A Comissão da Animação Bíblico-Catequética convida todos os catequistas a participar das OFICINAS DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ!
Hoje, a evangelização exige encantamento e envolvimento. O ministério do catequista precisa seguir um itinerário formativo consistente e contínuo.
O encontro acontece no dia 28 de julho, propiciando a cada participante a vivência, nas sete oficinas ofertadas, de experiências que irão contribuir para uma catequese mais vivencial e mistagógica.
Data: 28 de julho de 2019
Local: Colégio Bom Jesus – Rua 24 de maio, nº 135
Horário: 8h às 17h
Valor da inscrição: R$ 10,00
Para realizar sua inscrição clique no link abaixo:
http://arquidiocesedecuritiba.org.br/2019/06/19/arquidiocese-convida-catequistas-para-oficinas-da-iniciacao-vida-crista/
Ou realize diretamente na Cúria Metropolitana – Comissão da Animação Bíblico Catequética – (41) 2105 6318.
quinta-feira, 27 de junho de 2019
A PEDAGOGIA DO GESTO
Por
que a Igreja Católica não "conquista" como algumas igrejas
evangélicas?
Esta
é uma pergunta que a gente sempre se faz. Aí eu me lembrei lá das minhas velhas
"lições" de "pedagogia", que aprendi ao longo da minha vida
de catequista. No quanto precisamos IMITAR e aprender com Jesus em sua
pedagogia.
Entre
tantas outras coisas, Jesus era uma pessoa COMPROMETIDA. Partia da vida
concreta das pessoas; entrava pela porta das preocupações, sabia aquilo que
estava tocando o coração das pessoas (Lc 24,18-24). Jesus partia das
experiências, das necessidades, temores, lutas e aspirações das pessoas. Ele
falava do Reino de Deus depois de ter escutado as pessoas. Seus ensinamentos
partiam de imagens simples e populares, como a luz, o sal, o grão de mostarda,
as ovelhas, as aves e os lírios do campo. Hoje podemos dizer que estas imagens
foram substituídas por coisas como aluguel vencido, contas para pagar, luta diária
pelo emprego, etc e tal.
E,
na catequese - que é onde agimos em nome de Jesus - os anseios, as dificuldades,
as alegrias e tristezas, as angústias e esperanças, os sonhos e os fracassos
dos nossos catequizandos são pontos de partida. O catequista verdadeiro, sabe
respeitar o ritmo de cada um para chegar à fé. Não se arrisca a começar a falar
da fé antes de conhecer o que toma conta do coração deles. Conhece suas
famílias, suas vivências, suas expectativas. Não é escravo do tempo (ou da
falta dele), não se deixa guiar pelas limitações de espaço ou de organização -
ou falta dela. Vive e prega numa COMUNIDADE. E só a partir dessa
conscientização que faremos verdadeiramente nosso papel como catequistas.
O
que quero dizer com tudo isso?
Que
precisamos deixar de focar nossos esforços na simples
"sacramentalização", no ato findo de receber o sacramento. E quando e
onde, se deve, se não deve, com que roupa, com que vela. Questões tão pequenas
perto do tamanho da FÉ que temos a missão de aprofundar.
Muitos
catequistas ainda "pensam" a catequese como meio de “chegar lá” no
sacramento. Então, o objetivo da catequese deixa de ser INICIAÇÃO para ser um
simples curso de formação em doutrina.
Sim,
o sacramento é importante. E como é! É graça, é sinal sagrado da presença de
Deus em nossas vidas. Mas, quando começamos a pensar se este ou aquele
"merece" ou não, estamos indo na contramão da Iniciação cristã, dando
mais importância a um gesto que muitas vezes acontece só naquele momento,
prescindindo de uma coisa muito maior: o SEGUIMENTO a Ele. O sacramento é a
"água" que se bebe ao longo do caminho, não é o fim dele. O
sacramento é "parte" e não ponto de chegada.
Compreender
o "gesto" é muito maior do que ele simplesmente. Que o digam as
pessoas impedidas de fazê-lo (por algum impedimento da Igreja), que comungam
apenas espiritualmente e que em todas as confissões sentem o peso de seus
erros.
