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domingo, 28 de novembro de 2021

OS SÍMBOLOS DO ADVENTO

 

Por esses dias, teve início o Advento, caminho de espera rumo ao Natal, cujo símbolo mais reconhecível é a coroa iluminada por quatro velas. Uma tradição que sugere um ambiente acolhedor e familiar. Por quatro semanas, acenderemos juntos uma vela "virtual" à descoberta de símbolos e significados

A coroa do Advento não é um costume antigo. Parece que tenha surgido pela primeira vez entre os luteranos alemães no século XVI, mas introduzida ainda mais tarde, em 1839, pelo pastor protestante Johann Hinrich Wichern, que foi um dos fundadores da Home Mission, um movimento pioneiro que na Alemanha se ocupava da pastoral urbana.

A primeira coroa era uma grande roda de madeira com muito mais velas, vinte pequenas para os dias de semana e quatro para os domingos. Mais tarde, essa tradição típica das igrejas protestantes alemãs também foi adotada pelas católicas. No início, era encontrada somente em locais eclesiásticos, mas com o tempo entrou em residências particulares de todo o mundo.

O Advento, as velas, os dias de espera

Conta-se que foram as crianças do orfanato a sugerir a ideia ao pastor Wichern. As crianças perguntavam continuamente a ele quantos dias faltavam para o Natal. E de fato, com as suas velas a serem acesas a cada domingo, a coroa do Advento marca o tempo, os dias que passam.

Uma canção infantil tradicional muito apreciada pelas crianças alemãs explica isso de uma forma muito simples e extremamente eficaz:

Advent, Advent,

ein Lichtlein brennt.

Erst eins, dann zwei,

dann drei, dann vier,

dann steht das Christkind vor der Tür.

Advento, Advento,

um pouco de luz queima.

Primeiro um, depois dois,

depois três, depois quatro,

e o Menino Jesus está às portas.

Escutehttps://www.youtube.com/watch?v=MFOcol5Z2GA  

A forma circular

Os símbolos ajudam o homem a decifrar o mistério. A coroa do Advento ajuda a tornar visível o tempo de espera e de estar juntos. Sua forma circular se refere ao início e ao fim, alfa e ômega, compreendidos dentro a eternidade e a unidade. Um ciclo que sempre volta e que traz consigo a perfeição divina. É um símbolo do amor infinito do Senhor.

Os ramos de pinheiro e abeto

No auge do inverno, a natureza apaga as suas cores, mas brilha com suas plantas sempre verdes, que não murcham. Assim, a coroa é formada de ramos de pinheiro e abeto para recordar vitalidade e esperança.

As velas

Com a família reunida, cabe ao mais novo acender as velas. Hoje são em sua maioria vermelhas, uma cor típica do Natal, mas caso se quisesse seguir o tempo litúrgico, as duas primeiras deveriam ser roxas e a terceira rosa, como acontece nos paramentos dos sacerdotes. Branca a eventual e menos difundida quinta vela para o dia de Natal.

O roxo recorda o significado original e mais profundo do Advento, que originalmente era a preparação para o Natal mediante o jejum e a penitência, enquanto o rosa alude à alegria e o branco à pureza absoluta de Jesus, a luz do mundo.


O significado da primeira vela

No início da primeira semana do Advento acendemos a primeira vela, a da esperança, chamada "de Profeta", porque recorda as profecias sobre a vinda do Messias. É ainda uma luz pequena, mas já arde com "a menor das virtudes, mas a mais forte", como o Papa Francisco define a esperança, que é escondida, mas tenaz e paciente. Dá-nos a certeza de que a escuridão desaparecerá com a luz.

 

Maria Milvia Morciano - Cidade do Vaticano

FONTE: Vatican News.

sábado, 27 de novembro de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: É TEMPO DE SALVAÇÃO


1º DOMINGO DO ADVENTO: Lucas 21,25-28.34-36

“Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação” (Lc. 21.28)

Na tradição cristã, inauguramos hoje o primeiro domingo do advento, que de acordo com o calendário, refere-se aos 04 domingos que antecedem a celebração do Natal de Jesus. Nesse período, não apenas a comunidade cristã, mas as mais diversas comunidades espalhadas pelo mundo, são convidadas a se envolverem com a mensagem de esperança em um novo tempo que há de vir. Neste primeiro domingo, o convite é para que os corações orantes reflitam e orem olhando para as necessidades reais e urgente de seu tempo e identifique sinais de clamor pela segunda vinda do glorioso Jesus, trazendo salvação hoje a agora.

Tendo em vista do que se trata o período e qual é a proposta do advento, ninguém mais indicado do que o apóstolo Lucas para nos inspirar com uma narrativa profunda, provocadora e animadora do evangelho de Jesus.

