São Silvestre para nós é "famoso". Lembramos dele por causa da famosa "corrida" que acontece todo anos, nas ruas de São Paulo no dia 31 de dezembro. Este ano, pela primeira vez em 100 anos, a corrida foi suspensa, por conta da pandemia do Corona Vírus. Mas, vamos festejar falando do Santo Padroeiro da corrida!
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
DIA DE SÃO SILVESTRE: SAIBA MAIS SOBRE ELE
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
PAPA FRANCISCO E A ORAÇÃO EM 2020
A "OITAVA DO NATAL"
Entre os dias 25 de dezembro e 1º de janeiro a Igreja celebra a Oitava do Natal, ou seja, nesses oito dias vive-se a exultação da grande Festa do Nascimento de Jesus como um dia só.
Oitava tem dois sentidos no uso litúrgico cristão. No primeiro, é o oitavo dia após uma festa, inclusivamente, de forma que o dia sempre caia no mesmo dia da semana que a festa original. A palavra é derivada do latim octava (oitavo), com “dies” subentendido. O termo é também aplicado para todo o período de oito dias, durante o qual as ditas festas passam a ser observadas também.
O Natal não é apenas a celebração do aniversário de Jesus, é memória da nossa redenção. São Leão Magno um pai do século V, afirma que, com o nascimento de Jesus, “brilhou para nós o dia da nossa redenção”.
Destacam-se o Dia do Natal com sua oitava, a Epifania e o Batismo do Senhor. No dia do natal, celebramos a humilde presença de Deus na terra, adoramos o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. É a festa da Divina solidariedade. Na epifania, conhecida como festa dos reis magos, celebramos a sua manifestação a todos os povos do mundo. O Batismo de Jesus no Jordão é a sua manifestação, no início da sua missão. Ele, o Servo da simpatia do Pai, destinado a ser luz das nações.
É
importante resgatar a dimensão pascal do natal. O presépio, as encenações, os
gestos e os cânticos do Natal e da epifania devem nos ajudar a celebrar a
“passagem” solidária de Deus na pobreza da gruta, na manifestação Jesus aos
povos, em Belém, e na manifestação a seu povo, no Jordão. Os ofícios de
vigília, com o simbolismo da luz, retomam, de modo especial, o clarão da
vigília pascal: lembram o nascimento e a manifestação do Senhor Jesus qual luz
a iluminar os que andavam nas trevas. O Rito da aspersão, especialmente na
festa do batismo, expressa o nosso mergulho na divindade do Cristo, do mesmo
modo como ele mergulhou em nossa humanidade.
A prática da celebração das oitavas pode ter tido suas origens na celebração de oito dias da Festa dos Tabernáculos e da Dedicação do Templo do Antigo Testamento. Porém, o número “oito” também pode ser uma referência à ressurreição, que na igreja antiga era geralmente chamada de “oitavo dia”.
Por esta razão, antigas fontes batismais e tumbas cristãs tinham a forma de octógonos. A prática das oitavas foi introduzida pela primeira vez por Constantino I, por conta da festa de dedicação das basílicas de Jerusalém e Tiro, que duraram oito dias. Depois disso, festas litúrgicas anuais passaram a ser observadas na forma de oitavas. As primeiras foram a Páscoa, o Pentecostes e, no oriente, a Epifania. Isto ocorreu no século IV d.C. e indicava a reserva de um período para os conversos terem um alegre retiro.
O desenvolvimento das oitavas ocorreu vagarosamente. Do século IV até o VII d.C., os cristãos observaram as oitavas com uma celebração no oitavo dia, com poucas liturgias durante os dias intermediários. O Natal foi a próxima festa a receber uma oitava. Já pelo século VIII d.C., Roma tinha desenvolvido oitavas não somente para Páscoa, Pentecostes e Natal, mas também para a Epifania e as festas de dedicação de igrejas individuais. Do século VII d.C. em diante, as festas dos santos também passaram a ter oitavas (uma festa no oitavo dia e não uma festa de oito dias), sendo as mais antigas as festas de São Pedro e São Paulo, São Lourenço e Santa Inês. A partir do século XII d.C., o costume passou a ser a observância dos oito dias intermediários, além do oitavo. Durante a Idade Média, as oitavas para diversas outras festas e dias santos eram celebradas de acordo com a diocese ou a ordem religiosa.