Não
vamos nos iludir achando que todas as crianças que recebem a comunhão conseguem
compreender o tamanho e a importância deste gesto. Muitas estão ali para
"pertencer" somente, e não à Igreja, como Corpo de Cristo e sim a uma
comunidade no sentido social. E falamos tanto na ação do Espírito Santo... Por
que então não damos mais "crédito" a Ele? Ele age, age onde as
pessoas deixam que ele o faça.
A
preocupação se o catequizando está ou não preparado para "beber a água do
caminho", começa no ato da inscrição dele na catequese, na conversa com os
pais neste momento, na visita que se faz à família; nas conversas com ele desde
o primeiro encontro, no convite sempre "novo" de se participar das
celebrações, das festas, dos encontros de pais.
O
que lembra outra característica pedagógica de Jesus: Ele era uma pessoa
ATENCIOSA e RESPEITOSA aos outros e suas carências, valorizava o melhor de cada
pessoa, em seus encontros e diálogos, mostrando-se atento a quem estava com
ele. Lembram dos discípulos de Emaús? (Lc 24,17). Jesus não intimida, faz uma
pergunta natural, familiar, coloca-se ao lado e inspira confiança. Não exerce
nenhum tipo de imposição. A pergunta de Jesus deixa os discípulos surpresos e
os motiva a falar do que estão experimentando naquele momento. E a partir dali
ele fala, fala a ponto de deixar nossos corações ardentes de vontade de ouvir e
ouvir, ouvir sempre. E quando parece que já não cabe mais em nós tanta coisa, aí
sim! Saciamos a nossa fome do pão vivo e saímos a espalhar a boa nova.
Não
será isso que está faltando em nossa catequese? Um pouco da pedagogia desse
gesto?
Especialista
em Catequética
Graduanda
em teologia
Administradora
do Catequistas em Formação
Junho de 2017.
quarta-feira, 26 de junho de 2019
CATEQUESE e LEITURA ORANTE - APOSTILA
Você viu em nossa publicação anterior o quanto é importante a prática da leitura bíblica pelo método ORANTE, ou seja, pela Lectio Divina, praticada pelos monges há séculos.
A Igreja vem pedindo insistentemente que coloquemos este método como prática comum na CATEQUESE, tornando-a mais orante e mistagógica e envolvendo os nossos catequizandos na espiritualidade do momento.
Para ajudar os catequistas, colocamos numa "apostila", várias informações, dicas e sugestões de roteiros de Leitura Orante para ajudar em seus encontros!
O material é em arquivo digital (PDF) e tem 28 páginas.
É a nossa mais nova apostila:
Catequese e Leitura Orante!
O valor dela é R$ 20,00 + uma destas apostilas de brinde
LIDERANÇA CRISTÃ |
ANO LITÚRGICO E CATEQUESE |
Você pode FAZER SEU PEDIDO enviando e-mail para: angprr@gmail.com
ou whatsapp para: (41) 99747-0348
* Assim que confirmarmos o depósito, enviamos o arquivo para seu e-mail ou whatsapp.
Saiba mais sobre A LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
*Adquirindo nosso material, você ajuda a manter as nossas páginas ativas na internet.
A LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
Na Conferência de Aparecida, os bispos da América Latina e do Caribe recomendaram o método da Lectio Divina, ou a Leitura Orante da Bíblia. Em outubro de 2008, o Sínodo dos Bispos, realizado em Roma, mais uma vez chamou a atenção para a importância desse método e o bem que esse tipo de leitura bíblica faz ao povo de Deus e à Igreja.
Mas o que é a Lectio Divina ou Leitura Orante da Bíblia?
Esse método, ou jeito de ler a Bíblia, pode ser feito de forma individual ou em grupos, é muito antigo e muito utilizado na Igreja. Parte-se do princípio de que a Bíblia não é um escrito qualquer. A Palavra revelada nas Sagradas Escrituras é uma mensagem que nos foi transmitida por Deus. A Bíblia é como se fosse uma carta de amor que o nosso Bom Deus quis transmitir ao Seu povo amado.