É bem provável que Lucas tenha concluído sua narrativa do evangelho por volta do ano 85, e escreve voltado para um público de pessoas em situação de pobreza ao lado de pessoas ricas e poderosas que detinham o controle do sistema religioso, político e econômico da época, ambas inseridas em cidades grandes como por exemplo a Antioquia da Síria, Éfeso e até mesmo a cidade da Grécia. Cidades governadas pelo império Romano que se sustentavam com um sistema de trabalho escravagista e indecentes taxações de impostos. Além das cruéis práticas do sistema econômico de exploração e dominação, as comunidades lucanas também sofriam com a perseguição política de intolerância religiosa ao se declararem seguidoras do Jesus de Nazaré, aquele que foi torturado e morto por levar mensagem de libertação ao povo pobre e oprimido. Diante disso, é importante ressaltar que a mensagem de Lucas faz um caminho da periferia para o centro. Jesus inicia na Galileia e termina em Jerusalém e é ali no centro de Jerusalém, diante do templo de pedras que Jesus denuncia as práticas de ganância, soberba, mas também aponta para sinais de profunda piedade como é o caso da viúva pobre que doa tudo o que tem (Luc. 21.01…). Também é diante do templo que Jesus avisa sobre os dias difíceis e de ódio que estavam por vir contra suas seguidoras e seguidores, mas, também é ali, que ele anuncia esperança de vida para aquelas e aqueles que se mantivessem perseverantes (Luc. 21.06-19…). De fato, os anos que se seguiram foram de total perseguição contra a comunidade seguidora de Jesus o Cristo.

Por conta de todo esse cenário de desolação, as pessoas daquelas comunidades estavam atravessando um momento de crise, manifestando cansaço, desânimo e descrença. Nesse sentido, Lucas escreve com a intensão de outra vez animar e reavivar a fé das seguidoras e seguidores de Jesus. O evangelista inicia sua narrativa lembrando a comunidade de que em Cristo temos o Deus da salvação e que essa salvação é para hoje.: “Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor” (Lc 2,11).

A leitura sobre o contexto da comunidade lucana é um convite para levantar o olhar sobre as nossas comunidades e apontar clamores de salvação e misericórdia. Assim como nos dias atuais, fica evidente que havia naquele período um projeto de destruição em curso que se materializava nas ações de controle do poder religioso e político de sua época. Hoje, observamos que esse projeto de morte se apresenta de diversas maneiras, seja associada a falta de recursos para a saúde, moradia digna, alimentação, trabalho e renda, ou na falta de espaço de respeito e vivências das experiências subjetivas de cada indivíduo.

Hoje no Brasil, ainda em meio a uma pandemia, por falta de um plano eficiente, urgente e comprometido com a promoção da vida de todas as pessoas, chegamos a um número absurdo de mais de 600.000 mortes decorrentes da pandemia provocada pela COVID-19; o genocídio da juventude negra é uma realidade cruel vivida diariamente no Brasil; somos pelo 12º ano o país que mais mata pessoas LGBTQIAP+; ocupamos o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, segundo dados da ONU;  o Brasil é extremamente vulnerável, uma realidade que é vivenciada por milhões de pessoas que estão hoje abaixo da linha da pobreza e outros milhões que estão na pobreza; o Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadoras e trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregadas e desempregados, segundo dados da (OIT); em pesquisa realizada entre agosto e dezembro de 2020, destaca que a insegurança alimentar no Brasil, que alcançou seu nível mínimo histórico em 2013 (22,6%), já atinge 36,7% dos domicílios brasileiros, conforme constatado pela IBGE. 2017/2018, bem antes, portanto, do início da pandemia[1].

O evangelho do Jesus da Galileia continua provocando e inspirando as comunidades de fé a assumirem sua missão profética de denúncia de toda e qualquer injustiça e anunciar um novo tempo de vida abundante para todas as pessoas. Nesse primeiro domingo do advento, toda a comunidade cristã é convidada a se posicionar perseverante como reais agentes de uma era promotora de justiça e paz onde todas as pessoas possam desfrutar da salvação misericordiosa de Jesus, hoje e sempre. Levantemos as nossas cabeças pois está chegando o tempo da vossa salvação. Advento é espera do verbo esperançar, é fé movida em profunda compaixão.

