Uma das grandes graças da
nossa Igreja Católica Apostólica Romana é o fato de ser iluminada por uma
liturgia, que atualiza a história da salvação nos ritos e nas celebrações para
despertar à esperança escatológica em seus fiéis. Segundo o Catecismo: “Esta
é a razão pela qual, na liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério
pascal pelo qual Cristo realizou a nossa salvação. (CIgC 1067). Na
liturgia, a Igreja anuncia e celebra o mistério de Cristo, a fim de que os
fiéis vivam e deem testemunho dele no mundo. Está é a riqueza da liturgia, que
através das celebrações realiza o culto divino e anuncia o Evangelho.
É muito comum se ouvir o
termo “festa” para designar toda e qualquer celebração. Estas celebrações são
subdividas em tempos litúrgicos como Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo
Comum, fechando o ano litúrgico. Já as celebrações litúrgicas se estruturam,
segundo o grau de importância, em: memórias, festas e solenidade. As
solenidades são as principais celebrações, seguida das festas e depois as
memórias, que podem ser facultativas ou obrigatórias.
Solenidade
As solenidades são as
celebrações mais importantes da liturgia da Igreja e não podem ser omitidas.
São exemplos de solenidades Natal, Páscoa, Pentecostes, Imaculada Conceição de
Maria, Santa Mãe de Deus, Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei dentre outras.
Nestas solenidades, recebem destaque santos de notoriedade importância na
história da salvação como São José, São João Batista, São Pedro e São Paulo. As
solenidades se iniciam sempre com as vésperas do dia anterior e, da mesma forma
que o domingo, a celebração possui oração própria, três leituras, orações dos
fiéis, Glória e o Credo.
Festa
Depois das solenidades, em
grau de importância, vem as festas em honra de algum título de Nosso Senhor ou
de Nossa Senhora. As festas são celebrações litúrgicas dedicadas também aos
grandes santos como os apóstolos, os evangelistas e alguns mártires como, por
exemplo, São Lourenço. As festas possuem orações próprias e o Glória, mas
possuem apenas duas leituras.
Memória
Por fim, as memórias, em
grau de relevância, são as menores destas celebrações. Geralmente, referem-se à
celebração de um santo, mas ainda pode celebrar algum aspecto ou título da vida
de Nosso Senhor ou da Virgem Maria. Liturgicamente, não existe diferença entre
a memória facultativa (que pode ser celebrada ou omitida) e a memória
obrigatória. É celebrado o sacrifício pascal de Cristo com ênfase no testemunho
de fé e na memória do santo celebrado que viveu de acordo com o Santo
Evangelho. Quanto às leituras, elas podem ser específicas, mas, de regra geral,
seguem o Ciclo litúrgico com as leituras próprias do dia.
FESTAS E SOLENIDADES DO
ANO LITÚRGICO
Tempo Pascal e Tempo
Comum
O Tempo
Pascal é composto pelos seguintes Domingos e Festas:
ü Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor
ü Oitava da Páscoa - semana que procede a Páscoa
ü 2º Domingo da Páscoa: Domingo da Divina
Misericórdia
ü 2ª Semana da Páscoa
ü 3º Domingo da Páscoa
ü 3ª Semana da Páscoa
ü 4º Domingo da Páscoa: Dia do Bom Pastor,
e Dia mundial de orações pelas Vocações
ü 4ª Semana da Páscoa
ü 5º Domingo da Páscoa
ü 5ª Semana da Páscoa
ü 6º Domingo da Pácoa
ü
6ª
Semana da Páscoa: Ascensão do Senhor (A Ascensão é tradicionalmente celebrada numa quinta-feira, a
décima-quarta da Páscoa (segundo a contagem de Atos
1,3), embora algumas províncias tenham mudado a observância para o
domingo seguinte).
ü 7º Domingo da Páscoa:
Pentecostes
ü
7ª
Semana da Páscoa (até o sábado, no domingo já inicia o Tempo Comum)
A festa
da PÁSCOA determina as seguintes festas:
ü
Domingo
de Pentecostes: domingo após o da Ascensão do Senhor, 50º dia depois da
Páscoa.
ü
Festa
da Santíssima Trindade: domingo após o de Pentecostes, 56 dias depois da
Páscoa – Tempo Comum.
ü
Solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo, ou Corpus Christi: quinta-feira após a Festa
da Santíssima Trindade, 60 dias
após a Páscoa – Tempo Comum.
ü
Festa
do Sagrado Coração de Jesus: segunda sexta-feira após o Corpus
Christi, 68 dias após a Páscoa – Tempo Comum.
ü
Festa
do Imaculado Coração de Maria: sábado após
a Festa do Sagrado Coração de Jesus – Tempo Comum.
FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR
A Ascensão é uma solenidade litúrgica, comum em todas as Igrejas cristãs, que se celebra no 40º dia após a Páscoa da Ressurreição. Visto que este dia cai em uma quinta-feira, sua solenidade foi transferida, em muitos países, para o domingo seguinte. A Liturgia, para facilitar a participação dos fiéis, fixou a Ascensão do Senhor para o 7º Domingo da Páscoa. Com a Ascensão ao Céu, conclui-se a vida de "Cristo histórico" e se inicia o tempo da Igreja. “Os onze discípulos foram
para a Galileia, ao monte que Jesus lhes havia indicado. Quando o viram, se
ajoelharam. No entanto, alguns ainda duvidavam. Mas Jesus, aproximou-se deles e
lhes disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai
a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os
dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 16-20).
A Assunção de Jesus ao Céu não
é, portanto, uma "separação", mas um modo novo de ser: eis a
explicação dos discípulos voltarem com "grande júbilo" (Lc 24,52).
Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, abrem-se as portas do céu e da
vida eterna.
