela significa: "Santíssima Trindade".
 

Encerre o encontro com um canto ou uma oração e, no final que todos façam o sinal da cruz, dizendo em voz alta: "Em nome do Pai, do Filho... " molhando a ponta dos dedos na água benta. 

(*) Baseado no texto de Pe. Alexsander Cordeiro Lopes.

MOLDES:

 




Árvore pronta

Se preferir explicar a Santíssima Trindade como uma "árvore", ainda pode usar a seguinte imagem:



Ângela Rocha
Catequistas em Formação










 

sábado, 27 de maio de 2023

A RESSURREIÇÃO E O SEGMENTO - REFLEXÃO DO EVANGELHO

 João: 20: 19-23

Nesse trecho do Evangelho de João, o apóstolo do amor nos conta sobre os primeiros acontecimentos logo após a crucificação e ressurreição de Jesus. Um período de muita tensão e perigo para os seguidores do caminho, a ordem era para prender todos que seguiam o Jesus subversivo da Galileia. Por isso, muitos estavam escondidos e com medo, certamente por serem testemunhas oculares dos horrores da tortura seguida de morte ao qual Jesus sofreu, também sobre a ameaça de prisão, pois havia muitos judeus fundamentalistas, que por ódio, estavam dispostos a entregar os discípulos e discípulas aos poderes dominadores e opressores que estavam centrados em Roma e Jerusalém.

Havia também um certo desânimo e muitas incertezas. Jesus não estava mais entre eles, estevam inseguros, os discípulos e discípulas ainda permaneciam, de certa maneira incrédulos quanto à ressurreição de Jesus, não acreditaram de fato nas palavras de Jesus que disse anteriormente que haveria de ressuscitar ao terceiro dia. Por isso estavam escondidos e com medo dos judeus, como nos conta esse trecho do Evangelho.

De forma inesperada Jesus entra no esconderijo e todas e todos se alegram. Extraordinário! Ora, em meio a uma forte tensão, dúvidas, insegurança, perseguição e medo, em um contexto totalmente desfavorável aos seguidores e seguidoras de Jesus, que estavam sob ameaça de prisão, tortura e morte, assim como ocorreu com seu mestre, Jesus trás uma saudação de paz. Disse: “a paz esteja com vocês! Essa paz anunciada por Jesus trouxe acalento, coragem e esperança para o grupo.

Em seguida, para confirmar e fortalecer suas palavras sobre a ressurreição, mostrou-lhes as mãos e os lados do seu corpo, onde estavam as marcas dos pregos e perfurações de lança, ferimentos no processo de tortura em sua crucificação e morte. Essa aparição de Jesus aos discípulos e discípulas lhes deu muito ânimo e força para prosseguir na missão libertadora, estes, deveriam seguir o caminho, no seguimento do Jesus de Nazaré. Jesus reforça a importância da missão. “Assim como o Pai me enviou, eu os envio “. Daquele dia em diante com a ajuda do Espírito Santo.

Hoje, urge dar continuidade ao seguimento de Jesus de Nazaré. Sua ressurreição é motivo de ânimo, é tempo de esperançar. Nos múltiplos desafios da vida, o Espírito Santo nos orienta e ajuda a prosseguir, muitas são as trincheiras nas lutas libertadoras, são grandes os desafios, escutar Deus e agir se faz necessário. Em nosso país, o tempo em que vivemos é de reconstrução e de luta pelos direitos e liberdade, não devemos nos esquecer do espírito profético na missão, pois os que se calam são colaboradores da injustiça. O Espírito de Jesus continua soprando, fortalecendo e iluminando os discípulos e discípulas de hoje. Amém, Axé, aleluia, oxente!

(Marcos Aurélio dos Santos, teólogo popular. CEBI-RN)


quinta-feira, 18 de maio de 2023

O QUE SÃO ESCRUTÍNIOS E EXORCISMOS

Imagem: Google.
O QUE SÃO ESCRUTÍNIOS E EXORCISMOS
Catequese catecumenal

A Quaresma é um tempo propício para renovar a comunidade dos fiéis e os catecúmenos pela Liturgia, pelos exercícios quaresmais, pela preparação para o Batismo, pela penitência.

