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sábado, 29 de janeiro de 2022

COMBATER AS FAKE NEWS, MAS NÃO ISOLAR OS QUE TEM DÚVIDAS


Encontro do Papa com o Consórcio Internacional de Mídia Católica (Catholic Factchecking)

"Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas". Palavras do Papa no encontro com aos membros do Consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking" nesta sexta-feira dia 28 no Vaticano.                                              

Dirigindo-se aos membros do consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking", o Papa Francisco convida a refletir sobre o estilo dos comunicadores cristãos diante de certas questões relacionadas com a pandemia. Para isso, ele cita algumas expressões de São Paulo VI presentes na Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais de 1972, onde ele reconheceu o poder dos instrumentos de comunicação social sobre o comportamento e as escolhas das pessoas. O Papa Paulo VI dizia ainda que "a excelência da tarefa do informante consiste não apenas em destacar o que é imediatamente perceptível, mas também em buscar elementos de enquadramento e explicação sobre as causas e circunstâncias de cada fato que ele deve relatar". Uma tarefa, portanto, que requer um senso de responsabilidade e rigor. 

“O Paulo VI falava da comunicação e da informação em geral, mas suas palavras estão muito de acordo com a realidade se pensarmos em certas desinformações que circulam hoje na web. De fato, vocês se propõem em chamar a atenção às fake news e informações tendenciosas ou enganosas sobre as vacinas Covid-19, e o fazem colocando em rede com diferentes mídias católicas e envolvendo vários especialistas.”

ESTAR JUNTOS PELA VERDADE

Francisco lembra que o objetivo do Consórcio é "estar juntos pela verdade". Estar juntos, é fundamental no campo da informação e, em um tempo de divisões, já é um testemunho. Hoje, além da pandemia, a "infodemia" se espalhou, ou seja, "a distorção da realidade baseada no medo, que na sociedade global faz ecos e comentários sobre notícias falsificadas ou mesmo inventadas". A multiplicação de informações e a circulação dos chamados pareceres científicos também podem gerar confusão. É necessário, continua o Papa, citando o que ele já havia dito em um discurso em outubro de 2021, "fazer aliança com a pesquisa científica sobre doenças, que progride e nos permite combater melhor", considerando sempre que o conhecimento deve ser compartilhado.

Isto também se aplica às vacinas, recordou o Papa:

“Há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos, mas isto deve ser feito com planos a longo prazo, não apenas motivados pela pressa das nações ricas em serem mais seguras”

"Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, e não como esmolas de piedade. Para fazer um bem real, é preciso promover a ciência e sua aplicação integral. Portanto, estar corretamente informado, ser ajudado a entender com base em dados científicos e não em fake news, é um direito humano.

A PALAVRA  "PARA"

A segunda palavra que o Papa Francisco enfatiza é para, uma palavra pequena, mas cheia de significado: os cristãos, comentou, são contra as mentiras, mas sempre em prol das pessoas. Não devemos esquecer a "distinção entre as notícias e as pessoas". Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas. E o Papa afirma ainda:

"O comunicador cristão faz seu o estilo evangélico, constrói pontes, é um artífice da paz também e sobretudo na busca da verdade. Sua abordagem não é de oposição às pessoas, ele não assume atitudes de superioridade, ele não simplifica a realidade, para não cair em um fideísmo do estilo científico. Na verdade, a própria ciência é uma contínua aproximação à resolução dos problemas. A realidade é sempre mais complexa do que pensamos, e devemos respeitar as dúvidas, ansiedades e perguntas das pessoas, tentando acompanhá-las sem jamais tratá-las com superioridade".

O Papa Francisco sublinha mais uma vez o dever como cristãos de fazer todo o possível para "evitar a lógica da contraposição", sempre tentando aproximar e acompanhar o percurso das pessoas. "Tentemos trabalhar pela informação correta e verdadeira sobre a Covid-19 e sobre as vacinas", afirmou, "mas sem criar muros, sem criar isolamentos".

VERDADE

A terceira palavra que Francisco prende em consideração é verdade, que deve ser sempre procurada e respeitada pelos comunicadores. O Papa adverte a este respeito:

"A busca da verdade não pode ser levada a uma perspectiva comercial, aos interesses dos poderosos, aos grandes interesses econômicos. Ficar juntos pela verdade significa também buscar um antídoto para algoritmos destinados a maximizar a rentabilidade comercial, significa promover uma sociedade informada, justa, saudável e sustentável. Sem uma correção ética, estes instrumentos geram ambientes de extremismo e levam as pessoas a uma radicalização perigosa".