Texto: Kezzia Cristina Silva

cartacapital.com.br

Fonte: cebi.org.br

 

 

sábado, 20 de novembro de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: JESUS, PILATOS E A VERDADE


 

SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO João 18: 33b-37

Este é o último domingo do ano eclesiástico e não poderia haver reflexão mais apropriada que sobre o diálogo entre Jesus e Pilatos registrado em João 18: 33b a 37, porque nele está presente um tema que atravessa toda a caminhada da humanidade e que foi várias vezes levantado por Jesus: a verdade. O que é a verdade? Qual verdade?  Temos grandes contribuições filosóficas e teológicas sobre o tema, que não trabalharemos aqui, mas vou compartilhar o pensamento do Rev. John Wesley, que é instigante: “a verdade é algo pelo qual valha a pena arriscar a sua vida” (in Bíblia de Estudos John Wesley, SBB).

O diálogo entre Jesus e Pilatos no texto de João é emblemático porque Pilatos, um poderoso governador romano, com todas as estruturas de poder político e econômico a seu favor, não dá conta de entender quem é Jesus, um homem judeu sem cetro, sem coroa, sem um reino palpável, sem exército e eminentemente pobre, que entra em Jerusalém montado num jumento, e é saudado por mulheres e crianças, que tem a ousadia e firmeza de se proclamar rei.

Podemos observar que Pilatos, ainda que possa não ter acreditado na narrativa de Jesus defendendo ‘a sua verdade’, parecia entender que estava diante de alguém que ao dizer “meu reino não é desse mundo” (v. 36), não o ameaçava, e isso fica claro na conversa entre os dois: não havia disputa de poder e nem de reinos. O que Pilatos não conseguia entender é sobre que ‘reino de outro mundo’, Jesus falava com tanta autoridade. O fato é que ele não passou ileso nesse encontro com Jesus, tanto que chegou a declarar que não viu em Jesus o crime de sedição alegado pelos judeus religiosos que o levaram até o tribunal.

Pilatos estava diante de alguém diferente e com um discurso incompreensível para ele, porque o reinado de Jesus é o do serviço, da atenção aos pobres, do acolhimento, do amor e da justiça. E neste reinado não tem meias verdades, não tem uma verdade relativizada, porque ele representa a radicalidade do evangelho libertador e inclusivo.

Diferentemente de Pilatos, que precisou perguntar a Jesus o que é a verdade, para Jesus não é uma questão. É escolha, compromisso, é valor do Reino na caminhada. Ele não tem dúvida sobre a verdade que prega. Ele vive a verdade que prega, tanto que em outro contexto, também no livro de João, ele anuncia a importância de conhecermos a verdade porque ela nos liberta.

Ao refletirmos sobre o encontro entre Jesus e Pilatos, podemos sentir a força e a contemporaneidade dele para a nossa caminhada de fé, porque ainda hoje a humanidade continua a se digladiar sobre a verdade e suas implicações. líderes políticos e religiosos mentirosos, estão se apropriando, manipulando, deturpando e usando a verdade para fins escusos e para a morte do povo abandonado à própria sorte. A verdade desses mentirosos é a verdade da morte.

O Reinado de Jesus de Nazaré é a nossa inspiração, ainda que nos leve a julgamentos, à exclusão, ainda que nos faça perder amigas e amigos e a arriscar a nossa vida, porque é um reinado que não é desse mundo, ou seja, não é baseado nesse sistema opressor e excludente, e exige de nós um compromisso radical: caminhar na e com a verdade, experimentando e apregoando os valores do Reino anunciados por nosso irmão mais velho, Jesus de Nazaré, que nos desafia a pensar em outra lógica, outra prática e outra realidade que é a do amor, o repartir o pão, a abertura de nossas casas (a interior também!) para vivermos a verdade de forma plena e abundante.

Quando caminhamos com Jesus de Nazaré, passamos a compreender que “o evangelho é graça extravagante, inclusão radical e compaixão inflexível” (Thomas Merton).

Então, vamos juntas, juntos e juntes, porque a graça, a inclusão, a compaixão e a verdade são para quem quer ser parte e praticar os valores do reino de jesus de Nazaré.

Texto de Rute Noemi Souza

Fonte: cebi.org.br

 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A IGREJA NÃO É UMA EMPRESA

Já tinha lido esta frase do Papa Francisco nos livros e documentos que ele escreveu nos últimos anos. Mas de novo, recentemente, ele repetiu isso. Eu aprendi desde a minha adolescência, que a Igreja existe para evangelizar. É isso. Mas muitos dos nossos padres parecem não saber desta "verdade" histórica da Igreja. Evangelização. E isso se faz com acolhimento, misericórdia, escuta e preocupação com seus fieis. Os carreiristas "chanceleres" e outros tantos, doutores, mestres, teólogos, que citam grandes pensadores em sua homilias, mas não conseguem chegar ao povo mais pobre e necessitado, deveriam ler e assistir mais os vídeos do Papa para agirem de forma mais humana em suas paróquias e não serem apenas próximos a outros carreiristas leigos da elite de uma comunidade. Não é opinião, é verdade.

