Na
esmagadora maioria das nossas paróquias faltam catequistas. Os bons párocos e
coordenadores de catequistas não perdem tempo se lamentando. Vão à luta,
empenham-se em convidar e em formar novos catequistas. Mas, às vezes, comete-se
erros imperdoáveis. E os novos catequistas, tão arduamente recrutados
desaparecem de vista. Este artigo pretende ser um alerta para evitar erros
muito comuns na coordenação da catequese.
1. Perder a pessoa no anonimato
Fazemos um
grande esforço para encontrar novos catequistas ou candidatos a catequistas.
Fazemos convites pessoais. Pedimos aos outros catequistas que lancem a rede a
outros. Fazemos apelos ao final da missa.
Como
resultado de todos estes esforços, a Maria, de 37 anos, resolveu aceitar o
desafio. Ela gosta de crianças, tem os filhos na catequese, sente que pode ser
mais ativa como cristã, apoiando a catequese. Com muita fé, algum receio e
bastante entusiasmo, assinou o nome dela na folha que estava na secretaria da catequese.
Deixou todos os contatos: telefone de casa, celular, email... E passa-se uma
semana, outra semana... e ninguém entra em contato com ela. Depois de três
semanas ela recebe um e-mail vindo da coordenadora da catequese. Mas, ao lê-lo,
a Maria percebe que aquilo é um texto enviado a todos os que deram o nome. Um
texto igual para todos. A Maria decide apagar o e-mail. Este tratamento
impessoal, massificado, deixa-a mal disposta. Empenhar-se pela evangelização
deveria ser outra coisa. Se for para isso, para receber uma comunicação fria
como uma carta das finanças, então a Maria não está interessada.
Para mudar:
Não deixe passar mais
de 48 horas depois de alguém responder a um apelo ou se oferecer para algum
serviço. Promova o contato e de forma pessoal. Só é aceitável usar o e-mail,
para dizer que dentro de pouco tempo você vai telefonar ou ter um encontro face
a face com a pessoa que se ofereceu como catequista. Promova um encontro onde
se possa falar sobre quais são as necessidades da paróquia, quais os interesses
e motivações da pessoa. Procura responder corretamente a todas as questões que
eles possam ter sobre o serviço que vão assumir. As pessoas apreciam a atenção
pessoal do responsável da catequese.
2. Ajude-me, por favor!
Nada é pior
do que convidar alguém para a catequese como um favor a você. É claro que a
pessoa não vai querer te deixar mal, se você a convida para ser catequista como
um favor pessoal. Mas os teus amigos vão realizar esse serviço como uma
obrigação para com você. Dimensões
como o sentido de Igreja, a vocação de catequista vão ficar na
sombra. O seu serviço vai ser insatisfatório porque a motivação original está
equivocada.
Para
mudar: Se você tem
amigos ou conhecidos que tenham desejo de servir à Igreja como catequistas, já
tem uma vantagem no recrutamento: o ponto de partida é a relação já estabelecida
com eles. Você não precisa começar do zero. Mas, também não pode partir da
noção que, como você gosta de ser catequista, todos os seus amigos vão também. Peça
a todos os potenciais interessados (independentemente da relação que tenha com
eles) que preencham uma lista de interesses e dons/talentos. Ajude-os a
clarificar as motivações mais profundas. Tente harmonizar as necessidades da
catequese com os interesses que há do lado da oferta. E não se esqueça
de encaminhar, para outros serviços da paróquia, aqueles que desejam
empenhar-se mais ativamente, mas que não têm vontade/motivação/talento para a
catequese.
3. Atirá-los às feras
Um
candidato a catequista ofereceu-se (ou foi convidado); falou com o coordenador
de catequese e com o pároco. Você precisa desesperadamente de alguém para o último
ano da crisma. São um grupo de selvagens irrequietos com péssima fama entre
os catequistas. Quem tem experiência há anos, se esquiva de ficar com esse
grupo. Você pensa com os teus botões: Aí está este novo catequista. Está cheio
de entusiasmo. Traz novas ideias... Nem pensas duas vezes. Entrega-lhe a pasta
com as inscrições deles, dá-lhe o planejamento e o manual, explica-lhe como se
faz para pedir os DVDS à sala de apoio... Mas, dois dias depois do primeiro
encontro de catequese, o novo catequista vem falar com você e te devolve a “papelada”,
tudo embrulhado num sorriso simpático: “Obrigado pelo convite, mas, acho que
não era bem isto que eu queria.” E aí vai ele. E nunca mais você o verá na
catequese.