Porém, Deus, para transmitir essa mensagem utilizou-Se de pessoas, comunidades, e estas viviam dentro dos limites e da cultura de uma determinada época. As pessoas e comunidades que acolheram e viveram essa mensagem de Deus eram pessoas como nós: tinham seu trabalho, suas famílias, seus problemas também. Mas eram pessoas que se abriram para ouvir e escutar a voz de Deus. Ou seja, eram pessoas que tinham uma espiritualidade, uma relação amorosa com seu Deus. Faziam e viviam isso por meio da sua oração, isto é, sua ligação afetiva com Deus.
Ler e escutar a mensagem de Deus na Bíblia continuou sendo um ato de fé, uma necessidade para continuar vivendo e fazendo história do povo de Deus. Porém, a história foi mudando, a cultura mudou, os valores foram mudando também. E a Palavra de Deus escrita continuou com o mesmo texto, mas para que ela continuasse sendo “viva e eficaz” (Hb 4,12) e Palavra que “permanece para sempre” (1Pd 1,25) era preciso ler e escutar a Palavra de Deus com os mesmos olhos e sentimentos daquelas pessoas que haviam vivido e acolhido a Bíblia, para que a mensagem de Deus continuasse a produzir vida e esperança no meio do povo e da Igreja.
A Lectio Divina ou Leitura Orante da Bíblia é um jeito de ler a Bíblia com espiritualidade, colocando-se diante do Senhor com os mesmos sentimentos daquelas pessoas e comunidades que um dia acolheram a Palavra. Diante das Sagradas Escrituras todos nós somos discípulos e discípulas. A primeira missão do discípulo é escutar (Is 50,4), é “estar com o Senhor” (Mc 3,14) para ouvir o que Ele quer nos falar e ensinar. Quem escuta a voz do Senhor sabe também acolher, contemplar, meditar, refletir, interiorizar a mensagem recebida. E então fazer essa Palavra transformar-se em vida prática, colocando-se a serviço de Deus, da Sua Igreja e dos irmãos.
É importante ver o que nos dizem os bispos: “Entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura existe uma privilegiada à qual todos estamos convidados: a Lectio Divina ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura. Esta leitura orante, bem praticada, conduz ao encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias, à comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do universo. Com seus quatro momentos (leitura, meditação, oração, contemplação), a leitura orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo semelhante ao modo de tantos personagens do evangelho: Nicodemos e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo 3,1-21), a Samaritana e seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4,1-12), o cego de nascimento e seu desejo de luz interior (cf. Jo 9), Zaqueu e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19,1-10)… Todos eles, graças a este encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida. Não abriram seu coração para algo do Messias, mas ao próprio Messias, caminho de crescimento na ‘maturidade conforme a sua plenitude’ (Ef 4,13), processo de discipulado, de comunhão com os irmãos e de compromisso com a sociedade” (Documento de Aparecida n° 249).
Os passos para praticar a Leitura Orante da Bíblia
É certo que existem muitas maneiras de ler e rezar a Bíblia e acolher a Palavra de Deus em nossa vida. É como a receita de bolo de cenoura, cada cozinheira tem uma, mas os modos de fazer o bolo e o resultado final são sempre bastante parecidos.
Vou indicar a seguir os quatro passos, que são sugeridos para fazer uma boa leitura da Bíblia:
1° passo: Leitura: ler, ler, ler…
– Leitura lenta e atenta da Palavra de Deus.
– Escute e conheça bem o que diz o texto.
2° passo: Meditação: ruminar, mastigar, guardar na memória.
– Meditar é guardar no coração e deixar-se amar.
– O que o texto me diz? Atualize para hoje.
3° passo: Oração: louvar, agradecer, pedir.
– O que o texto me leva a dizer a Deus? Converse com Ele.
– Responda aos apelos de Deus.
4° passo: Contemplação para ação: viver, agir.
– Veja a realidade com os olhos de Deus.
– Mergulhe no mistério de Deus. Saboreie-O.
A leitura da Bíblia é como uma caminhada. É caminhando que se aprende a caminhar e a seguir em frente. Por isso, seguindo os passos acima, a Bíblia começa a entrar em nós. Nós escutamos o Senhor que nos fala, que também caminha conosco e vem ao nosso encontro.