Nesta solenidade, a Igreja nos convida a voltarmos os
olhos para o céu, nossa Pátria definitiva. Como diz São Paulo: “Vós que
ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde está Cristo (Col
3,1)”. Em nossa profissão de fé, rezamos que Jesus “subiu aos
céus e está sentado à direita do Pai”. Por isso, na Ascensão,
celebramos Jesus dando por completa sua missão. Ele veio do Pai,
revelou-nos o rosto Misericordioso do Pai, ensinou-nos a amar o Pai e a fazer
em tudo a Sua Vontade. Ele cumpriu até o fim a missão que o Pai lhe confiou.
Agora Ele volta para o Pai, após ter ensinado a percorrer o caminho
que nos levará de volta para Deus, e Ele próprio se faz o caminho “ninguém
vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6).
Nos Atos dos Apóstolos 1, 1-11, encontramos a narração da Ascensão de Jesus.
Enquanto Jesus se eleva e os discípulos ficam olhando para
o alto, uma voz os interpela dizendo: “Por que ficais aí olhando
para o céu? O mesmo Cristo que hoje foi elevado, virá novamente a vós”. A
Ascensão deve nos levar a um comprometimento em nossa fé,
como discípulos missionários do Senhor pois, com a Ascensão,
termina a missão de Jesus e começa a missão da Igreja.
A Ascensão de Jesus não é uma despedida, mas
sim, um novo modo de sua presença. Ele agora continua agindo através
daqueles que Nele acreditam e que se dispõem a continuar o seu amor no
mundo.
FESTA DE PENTECOSTES
O Dia de Pentecoste sempre cai em um domingo. O dia celebra um dia memorável, mas não é apenas o que aconteceu naquele dia, mas quando e porquê ele aconteceu que revela a mão de Deus, e um presente poderoso dado a todos.
Pentecostes é uma celebração religiosa cristã que
comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo,
cinquenta dias depois da Páscoa. Atualmente, o Pentecostes é comemorado principalmente pela
igreja católica e ortodoxa, no entanto, ambas celebram em datas diferentes. Em
2023, o Dia de Pentecostes será comemorado em 28 de maio, por exemplo.
Por norma, o Pentecostes é celebrado 50 dias depois do
domingo de Páscoa, data instituída como a da ressurreição de Jesus Cristo. Para os cristãos, o Pentecostes é uma das datas mais
importantes do Calendário Litúrgico, juntamente com a Páscoa e o Natal.
O termo “Pentecostes” se originou a partir do
grego pentēkostḗ, que significa “quinquagésimo”, em referência aos 50 dias
que se sucedem depois da Páscoa.
No Antigo Testamento da bíblia sagrada cristã, o
Pentecostes era uma comemoração feita exclusivamente pelos judeus, logo após a
última colheita do ano, numa forma de agradecer pela comida providenciada por
Deus. Também ficou conhecida como uma celebração da Lei de Deus. Essa
comemoração aconteceu especificamente na primeira Páscoa após o povo de Israel
sair da escravidão do Egito e receber os Dez Mandamentos enviados por Deus.
Porém, no Antigo Testamento, o Dia de Pentecostes é citado
com outros nomes, como: Festa da Colheita ou Sega (Êxodo 23.16), Festa das
Semanas (Deuteronômio 34.22) e Dia das Primícias dos Frutos (Números 28.26).
No Novo Testamento, a comemoração de Pentecostes é
citada no livro dos Atos dos Apóstolos 2, episódio que narra o momento em que
os apóstolos de Cristo receberam os dons do Espírito Santo, logo após a subida
de Jesus aos céus.
FESTAS E SOLENIDADES NO
TEMPO COMUM
O Tempo Comum é o tempo litúrgico mais extenso, sendo 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira parte inicia após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira de Carnaval. A segunda parte inicia após a Festa de Pentecostes. A cor predominante desse tempo é o verde, que simboliza a esperança, a esperança na vinda do reino de Deus. Durante o Tempo Comum, acompanhamos Jesus em sua vida pública e percorrendo Israel até chegar em Jerusalém e ser aclamado como Rei.
Algumas solenidades e festas importantes ocorrem durante o
Tempo Comum, dentre algumas destacamos: Santíssima Trindade, que ocorre
no domingo após Pentecostes; Solenidade de São Pedro e São Paulo, no fim
do mês de junho ou início de julho; Assunção de Nossa Senhora, no dia 15
de agosto; e a Solenidade de Cristo Rei, na última semana do Tempo
Comum.
FESTA DA SANTÍSSIMA
TRINDADE
MISTÉRIO DE UM
SÓ DEUS EM TRÊS PESSOAS: PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO.
O Domingo da Santíssima Trindade celebra a doutrina cristã da
trindade, as três Pessoas de Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
"[..] Mas Jesus,
aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide,
pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou
convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mateus 28, 16-20).
No primeiro domingo depois
de Pentecostes, comemora-se a festa da
Santíssima Trindade. A Santíssima Trindade é um mistério de um só Deus em três
Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. E esse é o mistério central da fé e
da vida cristã. Só Deus pode nos dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e
Espírito Santo. A festa da Santíssima Trindade quer trazer-nos o aspecto trinitário do
tempo pascal, ou seja, a obra redentora de Deus, que se operou no Cristo Jesus
pela ação viva e eficaz do Espírito Santo. O Deus dos cristãos é um Deus Uno e
Trino, e é na mesma dimensão trinitária que se consumou a obra da redenção.
Em resumo, a Santíssima
Trindade é: Pai que é Deus, que é Amor: somente o Pai que ama, respeita a liberdade de seu filho. Filho que é Jesus
Cristo: é o Deus visível que se fez homem, nascendo
da Virgem Maria para cumprir a vontade de Deus de libertar os homens do pecado. Espírito Santo que é o
Amor do Pai e do Filho que nos é comunicado e
transmitido. A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e ordenada
à do Filho, ou seja, toda a vida de Jesus manifesta a vontade do Pai que por
sua vez é manifestada pelo Espírito Santo.
Jesus é Deus e as principais provas são:
a) O próprio Jesus diz-se Deus (Jo 10, 30 / 14, 7 e Lc 22,
67-70).
b) Os milagres eram feitos pelo próprio Jesus, e não por
meio de Jesus.