No Catecumenato (Catequese) com Adultos, o Rito da Eleição (celebrado no 1º Domingo da Quaresma) assinala a entrada neste tempo forte, no qual são celebrados os Escrutínios (no 3º, 4º e 5º Domingos da Quaresma).

“Os escrutínios, solenemente celebrados aos Domingos, têm em vista (…) descobrir o que houver de imperfeito e fraco no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de bom, forte, santo, para consolidá-lo.” (RICA 25)

Escrutínio é na verdade, um exame minucioso no coração de cada um, quanto as suas disposições em abraçar a fé cristã. Em cada celebração, os eleitos são chamados a examinar sua consciência para identificar tudo o que os afasta da proposta de vida oferecida por Jesus. É convidado a discernir suas escolhas à luz da Palavra de Deus e a reconhecer sua fragilidade como pessoa humana e acolher a graça divina que lhes é oferecida.

As celebrações dos escrutínios são, portanto, momentos de discernimento, na oração, sobre a situação de conversão de cada um e de estímulo a uma vida verdadeiramente unida a Cristo. Junto, a comunidade, também é enriquecida pela escuta e meditação da Palavra, sendo chamada a examinar sua vida e a crescer no seguimento de Jesus.

Na celebração dos escrutínios há dois “momentos” fortes: a oração de exorcismo e a imposição das mãos.

§  O objetivo da oração é pedir que o Espírito Santo ajude os catecúmenos em seu crescimento interior e que eles se coloquem abertos à ação do Espírito.

§  O gesto de impor as mãos sobre os catecúmenos que acompanha a oração de exorcismo significa a vinda do poder de Deus, isto é, de seu Espírito sobre eles – para libertá-los de toda incredulidade e de toda dúvida e fortificá-los na virtude da fé, da esperança e da caridade.

Exorcismos

A palavra vem do grego, ex-orkizein (conjurar, lançar fora). O Evangelho, relata, com frequência, episódios em que Jesus, com o seu poder, liberta os possessos do demônio. Esse mesmo encargo foi transmitido aos discípulos, no dia da Ascensão: “Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demônios em meu nome…” (Mc 16,17).

O exorcismo é uma ação, como a bênção, constituída de palavras e gestos – insuflação, imposição das mãos, sinal da cruz ou aspersão com a água benta –, pela qual a Igreja, em nome de Deus, liberta e protege do mal. Não é um sacramento, mas sim um sacramental que se aplica a uma pessoa ou a uma coisa (exorciza-se a água, os óleos, os lugares), que transmite o poder salvador e a vitória pascal de Cristo, libertando-as da influência do demônio (cf. Lc 8,26-39; Jo 12,31).

No novo Ritual do Batismo de Crianças, o exorcismo usa a forma de súplica: a oração dos fiéis prolonga-se com uma oração que pede fortaleza para as crianças no caminho da vida, e proteção contra todo o mal. Este exorcismo está acompanhado pela unção pré-batismal no peito, ou, se parecer melhor, a imposição das mãos sobre a cabeça, significando, em ambos os casos, a fortaleza que se pede a Deus para esta luta.

No Ritual de Adultos fala-se, para o tempo do catecumenado, de uns “primeiros exorcismos” ou “exorcismos menores”, que se realizam com as mãos estendidas sobre os catecúmenos, pedindo a força de Deus para “a luta entre a carne e o espírito” e mostrando a necessidade e a confiança do auxílio divino (RICA 101 e 109-118). Depois, na Quaresma, na celebração dos escrutínios, volta-se a repetir este gesto:

No rito do exorcismo, celebrado pelos sacerdotes ou pelos diáconos, os eleitos, já instruídos pela Igreja sobre o mistério de Cristo que salva do pecado, são libertados das consequências do pecado e da influência diabólica, são robustecidos para prosseguirem a sua caminhada espiritual, e abrem o coração para receberem os dons do Salvador” (RICA 156).