A verdade para o cristão, continuou o Papa, não se trata apenas de coisas individuais, mas de toda a existência e também inclui significados relacionais como "apoio, solidez, confiança". E o único "verdadeiramente confiável e digno de confiança, com quem se pode contar, que é 'verdadeiro', é o Deus vivo". Jesus disse de si mesmo: "Eu sou a verdade". E conclui indicando novamente um estilo preciso de comunicação:

“Trabalhar ao serviço da verdade significa, portanto, buscar o que favorece a comunhão e promove o bem de todos, não o que isola, divide e se opõe.”


Adriana Masotti 

Fonte: VATICAN NEWS

 


 


REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: O PROFETA NÃO É BEM RECEBIDO EM SUA CASA


 EVANGELHO DO 4º DOMINGO TEMPO COMUM: LUCAS 4,21-30

Não é este o filho de José?

Na sinagoga de sua cidadezinha, Jesus havia acabado de ler no livro do Profeta Isaías: O Espírito do Senhor me ungiu para anunciar a boa notícia aos pobres (Lc 4,16-19). Sentado, observado por todos com atenção, ele proclama: Hoje se cumpriu aos vossos olhos essa passagem da Escritura (Lc 4,21). Suas palavras despertam admiração e respeito. Mas ao mesmo tempo, escândalo: Não é este o filho de José? (Lc 4,22).

Qual a causa de tanto espanto? (Lc 4,22-24)

Jesus havia afirmado que o Espírito estava sobre ele. Logo sobre ele, uma pessoa simples ali da aldeia, o filho de José que todo mundo conhecia! Ele não era sequer sacerdote do Templo! Com que ousadia afirmava ter recebido o Espírito? Por trás destas perguntas, ainda nos dias de hoje, está outra indagação: será mesmo verdade que a salvação vem dos pequeninos?

Mas não era só isso! Sob a ação do mesmo Espírito, ele havia proclamado o Ano Jubilar, ano de graça do Senhor, ano do perdão das dívidas (Lc 4,19), como lemos em Deuteronômio 15,1-18 e em Levítico 25,8-55. De muitas leis, o judaísmo não se esquecia, mas esta era melhor não lembrar: aceitar o Ano do Jubileu significaria parar de acumular, dar descanso à terra, perdoar dívidas contraídas pelos mais pobres, buscar a igualdade… Melhor tapar os ouvidos.

Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria, conclui Jesus (Lc 4,24). Com essa frase, ele mesmo dá o critério da autenticidade de seu ministério: a rejeição. Na história de seu povo, verdadeiros profetas e profetisas eram rejeitados (cf. Jeremias 26,11; Amós 7,10-13). Ainda hoje, os verdadeiros profetas, os verdadeiros líderes do povo são caluniados, injustamente perseguidos, condenados sem crime e presos.

Os de casa rejeitam, quem é estrangeiro acolhe (Lc 4,25-27)

Jesus recorre à vida de seu povo, a histórias bem conhecidas na Bíblia para ajudar a comunidade a superar o escândalo.

A primeira é a da Viúva de Sarepta, cujo nome, infelizmente, não foi preservado. Havia muitas viúvas no meio do povo judeu, e Elias foi enviado a uma viúva estrangeira em Sarepta, na Sidônia. A história está em 1 Reis 17 e é uma passagem muito bonita: Elias chega faminto, é acolhido por uma mulher e uma criança também famintos. Há relação de confiança e de acolhida, e as vidas são salvas. Não só a da viúva e de seu filho, mas também a do próprio Elias. A segunda história tem a mesma lógica: havia muitos leprosos a serem curados em Israel, mas Eliseu cura novamente um estrangeiro, o sírio Naamã (2 Reis 5).

Se os de dentro do seu povo não o aceitam, Jesus deixa claro que encontrará fé e adesão entre os de fora. E o questionamento se nos faz automático: estamos nós, pessoas que nos julgamos “de dentro”, aceitando de verdade a proposta? Que testemunho a sociedade cristã ocidental vem dando à humanidade? Ou continuamos aceitando a perseguição a nossos profetas e profetisas?

Passou no meio deles e prosseguiu o caminho (Lc 4,28-30)

O Evangelho de Lucas foi escrito em torno do ano 90 do primeiro século do cristianismo. E recolheu, como todos os evangelhos, histórias contadas de boca em boca, a tradição oral das comunidades. A escolha das duas histórias (a de uma viúva e de um leproso, ambos estrangeiros) mostra com evidência a preocupação da comunidade de Lucas em mostrar que a abertura ao diferente, aos estrangeiros e às estrangeiras, já vinha de Jesus. Um bom “puxão de orelhas” para nossas comunidades ainda permeadas de tanto preconceito e intolerância, de resistência ao ecumenismo e de tão pouco diálogo inter-religioso!

E o que fazer com gente de nossas comunidades que finge não enxergar e que não quer abrir a cabeça e o coração? Não adianta o confronto direto, é melhor passar no meio deles e seguir o caminho (Lc 4,30). É preciso encontrar estratégias de resistência e de sobrevivência para que o projeto não seja lançado no precipício. Com a ternura de sempre, com a força e a graça do Espírito!