Fonte:
Mons. Carlos
http://encontrocomcristo.com.br/oitava-do-natal/
sábado, 19 de dezembro de 2020
ANÚNCIO DO NATAL PARA UM MUNDO DEVASTADO
Neste quarto domingo do Advento, retomamos um evangelho muitas vezes lido e repetido nas nossas liturgias: Lucas 1, 26- 38. É o relato de como o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela estava grávida e seria a mãe de Jesus, o Salvador do mundo.
Quando, nos anos 80 do primeiro século, a comunidade do
evangelho escreveu este relato, o fez como midrash, isso é, comentário
em forma de narração, de um belo poema do profeta Sofonias (Sof 3, 14- 17). A
comunidade profética escreveu esse poema seis séculos antes da nossa era.
Naquela época, o povo de Judá via o seu país ser destruído pelos babilônios e a
própria fé entrava em crise profunda. O cativeiro era uma negação das promessas
de Deus. Era como hoje em dia as pessoas que dizem: fiz promessa, Deus vai me
proteger. E aí adoece ou até morre. Os salmos da época, como o 43, o 77 e o 80,
gritavam: Onde está Deus que não vê o que está acontecendo? Ele se esqueceu
da sua promessa? Abandonou o seu povo?
Naquela situação, a profecia de Sofonias fala de Jerusalém
como sendo uma moça pobre “filha de Sião”. E diz a ela: “Alegra-te. O Senhor
está contigo, está no meio de ti e em ti”. A esta pobre comunidade
impotente e invadida, Sofonias anuncia a restauração da vida e da aliança de
libertação em Deus (entre as tribos) e com Deus.
Alegra-te. O Senhor está contigo. São as mesmas palavras que o
anjo Gabriel retoma quase literalmente a Maria. Assim, Lucas afirma que Maria é
a nova “filha de Sião”. Ela representa a nova comunidade pobre que no meio da
sua impotência e da sua pobreza, é visitada pela graça (O Senhor está contigo).
Assim como Abraão e Sara, velhos e estéreis, foram chamados por Deus a
serem o início de um novo povo. Também Zacarias e Isabel, velhos e estéreis,
recebem do mesmo anjo Gabriel o anúncio do nascimento de João, o filho profeta.
Assim também, Maria representa a nova humanidade a quem Deus vem visitar e
tornar fecunda.
Gabriel é o mensageiro (em grego, anjo) que, conforme a
Bíblia, apareceu duas vezes ao profeta Daniel. No evangelho de Lucas, anuncia o
nascimento de João Batista e de Jesus. Em hebraico, Gabriel significa apenas
“homem de Deus”. Mais tarde, conforme o Corão, foi ele quem apareceu ao profeta
Muhamad (Maomé) e ditou a revelação islâmica. Ele sempre aparece em situações
de muita tribulação e angústia do povo pobre.
Quando o anjo promete que a Ruah Divina cobrirá Maria
com sua sombra, está recordando o Êxodo e a caminhada do povo hebreu no
deserto. O livro do Êxodo conta que, durante a caminhada no deserto, o povo se
dirigia a uma tenda vazia e uma nuvem escura cobria a tenda com a presença
divina. Ali na Shekiná, a tenda divina, Deus escutava os pedidos do povo
e os atendia, como Mãe a seus filhos e filhas. Agora a mesma sombra divina, que
cobria a tenda no deserto, desce sobre Maria. Ela é a nova tenda, o novo útero,
a partir do qual a nuvem da Divina Ruah vai gerar o Cristo.
Hoje, relemos este evangelho para reafirmar que a Ruah
Divina vem de novo com sua sombra cobrir as novas tendas da presença divina.
Somos nós estas novas tendas da presença divina que temos de lembrar ao mundo
que o projeto divino é contrário à sociedade do desvínculo e da indiferença
social. Hoje são as comunidades que dão a Maria um corpo social. Por obra do
Espírito Santo, geram para este mundo um novo Natal. Fazemos isso através da
amorosidade da vida, traduzida em solidariedade.