Palavras do PAPA

Por fim o Papa disse: 

Lembrem-se também que a Igreja não é uma organização política com esquerdas e direitas como nos parlamentos. Não é uma grande empresa multinacional dirigida por executivos que estudam como vender melhor o seu produto. A Igreja não se constrói com base em seu próprio projeto, não tira de si mesma a força para seguir adiante e não vive de estratégias de marketing. “A Igreja é formada por homens e mulheres pecadores como todos os demais, nasceu e existe para refletir a luz de um Outro, a luz de Jesus, assim como a lua faz com o sol. A Igreja existe para levar a palavra de Jesus ao mundo e tornar possível hoje um encontro com o Jesus vivo, tornando-se um veículo para seu abraço de misericórdia oferecido a todos”.


sábado, 13 de novembro de 2021

A FIBROMIALGIA NÃO É COISA DA SUA IMAGINAÇÃO!

 

Escrever este texto foi uma forma de explicar aos nossos leitores e seguidores, porque ando tão afastada no nosso grupo e páginas. Espero que esta fase termine logo e eu possa voltar a trabalhar e produzir. Um grande abraço a todos!

Ângela Rocha

A Fibromialgia é uma síndrome marcada por dores generalizadas e crônicas. Um simples abraço pode ser motivo de desconforto para a pessoas que tem fibromialgia. E chega a demorar até sete anos para conseguir um diagnóstico, principalmente devido a falta de exames que apontem o problema.  Sintomas da doença não são detectáveis por exames comuns e provocam descrença de familiares e amigos, mas a dor da fibromialgia é muito real. 

Durante mais de uma década, eu visitei consultórios de diferentes especialidades procurando alívio para minhas dores. As coisas ficaram mais graves há dez anos, quando acordei uma manhã sem poder mexer a perna direita, tamanha a dor que eu sentia. Fiquei sem poder andar vários dias. E fui ao ortopedista, ao neurologista, ao reematologista. Havia histórico de acidente doméstico, como uma queda na escada ou o trabalho de digitação feito ao longo de 27 anos como bancária e depois mais 3 anos como professora. A primeira vista, isto era resquício daquilo. Mas, a dor ia para todos dos lugares!

Fiz tomografia e raio-X de todos os lugares: pernas, braços, ombros, coluna, abdômen. Ah! Era a artrose do quadril; ou quem sabe a epicondilite do cotovelo; não, talvez fossem os osteófitos na lombar. E a dor sempre persistente mudando de um lugar pra outro. E quando ela, a "famigerada dor", começou a doer em lugares onde não havia nada de errado, o reumatologista aventou a possibilidade de ser Síndrome de FIBROMIALGIA. Isso foi em 2015. Doença que eu tinha ouvido falar mas nunca tinha dado importância, pois parecia “coisa da minha cabeça”.

Depois de seis anos em Londrina, mudei para Curitiba. Em princípio foi difícil achar um médico que me desse algum diagnóstico. Eram sempre: “tendinopatias”.  Questionada sobre o local da dor, era comum a resposta “meus fios de cabeço doem, a sola do meu pé dói, tudoooo dóis”. Os exames, entretanto, não revelavam nada: nenhuma inflamação ou lesão muscular, somente a epicondilite do cotovelo, artrose e osteófitos na lombar. Coisas que foi se resolvendo com 5 anos de fisioterapia e hidroterapia, aliviando na verdade. Peregrinando entre clínicos, endocrinologistas e reumatologistas, enfim, cheguei a um psiquiatra, Já estava convencida de que a dor só existia na minha imaginação depressiva.

Como as dores geralmente são musculares ou localizam-se nas articulações, sempre pensei na questão mais "física" da coisa e busquei a reumatologia para me ajudar. Afinal, minhas mãos foram ficando meio débeis, as articulações inchadas e a dor mais extrema era, do ombro a ponta dos dedos. Dedos que não me permitem mais usar anéis e aliança.

Continue lendo bastante a respeito do assunto e os estudos apontavam que esta seria uma doença da área dos neurologistas. O cérebro de quem tem fibromialgia processa uma dor de maneira exagerada. Estima-se que uma pressão de até quatro quilos não provoque dor na maioria das pessoas, mas bem menos que isso já é suficiente para disparar dor intensa em quem tem a doença. Mas, o neurologista não me foi de grande ajuda.