 Texto de Edmilson Schinelo

fonte: cebi.org.br



 

sábado, 22 de janeiro de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: QUE BOA NOTÍCIA DO REINO DE DEUIS VENÇA TANTAS MÁS NOTÍCIAS


 

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM: LUCAS 1, 1-4; 4, 14-21

Depois do batismo, conduzido pelo Espírito, Jesus vai ao deserto para enfrentar e vencer as tentações, deixa o deserto e se se insere nas tradições e lutas do seu povo. Ele inicia sua vida pública nos povoados e sinagogas da Galileia. “Ele ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam.” Sua ação é como de um mestre e reformador eloquente e experimentado. Mas ele não pretende simplesmente negar as instituições da sua religião e começar tudo de novo.

Jesus frequenta habitualmente a sinagoga. O evangelista Lucas diz que este era um costume de Jesus. Isso revela em Jesus uma atitude de discípulo. Como qualquer pessoa que se põe nos caminhos de Deus, Jesus busca um horizonte e uma referência para sua vida e sua missão. Sedento de utopias humanas e faminto das promessas de Deus, ele busca orientação na Palavra de Deus. Num sábado, em meio ao povo reunido, procura e encontra a passagem na qual o profeta Isaías tenta suscitar a esperança num povo radicalmente desesperançado.

Como Esdras fizera no passado, Jesus lê a palavra que Deus suscitara mediante o profeta Isaías. Mas a lê também para si mesmo, buscando uma orientação para melhor entender sua missão. “Anunciar a Boa Notícia aos pobres; para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor.” O Espírito e a Palavra enviam seus ungidos a uma missão historicamente engajada e relevante, sempre em favor dos últimos. Estes não são indiferentes ou estranhos ao povo de Deus.

Não resisto à tentação de comparar o discurso inaugural de Jesus com o discurso de campanha daquele que, com o nome de Messias, há três anos senta na cadeira da presidência da república do Brasil. Imaginem Jesus anunciando que veio para que todos possam ter sua arma, para impedir que os indígenas tenham sequer um centímetro de terra demarcada, para matar os 30 mil que a ditadura não matou, para que os últimos continuem no fim da fila… O que me parece inacreditável é que esse senhor diz agir guiado por sua fé, e é incensado por multidões que se dizem cristãos!

Jesus cumpriu sua missão num tempo em que a gratuidade não estava em alta. Os invasores romanos exigiam tributos, mesmo às custas da miséria do povo, e os sacerdotes cobravam a reparação ritual até das picuinhas. Para o judaísmo, pobres, presos, cegos e oprimidos eram pecadores e, por isso, devedores. Para os líderes religiosos, os pecados e impurezas do povo deveriam ser pagos sem descontos. A pregação do perdão pelo arrependimento era coisa muito recente e suspeita, sustentada pelo profeta que batizava nas margens do rio, e poucos outros.

Jesus vai à Sinagoga para resgatar uma esperança enraizada na própria escritura e para questionar a pregação oficial. Ele entende que sua missão é anunciar que chegou o tempo do jubileu, do cancelamento das dívidas, da remissão de todos os pecados, um tempo de misericórdia, e não de sacrifícios. Para Jesus, Deus não é nem delegado de polícia, nem capitão do exército. Seu anúncio é um Evangelho, literalmente, uma boa notícia. Por isso, não pode ser reduzido a uma pesada e sofisticada doutrina moral, imposta a um povo já cansado e abatido.

A ‘homilia’ que Jesus fez sobre a profecia que leu foi breve e concreta. “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.” A comunidade, suspensa diante da proclamação da Palavra e com os olhos fixos em Jesus, foi por ele chamada ao presente concreto. Como ouvinte habitual da Palavra de Deus, Jesus percebe que o tempo está maduro, e que Deus se dirige a ele. O filho amado é também o profeta e reformador esperado. Quando a profecia não se realiza no engajamento nas lutas e movimentos de libertação, é apenas meia-palavra.

Jesus de Nazaré, ouvinte da Palavra do pai e Palavra que se faz carne para que toda carne se torne Palavra: ensina-nos a levar sério o teu Evangelho. Com Paulo, teu apaixonado missionário, descobrimos que teu corpo é formado de muitos e diversos membros, unificados por teu Espírito. Ajuda-nos a reconhecer nos pobres membros que precisam ouvir boas notícias; nos oprimidos, membros que necessitam da tua liberdade; nas pessoas dependentes e endividadas, gente que tem o direito à gratuidade. E que as sementes do Evangelho germinem em nós. Assim seja! Amém!