Estamos vivendo este Natal de 2020 mergulhados em uma
pandemia que, somente no Brasil, infectou quase dois milhões de pessoas e matou
180 mil. Em meio a essa tragédia, o vírus é instrumento de uma política
genocida para, literalmente, dizimar comunidades indígenas, quilombolas e
populações de periferia. Tudo se torna mais difícil porque não adianta culpar
apenas o presidente. Atrás dele, há uma elite escravagista e uma mídia
interesseira que se servem da loucura e irresponsabilidade dos políticos que
estão no poder para garantir seus privilégios. O pior de tudo é que em nome
de Jesus e gritando Deus acima de todos, católicos e evangélicos apoiam e
sustentam esta iniquidade.
Hoje, este evangelho que anuncia o nascimento de Jesus vem
nos dizer algumas coisas boas e outras desafiadoras. A boa é que o Senhor vem e
está em nós e no meio de nós. É fonte de libertação e de vida nova para nós e
para a humanidade. O aspecto desafiador é que é o nosso Deus vem, como
veio no Natal. Não vem como Deus poderoso para resolver tudo com milagre e
através do poder. Vem como pequenino e impotente.
Os evangelhos contam que, várias vezes, Pedro, os outros
apóstolos e mesmo João Batista na prisão cobravam de Jesus a postura de um
messias poderoso e que trouxesse ao mundo o julgamento de Deus. Até hoje, a
Igreja fala da imagem simbólica do Cristo glorioso, Senhor da história que virá
revestido de poder. Os cristãos das primeiras gerações se frustraram
porque esta manifestação gloriosa de Jesus não acontecia logo.
É melhor aceitarmos que o Natal acontece quando nos deixamos
engravidar deste novo modo de ser amor, na nossa vida pessoal, no nosso modo de
ser Igreja e de sermos cidadãos e cidadãs do mundo. Aí sim, vamos inundando o
mundo de Natal. Nos anos 80, na Argentina, Mercedes Sosa nos fazia ouvir a bela
Canción de cuña navideña:
Todos tan
alegres, llegó Navidad
y en mi rancho pobre, y en mi rancho pobre
tristeza sonó igual.
No llores mi niño, ya no llores más
que nadie se acuerda, que nadie se acuerda
que no tienes pan.
Allá en un pesebre, dicen que nació
un niñito rubio, rubio como el sol.
Dicen que es muy pobre, pobre como tú
destino de pobre, destino de pobre
destino de cruz.
Texto de Marcelo Barros
* Tradução
da Canção:
Todos tão felizes, o Natal chegou
e em meu pobre rancho, e em meu pobre rancho
a tristeza é a mesma.
Não chore meu filho, não chore mais
que ninguém se lembra, que ninguém se lembra
que você não tem pão.
Lá na manjedoura, dizem que ele nasceu
um menino loiro, loiro como o sol.
Dizem que ele é muito pobre, pobre como você
o destino do pobre, o destino do pobre
destino de cruz.
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
EU ACREDITO EM PAPAI NOEL...
Sim, eu acredito em Papai Noel! Assim como acredito em Nosso Senhor Jesus Cristo. Estranho que uma pessoa religiosa acredite e ame a tradição do Papai Noel? Talvez. Ou talvez não, se ela conheceu de verdade, o Papai Noel.
E foi numa época e numa circunstância, em que não era fácil ser Papai Noel. Não quando se tinha dez filhos, não num tempo de crise. E houve natais em que era um presente só, para duas crianças. Mas, ele vinha. Não de roupa e gorro vermelho. Mas, de roupa comum do trabalho. Chegava na noite de Natal com seu saco às costas, para alegria da criançada. E havia natais que tinha festa. Porque era também o aniversário do Papai Noel. E tinha todas aquelas coisas gostosas, que só no Natal é que via: farofa, cabrito, leitão, bolacha...
Lembro-me de um Natal quando tinha cinco ou sei anos. Morávamos no interior, não me lembro exatamente o que meu pai fazia nessa época, só sei que morávamos numa casa nos fundos da casa de uma outra família. Para variar, nossa situação financeira não era lá muito boa. As coisas eram difíceis para as oito crianças a espera da nona. Meu irmão mais novo nasceu nessa casa.