A oração deste exorcismo é muito expressiva (cf. RICA 164). Num tempo em que a figura do demônio é objeto de dúvidas e discussões, o exorcismo é um ato de fé no Mistério Pascal de Cristo e a aplicação da sua força vitoriosa na luta contra o mal.

Escrutínios

A palavra “escrutínio” vem do latim, scrutari (esquadrinhar, examinar). Aplica-se o termo, por exemplo, à recontagem de votos nas eleições. No mundo cristão, dá-se este nome às provas e celebrações – feitas de oração, leitura e exorcismos – que se fazem sobretudo no caminho do catecumenado batismal.

No Ritual da Iniciação Cristã de Adultos explica-se a razão de ser destes escrutínios, na Quaresma que precede o Batismo (RICA 154-159). A sua finalidade é purificar as almas e os corações, proteger contra as tentações, retificar a intenção, conseguir um sério conhecimento de si mesmo e promover a vontade a seguir, fielmente, a Cristo (RICA 154).

Em outras ocasiões, o escrutínio adquire sobretudo o sentido de exame dos candidatos a um sacramento: por exemplo, na ordenação ministerial ou na Profissão religiosa. Toma então a forma de um diálogo com eles, a respeito da sua intenção e disposições.

Apesar de alguns estudiosos orientarem para se fazer os escrutínios somente com os catecúmenos, na Arquidiocese de Curitiba é entendimento geral, que se faça o Rito da Eleição e os escrutínios com todos por razões pastorais. Muito mais do que por motivos sacramentais, o catecumenato deve ter por objetivo aprofundar o mistério da fé e a vivência cristã. É difícil explicar, mas basta ver as experiências com aqueles que participam, como ficam tocados e emocionados. Isso é fazer "mistagogia", conduzir ao mistério. Já com as crianças não se faz escrutínios e sim, Celebrações penitenciais adaptando os escrutínios.

A Liturgia dos escrutínios marca profundamente toda a caminhada catequética de inspiração catecumenal com gestos, símbolos, orações e textos bíblicos; as celebrações são momentos privilegiados para a experiência de fé e a Palavra nelas proclamada chama a atenção de cada catecúmeno e catequizando para a ação de Deus em suas vidas.

Celebram-se três escrutínios, para favorecer o progresso no conhecimento do pecado e no desejo de salvação em Cristo. Têm lugar, sendo possível, nos domingos III, IV e V da Quaresma, com as leituras do *ciclo A (samaritana, O Cego de nascença e a Ressurreição de Lázaro), na presença da comunidade, que ora pelos *eleitos. Também no caso de crianças em idade de catequese se fazem estes escrutínios (RICA 330-333), que se convertem praticamente em celebrações penitenciais para os que vão ser batizados e seus familiares. Trata-se sempre de escrutar o coração do catecúmeno e ajudá-lo a conhecer a sua própria debilidade, a vencer o mal e a aderir a Jesus Cristo (RICA 25).

* Eleitos : Assim se chamam os catecúmenos, depois do rito da inscrição do seu nome, que dá entrada ao Tempo da Purificação e Iluminação, anterior ao Batismo.

Os escrutínios, seguindo a pedagogia quaresmal, querem proporcionar aos eleitos o conhecimento de si mesmos por meio do exame de consciência e da verdadeira penitência; instruir e formá-los para que tenham consciência do pecado, querendo libertar-se de suas consequências e da influência do mal, purificando o espírito e o coração. As orações estimulam as vontades para que se unam mais estreitamente a Cristo, se impregnem do senso da redenção, ser fortaleçam contra as tentações e adquiram um sentido mais profundo de Igreja. Assim fortalecidos em seu caminho espiritual, reavivam o desejo de amar a Deus e abrem os corações para receber os dons do Senhor no sacramento. (RICA 154-159).

O 1º Escrutínio tem como tema a água viva que Jesus promete à samaritana. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações. “Celebra-se o 1° Escrutínio no 3° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (Evangelho da Samaritana)” conforme RICA 160.