Texto de Itacir Brassiani

Fonte: cebi.org.br

 

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A BOA NOVA PARA OS POBRES

 


REFLEXÃO DO EVANGELHO DE LUCAS 1, 1-4; 4, 14-21 

Uma das características mais escandalosas e insuportáveis da conduta de Jesus é sua defesa decidida dos pobres. Frequentemente os cristãos tentam esconder algo que é essencial na sua atuação. Não nos enganemos. A sua mensagem não é uma boa notícia para todos, indiscriminadamente. Ele foi enviado para levar uma boa notícia aos pobres: o futuro planejado e desejado por Deus é deles.

Têm sorte os pobres, os marginalizados pela sociedade, os privados de toda a defesa, os que não encontram lugar na convivência dos fortes, os despojados pelos poderosos, os humilhados pela vida. Eles são os destinatários do reino de Deus, os que se alegrarão quando Deus reinar entre os seus filhos e filhas.

Mas por que são eles os privilegiados? Será que os pobres são melhores do que os outros para merecer um tratamento especial de Deus? A posição de Jesus é simples e clara. Não afirma nunca que os pobres, por serem pobres, são melhores que os ricos. Não defende um classismo moral. A única razão do privilégio deles consiste em que são pobres e oprimidos. E Deus não pode reinar no mundo sem que lhes faça justiça.

Deus não pode ser neutro diante de um mundo dilacerado pelas injustiças dos homens. O pobre é um ser necessitado de justiça. Por isso a chegada de Deus é uma boa notícia para ele. Deus não pode reinar senão defendendo o destino dos injustamente maltratados. Se o reino de Deus for realizado, os pobres serão felizes, porque onde Deus reina os poderosos não poderão mais reinar sobre os fracos e os fortes sobre os indefesos.

Mas não nos esqueçamos. O que é uma boa notícia para os pobres ressoa como uma ameaça e uma má notícia para os interesses dos ricos. Têm má sorte os ricos. O futuro não lhes pertence. As suas riquezas impedem-nos de se abrir para um Deus Pai.

Texto de José Antonio Pagola

Tradução: Antonio Manuel Alvarez Pérez

fonte: cebi.org.br

 


O CHEIRO, O GOSTO, O OLHAR DO CATOLICISMO

 

Imagem: Seminário Santo Antônio Agudos SP


A cada vez que piso o chão de um templo católico, o templo me toca a alma.

Pela grandiosidade das suas portas, silenciosamente adentro ao espaço do Senhor.

Mas, não são as paredes altas, os vitrais que espelham a luz ou o teto que meus olhos mal absorvem, que me faz respirar em suspenso e me prostrar em admiração.

Não são os dolorosos passos do Senhor na Via sacra que me tocam o coração.

Nem são os nichos de oração encravados nas paredes com seus genuflexórios a me convidar a ficar de joelhos e admirar a devoção dos santificados que me chama a rezar.

Nem é a dignidade do ambão da palavra que fala ao povo, não é o altar deitado em sacrifício ou a luz do sacrário a me lembrar que o sonho vive e vive para sempre.

Não, não é a grandiosidade dos templos e a suntuosidade mamorea que me faz admirar o templo.

O que me causa admiração maior, é a nossa convicção humana que podemos chegar a grandiosidade que é o Senhor Deus a se expressar em arte, beleza e simbologia.

E se não olhar um templo com os olhos da fé, verei somente a “casca”, o invólucro, a grandeza e a majestade da construção, nunca a grandeza e a majestade que da fé que ele inspira.

É mister ouvir o silêncio que nos faz escutar somente o eco dos nossos passos e o estalar da madeira dos bancos.

É preciso sentir o cheiro de Deus quem nossas Igrejas exalam, sentir o calor da luz que os vitrais refletem, o gosto da oração em nossa boca, que se abre em absoluta veneração.

É preciso ver que não são os nossos templos que refletem a Igreja Católica, é Deus que se reflete em nossos templos.

Isso, só aquele que ama sua Igreja sabe...

 

Ângela Rocha - Catequista

* Escrevi este texto logo depois de visitar o templo No Seminário Franciscano Santo Antônio em Agudos – SP.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2022: MATERIAIS JÁ DISPONÍVEIS!


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou, por meio da Edições CNBB, o Texto-Base da Campanha da Fraternidade (CF) 2022. Neste ano, a CF tem como lema: “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”,  (Pr 31,26). O início da CF se dá na abertura da Quaresma, dia 2 de março, na Quarta-Feira de Cinzas.

Na apresentação da publicação, a presidência da CNBB destaca que “a Quaresma é um tempo favorável para a conversão do coração ” e que a a CF, realizada pela Igreja no Brasil desde 1964, tem como propósito de ser um caminho para que os cristãos vivam a espiritualidade quaresmal com o sentido de mudança e transformação pessoal rumo à solidariedade a um problema concreto da sociedade brasileira.