Algo que consegui algumas informações num site:

Desde a década de 1980 já havia estudos mostrando que pacientes com fibromialgia tinham neurotransmissores de dor, como a substância P (de “pain, “dor” em inglês), em maior quantidade. Dos anos 2000 para cá, com o avanço da neurociência, passou a ser possível mostrar em exames essa diferença”, explica o dr. Eduardo dos Santos Paiva, presidente da Comissão de Dor, Fibromialgia e outras Síndromes de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia”.

Sim, minha dor é um “exagero”. E eu a evito ao máximo. A ponto de evitar tomar as picadas das agulhadas da insulina porque “dóis demais” ou não medir a glicose porque aquela agulhinha parece que espeta o meu cérebro. E uma coisa que poderia ser só uma “dor da minha cabeça” acabou levano ao descontrole do diabetes, ao stress da hipertensão, a fome louca quando estou estressada, a obesidade, e ao fato de, definitivamente, não gostar nada de mim e pedir a Deus para morrer em diversos momentos de dor.

Outra coisa que li na internet:

É possível detectar a reação exagerada do cérebro a estímulos por meio de uma Ressonância Magnética Funcional, mas esse é um exame extremamente caro e trabalhoso e exige profissionais especializados e experientes para ser realizado, o que faz com que não seja aplicado rotineiramente e fique praticamente restrito ao uso em estudos”.

Ah quem me dera fazer parte de um estudo destes! No entanto o máximo que fiz foi tentar dar a minha dor uma “nota” num quadro de várias cores: Como boa aluna, a nota nunca foi abaixo de 8.

Geralmente, a investigação conta muito com o relato do próprio paciente e com exames para detectar doenças que possam ter sintomas similares, como  como espondilites, polimiagia reumática, hipotireoidismo, mieloma múltiplo (um tipo de câncer), artrite e outras dores da coluna.

Em geral, o primeiro indício de fibromialgia é uma dor localizada que persiste e, com o tempo, evolui e se alastra para tornar-se difusa, semelhante à dor que toma o corpo todo após uma gripe forte. Normalmente a dor surge sem motivo, mas às vezes pode ser desengatilhada por traumas psicológicos, físicos, como uma lesão provocada por um acidente de carro, ou infecções.

Até os anos 1990, usava-se um mapa elaborado por 20 reumatologistas para testar a sensibilidade do paciente. Os 18 pontos distribuídos pelo corpo eram os mais citados por pacientes como locais doloridos. São simétricos bilateralmente, e a maioria se concentra acima da cintura. Alguns deles, em especial na nuca, nas escápulas e na parte externa dos cotovelos, ao serem pressionados provocavam gritos de dor.

 

(Posso acrescentar mais umas 18 a imagem acima...)

Ainda assim, a dor da fibromialgia é diferente das dores agudas, como as causadas por um corte ou uma porta que se fecha violentamente sobre um dedo. Essa dor aguda gera uma reação fisiológica, a pessoa sua, berra. Já na dor crônica da fibromialgia a pessoa vai se adaptando e passa a conviver com ela no dia a dia. Um paciente fibromiálgico que queira esconder sua condição consegue falar normalmente, sem demonstrar que está sofrendo. Quando está habituado à dor, então, vive seu cotidiano aparentemente sem sentir nenhum desconforto, o que motiva a descrença por parte de quem convive com ele. 

Entende-se que, para haver fibromialgia, é necessário haver dor em todo o corpo por mais de três meses, na maioria dos dias ao longo desse período. Os pontos de dor foram muito usados durante os anos 1990. Hoje em dia, eles ainda ajudam, mas não são definidores do diagnóstico. É necessário haver um conjunto de outros sintomas que englobam cansaço extremo, alteração do sono, da concentração e problemas de memória. Coisa que posso descrever em minúcias se for necessário...

Entre esses sintomas, é marcante o papel da fadiga para caracterização da doença. Faz parte do processo de diagnóstico um questionário que visa a avaliar o impacto do cansaço na rotina do paciente. Ele tem de classificar de 0 a 10 o nível de dificuldade que enfrentou para realizar determinadas tarefas. E pelo grau de exigência das tarefas, podemos ter uma ideia do quão intensa pode ser a falta de energia. Afinal, como é possível se cansar penteando os cabelos?

É um cansaço diferente, não é uma simples preguiça. Você acorda totalmente esgotada, sem vontade nenhuma de fazer as coisas. Quando está “leve”, você levanta e vai fazer o que tem que fazer. No geral eu sinto cansaço sempre, problemas de memória e dor generalizada, mais concentrada no lado direito do quadril e no braço esquerdo.