Segundo o CREDO, Jesus foi concebido pelo Poder do Espírito
Santo, nascido da Virgem Maria. Maria foi então convidada a conceber Jesus e a
concepção de Jesus foi obra do poder do Divino Espírito Santo: "O Espírito
virá sobre Ti..." A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e
ordenada à do Filho, ou seja, toda a vida de Jesus manifesta a vontade do Pai
que por sua vez é manifestada pelo Espírito Santo.
Celebramos o dogma deste
mistério para reverenciar, honrar, adorar a revelação da unidade e trindade de
Deus. Um único Deus em três pessoas: o Pai que nos criou, o Filho que foi
gerado do Pai e que nos salva e o Espírito Santo gerado pelo Pai e o Filho que
nos santifica, por isso somos batizados ‘em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
Cristo veio cumprir a vontade do Pai (cf. Jo 17,4; Hb 10,7)
e nos deu o Santo Espírito (cf. Jo 20,22), e sua ação na Igreja vai sempre ser
entendida na dinâmica do Deus trinitário. Assim, só podemos celebrar o mistério
sublime de nossa fé (que se encontra, em síntese, na celebração da Eucaristia),
“em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, e somente com “a graça de Nosso
Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo” podemos
caminhar na peregrinação da fé, vencer os obstáculos dos caminhos de nossa vida
e chegarmos, finalmente, à pátria celeste.
As leituras bíblicas da solenidade são distintas nos três
ciclos anuais, possibilitando assim um enfoque ainda maior e diversificado na
Liturgia da Palavra, mas o Evangelho é só de João e Mateus.
FESTA
DE CORPUS CHRISTI
Corpus Christi
significa “Corpo de Cristo”. Nessa festa se comemora a presença de Jesus Cristo
na Eucaristia.
A Santa Igreja sentiu necessidade de realçar a presença
real do "Cristo todo" no pão consagrado. A Festa de Corpus Christi
foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de
1264 e no Brasil a festa passou a integrar o calendário religioso de Brasília
em 1961, quando uma pequena procissão saiu da Igreja de madeira de Santo
Antônio e seguiu até a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima.
No dia de Corpus Christi, os fiéis enfeitam as ruas por
onde a hóstia consagrada irá passar. Este gesto lembra a caminhada do povo de
Deus, que é peregrino, em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse
povo foi alimentado com o maná (Ex 16) no deserto. Hoje o povo é alimentado com
o próprio Corpo de Cristo.
A festa de Corpus Christi tem 2 grandes momentos: a
celebração da Santa Missa e a a Procissão sobre os tapetes. Participar da
confecção dos tapetes é uma forma de mostrar que somos uma comunidade composta
de irmãos que possuem muitos dons distintos, diferentes. Os tapetes mostram a
criatividade de cada um.
FESTA
DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Sua origem está ligada à devoção ao Santíssimo Sacramento, que floresceu fortemente ao longo do século XII e na qual se realçava a presença real do “Cristo todo” no pão consagrado.
Na noite de Quinta-Feira Santa, tendo mandado preparar uma sala, adequadamente (cf. Mc 14,12-16; Lc 22,8-12), Cristo Nosso Senhor, desejando ardentemente celebrar a páscoa com os seus discípulos (cf. Lc 22,15), instituiu o Santíssimo Sacramento da Eucaristia como alimento vital e salutar do povo por ele congregado no Espírito Santo. A instituição da Eucaristia tornou real o mistério por ele ensinado sobre o alimento de seu próprio Corpo e de seu próprio Sangue, como condição indispensável para se entrar no Reino do Céu (cf. Jo 6,52-58).
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma das devoções
católicas mais amplamente praticadas e conhecidas, tomando o coração físico de
Jesus Cristo como representação de Seu amor divino pela humanidade.
História
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus remonta claramente
ao século
XI. Marcou a espiritualidade de São Bernardo de Claraval no século
XII e de São Boaventura e Santa Gertrudes, no século 13. O início de uma
devoção ao amor de Deus, simbolizado pelo coração de Jesus, é encontrado até
nos pais da Igreja, incluindo Orígenes, São Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho de Hipona, São Hipólito de Roma, Santo
Irineu, São
Justino Mártir e São Cipriano, que usaram como inspiração João 7,37-39
e João 19, 33-37.
A primeira festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus foi
celebrada em 31 de agosto de 1670, na França,
através dos esforços de São
João Eudes. A Missa e o Ofício composto por este santo também foram
adotados em outros lugares, especialmente em conexão com a difusão da devoção
ao Coração de Jesus, após as revelações a Santa Margarida Maria de Alacoque e
à Beata Maria do Divino Coração Droste zu
Vischering.
Em 1856, o Papa Pio
IX estabeleceu a Festa do Sagrado Coração de Jesus como obrigatória
para a Igreja inteira, a ser celebrada na sexta-feira após a oitava de Corpus
Christi. Os padres podem usar nesta missa, vestimentas brancas, como missa
votiva em outros dias também, especialmente na primeira sexta-feira de cada mês
(a menos que caiam em um dia de outra festa de classificação mais alta). Desde 2002, a solenidade do
Sagrado Coração de Jesus também é um dia especial de oração pela santificação
dos sacerdotes.
A Festa do Sagrado Coração
de Jesus, ocorre 19 dias após o Pentecostes, na sexta-feira. É celebrada na sexta-feira após
a celebração da Santíssima Trindade, e os textos bíblicos de suas leituras
se distinguem também nos ciclos anuais, mas o Evangelho será de João, Marcos e
Lucas.
SOLENIDADE
DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO
Popularmente
conhecida como “Festa de Cristo-Rei”, esta celebração é a mais recente
dentre as quatro chamadas “Solenidades do Senhor”, que a Igreja celebra no
Tempo Comum.
Sua origem se deve ao papa Pio XI, o qual, na Encíclica “Quas
primas”, de 11 de dezembro de 1925, desenvolve a idéia de que um dos meios
mais eficazes contra as forças destruidoras da época seria o reconhecimento da
realeza de Cristo, na restauração de todas as coisas, como reza então a Oração
do Dia, na referência ao projeto de Deus. Sua instituição comemorou o 16º
centenário do Primeiro Concílio de Niceia, no qual se proclamou a igualdade
substancial entre Cristo e o Pai.