A apresentação do texto-base afirma que a realidade da educação interpela e exige profunda conversão de todos. “Verdadeira mudança de mentalidade, reorientação da vida, revisão das atitudes e busca de um caminho que promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e a cidadania. O documento convida a todos a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos afim de que ninguém seja excluído de um caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz”, diz um trecho.

Trata-se, em 2022, da terceira vez que a Igreja no Brasil vai aprofundar o tema da educação em uma Campanha da Fraternidade. Desta vez, a reflexão será impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. “Ao longo da  caminhada quaresmal, em que a conversão se faz meta primeira, recebemos o convite para busca os motivos de nossas escolhas em todas as ações e, por certo, naquelas que dizem respeito mais diretamente ao mundo da educação”, convida a presidência da CNBB.

Saiba como encontrar e adquirir o Texto Base da CF 2022: www.edicoescnbb.com.br


ENCONTROS CATEQUÉTICOS


MANUAL


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

PAPA FRANCISCO E OS CATEQUISTAS: VÍDEO DO PAPA DEZEMBRO 2021


Rezemos pelos catequistas, chamados a anunciar a Palavra de Deus, para que sejam testemunhas da Palavra com coragem e criatividade na força do Espírito Santo.

Papa Francisco – Dezembro 2021

Os catequistas têm uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé.

O ministério laical do catequista é uma vocação, é uma missão. Ser catequista significa que a pessoa “é catequista”, não que “trabalha como catequista”. É todo um modo de ser, e são necessários bons catequistas, que sejam ao mesmo tempo companheiros e pedagogos.

Precisamos de pessoas criativas que anunciem o Evangelho, mas que o anunciem, não com timidez ou com barulho, mas sim com a sua vida, com mansidão, com uma linguagem nova e abrindo novos caminhos.

E em tantas dioceses, em tantos continentes, a evangelização está fundamentalmente nas mãos de um catequista.

Agradeçamos aos catequistas e às catequistas pelo entusiasmo interior com que vivem esta missão ao serviço da Igreja.

Rezemos juntos pelos catequistas, chamados a anunciar a Palavra de Deus, para que a testemunhem com coragem, com criatividade, com a força do Espírito Santo, com alegria e com muita paz.

O Vídeo do Papa: O que é ser catequista para o Papa Francisco?

No último Vídeo do Papa de 2021, Francisco centra sua mensagem no ministério, missão e vocação dos catequistas, agradecendo-lhes pelo entusiasmo na transmissão da fé e encorajando-os a anunciar o Evangelho com novas linguagens e caminhos.

(Cidade do Vaticano, 30 de novembro de 2021) – 

No novo Vídeo PapaFrancisco confia à Igreja Católica, por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, a intenção de oração com a qual escolhe encerrar o ano. Neste mês de dezembro, o Santo Padre dedica sua mensagem aos catequistas, reconhecendo seu trabalho como autêntica missão e ministério a serviço da Igreja. O Papa destaca que se trata de uma verdadeira vocação, pois uma pessoa não somente “trabalha como catequista”, mas ela “é catequista”.

Nestes tempos em que o mundo passa por tantas mudanças, Francisco agradece pelo entusiasmo dos batizados que, com esforço e alegria constantes, transmitem a fé, encorajando-os a continuarem a anunciar o Evangelho “com sua vida, com mansidão, com uma linguagem nova e abrindo novos caminhos”.

Um exemplo de linguagem nova para a catequese é O Vídeo do Papa deste mês, que mostra catequistas e jovens trabalhando em um mural. Com sprays e tintas, dezenas de crianças e adolescentes – acompanhados por seus catequistas – ajudam o artista italiano Paolo Colasanti (em estilo Gojo) a reproduzir uma versão criativa da cena do lava-pés numa parede do oratório da paróquia romana de Nossa Senhora de Coromoto.

Catequista: um ministério muito antigo?

Já em maio deste ano, Francisco havia dado grande importância aos catequistas, ao instituir seu ministério laical por meio do Motu Proprio Antiquum ministerium. Agora, no final de 2021, o Santo Padre ratifica esta forma de serviço que se manteve ao longo da história da Igreja, na medida em que “o ministério laical do catequista é uma vocação, é uma missão”. Ainda hoje, explica no Vídeo do Papa, pode-se ver como “em tantas dioceses, em tantos continentes, a evangelização está fundamentalmente nas mãos de um catequista”, por isso “precisamos de bons catequistas, que sejam acompanhantes e pedagogos”.

Ser catequista, ensina o Santo Padre, não é um trabalho, mas sim uma questão de ensinar com paciência, de acompanhar, de anunciar a alegria do Evangelho com sua própria vida, com mansidão, com coragem e criatividade.