Celebra-se o 2° Escrutínio no 4° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (Evangelho do Cego de nascença), conforme RICA 167.

O 2º Escrutínio tem como tema a Cura do cego de nascença. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações.

Celebra-se o 3° Escrutínio no 5° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (A ressurreição de Lázaro) conforme RICA 174.

O 3º Escrutínio tem como tema Jesus ressuscita Lázaro. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações.

Na liturgia, o Escrutínio começa após a Proclamação da Palavra e da homilia. 

Ângela Rocha

FONTE: 
RICA - Ritual da Iniciação Cristã de Adultos.

(Este artigo faz parte da apostila RICA – CONHEÇA E APRENDA A USAR, do grupo  ®Catequistas em Formação)

 

 


* Para adquirir a apostila entrar em contato pelo Whats:

 (41) 99747-0348 – R$ 30,00 em arquivo digital.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

SOBRE O MINISTÉRIO DE CATEQUISTA

Imagem: catequizar.com

 Por Andrea Canassa

Acredito que todo catequista deveria ter uma formação global e intensiva de todo o processo da catequese, não só para ser ministro da catequese, mas, para ser um(a) catequista. Saber da Bíblia, da história da igreja, enfim, ter formações constantes, se reciclar nos processos metodológicos para, assim, conseguir de fato fazer uma catequese mistagógica e deontológica.

Muitos catequistas ainda pensam que estão ali só para falar de Deus (das suas experiências de Deus) e ensinar a rezar. Isso para uma catequese eficaz é  muito vago quando o objetivo da catequese é fazer novos discípulos.

Muitas paróquias tem itinerários, mas, nem sempre em consonância com as demais paróquias da diocese ou a própria. E há muitas dificuldades, a começar pelos catequistas que começam sem o mínimo de instrução. Não há um processo unificado nem dentro das dioceses, que dirá no resto do país. E as constantes trocas de lideranças também não ajuda pois, começam-se mudanças, mudam os pastores e tudo volta à estaca zero de novo.

E é lamentável a falta de comprometimento de algumas catequistas, que não participam de evento formativo nenhum, não querem se reciclar ou conhecer novos conceitos e possibilidades. Muitos, pelo passar dos anos,  acham que "sabem tudo", alguns acreditam-se mais conhecedores que o próprio padre da paróquia. Não há muito respeito pelos jovens padres.

Acredito que a ideia de se proporcionar “encontros vocacionais” para catequistas, antes de qualquer tipo de formação, é maravilhosa! Muitos catequistas deveriam se questionar se são mesmo vocacionados para a missão.

Em muitas paróquias, a catequese pelo processo catecumenal ainda nem chegou, e a escolha de quem poderia ser um ministro instituído da catequese será muito difícil. Até porque, muitos catequistas sequer entenderam que isso não é um mero título de reconhecimento por serviços prestados.

Muitos fatores estarão envolvidos no Ministério do catequista.

Conhecer de fato quem é o catequista é muito importante. A intimidade com a Palavra se Deus é fundamental ao catequista, pois convence mais o exemplo e a prática do que a fala. E  também, no mundo de hoje, é  muito importante a prática do ecumenismo. Respeitar as religiões e conversar com o irmão  que não pratica a mesma fé, é sinal de fé.

A catequese e a liturgia devem sempre caminhar juntas, uma complementando a outra. A oração, um dos pilares da catequese deve sempre ser referência do catequista,  isso facilita aos catequizandos ter momentos de intimidade com Deus.

A pandemia deixou um legado: acostumou-se a tudo online, é difícil voltar a presença na Igreja.  E é realmente injusto,  cobrar das crianças da catequese uma participação que não aprenderam a ter. Elas dependem dos pais como primeiros catequistas e exemplo.

As paróquias, lideranças e padres, precisam reconhecer que o catequista tem que ser um vocacionado, ter amor pelo que faz, que ensina e, acima de tudo, sabe o que ensina. Jamais um catequista deve ser, simplesmente, aquele ou aquela que gosta de criança e quer fazer um trabalho voluntário na igreja.