Um fator importante na leitura bíblica é a escolha do texto certo. Como diz uma canção do Pe. Zezinho, “Dai-me a Palavra certa, na hora certa, do jeito certo e pra pessoa certa”. Para saber escolher o texto certo é necessário certo aprendizado, descobrir quais os textos que nós mais gostamos na Bíblia, anotar nela ou ter uma pequena lista com os textos mais bonitos para cada situação da vida. Não é a quantidade de textos lidos que é importante. Nem precisa ler toda a Bíblia do começo ao fim. Basta ler e escolher os textos que mais nos falam, que são mais atuais para a realidade que estamos vivendo.
A seguir apresento alguns pontos que também ajudam a fazer uma boa leitura orante, pessoal e diária da Bíblia:
- Iniciar invocando a luz e a presença do Espírito Santo.
- Leitura lenta e atenta do texto.
- Momento de silêncio interior para lembrar o que foi lido.
- Ver bem o sentido de cada frase.
- Atualizar e ruminar a Palavra, ligando-a com a vida.
- Ampliar a visão, ligando o texto com outras passagens bíblicas.
- Ler de novo, rezando o texto e respondendo a Deus.
- Formular um compromisso de vida.
- Rezar um Salmo apropriado.
- Escolher uma frase como resumo para memorizar.
São sugestões que nos foram transmitidas por pessoas que já fizeram a experiência, que descobriram que a Palavra de Deus é “viva e eficaz” (Hb 4,12) e que “saborearam a beleza da Palavra de Deus” (Hb 6,5). O importante é lermos e acolhermos a Palavra de Deus em nossa vida e que esta palavra produza frutos bons em nós!
Agir como discípulos da Palavra de Deus
Já apresentamos a Leitura Orante da Bíblia e os passos que devem ser seguidos para fazer uma boa Leitura da Palavra de Deus. Agora vamos concluir o assunto, refletindo sobre esse modo de ler a Bíblia.
É certo que somos chamados a ler a Palavra de Deus. Mas não é qualquer leitura. Dois tipos de leituras bíblicas são considerados perigosos. O primeiro perigo é a leitura “ao pé da letra” dos textos bíblicos. Ler a Bíblia e aceitar tudo que foi escrito sem entender o contexto do texto, sem conhecer a cultura da época, sem atualizar para hoje. É o método fundamentalista e que é condenado pela Igreja, pois “é o suicídio do pensamento”.
Outro jeito errado é o estudo da Bíblia como outro livro qualquer, escrito dois mil anos atrás. Ler a Bíblia somente com critérios científicos, sem levar em conta a fé e a espiritualidade, é trair a mensagem revelada no texto. Com isso os textos bíblicos perdem a “sua alma”, isto é, a beleza da mensagem que carregam dentro de si.
A Leitura Orante da Bíblia é um método alternativo e que evita os dois erros acima. Lê-la de forma orante é um ato de “escuta” próprio do discípulo que quer ser seguidor do Mestre. Isso já nos vem da tradição do povo de Deus no Antigo Testamento, em que o judeu praticante recita seu credo de cada dia: “Escuta Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um!” (Dt 6,4). É um imperativo, um convite amoroso: “Escuta meu povo!”. Portanto, se somos chamados a escutar é também porque existe alguém que vai falar. É nosso Deus que tem algo importante para nos dizer. Ele tem uma mensagem para nos transmitir. E nós devemos escutar como fez o jovem Samuel: “Fala, Senhor, que o Teu servo escuta!” (1Sm 3,10).
No entanto, não é uma escuta passiva. Não somos somente nós que devemos escutar. Depois que o Senhor fala e nós ouvimos, somos também convidados a responder. Nós também podemos falar e então é Deus que “escuta”. Ele quer ouvir o que nós temos a dizer, o que nós sentimos… O Senhor abre também Seus ouvidos para nossos pedidos, para ouvir nossos clamores, para escutar nossos louvores. É uma sintonia perfeita. Ele nos fala e nós ouvimos. Nós falamos e Ele escuta.
Nesse sentido, Jesus é o Mestre que nos ensina a acolher a Palavra de Deus. Jesus também escutava as Palavras escritas no Antigo Testamento. É só ver como Jesus cita os textos bíblicos, sobretudo dos Salmos e dos Profetas. Ao mesmo tempo Jesus é aquele que dirige palavras ao Pai. Quantas vezes encontramos Jesus subindo as montanhas ou indo ao deserto para se comunicar com o Pai. Jesus reza, pede, louva, agradece, implora… Jesus escuta o que o Pai tem a Lhe dizer. Depois Jesus Se volta ao Pai e Lhe dirige Suas preces e Seus louvores.