Novos caminhos, novas linguagens

Pe. Frédéric Fornos S.J., Diretor Internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, comentou esta intenção de oração: “É um gesto eloquente o Papa Francisco dedicar esta última mensagem aos catequistas, no mesmo ano em que instituiu seu ministério laical e deu início ao itinerário sinodal ‘como Povo de Deus peregrino e missionário’. Como indica o Documento Preparatório da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Espírito Santo, hoje como ontem, continua a atuar na história: ‘é precisamente nos sulcos cavados pelos sofrimentos de todos os tipos, suportados pela família humana e pelo Povo de Deus, que florescem novas linguagens da fé e renovados percursos, capazes (…) de encontrar na provação as razões para voltar a fundar o caminho da vida cristã e eclesial. Nesta linha vão também a recente instituição do ministério laical do catequista’ (n. 7). Rezemos então pelos catequistas, ‘chamados a anunciar a Palavra de Deus: para que a testemunhem com coragem, com criatividade, com a força do Espírito Santo'”.



JORNADA DE CATEQUESE PAULINAS 2022

V JORNADA DE CATEQUESE PAULINAS 2022

Com o tema, A Palavra de Deus: Lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo, a PAULINAS LIVRARIA DE SALVADOR, promove a Jornada que acontecerá no dia 5 de fevereiro das 8h30 às 14h, no Auditório da livraria e  online. 

Assessoria: Prof. Dr. Padre Carlos André da Cruz Leandro; Dom Eduardo, OSB e Alexsandro Sousa

✍️ INSCRIÇÕES: https://cutt.ly/dT58YYn 

💵 INVESTIMENTO: R$ 25,00(Presencial) e R$ 15,00 (Online)

💸 Formas de Pagamento: 

Transferência ou Depósito bancário: Banco Itaú, Ag. 0665, C/C 17079-1 CNPJ 617252140012-72; CHAVE PIX CNPJ 617252140012-72 ou presencialmente na Paulinas Livraria de Salvador

📳 Falar com nossa equipe ou enviar comprovante: Clicar ➡️ https://cutt.ly/qT5L4Sa

sábado, 15 de janeiro de 2022




 REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: O REINO DE DEUS É UMA FESTA DE CASAMENTO!

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Jo 2, 1-11

Que sinais e personagens uma festa de casamento pode nos apresentar? Aliança, festa, proximidade, amor recíproco… convidados, garçons, noivos… é assim que o tempo comum, ou melhor, o tempo do discipulado e da missão recomeça nas comunidades, com a narrativa de uma festa de casamento.

O texto nos avisa que este é o princípio dos sinais de Jesus e que por eles seus discípulos creram. Há uma esperança de que nós, cotidianamente, engrossemos o coro desses crentes.

O Reino de Deus é a grande festa! A aliança que em Jesus é reestabelecida. Mas sem reciprocidade, não há festa, não há amor. O cenário da festa é Israel, lugar onde o amor a deus tem virado artigo de luxo.  O Povo sofre com a corrupção dos governantes, a distância de seus sacerdotes e a miséria que assola a vida das pessoas.  Não há vinho que não seque, não há alegria que não se esvaia.

Mas voltemos pra cena: uma festa de casamento, Maria já está na festa, aqui ela não é a personagem Maria, mas a representação do povo de Israel, Jesus chega à festa com seus amigos. Logo mais, a mãe anuncia uma lástima: Não tem mais vinho! A festa fica em suspenso. Qualquer festa é interrompida se a alegria não está mais no recinto. Todos e todas nos temos convivido com a suspensão das festas mais animadas que vivenciamos, uma vez que não estamos em tempo de relaxar com a dor de muita gente e com os cuidados que ainda devemos tomar.  O que segue no evangelho nós conhecemos. Jesus é apressado a realizar aquele sinal, os funcionários da festa escutam e executam suas ordens e de novo a festa possui vinho.

Por mais que queiramos buscar outros sentidos para este episódio da vida de Jesus, precisamos recordar essa boa nova: Jesus resgata a aliança com seu povo através da solidariedade. Não adianta ouvir o apelo apenas, é preciso agir. A festa corre risco de terminar numa humilhação completa. A solidariedade gera festa! Gera Alegria! Gera reciprocidade e aliança!

O mestre sala nem dá conta que o vinho faltou. Mas não era obrigação dele? Quantos por aí se arvoram a ser mestre sala nas comunidades sem perceber a realidade em volta? Cuidam do cerimonial mas não conseguem perceber que seu povo já não tem vinho a muito tempo… Quatas comunidades de fé pararam pra perceber que a festa de casamento só poderia recomeçar após o serviço e ação solidária? È verdade que vimos muitos grupos agindo, mas infelizmente, também assistimos a inércia de muitas Igrejas e comunidades no momento em que mais deveria agir: Eles não tem mais vinho!

Diante disso Jesus age junto aos garçons da festa, os que estavam servindo. A aliança é feita através da cena narrada: O povo constata que não tem mais vinho, Jesus se solidariza e a festa retoma com aqueles que servem. A Aliança é diaconal, ou seja, no serviço baseado nas palavras de Jesus. Os serviçais escutaram as ordens de Jesus.

