NÃO ESTAMOS SOZINHOS NA LUTA CONTRA O
DESESPERO
“Não estamos sozinhos na luta contra o
desespero. Jesus é capaz de vencer em nós tudo aquilo que se opõe ao bem”. E
“se Deus está conosco, ninguém poderá roubar-nos aquela virtude de que temos
necessidade para viver. Enfim, ninguém nos roubará a esperança”.
Daí, a necessidade, segundo
Francisco, de conhecermos muito bem os principais “inimigos” da esperança em
geral e da esperança cristã de modo particular. Esta, caros ouvintes, é o centro da mensagem catequética do Papa Francisco, na Audiência Geral na Praça de São Pedro repleta de fiéis e
peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo. Recordamos que o tema da catequese
do Papa para este ano é, precisamente, o tema da esperança cristã.
Na Audiência Geral desta
quarta-feira em que foi também lançada a Campanha da Caritas Internacionalis,
sob o lema “Partilhar a viagem”, o Papa Francisco concentrou a sua catequese
sobre os piores “inimigos da esperança”. Neste sentido o Pontífice advertiu
sobre a necessidade de ter sempre presente e nunca esquecer que, e citamos,
“ter tudo da vida é um infortúnio”; que “a esperança não é virtude para pessoas
com o estômago cheio”; e sobretudo, que “ter uma alma vazia é o pior obstáculo
à esperança”.
Na sua reflexão o Santo Padre
partiu do “antigo mito da caixa de Pandora”, que, segundo o Papa, revela-nos a
importância da esperança para a humanidade.
Francisco recorda que “é a
esperança que mantém em pé a vida, que a protege e a faz crescer”; esta
esperança porém, sublinhou é muito diferente daquilo que se costuma dizer que
“enquanto houver vida há sempre esperança”.
“Se os homens não tivessem
cultivado a esperança – observou - “nunca teriam saído das cavernas e não
teriam deixado marcas na história do mundo”. É uma das coisas mais divinas que
existe no coração do homem.
Ao referir-se ao poeta francês
Charles Péguy – nas palavras do Santo Padre “deixou páginas estupendas sobre a
esperança” – o Papa observou que a imagem de um dos seus textos evoca “os
rostos de tanta gente que passou por este mundo – agricultores, pobres,
operários, migrantes em busca de um futuro melhor – que lutaram constantemente não
obstante a amargura de um hoje difícil, cheio de tantas provações, animados
porém pela confiança de que os filhos teriam uma vida mais justa e mais
serena”.
Assim, acrescentou o Pontífice, “a
esperança é o impulso no coração de quem parte deixando a casa, a terra, às
vezes até familiares e parentes, para buscar uma vida melhor, mais digna para
si e para os próprios familiares”, mas é também “ o impulso no coração de quem
acolhe, o desejo de encontrar-se, de conhecer-se, de dialogar”.
“A esperança é o impulso para
“partilhar a viagem” da vida, como nos recorda a Campanha da Caritas que hoje
iniciamos”.(…) “Irmãos, não tenhamos medo de partilhar a viagem! Não tenhamos
medo de compartilhar a esperança!”.
Francisco recordou então que “a
esperança não é virtude para pessoas com o estômago cheio”, e é precisamente
por este motivo que, sublinhou, “os pobres são os primeiros portadores da
esperança”, como José e Maria e os pastores de Belém. “Enquanto o mundo dormia
recostado nas tantas certezas adquiridas, os humildes preparavam no silêncio a
revolução da bondade. Eram pobres de tudo”, mas “eram ricos do bem mais
precioso que existe no mundo, isto é, o desejo de mudança”.
Daí que, “às vezes – observou o
Pontífice – ter tudo na vida é um infortúnio”:
“Pensem num jovem a quem não foi ensinada
a virtude da espera e da paciência, que não teve que suar por nada, que queimou
as etapas e aos vinte anos “já sabe como funciona o mundo”. Está destinado à
pior condenação: a de não desejar mais nada. Parece um jovem, mas já entrou o outono no seu coração”.
Mas também, sublinhou ainda o
Papa, “a alma vazia é o pior obstáculo à esperança”; “um risco para o qual
ninguém está excluído, porque ser tentados contra a esperança pode acontecer
também quando se percorre o caminho da vida cristã”, como advertiam os monges
da antiguidade, ao denunciar um dos priores inimigos do fervor, que é
aquele “demônio do meio-dia”.
A preguiça, de fato, – como
a definiam os Padres – “é uma tentação que nos surpreende quando menos
esperamos: os dias tornam-se monótonos e enfadonhos”, nenhum valor mais parece
merecer algum esforço na nossa vida. E quando isto acontece, advertiu
Francisco, o cristão sabe que aquela condição deve ser combatida, nunca
aceitá-la passivamente, pois, Deus nos criou para a alegria e para a felicidade,
e não para ardermos em pensamentos melancólicos.
Por esta razão, concluiu dizendo o
Santo Padre, devemos custodiar o coração, “opondo-nos às tentações da
infelicidade, que certamente não provém de Deus. E lá onde as nossas forças
parecem fracas e a batalha contra a angústia dura, podemos sempre recorrer ao
nome de Jesus. Podemos repetir aquela oração simples, que encontramos também
nos Evangelhos e que se tornou a base de tantas tradições espirituais cristãs:
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim pecador!.
Não estamos sozinhos na luta
contra o desespero. Jesus é capaz de vencer em nós tudo aquilo que se opõe ao
bem. E se Deus está conosco, ninguém poderá roubar-nos aquela virtude de que
temos necessidade para viver. Ninguém nos roubará a esperança”.
Na conclusão da sua audiência e
come de costume, também hoje não faltou a habitual saudação do Papa Francisco
aos peregrinos de língua oficial portuguesa presentes na Praça de S. Pedro:
Saúdo, disse Francisco, todos os peregrinos de língua portuguesa, em particular
os fiéis de Arruda dos Vinhos e Sobral e os diversos grupos do Brasil. Queridos
amigos, a esperança cristã nos leva a olhar para o futuro como homens e
mulheres que não se cansam de sonhar com um mundo melhor. Que Maria, causa da
nossa esperança, vos guie nesse caminho.
RADIOVATICANA.VA