Meu Pai chegou bem tarde naquela véspera. Trazia às costas, um saco cheio de coisas para nós. Éramos então nove filhos nessa época. Para as meninas menores, eu e minha irmã, ele trouxe uma bonequinha de plástico para cada uma, daquelas com cabelo que parece de milho. Para os dois meninos mais novos ele trouxe um carrinho. UM só. Um dos meus irmãos, o mais velho, recusou e disse que queria um presente que fosse só dele. Ah! Aquele Papai Noel risonho, sabia ficar zangado: e o cinto fez meu irmão chorar e minha mãe ficar triste. São tristes lembranças de Natal. Nessa casa, não havia água encanada nem poço, e precisávamos pedir licença para nossos vizinhos da frente para pegar água num cano que passava no meio do terreiro entre as duas casas. Isso fazia com que a água para a casa da frente fosse interrompida e isso nos custava muitos xingos. Anos mais tarde minha mãe me contou que essa família chegou a nos sustentar por uns tempos. Acabaram sendo padrinhos de meu irmão que nasceu lá. Eram épocas de vacas muito magras.
E, por falar em vaca, eu estava brincando no “potreiro”, tinha ganho um lindo casaquinho de flanela estampada de amarelo. Minha mãe costurava nossas roupas. E, no corre corre da brincadeira, comecei a sentir calor e coloquei meu “paletózinho” novo na cerca. E uma vaca veio e mastigou! Que coisa! Chorei muito... mas, não tinha como fazer outro naquele ano.
Mas nem tudo era tristeza. Brinquei muito naquele lugar. O sítio proporciona isso pra gente: espaços abertos, natureza, árvores, riachos, crianças. As crianças não veem a vida com olhos de tristeza. Elas têm olhos de aventura, enxergam aquilo que os adultos já esqueceram.
Voltei àquele lugar quando adulta. Qual não foi a minha surpresa ao observar que, aquele mundão de aventuras, aquelas coisas que para mim eram tão grandes, pareciam agora, tão “pequenas”. Meus olhos já não tinham tanta perspectiva: O filete de água do riacho já não parecia com um grande rio a ser atravessado, o grande pasto não passava de meio alqueire. Como diria Rubens Alves: já não há jabuticabas a serem comidas no galho mais alto. E nem eram jabuticabas, só gabiroba mesmo...
Mas, independente de algumas tristezas nas minhas lembranças, o Natal sempre foi para mim uma época mágica. E essa magia vem do “dia”. Que para mim, lá na infância, não era de Jesus e sim do Papai Noel. Quando eu era criança não havia presépios elaborados, grandes árvores de Natal ou ceias fartas. Mas, havia natal! Era um dia “natalino”, porque Natalino era meu pai. O dia 25 de dezembro era aniversário do meu Pai. Não era o menino Jesus que eu esperava com ansiedade, era o dia do aniversário do Papai Noel.
Minhas lembranças não são tão claras, e não posso dizer que todos os natais foram assim. Mas, quando nossas condições permitiam, havia sempre festa. Um cabrito era assado lá no quintal numa fogueira no chão, muita gente (muitos desconhecidos), minha mãe fazia maionese, farofa, macarrão e bolacha de sal-amoníaco. E o almoço do dia 25 de dezembro era sempre muito especial. Minha mãe costurava roupas novas pra gente. Eram coisas muito simples.
Na nossa realidade do resto do ano, havia frango só no domingo mas, no Natal, havia um monte de coisa. Era “a” festa! E como Papai Noel era alegre, brincalhão, sorridente. Posso ainda escutar sua risada ecoando em meus ouvidos. Posso ver seu rosto nitidamente como se fosse hoje. Ele tinha cheiro de madeira da serraria: canela, imbuia, pinheiro.
Eu tinha um “Papai Noel” só para mim. Um homem muito especial, de coração enorme, que sabia ajudar qualquer pessoa que precisasse. Muitas e muitas vezes eu o vi trazer pessoas carentes pra casa (como se ele mesmo não fosse um de vez em quando!), para dar de comer, ajudar a arrumar trabalho. Na festa dele, eram convidados todos que passassem na rua...
E lembrar disso tudo, ainda faz o Natal ser especial. Mesmo neste Natal, em que não podemos reunir a enorme família do Seu Natalino (Meu papai Noel), eu sorrio e penso como esta época é especial. Ele já não está vindo mais há 42 anos, mas, continua aqui, no meu coração. Seu sorriso, sua alegria, sua bondade de coração... Não há como esquecer! Meu papai Noel nem sempre tinha presentes a oferecer, exceto sua alegria, mas, isso bastava para mim.