Alguém continua perdido: o mestre sala. A ponto de se voltar para o Noivo e cumprimentá-lo por guardar o vinho melhor para o final. O noivo, ou melhor, aquele que nos convida a uma nova aliança, é o próprio Deus e ele nos oferece o melhor, seu filho Jesus. Ao contrário de tanta carranquice e murmúrio de tanta gente que prega uma fé tristonha, nosso Deus faz festa e aumenta a dose de vinho toda vez que sente que podemos ser seus diáconos e diaconisas para o Reino. Nas bodas, mais vinho, com o filho pródigo, festa larga, com a moeda encontrada, euforia com as vizinhas e amigas, Com Zaqueu, jantar e conversão… festa, festa, festa.

As bodas de Caná é um convite a ouvirmos mais uma vez a voz de Jesus e, junto com Ele, sermos solidários em um mundo ainda arrasado pela pandemia, assumindo o serviço que restaura a aliança de Deus com seu povo, a criação, o planeta. Me recorda a canção “Viramundo” de Gilberto Gil, onde se pode bradar a plenos pulmões: Ainda viro esse mundo em festa, trabalho e pão.  O evangelho em faz pensar que essa frase poderia ser gritada pelo próprio Deus. Está na hora de resgatar a aliança, minha gente! Tá na hora da revolução da Boa Nova! É hora de virar esse mundo em festa, trabalho e pão!

 O Reino de Deus é uma festa de casamento!

Texto de Valmir Assis

Fonte: cebi.org.br

sábado, 8 de janeiro de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DE DOMINGO: TU ÉS O MEU FILHO AMADO, EM TI ESTÁ O MEU AGRADO

FESTA DO BATISMO DO SENHOR : Lucas 3,15-16.21-22

 A liturgia deste final de semana propõe abrir-nos a Deus, da mesma forma como Jesus o fez ao acolher o dom do Espírito enquanto estava em oração logo após o seu batismo.

Em Lucas, a narrativa a respeito do batismo de Jesus vem depois do Evangelho da Infância. Entre as narrativas da infância (Lucas 1-2) e o início da missão de Jesus (Lucas 4,14 em diante), os autores deste Evangelho inserem o relato da preparação do caminho do Senhor feita por João Batista (Lucas 3,1-20) e o relato da preparação de Jesus para sua missão (Lucas 3,21–4,13). Como dobradiça que liga essas duas partes, está a narrativa a respeito do batismo de Jesus (Lucas 3,21-22). Temos, assim, um paralelo entre dois batismos: o de João com água e o de Jesus com o Espírito e com o fogo.

João aponta para o Messias

A comunidade de Lucas faz questão de situar historicamente o início da atividade de João (Lucas 3,1-2). Do ponto de vista político, foi no tempo de Tibério, imperador romano de 14 a 37 d.C., e de Herodes Antipas, governador da Galileia desde 4 a.C. até 39 d.C. Do ponto de vista religioso, foi na administração do sumo sacerdote Caifás (sumo pontífice no templo de 18 a 36 d.C.), genro de Anás (6-15 d.C.), nomeado sumo sacerdote por Herodes Antipas em nome do imperador.

Por um lado, João denuncia profeticamente o reino da opressão representado por Tibério e por Herodes, em aliança com o templo de Jerusalém. Diante de tanto sofrimento, o povo esperava ansiosamente a vinda de um libertador. João Batista faz fortes críticas aos poderosos, anunciando um juízo severo para eles (Lucas 3,17). Por isso, o povo começou a ver em João a esperança da vinda do messias, o rei ungido por Deus que viria para libertar o seu povo.

Por outro lado, João anuncia a vinda do Reino de Deus para breve (Lucas 3,9.17), chamando à conversão, à mudança de mentalidade e de vida, convocando à partilha e à vivência de relações fraternas (Lucas 3,11-14). Em consequência dessa prática profética, ele foi preso e encarcerado pelos poderosos de seu tempo (Lucas 3,19-20). Assim, João cumpriu sua missão como profeta que faz a ponte entre a Aliança de Deus com Israel e a Aliança em Jesus com toda humanidade.

Para Lucas, a tarefa de João é fazer com que as pessoas se convertam e se abram ao Reino de Deus presente no novo agir de Jesus. Lucas o apresenta mostrando para Jesus. João não é o Messias, o Cristo, o Ungido. Seu batismo era somente com água, sinal de purificação e de conversão para acolher Jesus de Nazaré, mais forte do que João. Sua atitude é de estar a serviço, menor ainda que os servos, de quem também era tarefa desatar as sandálias de seus senhores.