Para
mudar: Quando surge
algum novo candidato a catequista, faça com que ele tenha contacto com os
vários serviços da catequese: as várias idades, as várias tarefas. Sempre
acompanhado por um catequista mais experiente e bem formado. Quem se oferece
para fazer catequese pode ainda não ter ideias muito claras sobre o que gosta
de fazer, o que é capaz de fazer. Você a sua paróquia podem estar muito
necessitados de “operários para a messe”, mas, o novo catequista merece todo o
respeito. Não pode ser tratado como “bala para canhão”. Entregar-lhe uma tarefa
para a qual não está preparado é péssimo. Para ele, porque se sente
desmotivado. Para os catequizandos, porque são mal servidos. Para o grupo de
catequistas, porque recebem a mensagem que não merecem respeito.
4. Dar aos candidatos uma falsa
impressão
No diálogo
com as pessoas há uma regra óbvia (e muitas vezes esquecida): ser honesto logo
no começo, porque, de uma maneira ou de outra, a verdade vem à tona uma hora. Isto
vale para os negócios, para as relações de trabalho, para os namoros. E também
vale quando você convida um novo catequista. Se você pintar uma imagem da
catequese que não corresponde à realidade, o candidato vai se sentir enganado quando
descobrir a verdade. E vai sentir que o seu sim foi dado numa base de
falsidade. E sente-se legitimado para ir embora, assim que puder.
Para
mudar: Descreva a
tarefa que se pede aos catequistas com exatidão. Não diga que cada grupo tem 15
crianças quando você vai colocá-lo num grupo de 25. Não lhe garanta que cada
catequista novo é sempre acompanhado por um catequista mais velho, quando esse catequista
acompanhante não existe. Assim que algum catequista aceita colaborar na
paróquia, procure que ele participe de uma formação
inicial. Isso vai permitir a ele uma
ideia clara do que é a catequese. Além disso, a paróquia deve ter um itinerário/planejamento/calendário que deve ser entregue a cada
catequista. Nesse “manual” estarão os valores e as tarefas dos catequistas. Você
deve informar ao catequista quais são suas tarefas, o que se espera dele, quais
os ritmos da pastoral. Ele deve saber com quem falar quando tiver dúvidas ou
problemas.
5. Fala muito... mas...
Você tem um
estilo muito animado. Apresenta a catequese como algo apaixonante. Mas depois
de te ver em ação, depois de falar com outros catequistas, um candidato a
catequista conclui que você tem muito estilo e pouca substância. Fala
muito e faz pouco. Ele começa a perceber que apesar do seu estilo, a catequese
não te entusiasma tanto assim.
Para
mudar: Quando alguém
gosta do que faz, dá para notar logo de cara. Seja fazendo coisas importantes e
vistosas, seja fazendo as tarefas mais humildes e rotineiras. E é a tua atitude
credível que vai ser capaz de aliciar outros para este serviço, que é a
catequese. Por isso, quando você começar a se sentir cansado, quando começar a esquecer
do sentido do que tem feito... Para pra pensar!
6. Fazer suposições
É óbvio,
não? Precisamos de mais e de melhores catequistas... Toda mundo sabe disso. Ou
talvez não. Você pode supor que os pais e o resto da paróquia conhecem as
dificuldades porque passa a catequese (que são óbvias para você). Mas, na
realidade, os pais até poderiam estar disponíveis para colaborar mais, mas, supõem
que tudo está funcionando perfeitamente. Pensam eles que, se você precisasse
de ajuda, pediria.