Inicialmente foi fixado o último domingo de outubro para a
sua celebração, tendo em vista a proximidade da Solenidade de Todos os Santos.
Porém, com a reforma litúrgica do Vaticano II, sua
celebração passou para o 34º domingo do Tempo Comum, último domingo então do
Ano Litúrgico. Desta forma, fica claro que Jesus Cristo, o Rei, é a meta da
nossa peregrinação terrena. Os textos bíblicos mudam em todos os três anos,
para que possamos conhecer, plenamente, a figura de Jesus. Os textos da
Liturgia, tanto bíblicos como eucológicos, fortemente voltados para o sentido
escatológico e da realeza de Cristo.
O sentido da criação e da restauração do mundo em Cristo
(cf. Cl 1,15-20), que se consumou na sua Paixão, Morte e Ressurreição, com sua
vitória definitiva sobre a morte (cf. 1Cor 15,26), sendo o Cordeiro imolado
digno de receber a glória e o poder (cf. Ap 5,12), traz realmente a
característica principal desta solenidade: Aquele que restaura o mundo, nele
próprio criado e nele próprio subsistente, é aquele também que vai exercer
sobre ele a sua realeza, e esta transcende a dimensão temporal e cósmica, isto
é, os domínios de um mundo visível. A realeza, pois, que se celebra nesta
solenidade é total, plena e celeste, exercida à direita do Pai (cf. At 7,56; Hb
1,3-4; Ap 22,1).
A realeza de Cristo é aquela que se manifestou no
sacrifício da cruz, com seu paradoxo, com sua “loucura” e com sua simplicidade
redentora. Escarnecido por espectadores (cf. Mt 27,39-44), insultado pelo
ladrão impenitente (Lc 23,39) e por soldados da vassalagem imperial (Lc
22,63-65), reverenciado, porém, pelas santas mulheres, dentre elas sua própria
Mãe, estimado por discípulos e amigos, mesmo trêmulos e distantes, eis o quadro
doloroso da Cruz. Mas, em sua soberana realeza, ele pôde livremente dar ao ladrão
arrependido a dimensão mais profunda de seu poder e de sua misericórdia,
afirmando: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43), como vai
concluir o evangelho da celebração do Ano C. E os Santos Padres comentam: se
ele disse isto a um ladrão, certamente dirá o mesmo a cada cristão comprometido
com o seu Reino.
Na riqueza dos textos bíblicos, a Liturgia proclama que
Cristo é a origem, o centro e o fim do universo criado, como também a sua
consumação mais profunda, na medida em que o restaura e o entrega ao Pai (cf.
1Cor 15,24). O Rei da eterna realeza é então o mesmo, “ontem, hoje, e por todos
os séculos” (cf. Hb 13,8), como também é “o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o
Último, o Princípio e o Fim” (cf. Ap 22,13).
É salutar para a nossa vida cristã saber que Cristo, no seu
Mistério Pascal, fez de nós um reino de sacerdotes para Deus (Ap 5,10) e,
ressuscitado, garantiu a nossa ressurreição, pois “Ele é o Senhor que
destruirá também a morte como o último inimigo” (cf. 1Cor 15,26). Assim a
Igreja, unindo sua oração à riqueza da palavra bíblica, já no início da
celebração vai permitir-nos rogar a Deus com o coração cheio de confiança: “...fazei
que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos
glorifiquem eternamente”.
Pode-se dizer que o Reino de Cristo é, pois, um reino que
começa por dentro e que não se deixa corroer por forças exteriores, opostas a
ele, ou não muito propensas a submeter-se a ele. É o reino da verdade, que dá
testemunho da Verdade (cf. Jo 18,37), e não como os reinos deste mundo, que
manipulam a verdade, fabricando-a a seu gosto, substituindo-a pela mentira,
fazendo com que ambas (verdade e mentira) vistam a mesma roupagem e dando-lhes
o mesmo conceito e o mesmo valor. O Reino de Deus não é um reino de interesses
mesquinhos, de vassalos e de escravos, mas um reino de amor, de servidores
fiéis, cujo Senhor não se contenta com “servos”, mas que abre seu coração para
a intimidade de “amigos” (cf. Jo 15,15) e de “irmãos” (cf. Jo 20,17). Nesse
Reino, a sabedoria está oculta aos sábios, doutores e entendidos, mas revelada
aos humildes e aos pequeninos (cf. Mt 11,25; Lc 10,21).
Finalmente, pode-se afirmar que esta celebração, colocada
no fim do Ano Litúrgico, como que o coroa na glória do Cristo-Rei, no esplendor
do Mistério Pascal, fazendo também ressoar em toda a Igreja e na vida de todos
nós o caráter escatológico de toda a Liturgia e seu dinamismo santificador. As
leituras bíblicas desta solenidade se distinguem nos ciclos anuais, com o
evangelho de Mateus, João e Lucas.
MAIS TRÊS ‘FESTAS’ DO SENHOR NO TEMPO COMUM
Três celebrações, com o grau de “festa”, e fixas, ocorrem ainda no Ano Litúrgico, no Tempo Comum, dedicadas ao Senhor. São elas: Apresentação do Senhor, em 2 de fevereiro; Transfiguração do Senhor, em 6 de agosto; e Exaltação da Santa Cruz, em 14 de setembro. Se tais festas caírem em domingo, então são nele celebradas, devido a precedência litúrgica sobre o domingo do Tempo Comum, por se tratar de “festas do Senhor”, de acordo com as normas da liturgia, quando então vão ter o grau litúrgico do domingo, isto é, com três leituras e com I Vésperas na Liturgia das Horas.