*Minha música de Natal preferida, escute, é linda!
https://www.youtube.com/watch?v=0u5UvnKlCTA
♫ O primeiro Noel, os
anjos disseram, surgiu como certo
Para os pobres pastores nos campos onde guardavam suas ovelhas
Em uma noite fria de inverno, mas era tudo tão maravilhoso...
Noel, Noel, Noel, Noel, Nasceu o Rei de Israel!
Eles olharam para cima e
viram uma estrela brilhando para além deles ao longe e para a Terra lançava uma
grande luz...
E assim continuou... Dia e noite...
Noel, Noel, Noel, Noel, Nasceu o Rei de Israel!
Aqueles trio de sábios completamente
reverentes
de joelhos ofereceram na presença Dele: seu ouro, mirra e incenso.
Noel, Noel, Noel, Noel, nasceu o Rei de Israel!
Noel, Noel, Noel, Noel, Nasceu o Rei de Israel!
Ângela Rocha - Catequistas em Formação
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
DOCE DE ABÓBORA...
Peço licença hoje, a Anete Musso, do Blog da Anette, da Gazeta Online, para reproduzir aqui um texto que tocou meu coração neste começo de semana. Vi o texto no nosso grupo no Facebook, publicado pela Andreia Antunes de Taubaté. A equipe de catequista e o pároco da comunidade usaram o texto para enviar uma mensagem ao catequistas neste natal. E, coincidentemente, eu também tenho um texto sobre "Doce de Abóbora"... Mas, sobre este eu falo depois. Agora, vamos reviver as lembranças de infância da Anette.
"Doce de
abóbora: um gosto que traduz as melhores lembranças da infância em Aracruz. Meu
pai possuía um pedaço de terra, o Acary. Tinha curral, vacas, touro – Destino
de Quiçamã, galinha, pomar, horta. Tudo que uma roça deve ter. Meu pai me
ensinou a ordenhar, a cuidar das galinhas, a semear, a esperar a colheita e
saborear os frutos. Herdei do meu pai esse espírito roceiro que acredita que a
terra é sagrada, que a semeadura é a certeza da mesa farta, que o suor e o
trabalho duro nos fortalecem.
Acredito que naquele tempo
eu não pensava assim, mas hoje, saboreando o doce de abóbora do post, essas
lembranças voltaram em um passe de mágica.
Lembro-me de passar horas e
horas, embaixo do sol forte, lançando sementes de abóbora em pequenos buracos
que meu pai abria com uma engenhoca engraçada, tipo uma cavadeira pequena.
A regra era clara: três sementes por buraco. Depois passava o pé por cima
para tampar com terra.
– Pai, demora muito para
crescer?
– Tem que esperar, filha. A
semente fica no escuro, dormindo, depois chove, a semente acorda e começa a
brotar.
– Quanto tempo?
– Depende da natureza,
depende da força da semente, da chuva ou da falta de chuva.
– Ah, entendi!!
Entendi? Que nada!!! Queria
acabar logo e tomar banho de rio. Para adianta o trabalho, vez por outra
lançava um monte de sementes em um só buraco.
– Já acabou? Poxa, será que
calculei errado a quantidade de sementes, filha? Se tiver muita semente no
mesmo buraco, uma abafa a outra e não vinga.
O calor, o rio passando, o
tempo passando, a mão suja de terra, o suor escorrendo, a consciência pesada
por causa da mentira. Meu pai secava o suor com um lenço, secava minha
testa também. Procurava uma sombra e descascava laranjas.
– Pode ir brincar, filha.
– Você vem comigo?
– Agora não, tem muito
trabalho, ainda. E você já esta cansada. Vai brincar.
Saia em disparada capoeira
afora.
O tempo
passava. Antes era lento, hoje é rápido demais. Chegava o tempo da colheita.
Papai dava uns “crocs” na casca abóbora e pelo som sabia se estava madura ou
não.
– Não é melhor levar tudo de
uma vez?
– Não filha, tem um tempo
para tudo. Para plantar e para colher.
Tempo, tempo, tempo – sempre.
Papai
seguia dando “crocs” e colhendo, deixava um pedaço da rama, o engaço, para
proteger a abóbora.