As sandálias também lembram a lei do levirato (Deuteronômio 25,5-10). Segundo esta lei, quando um marido morria sem deixar filhos, um parente próximo devia assumir a viúva para gerar um herdeiro para o falecido. Assim, além de dar continuidade à vida do falecido, resgatava sua terra, de modo que ela permanecesse no clã. Quando o parente mais próximo se negava a assumir a tarefa do resgate para seu irmão falecido, outro parente devia cumprir a lei. Era então que o parente mais próximo dava uma de suas sandálias ao novo resgatador, o novo “noivo”. Era o sinal que este passava a ter o direito de resgate, de gerar descendência para o falecido. Ao não desatar a correia das sandálias de Jesus, João reconhece nele o resgatador, o messias libertador de todas as formas de opressão. João é o último representante da Antiga Aliança. Jesus, porém, é o noivo da Nova Aliança.

O Messias assume a sua missão

Jesus é batizado com água junto ao povo, em meio ao povo. Em seu batismo, Jesus é investido para a sua missão, guiado pelo Espírito de Deus. É somente Lucas quem faz referência à atitude orante de Jesus no seu batismo. E é esta atitude de intimidade de Jesus com o Pai que faz com que o Espírito o transforme e o envie para evangelizar os pobres (Lucas 4,18-19). Também para nós Jesus pediu que tivéssemos essa atitude orante durante a vida toda, abrindo-nos ao Espírito de Deus. Ele é fruto da oração, da acolhida, é dom (Lucas 11,13).

João batiza Jesus com água. No entanto, Jesus batiza com o Espírito e com o fogo. Por isso, o seu batismo é superior ao de João. É no Espírito Santo, representado pelo fogo de Pentecostes (Lucas 3,15-16; Atos 2,1-13). Neste Evangelho, ainda antes do batismo de Jesus, há uma ênfase muito grande na apresentação de pessoas abertas à ação do Espírito Santo. Lembramos João Batista, Maria, Zacarias e Simeão (Lucas 1,15.41.67; 2,26-27). E o fogo recorda a presença de Deus no êxodo, na libertação do povo oprimido pelo sistema faraônico (Êxodo 3,2-3; 13,21; 19,18). É o mesmo fogo de Pentecostes, o dinamismo do Espírito, que entusiasma os discípulos e as discípulas de Jesus para o anúncio e a vivência da boa-nova até os confins da terra (Atos 1,8; 2,1-13).

Uma vez preso João, Jesus dá um novo rumo à sua missão. Diferentemente do Precursor, que anuncia a vinda do Reino de Deus para breve e como um juízo severo, Jesus vive o Reino já presente no seu jeito de se relacionar especialmente com as pessoas mais discriminadas, revelando a misericórdia do Pai (Lucas 7,22; 11,20; 17,20-21). Talvez por isso, diferentemente dos demais evangelhos, Jesus não é batizado por João neste evangelho.

Lucas apresenta o batismo de Jesus depois da prisão de João como o ato em que o Espírito de Deus vem confirmar o Nazareno enquanto Messias, ungindo-o para a missão do serviço, da mesma forma como fora ungido o servo de Deus em Isaías 42,1 e 61,1. Nesse momento, Jesus estava em oração, isto é, em íntima comunhão com a fonte da vida, com o projeto do Reino. Tão íntima é essa comunhão que, em Jesus, Deus e a humanidade se encontram. Esse é o significado da abertura do céu (Lucas 3,21), realizando a esperança do povo (Isaías 63,19b). Em Jesus, céu e terra estão tão próximos que é possível perceber a presença materializada (“em forma corpórea”) do Espírito de Deus nas atitudes de Jesus. Se em Gênesis 8,8-11 a pomba foi a mensageira da vida recriada depois de submersa pelas águas do dilúvio, agora a presença da pomba anuncia que o Espírito de Deus impulsiona Jesus a realizar a nova criação, mulheres e homens recriados a partir das águas do batismo. No batismo, morremos com Cristo e ressuscitamos com ele para uma vida nova (Romanos 6,1-14). Viver como pessoa renovada e ressuscitada é, portanto, missão de todos nós.

Ao lembrar a entronização do rei que vem libertar o povo (Salmo 2,7: “Tu és o meu filho”), a comunidade de Lucas apresenta Jesus como o verdadeiro Rei e Messias, que veio governar com justiça e no serviço ao povo. Por isso, lembra também a missão do servo em Isaías 42,1 (“em ti está o meu agrado”). No batismo de Jesus, temos uma epifania, ou seja, uma manifestação do filho de Deus ao mundo, gerado como o messias que vem libertar o povo.

No batismo, Jesus assume publicamente o seu compromisso com as novas relações do Reino de Deus já presente em seu agir. Batizar-se em seu nome, na linguagem paulina, é revestir-se de Cristo, ou seja, é agir como o próprio Cristo agia, superando todas as formas de discriminação (Gálatas 3,27-28).

Texto de Ildo Bohn Gass

Fonte: cebi.org.br