Em dias de semana, como “festas” portanto, só são
celebradas com duas leituras, podendo a primeira ser escolhida entre as duas
que precedem o evangelho. Diferentes das Solenidades do Senhor, as festas aqui
comentadas têm as mesmas leituras bíblicas para os três ciclos anuais, exceto a
da Transfiguração do Senhor cujo evangelho muda de acordo com o ciclo
anual.
§ APRESENTAÇÃO DO
SENHOR (2 de fevereiro)
Esta
festa tem caráter natalino, mas está fora do ciclo do Natal, e tem como objeto
os acontecimentos bíblicos ocorridos no Templo de Jerusalém, narrados por Lc
2,22-39. A figura central é Jesus, portanto, cristológica, mas que tem Maria
também como personagem viva e atuante.
Na comunidade judaíca, todo primogênito varão era
considerado propriedade de Deus (cf. Ex 13,12), e devia ser resgatado por uma
soma de dinheiro, a título de sacrifício. Os pobres tinham um tratamento
especial quanto ao resgate (cf. Lv 5,7), como aconteceu com a família de Nazaré
(cf. Lc 2,24). A festa tem portanto como tema o fato bíblico da apresentação de
Jesus por José e Maria, quarenta dias após o seu nascimento, em cumprimento da
prescrição legal de Lv 12,2-4.
A liturgia da festa, enfatiza então não tanto os
acontecimentos das prescrições legais do Antigo Testamento, mas a realidade da
luz, lembrando as palavras de Simeão “Luz para iluminar as nações” (cf.
Lc 2,32). Daí, a procissão das velas na liturgia da missa, no rito próprio do
Missal, e que deve ser valorizada sobretudo quando a celebração cai em domingo,
onde a participação do povo é mais expressiva.
A festa evoca o sentido de purificação e de luz. Ml (1ª
leitura) descreve o efeito purificador de Deus quando da visita ao templo, e Lc
(Ev), revela o Cristo como “Luz das nações”. A luz então aqui passa a ter um
sentido profundo de iluminação e purificação, na aplicação concreta para as
nossas vidas, como deixa transparecer também a segunda leitura.O texto do
Evangelho constitui a clássica profecia de Simeão (O cântico “Nunc Dimmittis”),
que, além do tema da luz, fala também da paixão do Senhor e dos sofrimentos de
sua Mãe dolorosa.
§ TRANSFIGURAÇÃO
DO SENHOR (6 de agosto)
Esta
festa, também fixa, tem forte expressão na liturgia oriental, tendo se tornado
objeto de celebração no rito sírio-oriental já no século V. Na Igreja de Roma,
foi introduzida no século X. Seu tema específico é a glória, que passa pela
cruz. Os relatos bíblicos, objeto da festa, são substancialmente idênticos nos
três evangelhos sinóticos. Sua liturgia se distingue nos três ciclos, mas só
pelos evangelhos.
O tema da transfiguração sugere aprendizagem na vida
cristã: da cruz para a glória, como sugere São Paulo em suas epístolas. São
Pedro, inicialmente, rejeita tal idéia (cf. Mt 16,22; Mc 8,32), mas é convidado
pelo Senhor para participar do acontecimento na montanha, como também o
convidaria, depois, para a sua agonia no Getsêmani (cf. Mc 14,33).
A liturgia convida também a reforçar a dimensão mística da
fé, pois as pessoas são peregrinas neste mundo e não têm aqui cidade permanente
(cf. Hb 13,14). Não devem assim viver satisfeitas em suas “tendas”, mesmo se
feitas no alto da montanha, como queria Pedro, esquecendo dos irmãos, que, nas
periferias do mundo, sofrem todo tipo de desigualdade e de injustiça. Cristo
não hesita em assumir a cruz, e convida a fazer o mesmo (cf. Lc 9,23),
seguindo-o em sua caminhada de paz e de redenção. Na dinâmica do reino, a
glória passa pela cruz, assim como na lógica da vida não deve haver vitória sem
luta. As leituras bíblicas são as mesmas para os três ciclos, exceto o
evangelho, que muda de acordo com o ano, na mesma narração do fato bíblico.
§ EXALTAÇÃO DA
SANTA CRUZ (14 de setembro)
A
Festa da Exaltação da Santa Cruz é também fixa, com possibilidade de celebração
em domingo, quando nele cai.
Esta festa revela a presença da glória divina no sofrimento
e na morte de Jesus. Seu ponto alto é a teologia joanina da glória de Cristo: a
sua exaltação se dá na elevação da cruz (cf. Jo 3,14; 12,32). Aqui, “elevação”
tem dois sentidos, que se completam: elevação do chão (ato físico da suspensão
na cruz), e elevação na glória (pela ressurreição e ascensão), decretada pelo
Pai. Na liturgia oriental, a festa aparece no século V, e em Roma no século
VII.
Bem no início do Cristianismo, a cruz era apenas
instrumento material da morte de Cristo, instrumento de maldição no pensamento
bíblico do Antigo Testamento (cf. Dt 21,23), mas já na era apostólica se
transforma em símbolo do sacrifício redentor e até de Cristo e da vida cristã
(cf. 1Cor 1,17-18; Gl 3,13; 6,14; Fl 3,18 etc.).
Os temas centrais da celebração são, pois, a morte de
Cristo e a redenção que Ele conquistou para todos. A antífona é a mesma da
missa da Quinta-Feira Santa, no início do Tríduo Pascal, de espiritualidade
paulina (cf. Gl 6,14), e tanto a primeira leitura como o evangelho são uma
prefiguração e símbolo do Senhor “exaltado”, na visão teológica de São João. Já
a segunda leitura, no cômputo de três, em celebração dominical, é a clássica
passagem da kénose de Cristo, isto é, de seu esvaziamento e de sua humilhação,
que tanto enfatizou São Paulo.
Tem grande valor a celebração desta festa, principalmente
no Ocidente materializado e secularista, dado ao consumo e voltado para o
imediatismo dos prazeres que a vida moderna propaga. Mas, como diz John Konings:
“Contemplar a cruz não é afundar no dolorismo, mas reconhecer o amor de Deus
o mundo do desamor”.