Muito embora muitos queiram ser ministros catequistas, sabe-se que não conseguirão ter a disponibilidade de viver todo o processo. As paróquias, mesmo antes da pandemia já tinham uma grande rotatividade na catequese. Com as atividades interrompidas pelo isolamento e as medidas sanitárias, muitos catequistas deixaram as paróquias e não voltaram.

Quando a era das lives começou por causa da pandemia,  inocentemente acreditei que as formações iam “bombar” na paróquia.  Que decepção! Nem assim as participações aumentaram. Antes a desculpa era a falta de tempo, mas, mesmo com a oportunidade de fazer o próprio horário para ver as formações, a participação foi pequena. Porque o tempo somos nós que fazemos. Porém, é preciso ter vontade.

Espero em Deus que as coisas mudem. Que com o fim da pandemia a catequese tome um novo ritmo e o ministério do catequista não caia num lugar comum e seja esquecido.

Deus abençoe a todos os catequistas!

 

Andrea Canassa 

(Formação sobre o Ministério do catequista)




terça-feira, 16 de maio de 2023

A RETÓRICA E A CATEQUESE

Imagem: Paulinas.org

 Interiorizar a palavra é mais do que explicar o sentido das coisas. Use a retórica na catequese. Falar bem, ajuda a mensagem a fazer  eco junto ao interlocutor.

Mas afinal, o que é retórica?

Sabe aquele professor ou professora que você adorava ouvir falar? Ou aquele palestrante que prende a plateia com suas palavras? Ou então aquele político que discursa como ninguém? Ou ainda aquele padre cuja homilia é simplesmente maravilhosa? Ou aquele escritor que você sente que diz tudo que você gostaria de dizer?

Todas essas pessoas podem ter aquilo que chamamos de “o dom da palavra”. Ou então, dominar aquilo que chamamos de “retórica”. Que nada mais é do que a arte ou técnica de usar a linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva a mensagem que quer transmitir.

E para entender um pouco o que é retórica, precisamos voltar no tempo e na história e discutir um pouco de filosofia.

A Retórica nasceu no século V aC, tendo se desenvolvido nos círculos políticos e jurídicos da Grécia Antiga. Originalmente a retórica visava persuadir uma audiência dos mais diversos assuntos, mas acabou virando sinônimo da arte de bem falar. Aristóteles, na obra  “Retórica”, lançou as bases para sistematizar o estudo desta arte, tornando-a um dos elementos chave da filosofia junto com a lógica e a dialética.

A retórica foi uma das três chamadas “artes liberais” ensinadas nas universidades da idade média, junto com a lógica e a gramática. Até o século XIX foi parte central da educação ocidental, cujo objetivo era a necessidade de treinar oradores e escritores para convencer audiências mediante argumentos bem constituídos.

A retórica apela à audiência em três frentes: a pessoa do orador, o assunto a ser falado e quem vai receber a mensagem. Se analisarmos cada uma destas frentes, veremos que ela tem muito a ver com nosso trabalho como disseminadores da Palavra.

Comecemos pelo orador ou o Ethos, que diz respeito ao caráter da pessoa que fala, que se for íntegro, honesto e responsável conquistará mais facilmente o público. O orador deve possuir certas competências para ter sucesso como a capacidade de dialogar (tanto de comunicar como de ouvir), de pensar e de se comprometer, por isso, se o orador for uma pessoa cuja opinião se atribui algum valor, uma pessoa idônea – como deve ser o catequista - já é metade do sucesso. 

Outra coisa é a consideração pelo conteúdo do discurso (Logos ou palavra) por parte do orador. Se este quer que a mensagem convença tem que apresentar claramente o conteúdo e as ideias (teses) que vai defender. Deve selecionar bem os argumentos que fundamentam a tese, ou seja, selecionar argumentos que diminuam as hipóteses de rejeição ou réplica, apresentando os mais fortes no início e repetindo-os no fim. É preciso também, antecipar objeções às ideias ou tese, para desvalorizar os contra-argumentos e procurar recursos estilísticos, artísticos mesmo como; o bom humor, citações, exemplos.