As crianças carregavam as
abóboras para a carrocinha e depois para dentro de casa. O quarto dos fundos
ficava cheio. Depois espalhava pela sala, pela cozinha, por todo canto tinha
abóbora. Tudo empilhado, arrumado. As maiores embaixo, as pequenas separadas
para o consumo da família. As grandonas eram presenteadas aos amigos de papai.
– Pai, você vai dar um
abóbora para o Dr. Carlito? Ele não tem dinheiro para comprar, não?
– Tem , sim filha. Mas eu
devo um favor a ele. Lembra quando você operou as amigdalas. Ele não cobrou
nada. É justo levar um presente.
– Abóbora é presente?
– Não é só a abóbora. É o
meu trabalho, o seu. É lembrar-se de quem ajudou na hora que precisamos.
A sua mãe vai fazer um doce de abóbora. Vamos levar umas quatro abóboras,
o doce e uns queijos. Se der, levo um robalo, também. Ele vai ficar feliz. Você
vai junto comigo.
Tremi só em pensar na cena.
No dia e hora marcados chegamos ao consultório.
– Que menina bonita, essa
sua filha, Múcio!!!
– Conta o que viemos fazer,
Anette.
Morta de vergonha e cor de
abóbora madura, respondi;
– Viemos trazer um presente
e agradecer, estendendo a mão com o pote de doce de abóbora.
– Que menina danada,
adivinhou o meu doce favorito!!!
Respirei aliviada."
Doce de
abóbora
Ingredientes
1 kg de abóbora madura
½ kg de coco seco ralado bem
fininho
Açúcar
1 pitada de sal
Cravo e canela
Prepare
assim:
Cozinhe a abóbora com casca. Escorra, deixe esfriar, amasse bem com a ajuda de um garfo. Coloque na panela de fundo grosso, junte o coco e 11/2 xícara de açúcar. Deixe cozinhar em fogo baixo, acrescentando água aos pouquinhos. Depois de umas duas cozinhando, desligue o fogo, cubra a panela com um pano de prato e deixe esfriar por uma noite. No dia seguinte, prove o doce, acrescente mais açúcar e o sal. Volte a cozinhar até ficar brilhante ou “vidrado” (minha mãe garante que o doce esta no ponto quando esta – vidrado). Acrescente cravinhos e canela em pau. Cozinhe um pouco mais. Desligue o fogo e deixe esfriar. Sirva com queijo ou se preferir coma no pão com bastante manteiga".
Ajudinhas:
Folha de
samambaia renda portuguesa do meu jardim
Potinho de cristal –
herança da Tia Dudú. Era um conjunto de potinhos para colocar em cima da
penteadeira. Acho que era do meu bisavó materno.
Bom, o resto da mensagem aos catequistas é um texto do Pároco e da Equipe de catequistas, junto com um potinho de doce de abóbora, é claro:
"Jesus nos mostra como ser catequista, sendo amoroso, não se afastando da nossa missão e acima de tudo acreditando nela. Sem se preocupar com resultados. Nós somos fruto da catequese de alguém e também deixaremos nossos frutos, acreditar nisso faz toda diferença. Nós plantamos, regamos, mas quem dá o crescimento é Deus.
“Não pare nunca de plantar suas
sementes, porque você não sabe qual delas vai crescer, talvez todas cresçam”
(Ec 11,5).
Apesar de tantas situações novas que
vivemos, de forma tão diferente, agradecemos sua colaboração e empenho, sem
você nada teria sido possível!
Peçamos a Deus a graça de descansar nosso
coração Nele, e também o sentimento de missão cumprida, apesar das
dificuldades.
EQUIPE DE CATEQUESE - Pe. Ricardo Luís
Cassiano – Pároco Dez /2020.
Detalhe, pedimos para uma pessoa da comunidade, conceituadissima em doces, para fazer, fomos ver com ela o material, o trabalho ... Não gente, faço questão, vou doar, apenas venham buscar ... E assim Deus vai conduzindo." (Andréia Antunes).
domingo, 13 de dezembro de 2020
UMA QUESTÃO "ANTROPOLÓGICA"...
"Por que é tão difícil colocarmos em prática os ensinamentos de Deus para os Pais dos catequizandos? Um dia eles (os pais) também já fizeram todos os encontros. Será que eles esqueceram ou é a correia do dia a dia?"