Jesus é a imagem do Pai, e Ele é pura bondade e compaixão,
é perdão sem reservas (cf. Lc 23,34) e amor até o fim (cf. Jo 13,1), mesmo
crucificado. Daí, o simbolismo profundo da cruz e o valor desta festa para os
nossos tempos.
CALENDÁRIO LITÚRGICO
MARIANO
O Concílio Vaticano II exorta os fiéis da Igreja ao culto da Virgem Santíssima, um culto que deve ser
essencialmente litúrgico (Lumen Gentium, 67), quer dizer, associado à
celebração das festas litúrgicas.
O Concílio lembrou que, ao
celebrar o ciclo anual do Senhor, a Igreja, celebra Maria. Maria está, pois,
inicialmente associada às festas do Senhor e as festas de Nossa Senhora são,
igualmente, agregadas ao Senhor a quem Maria está unida com laços indissolúveis.
(Vaticano II, Constituição sobre a liturgia § 103).
As diferentes festas
marianas possuem 4 graus de importância:
Solenidade,
Festas,
Memórias (memórias obrigatórias / memórias
facultativas), Festas locais.
Em 1974, o Papa Paulo VI renovou o calendário das festas da
Virgem Maria, por meio da sua exortação apostólica, Marialis cultus.
Principais Solenidades
e Festas de Maria em datas fixas:
- 8 de setembro: Natividade
da Virgem Maria: Festa
- 8 de dezembro: Imaculada
Conceição: Solenidade
- 1º de janeiro: Santa Maria
Mãe de Deus: Solenidade
- 2 de fevereiro:
Apresentação do Senhor: Festa
- 25 de março: Anunciação:
Solenidade
- 15 de
agosto: Assunção - Solenidade
Pela sua trajetória como Mãe da Igreja, Deus elevou Mariaao céu. Cabe aqui ressaltar a diferença entre assunção e ascensão: Na Ascensão de Jesus, Ele sobe ao céu por Sua força própria. já na Assunção de Maria, Ela é elevada ao Céu, não por sua força, mas pela Graça de Deus. O Catecismo da Igreja, quando fala da Assunção de
Maria, assim apresenta: “Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de
toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta
em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme
a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada
pelo Senhor como Rainha do universo.”
A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na
Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros
cristãos: “Em vosso parto, guardastes a virgindade; em vossa dormição,
não deixastes o mundo, ó mãe de Deus: fostes juntar-vos à fonte da vida, vós
que concebestes o Deus vivo e, por vossas orações, livrareis nossas almas da
morte […]”. (Liturgia bizantina, festa da dormição de Maria).
Nossa Senhora dormiu e foi elevada aos Céus. É isso que
Deus quer também para nós: nos elevar ao Céu, nos dando o descanso merecido,
nos aliviando de todos os sofrimentos e angústias que vivemos em nossa
história. Nesse sentido, nossa morte é Graça de Deus. Dormimos para este
mundo, para adentrarmos na eternidade que Deus nos reservou.
Memórias de Maria
- Aos sábados: quando não se comemora
uma solenidade, festa ou memória obrigatória, neste dia da semana,
exalta-se a memória de Nossa Senhora.
- Memórias ligadas a antigos relatos
apócrifos, relatos que não possuem valor histórico, possuindo, entretanto,
valor espiritual:
ü 21 de novembro:
Apresentação de Maria, no templo Memórias diocesanas, festas locais
ü
26 de julho: Sant´Ana e São Joaquim
- Memórias
ligadas às aparições da Virgem Maria
ü 11 de fevereiro
(Nossa Senhora de Lourdes),
ü 13 de maio (Nossa
Senhora de Fátima),
ü 12 de dezembro:
(Nossa Senhora de Guadalupe).
- Memórias
ligadas à história da Igreja:
ü Após o Concílio de
Éfeso (431), deseja-se honrar Maria como a Mãe da humanidade do Filho de Deus,
Mãe de Deus. A Ela é dedicada a Basílica de Santa Maria Maior. Em seguida,
cria-se a sua festa, consagrando-lhe o dia 5 de agosto.
ü O cisma de Avignon
(1378), leva o Bispo de Praga, Bispo Jenstein, a introduzir a festa da
Visitação.
ü O movimento herético
de Huss provoca o sínodo de Colônia (1423) e suscita, em seguida, a festa de
Nossa Senhora das Dores.
- Memórias diocesanas, festas
locais
Estas são inúmeras e marcam um acontecimento notável, numa diocese (fundação de
um santuário após uma aparição ou revelações particulares, peregrinação
regional etc.) ou um acontecimento importante para uma ordem religiosa. Nesta
categoria, destacam-se: Nossa Senhora da Salette (celebrada no dia 19 de
setembro), Nossa Senhora de Banneux, Nossa Senhora de Beauraing, as aparições
de Betânia, Nossa Senhora de Todos os Povos (Amsterdam), Nossa Senhora da Ilha
Bouchard, etc.
§ IMACULADO
CORAÇÃO DE MARIA
Senhor nosso Deus, que preparastes no coração da Virgem Santa Maria uma
digna morada do Espírito Santo, transformai-nos, por sua intercessão, em
templos da vossa glória.
Esta memória
litúrgica, estendida por Pio XII a toda a Igreja latina, está ligada a uma
devoção que surgiu em tempos relativamente recentes, em paralelo com a do
Coração de Jesus. Ela se baseia na linguagem da Bíblia, que reconhece no
coração a interioridade mais profunda da pessoa. E é com um coração indiviso
que Maria, humilde serva do Senhor (Lc 1,38; cf. Lc 1,48), guarda a palavra e a
ação de Deus (Lc 2,19-51).
O Imaculado Coração de Maria é uma invocação
mariana e devoção cujo culto foi pedido à Madre Virgínia Brites da Paixão, e que,
mais tarde, ganhou particular destaque com as aparições de Fátima e encontrou o
derradeiro reconhecimento mediante as revelações de Jesus Cristo feitas à Beata Alexandrina de Balazar. A devoção
consiste na veneração do Coração Doloroso e Imaculado da Santíssima Virgem Maria, mãe de Jesus.