Por último temos a sensibilidade do público, o Pathos, que é variável em função das características dele. É preciso perceber, por mera intuição, o que move o público, a que ele é sensível, numa expressão: quebrar o gelo. O orador tem que selecionar as estratégias adequadas para provocar nele (público) as emoções e as paixões necessárias para suscitar a adesão (conversão) e levá-lo a mudar de atitude e de comportamento. O orador mesmo servindo-se de ideias já conhecidas, não pode deixar de usar seu carisma e a sua habilidade na oratória.

Pensa que é fácil fazer um discurso/encontro? Que basta ler o material e pedir a intercessão do Espírito Santo? Sim. É preciso contar com ajuda da fé, mas, a fala precisa ser bem elaborada.

Segundo o estudo da retórica, a elaboração do discurso e sua exposição exigem atenção a cinco dimensões:

1.   A escolha dos conteúdos do discurso; 

2.   A organização dos conteúdos num todo estruturado; 

3.   A expressão adequada dos conteúdos;

4.   A memorização do discurso e;

5.   A declamação do discurso, onde a modulação da voz e gestos devem estar de acordo com o conteúdo.

No início, a retórica ocupava-se mais com os discursos políticos falados, ou seja,  a oratória. Mais tarde se alargou e passou a se  ocupar também de textos escritos e, em especial, aos literários, disciplina hoje chamada “estilística”. A retórica enfim,  é uma ciência, no sentido de um estudo estruturado, e uma arte no sentido de uma prática que vem de uma experiência que utiliza uma técnica. 

A oratória é um dos meios pelos quais se manifesta a retórica, mas não o único. Há retórica na música, por exemplo: "Para não dizer que não falei das Flores", de Geraldo Vandré, que possuía claramente uma retórica musical contra a ditadura; ou então, na pintura com  o quadro “Guernica” de Picasso, onde se vê uma retórica contra o fascismo e a guerra e, mais obviamente ainda, vê-se muito de retórica na publicidade com todos os apelos consumistas que são utilizados. Logo, a retórica, enquanto método de persuasão, pode se manifestar por todo e qualquer meio de comunicação.

E aí? Deu para entender a importância da retórica na catequese?

Um bom orador, com certeza, saberá converter e fazer discípulos missionários de Jesus.

Para finalizar nossa exposição, um pensamento:

“Quem deseja ter razão decerto a terá com o mero fato de possuir língua.” (Goethe).




Ângela Rocha
Catequistasemformacao.com
angprr@gmail.com.br




 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

POR QUE O MÊS DE MAIO É DEDICADO A MARIA?

Imagem: PASCOM Santário Santa Terezinha do Menino Jesus

Nós sempre ouvimos falar que Maio é o mês de Maria, Mãe de Deus. Mas, nós sabemos de onde vem esta tradição?

Na Grécia antiga, o mês de maio era dedicado a Artemisa, deusa da fecundidade. Também em Roma, na antiguidade, maio era dedicado a Flora, deusa da vegetação. Naquela época, celebravam os ‘ludi florals’ (jogos florais) no fim do mês de abril e pediam sua intercessão. Isso porque, no hemisfério norte, o mês de maio é em plena primavera, estação das flores.

Na época medieval abundaram costumes similares, tudo centrado na chegada do bom clima e o afastamento do inverno. O dia 1º de maio era considerado como o apogeu da primavera. Durante este período, antes do século XII, entrou em vigor a tradição de Tricesimum ou “A devoção de trinta dias à Maria”. Estas celebrações aconteciam do dia 15 de agosto a 14 de setembro e ainda são comemoradas em alguns lugares.

Mas. a ideia de um mês dedicado especificamente a Maria remonta o tempo barroco, no século XVII. Apesar de nem sempre ter sido celebrado em maio, o mês de Maria incluía trinta exercícios espirituais diários em homenagem à Mãe de Deus. Foi nesta época que o mês de maio e de Maria combinaram, fazendo com que esta celebração conte com devoções especiais organizadas cada dia durante todo o mês. Este costume durou, sobretudo, durante o século XIX e é praticado até hoje.