Para
mudar: Comunique
claramente as suas necessidades a todos. Não apenas aos candidatos a
catequistas. Fale aos responsáveis de outros setores da paróquia, aos
catequistas mais velhos, aos integrantes do Conselho de Pastoral, a todo mundo.
Nos órgãos de comunicação da paróquia (site, jornal, face...) vá dando
informações atualizadas e concretas das necessidades da catequese, principalmente
de catequistas. Quando souber de alguém que poderia assumir um lugar de
catequista, entre em contato com ela e explique-lhe porque é que você acha que
a pessoa poderia prestar um bom serviço. Não tenha medo de pedir a ajuda das
pessoas: as pessoas não conseguem responder a uma necessidade se não sabem que
existe.
7. Não partilhar a missão
As pessoas
gostam de sentir que fazem parte de algo importante. Elas gostam de saber que o
seu esforço faz a diferença. Se você vai falar com um candidato a catequista e
não consegue comunicar-lhe o sentido, a missão da catequese, seu entusiasmo com
ela... Provavelmente, vai fracassar ao tentar cativá-la para a catequese. Porque
não vai conseguir convencê do papel decisivo da catequese na vida das pessoas.
Para
mudar: Partilhe as
metas da catequese com todos aqueles com quem tem contato. Sem medo! A pessoa que está a sua frente pode
vir a ser um grande catequista! Quando as pessoas descobrem que a catequese não
é entreter as crianças nem brincar aos professores primários, mas, que é
assegurar a continuidade da Igreja e do Evangelho... Então, a hipótese de ser um
catequista é muito mais valorizada. Os candidatos a catequistas precisam saber
que há uma razão profunda para as tarefas que lhes são pedidas. Por isso... não
seja “econômico”! Partilhe essas razões. E partilhe com frequência e
criatividade.
8. Oferta sem opções
“Para este ano só temos falta de catequistas
da adolescência. Se não quiser pegar este grupo do 5º ano, não temos
necessidade...” Ou então você manda embora os jovens por serem muito novos.
Ou os casados porque não têm tempo. Ou os solteiros porque não têm experiência.
Ou os idosos, por serem velhos. Esta rigidez de critérios leva, cedo ou tarde,
a que os candidatos a catequistas desistam depressa.
Para
mudar: Organize a
catequese de modo que os candidatos a catequistas possam entrar por muitas
portas. Mesmo que tenha todos os catequistas de que precisa (Aleluia!!!) não desista
de procurar novos catequistas. O seu papel não é só resolver as necessidades,
mas, também ajudar o desenvolvimento vocacional das pessoas da sua comunidade. Invente
lugares e tarefas se necessário for. Mas nunca despreze uma oferta generosa
de alguém que quer dar o seu tempo e talentos em favor da catequese.
9. Não equipar as pessoas para a
tarefa
Os
candidatos a catequistas não aguentam muito tempo quando sentem que não foram
preparados ou treinados para as tarefas que lhes são pedidas. E mesmo os
catequistas com mais tempo sentem-se mal quando não sentem que a sua
competência cresce.
Para
mudar: É seu dever
ser claro com os novos catequistas sobre a forma como eles vão ser preparados
para a sua missão e serviço. Você precisa também se assegurar de que os materiais
necessários para a catequese estão disponíveis. Além disso, oferecer
oportunidade de formação permanente a todos os que trabalham pela catequese.
10. Não preparar seu “sucessor”
Algumas
pessoas acham que estarão na coordenação da catequese para todo o sempre. E não
é bem assim... Ou então se acham “insubstituíveis”. Saiba então que o melhor
líder é aquele que prepara e treina “sucessores”, que conduz o outro ao
crescimento, sem medo de perder o “cargo”. O grupo sente-se desmotivado quando
sente que suas ideias e iniciativas como líderes não são valorizadas.
Para mudar: Procure sempre na sua equipe pessoas
com perfil de liderança, que possam ficar no seu lugar se você precisar sair. Treine-as,
valorize-as. As coordenações devem ter rotatividade para que todos se sintam “potenciais”
líderes na condução da pastoral.
(Texto
adaptado da internet - Desconheço o autor. Alterei alguns pontos e acrescentei outros.)
Ângela
Rocha.