O Papa Pio XII, efetuou um ato solene de consagração do
mundo ao Imaculado Coração de Maria no dia 31 de outubro de 1942. Este
ato de consagração veio, ainda, complementar o ato de consagração do Gênero
Humano ao Sagrado Coração de Jesus, realizado algumas décadas antes pelo Papa
Leão XIII, feito a pedido da Beata Irmã Maria do Divino Coração.
De acordo com o legado dos pastorinhos de Fátima, foi Nossa
Senhora quem, depois de mostrar a visão do Inferno a Lúcia, Jacinta e
Francisco, lhes revelou o "Segredo". Contava a Irmã Lúcia que Nossa
Senhora afirmou: "...para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo
a Devoção ao Meu Imaculado Coração” (in Memórias da Irmã Lúcia).
O objetivo desta devoção ao Imaculado Coração de Maria é,
portanto, a salvação das almas e a conquista da paz. "Se fizerem o que eu
vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz. A guerra vai acabar"
(in Memórias da Irmã Lúcia). Com estas palavras, Nossa Senhora foi
bastante clara no seu pedido, é em vista das almas que toda a sua mensagem
destina-se.
A teologia católica afirma que a salvação de toda
humanidade é possível, porque Maria disse seu sim a Deus. Uma vez que Deus decidiu
que o Salvador viesse por meio de Maria, assim por meio de Maria também podemos
ser salvos, não salvos por ela, mas, por intercessão dela, pois os católicos
creem que só Jesus Cristo é o Salvador e Maria Sua Mãe Santíssima é, a
corredentora com seu Filho Jesus. Jesus é quem salva! Mas o meio pelo qual
Deus utilizou para se fazer homem e habitar entre nós, foi Maria! Ela é a medianeira
entre nós e Jesus Cristo, função que não diminui em nada a dignidade de
Jesus Cristo como único Senhor e Salvador, Aquele que é o Caminho a Verdade e a
Vida.
O mundo
inteiro tem sido repetidamente consagrado ao Imaculado Coração de Maria por
diferentes papas:
- Pio XII, 31 de Outubro de 1942
- Paulo VI, 21 de Novembro de 1964
- João Paulo II, 13 de Maio de 1982
- João Paulo II em união com
todos os bispos do mundo, 25 de Março de 1984.
- Francisco, 13 de Outubro de 2013.
- Francisco, em especial a rússia e
a Ucrânia, em 25 de Março de 2022.
Quando celebramos a festa do Imaculado Coração de Maria;
saboreamos a insondável bondade de Deus que desejou amar com um coração humano,
um coração da Virgem de Nazaré. Foi no coração Imaculado de Maria, que o Senhor
encontrou um espaço transbordante de santidade, beleza e doação total. O
Coração de Maria é fonte de graças e virtudes, devemos contempla-lo e imita-lo
na entrega total aos designos de Deus! Faça-se!
É verdade que de uma forma ou de outra aprendemos a amar, e
é sobretudo com os pais e na familia, que aprendemos os mais diversos sinais de
amor. Quantas vezes Jesus recostado no colo de sua mãe, adormece com pulsar do
coração Imaculado e amoroso de sua mãe.
Maria ao mostrar-nos o seu coração é sobretudo a vida que
ela mostra. Ela quer ensinar-nos que o amor repara os pecados, reanima a
esperança, leva á vida, une, constrói, perdoa, santifica, defende os pequeninos
e liberta os humilhados. São Lucas nos lembra que era no Coração de Maria que
todas as coisas estavam conservadas, ou seja guardadas! As lembranças do Sim,
do nascimento, da infância, da juventude e da missâo do filho de Deus, que era
seu menino!
A memória litúrgica do Imaculado
Coração de Maria é comemorada no sábado seguinte à solenidade do Sagrado
Coração de Jesus, celebrada na segunda sexta-feira depois da solenidade de
Corpus Christi. Em
2023 o dia da Festa é 17 de junho.
PRINCIPAIS SOLENIDADES
E FESTAS LITÚRGICAS DEDICADAS AOS SANTOS:
§ SOLENIDADE DA NATIVIDADE
DE SÃO JOÃO
A Igreja celebra, em 24 de junho a solenidade da
Natividade de São João Batista e, dia 29 de agosto, celebrará a memória do
seu martírio. Não há nenhum outro santo do qual a Igreja celebra os dois
acontecimentos; celebra, geralmente, apenas o "nascimento para o
céu", ou seja, sua morte. Mas, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos
digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (Mt
11,11): o último dos grandes Profetas de Israel, o primeiro a dar testemunho de
Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados; neste contexto, ele
batizou Jesus; e foi mártir em defesa da lei Judaica.
No século IV, já havia celebrações litúrgicas sobre João
Batista, em datas diferentes. A sua data (24 de junho) foi estabelecida com
base no texto de Lucas 1,36, quando diz que Isabel já estava “no sexto mês,
ela, que todos diziam, que era estéril”. Logo, seis meses antes do Natal.
Desde o século VI, esta festa é precedida por uma vigília. No Brasil, São João é uma das principais festividades
juninas.
§ SOLENIDADE DE
SÃO PEDRO E SÃO PAULO
A Festa de São Pedro e
São Paulo, também chamada de Solenidade dos Santos Pedro e Paulo,
é uma festa cristã em honra ao martírio em Roma dos apóstolos
Pedro e Paulo, que é observada em 29 de junho ou no domingo seguinte. A
celebração tem origem muito antiga, sendo a data escolhida sendo ou o
aniversário da morte ou do translado das relíquias dos santos.
A liturgia desta
solenidade convida a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu
exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador
de Deus. Os cristãos ortodoxos também realizam esta festa, mas o fazem no dia 12
de julho.
O dia de São Pedro e São Paulo
tem como objetivo manter viva na memória dos cristãos as origens da Igreja e,
por isso, são celebrados no mesmo dia, pois estavam unidos no mesmo propósito. Esta data
ainda é considerada o
Dia do Papa, pois São Pedro, segundo os católicos, foi o
primeiro Papa da Igreja, além de ter sido o que permaneceu por mais tempo com
esse título (37 anos).