As formas nas quais Maria é honrada em maio são tão variadas como as pessoas que a honram. As paróquias costumam rezar no mês de maio uma oração diária do Terço e muitas preparam um altar especial com um quadro ou uma imagem de Maria. Além disso, trata-se de uma grande tradição a coroação de Nossa Senhora.

Normalmente, a coroa é feita de lindas flores que representam a beleza e a virtude de Maria e também lembra que os fiéis devem se esforçar para imitar suas virtudes. Em algumas regiões, esta coroação acontece em uma grande celebração e, em geral, fora da Missa. Entretanto, os altares e coroações neste mês não são apenas atividades “da paróquia”. Mas, o mesmo pode e deve ser feito nos lares, com o objetivo de participar mais plenamente na vida da Igreja.

Deve-se separar um lugar especial para Maria, não por ser uma tradição comemorada há muitos anos na Igreja ou pelas graças especiais que se pode alcançar, mas porque Maria é nossa Mãe, mãe de todo o mundo e porque se preocupa com todos nós, intercedendo por nós junto a Deus, como uma mãe que sempre leva os filhos ao Pai. Por isso, merece um mês inteiro para homenageá-la.

(Fonte de pesquisa: ACI Digital)

SUGESTÃO:


O livro “COM NOSSA SENHORA ENTRE LOUVORES E PRECES”, do Pe. Zezinho, editado pela Paulus. Este livro apresenta uma proposta concreta de itinerário celebrativo com 31 dias de oração, que contempla o papel de Maria na vida de seu Filho Jesus, da Igreja e em nossa história pessoal. O custo do livro é de R$ 15. Para as paróquias o custo é um pouco menos. E, apesar de estarmos no meio de maio, ainda dá tempo de iniciar os exercícios.









domingo, 14 de maio de 2023

UM MANDAMENTO APENAS...

“Ame aos seu próximo como a si mesmo”. (Gl 5, 14-15)

Jesus sabia muito bem que o amor é a única dinâmica capaz de ajudar a pessoa a realizar-se de modo equilibrado e feliz. Foi esta a razão pela qual ele fez do amor o seu Mandamento.

O judaísmo do seu tempo tinha uma multidão de mandamentos, normas e preceitos. Esta multiplicidade de leis, ritos e preceitos eram de tal modo numerosos que muitas vezes os próprios Sacerdotes e Doutores da Lei se sentiam confusos perante esta multiplicidade de leis e preceitos. 

Jesus era um excelente conhecedor de Deus e do Homem. Ao aperceber-se da inutilidade de tantos mandamentos e preceitos, Jesus resolveu resumi-los a um só um mandamento. “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13). 

São Paulo entendeu muito bem a opção de Jesus pelo amor e a sua atitude perante a Lei. Por isso ele não hesitou em declarar que a Lei não tem qualquer valor para a salvação. Eis o que ele diz na Carta aos Gálatas: “Nós acreditamos em Cristo Jesus. De fato, nós somos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, pois nós sabemos que ninguém é justificado pelas obras da Lei” (Gal 2, 16). 

O evangelho de Mateus põe na boca de Jesus uma afirmação com um alcance enorme. Segundo essa afirmação, Jesus não veio para anular a Lei, mas sim para a cumprir de modo pleno. Com estas palavras, Jesus queria dizer que a maneira de realizar de modo perfeito as grandes aspirações mais autênticas da Lei é amar (Mt 5, 17). 

São Paulo vai exatamente nesta linha quando afirma: “Amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei ” (Rm 13, 8). E logo a seguir acrescenta que o amor é o pleno cumprimento da Lei (Rm 13, 10). 

Inspirado nos ensinamentos de Jesus, São Paulo compôs um hino que é das coisas mais belas que alguém escreveu sobre o amor:  

“Ainda que eu fale as línguas dos anjos e dos homens, se não tiver amor não passo de um bronze que soa e faz barulho.