Assustador que exista no Brasil um contingente de aproximadamente 5 milhões de pessoas (cerca de 2% a 3% da população, percentual próximo ao que se estima no mundo), com fibromialgia. E que esta seja uma doença de “mulheres”. Mais um fardo que a mulher precisa carregar

Existem dez vezes mais mulheres atingidas que homens. Segundo o National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases, entre 80% e 90% das pessoas com fibromialgia são mulheres. O machismo enraizado em nossa cultura mostrou-se muito eficiente para transformar um fato científico em uma característica inerente ao gênero. Se as pacientes são mulheres, provavelmente a dor é psicológica, frescura, drama, sintoma de TPM (Tensão Pré-Menstrual) etc. E assim, gerações de mulheres passaram a vida resignadas, com dor e outros sintomas. No começo não é fácil, a gente não sabe o que é. Antes, tudo era reumatismo, mas a dor não passa e aí você vai vivendo. E quando as coisas vão ficando mais difíceis: “Ah é meu reumatismo!”

A ligação entre fibromialgia e o sexo feminino pode estar na serotonina, neurotransmissor que influencia o sono, a produção de hormônios, o ritmo cardíaco e outras funções fisiológicas importantes. As mulheres produzem menos serotonina, e por isso são mais propensas a problemas como depressão, enxaqueca e transtornos de humor, principalmente no período de TPM. Como o neurotransmissor também participa do processamento da dor, talvez esse seja a explicação para o número muito maior de pacientes mulheres.

Além da forte relação com o sexo feminino, a doença tem laços estreitos com a depressão. Cerca de 50% dos fibromiálgicos apresentam também esse transtorno grave, com um quadro agravando o outro: a dor e o descrédito provocam reclusão, piorando a depressão, que por sua vez intensifica a dor – de forma real, e não psicológica.

Como a dor da fibromialgia não tem uma origem definida, analgésicos e anti-inflamatórios não ajudam. Os medicamentos que surtem algum efeito são os da classe dos antidepressivos e neuromoduladores. Porém, alguns pacientes podem encarar a prescrição com desconfiança, devido à imagem negativa que as doenças psiquiátricas têm em nossa sociedade. Aqueles que tiveram de encarar incredulidade até chegar ao diagnóstico podem até expressar revolta, interpretando que a sombra da “dor psicológica” está voltando e que estão sendo tratados de algum transtorno psiquiátrico. No caso da fibromialgia, entretanto, tais remédios são usados simplesmente para aumentar a quantidade de neurotransmissores que diminuem a dor.

 E foi isso que o psiquiatra me explicou. Vou tomara Rivotril e Valdoxan porque preciso agira na dor, não porque estou “surtando” de louca.

Atualmente, a palavra-chave do tratamento para fibromialgia é atividade física. Mesmo quando o médico decide incluir alguma medicação, ela serve para permitir a prática de exercícios. É comum, por exemplo, pacientes dormirem mal. Eu durmo cerca de 3 horas por noite. Nada que repõe a energia, continuo cansada, me deito a tarde, durmo de forma leve, tenho mil pesadelos e acordo mais cansa da ainda. Às veze até durmo horas suficientes para repor as energias, mas ainda assim acordo cansada, o sono não é reparador.

Em um caso desses, receitar um medicamento para facilitar o sono obviamente melhora a qualidade de vida, mas tem como objetivo final dar mais disposição para uma atividade física no dia seguinte. O paciente normalmente tem dificuldade pra entender por que tem tanta dor e não aparece em nenhum exame, então é preciso um Rivotril pra resolver.

A fibromialgia não é considerada uma doença curável. Há casos em que os sintomas diminuem consideravelmente, chegando a quase desaparecer, mas há outros em que será necessário fazer controle por toda a vida. Há períodos em que há uma certa trégua. As dores ficam no patamar do “de sempre” (suportável), e a gente consegue sorrir e fiungir pros outros que você não é uma chorona que só sabe dizer: “Ai que dor!”.

Entender que a fibromialgia não se cura é fundamental para levar o tratamento da melhor forma possível. Assim como a “retroalimentação” que ocorre fibromialgia e depressão, os sintomas da doença trazem uma série de problemas que se acumulam e se reforçam. A dor altera o humor, que afeta o rendimento e as relações sociais, o que aumenta o estresse, que é um dos gatilhos da dor e assim estende-se ao infinito.

Pacientes não precisam se preocupar com danos graves, como deformações ou paralisação de membros. Além disso, precisam ter informação sobre a doença e não se abalarem caso ainda encontrem profissionais e pessoas que os desacreditem. Mantido o tratamento, a perspectiva é que as dores regridam ao custo de uma rotina que é recomendada para a saúde de qualquer ser humano: atividade física regular.