A festa principal dos Santos Pedro e Paulo foi mantida em
Roma em 29 de junho desde o século terceiro ou quarto. Notas revelam que a
partir do ano 258 se celebrava a memória dos dois Apóstolos em 29 de junho na
Via Apia ad Catacumbas, pois nesta data os restos dos Apóstolos foram
trasladados para o local. Mais tarde, talvez com a construção da Igreja sobre
as tumbas no Vaticano e na Via Ostiensi, os restos foram restituídos a seu
anterior descanso: os de Pedro na Basílica Vaticana e os de Paulo na Igreja na
Via Ostiensi.
O dia 29 de junho ficou como data anual
da celebração de São Pedro e São Paulo, em reconhecimento às virtudes
cristãs dos dois importantes apóstolos que defenderam o Evangelho de Jesus
Cristo com suas vidas. Os dois são padroeiros de Roma,
juntamente com Santa Catarina de Siena. Os dois apóstolos são
considerados os pilares da Igreja Católica.
Embora pouco se saiba da vida de Pedro, após a ascensão de
Cristo, a antiquíssima tradição católica assegura que o apóstolo viajou para
Roma, em meados do século 1, fundando a primeira comunidade cristã da cidade.
Essa hipótese é fortemente sustentada por historiadores como Eusébio de
Cesareia que, embora tenha vivido dois séculos depois de Pedro, fundamentou sua
obra na opinião de autores mais antigos.
Paulo, após ter sido mantido preso por dois anos em
Cesareia, conseguiu que seu caso fosse reaberto e obteve o direito de ser
julgado por um tribunal apropriado em Roma, em vista da sua cidadania romana.
Ele teria chegado a Roma por volta do ano 60 e pregado na cidade por dois
anos, enquanto estava em prisão domiciliar. Os dois foram martirizados em
Roma.
São Pedro passou seus últimos anos em Roma liderando a
Igreja, durante a perseguição, até o martírio em 64. Ele foi crucificado de
cabeça para baixo a seu pedido, por não se considerar digno de morrer como o
seu Senhor. Ele foi enterrado na colina do Vaticano e a Basílica de São Pedro
foi construída sobre o seu túmulo.
A Bíblia não narra como ou quando Paulo morreu. De acordo
com a tradição cristã, o apóstolo foi decapitado em Roma, durante o governo do
imperador Nero, em 67. O tratamento mais "humano" concedido a
ele, ao invés da crucificação, foi graças à sua condição de “romano”. Ele está
enterrado em Roma, na Basílica de São Paulo fora dos Muros.
Na homilia de 2012 para a solenidade de São Pedro e São
Paulo, Bento XVI chamou esses dois apóstolos de "principais patronos da
Igreja de Roma. A tradição cristã sempre considerou São Pedro e São Paulo
inseparáveis: juntos, de fato, eles representam todo o Evangelho de
Cristo", afirmou Bento XVI.
§ SOLENIDADE DE
SÃO JOSÉ
A Igreja celebra no dia 19 de março a Solenidade de São
José. Narram os Evangelhos que São José é descendente
da casa real de Davi. É o esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo.
Nos Evangelhos ele aparece na infância de Jesus. Pode-se ver as citações nos
livros de Mateus Capítulos 1 e 2, e em Lucas 1 e 2. Na Bíblia, São José é
apresentado como um justo. Mateus, em seu Evangelho, descreve a história sob o
ponto de vista de José. Já Lucas narra o tempo de infância do menino Jesus
contando com a presença de José. São José era carpinteiro na Galileia e foi
escolhido para ser esposo da Virgem Maria, protetor da Sagrada Família, foi
escolhido por Deus para ser o patrono de toda a Igreja de Cristo.
São José foi um homem justo, trabalhador e exemplo de pai. A
simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protetor escolhido para Maria
e para o próprio Jesus, bem como para todos: “O Anjo do Senhor
manifestou-lhe, em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria
como tua Mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. (Mt 1,20).
São José foi inserido no
calendário litúrgico Romano em 1479. São Francisco de Assis e, mais tarde,
Santa Teresa d’Ávila, foram grandes santos que ajudaram a divulgar a
devoção a São José. No ano de 1870, São José foi declarado oficialmente como o Patrono
Universal da Igreja. O autor desta declaração foi o Papa Pio IX. No ano de
1889, o Papa Leão XIII, num de seus grandes documentos, exaltou as
virtudes de São José. O Papa Bento XV declarou São José como o patrono
da justiça social. Para ressaltar a grande qualidade e poder de intercessão
de São José como “trabalhador”, O Papa Pio XII instituiu uma segunda
festa em homenagem a ele, a festa de “São José operário” no dia primeiro
de maio.
São José é invocado também
como o padroeiro dos carpinteiros. Na arte cristã ele é representado tendo um
lírio na mão, representando a vitória dos santos. Algumas vezes ele aparece
também com o menino Jesus ou nos braços, ou ensinando a Ele a profissão de
carpinteiro.
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Ângela Rocha - Catequistas em Formação
FONTES DE PESQUISA:
ADAM, Adolf. O Ano Litúrgico: Sua história e seu
significado segundo a renovação litúrgica. São Paulo: Loyola, 2019.
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição
Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2002.
CONCÍLIO VATICANO II. Lumen
Gentium: Constituição Dogmática sobre a Igreja. São Paulo: Paulinas, 1998.
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA
DOS SACRAMENTOS. Instrução geral do missal
romano. 3ª ed. Brasília: CNBB, 2023.
KONINGS,
John S.J. Liturgia dominical: Mistério de Cristo e formação dos fiéis –
Anos A – B – C. 3ª ed. Petrópólis: Vozes, 2003.
PAULO VI. Constituição pastoral Gaudium et Spes: Sobre a Igreja no mundo
de hoje. São Paulo:
Paulinas, 1998.