Mesmo que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência;

Ainda que tenha uma fé tão grande que possa mover montanhas, se não tiver amor, nada sou.

Mesmo que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é paciente e prestável. 

O amor não é invejoso nem arrogante.

O amor não é orgulhoso, não faz nada de inconveniente e não gira sempre à volta do seu interesse.

O amor não se irrita nem guarda ressentimento. 

Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.

O amor desculpa tudo e acredita sempre. 

Espera tudo e tudo suporta. O amor jamais passará”. (1 Cor 13, 1-8).

Jesus convidou os discípulos a amar ao jeito de Deus, isto é, a viver o amor como caridade. A caridade é o amor à medida de Deus, de alcance universal e incondicional. Eis o que ele diz no evangelho de São Mateus: 

 “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.

Mas eu digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.

Fazendo assim tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céus, 

o qual faz com que o sol se levante todos os dias sobre bons e maus 

e faz cair a chuva sobre justos e pecadores (…).

Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai do céu é perfeito”. (Mt 5, 43-48).

 

Em Comunhão Convosco,

Pe. José Santos Calmeiro Matias 

(Padre redentorista português falecido em 2010, um grande missionário da nossa Igreja).

 

 

sábado, 13 de maio de 2023

OS CINCO MANDAMENTOS DE JESUS

Lembrando o mandamento maior de Jesus de "amarmos a Deus e amarmos uns aos outros, como Ele nos ama", não podemos deixar de lembrar dos "outros" mandamentos de Jesus, que Pe. Rui nos faz refletir neste pequeno texto.

A leitura era pequena, daquela vez. Mas cresceu imensa, como se fosse a primeira vez que a escutasse, pôs-se a "crescer para mim", e eu rendi-me. De repente, vi-me diante de cinco mandamentos obrigatórios, como uma lista irrenunciável descida do céu, uma tábua da aliança escrita pelo dedo de Deus no cimo do monte. Não me largou a força disso, como uma novidade que não nos sai do corpo, um óleo que unge, o nardo que impregna. Ou como receber um órgão novo, não sei, um transplante vital. Vamos ao texto. Era só este: 

"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco."

É do Evangelho de Lucas, capítulo 6, versos 36 a 38. É o resumo que o próprio Jesus faz do "Sermão da Planície", o correspondente em Lucas do "Sermão da Montanha" contado por Mateus. Ao terminar todas as palavras sobre a maneira de entrar no Reinado de Deus em marcha, Jesus faz um resumo com força de lei. 

E, de repente, como é costume, as palavras começaram todas a mexer como bichos que despertam, e olharam-me nos olhos de maneira nova. E vi um mandamento que é eixo à volta do qual tudo gira, mais dois mandamentos em "não", mais dois mandamentos em "sim". Já não aquele Decálogo antigo, claro, que em Cristo foi superado, mas um "Pentálogo", as Cinco Palavras da Lei Nova, os Mandamentos da Nova Aliança.

 1.   Sede misericordiosos como o vosso Pai é Misericordioso

 2.   Não condeneis

3.   Não julgueis

 4. Perdoai

 5. Dai

Está aqui tudo. Estaria tudo no primeiro mandamento, tivéssemos nós outro juízo! "Sede como o vosso Pai..." Estaria tudo dito nesse primeiro, que seria Único - e é mesmo, explicará depois o evangelista João - se não nos dessem tantas falhas de entendimento. Mas, os outros quatro, dois pares em linguagem que a gente não pode dizer que não entende, estão aí como legenda e tradução. Tudo presidido por um "sede como o vosso Pai". Ou seja: isto ainda diz mais do que Deus é do que daquilo que nós devemos ser.

Espero que em alguém desse lado, estes Cinco Mandamentos, os Mandamentos da Nova Aliança para ajesusarmos a vida toda, tenham tanto impacto e provoquem tão feliz inquietação como anda a acontecer comigo há três dias.

PARTILHO: porque A Palavra é um Ser Vivo e in-quieto...

 Pe. Rui Santiago, cssr