Apesar do paciente fibromiálgico apresentar baixa tolerância aos exercícios físicos, relatando uma sensação de fraqueza muscular, incapacidade física, alteração na capacidade de executar tarefas de vida diária, extremo cansaço, médicos dizem que é preciso “forçar a barra” e tentar fazer atividades físicas.

Este quesito da atividade física, no entanto, foi bastante prejudicado pela Pandemia do Corona Vírus. Como fazer atividades físicas sem sair de casa? E acho que estou “pagando o preço” de uma imobilidade de 1 anos e 8 meses. Se não andar dói, se andar dói mais ainda.


* Ângela Rocha – paciente com fibromialgia diagnosticada em 2015. Diabética tipo 2 e  dependente de insulina.

 

Adpatação da Matéria do site https://drauziovarella.uol.com.br/reumatologia/fibromialgia-nao-e-coisa-da-sua-imaginacao/

Matéria premiada no prêmio SBR/Pfizer de Jornalismo 2016.

 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

POR UMA SANTIDADE VIGILANTE E LIBERTADORA

 


REFLEXÃO DO EVANGELHO  Marcos 13,24-32

No Evangelho de Hoje, iremos refletir sobre um trecho do capítulo treze do Evangelho de Marcos. O ensino de Jesus nessa passagem é sobre serviço e a vida de santidade, e já podemos começar com uma pergunta: o que temos aprendido sobre santidade em nossa caminhada como discípulas e discípulos de Jesus? Qual a definição que temos sobre santidade? O que significa viver em santidade em um mundo cheio de desafios, sobretudo nos dias de hoje?

Por várias décadas, nos foi ensinado que, para viver uma vida de santidade, é preciso se afastar das coisas mundanas, onde o legalismo se ocupou em elaborar uma lista de práticas pecaminosas e abomináveis aos olhos de Deus. O que é proibido e o que é lícito é o que define a vida de santidade. Nessa esfera de “santidade”, os que pretendem seguir a Jesus passam a viver em uma realidade distante, isolados do tempo e da história, sem envolvimento com as mazelas no mundo de hoje.

Mas o ensino de Jesus caminha para outra direção. Viver em santidade não é um chamado para o isolamento da sociedade, ao contrário, a vigilância acontece em uma vida de serviço, amor e fraternidade. Jesus entrega aos discípulos e discípulas a missão do serviço, em vigilância, assim, deslizada a missão, entregar ao seu Mestre bons frutos, frutos de esperança e partilha.

A santificação não é a prática dos velhos religiosos, pautada nos ritos do templo e no cumprimento das leis, a santificação brota do coração dos apaixonados pelo Evangelho libertador de Jesus de Nazaré, que se misturam com o povo, que escuta o seu sofrimento e luta, que age diante dos múltiplos desafios da vida, a santificação deve abrir nossos olhos para o tempo de hoje, nos libertando das velhas práticas religiosas do passado, vida abundante, na esperança e na fé.

Uma leitura a partir do contexto, nos Evangelhos, o ensino de Jesus aponta para um caminho de libertação, por isso, urge uma atenção e reação a tudo que oprime, sobretudo os pobres. No trecho do Evangelho de Marcos, Jesus usa a figura do Senhor que entrega aos servos uma missão, e adverte sobre a importância da vigilância até a sua vinda. Essa missão está profundamente ligada ao cuidado e serviço às pessoas, às lutas libertárias nos diversos lugares, ao contrário das velhas práticas do legalismo, nossa missão hoje é o amor e a partilha.

No texto do Evangelista Marcos, Jesus também fala de tribulação (sofrimento), e, certamente é uma palavra para nossos dias. Quantos dos nossos irmãos e irmãs vivem em tribulação? Desemprego, fome, violência e etc. São milhões de oprimidos. Portanto, urge a missão vigilante da luta libertadora aqui e agora.

Marcos Aurélio dos Santos, teólogo popular e membro do CEBI RN.

Fonte: cebi.org.br

 

sábado, 6 de novembro de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO – AS BEM-AVENTURANÇAS: EU SOU FELIZ É NA COMUNIDADE!


 imagem: google

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Mateus 5,1-12

Olhar a prática da nossa comunidade

O evangelho deste domingo nos convida a meditar sobre o começo do “Sermão da Montanha”. Certa vez, vendo aquela multidão imensa de gente que o seguia, Jesus subiu um pequeno morro para que todos pudessem vê-lo e ouvi-lo. Sentado lá no alto e olhando o povo, ele disse: “Felizes os pobres de espírito”. Estas palavras de Jesus fazem a gente pensar e se perguntar: “O que é mesmo a felicidade? Quem é realmente feliz?”.

Situando

Aqui no capítulo 5, Jesus aparece como o novo legislador. Sendo Filho, ele conhece o Pai e o objetivo que ele tinha em mente quando, séculos atrás, deu a Lei ao povo pela mão de Moisés. Por isso, Jesus pode nos oferecer uma nova versão da lei de Deus. O solene anúncio da Nova Lei começa aqui no Sermão da Montanha.

No Antigo Testamento, a Lei de Moisés é apresentada em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei que revela o sentido desta Lei, dividindo o evangelho em cinco livrinhos. As partes narrativas dos cinco livrinhos, intercaladas com cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e têm como objetivo mostrar como Jesus observava a Lei e a encarnava em sua vida.

Comentando

Mateus 5,1: O solene anúncio da Nova Lei

Havia apenas quatro discípulos com Jesus. Pouca gente. Mas uma multidão imensa estava à sua procura. No AT, Moisés subiu o Monte Sinai para receber a Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a Montanha e, olhando o povo, proclama a Nova Lei.

Mateus 5,3-10: As oito portas de entrada do Reino

São oito categorias de pessoas, oito portas de entrada para o Reino, para a Comunidade que é chamada a viver as relações do Reino. Não há outras entradas! Quem quiser entrar terá que identificar-se com uma dessas oito categorias

1.   os pobres de espírito 1. deles é o Reino dos Céus

2.   os mansos   2. herdarão a terra (bens)

3.   os aflitos   3. serão consolados (bens)

4.   os com fome e sede de justiça     4. serão saciados (pessoas)

5.   os misericordiosos     5. obterão misericórdia (pessoas)

6.   os de coração limpo   6. verão a Deus (Deus)

7.   os promotores da paz   7. serão filhos de Deus (Deus)

8.   os perseguidos por causa da justiça 8. deles é o Reino dos Céus

A primeira e a última categoria recebem a mesma promessa: o Reino dos Céus. E a recebem desde agora, pois Jesus diz “deles é o Reino dos Céus”.

Como mostra o esquema acima, entre estas duas categorias, há três duplas às quais é feita uma promessa no futuro:

·         2 e 3: mansos e aflitos: dizem respeito ao relacionamento com os bens materiais, terra e consolo;

·         4 e 5: Fome e sede de justiça e misericordiosos: dizem respeito ao relacionamento com as pessoas na comunidade: justiça e solidariedade;

·         6 e 7: Coração limpo e promotores da paz: dizem respeito ao relacionamento com Deus: ver a Deus e ser chamado filho de Deus.

Em outras palavras, o Projeto do Reino, apresentado por Jesus nas bem-aventuranças, quer reconstruir a vida na sua totalidade: no seu relacionamento com os bens materiais, com as pessoas entre si e com Deus. No tempo de Mateus, este projeto estava sendo assumido pelos pobres e, por causa disso, estavam sendo perseguidos.

Alargando

A comunidade que recebe as bem-aventuranças

Mateus tem oito bem-aventuranças. Lucas tem quatro bem-aventuranças e quatro maldições (Lucas 6,20-26). As quatro da Lucas são: “vocês pobres, vocês que passam fome, vocês que choram, vocês que são odiados e perseguidos” (Lucas 6,20-23). Lucas escreve para comunidades de pagãos convertidos. Elas vivem no contexto social hostil do Império Romano. Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos, que vivem num contexto de ruptura com a sinagoga. Antes da ruptura, elas tinham certa condição e aceitação social. Mas, depois da ruptura, essas comunidades entraram em crise. Nelas, aparecem grupos de várias tendências brigando entre si. Alguns da linha farisaica querem manter rigor na observância da Lei a que estavam acostumados desde antes da conversão a Jesus. Mas fazendo assim, excluem os pequenos, as pessoas pobres.

A nova lei trazida por Jesus pede que todos possam ser acolhidos na comunidade como irmãos e irmãs. Por isso, o solene início da Nova Lei traz oito bem-aventuranças que definem as categorias de pessoas que devem ser acolhidos na comunidade: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os que promovem a paz e os que são perseguidos. 

O que é ser pobre em espírito?

Jesus reconhecia a riqueza e o valor dos pobres. Definiu a sua missão como envio do Espírito do Senhor para “anunciar a Boa Nova aos pobres” (cf. Lucas 4,18-19). Ele mesmo vivia como pobre. Não possuía nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça. E, a quem queria segui-lo, ele mandava escolher: ou Deus ou o dinheiro. Então, o Pobre em Espírito quem é? É o pobre que tem este mesmo Espírito de Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que diz: “Eu acredito que o mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor!”

Texto de Mesters, Lopes e Orofino

Fonte: cebi.org.br