Quando nós escutamos a Palavra de Deus a mensagem que ouvimos não desaparece no momento em que fechamos o texto. A Palavra permanece dentro de nós, como dizia o profeta Jeremias: “Quando se apresentavam as Tuas palavras, eu as devorava: Tuas palavras eram para mim contentamento e alegria do meu coração” (Jr 15,16).
A escuta da Palavra de Deus nos leva também a assumir um compromisso com a realidade. Foi isso que fez Moisés quando ouviu o chamado do Senhor e se colocou a serviço para a libertação do povo de Deus, que era escravo no Egito. Assim agiram os Profetas que foram chamados, escutaram o convite do Senhor, denunciaram as injustiças e anunciaram a mensagem de Deus. Temos tantos outros exemplos na Bíblia, sem nos esquecermos de Maria, a mãe de Jesus. Quando ela escutou a palavra vinda de Deus, por meio do Anjo Gabriel, ela humildemente se colocou a serviço respondendo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38).
Frei Ildo Perondi
quinta-feira, 20 de junho de 2019
SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE CRISTO – CORPUS CHRISTI
Na Sagrada Festa de Corpus Christi!
Essa festa móvel da Igreja Católica celebra a presença de Cristo na Eucaristia. É sempre realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. Ela deixa para trás a saudade da Festa da Ascensão, o rescaldo das festanças do Divino e anima a todos: Cristo está no meio de nós, na Eucaristia. Esse mistério deve ganhar ruas e praças. Essa presença visível do pão da vida é exaltada publicamente.
O Corpo de Cristo, a hóstia consagrada, deixa a tranquilidade dos sacrários e cibórios, abandona a imobilidade das igrejas e a escuridão das capelas, santuários e catedrais. Ele percorre as ruas e praças, exposto numa custódia ou ostensório, cercado por uma multidão, brilhando ao sol ou abrigado da chuva por um pálio, um sobre véu portátil sustentado por varas. Caminha descuidadamente, dourando-se ao sol, sobre efêmeros e mágicos tapetes coloridos, obras de arte destinadas a voar e durar um dia.
Se essa rua, se essa rua fosse sua... O que você faria?
Mandava “tapetar”! Não podendo ladrilhar ruas com pedrinhas de brilhante, em muitas cidades portugueses e brasileiras, o costume católico é ornamentá-las na Festa de Corpus Christi com flores e desenhos para o grande e maior dos Amores passar. As ruas por onde passa a procissão de Corpus Christi são forradas com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa feitos de flores, serragem colorida, pó, cascas e grãos de café, bagaço de cana-de-açúcar, palha de arroz e diversos grãos. São verdadeiras obras de arte, efêmeras como o perfume e a beleza das flores. O costume, meio esquecido por uns tempos, tem ganhado força e participação. Cresce ano a ano.
Ornar a rua é absolutamente democrático e ocorre durante a noite e a madrugada anterior à procissão. As casas também recebem adornos, vasos de flores nas fachadas, belas toalhas rendadas e colchas decoradas são debruçadas nas janelas. Todos podem participar.
Assim como as celebrações dos ritos pascais e as festanças do Divino, a festa de Corpus Christi também atrai turistas e visitantes a diversas cidades brasileiras, além das históricas de Minas Gerais, como Matão, Guaranésia, Pirapora e tantas outras conhecidas e reconhecidas cada vez mais pela beleza dos felpudos tapetes mágicos com que ladrilham suas ruas e corações.
Qual a origem da Festa de Corpus Christi?
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. A Igreja sentiu necessidade de realçar a presença real do Cristo no pão consagrado. A festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV, com a Bula Transiturus de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima trindade, que acontece no Domingo depois de Pentecostes. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão porque ele morreu em seguida. A celebração propagou-se por algumas Igrejas, como na Diocese de Colônia na Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270. Seu ofício foi composto por São Tomás de Aquino. Porque a Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Quinta-feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre neste dia da semana.
E que tal adaptar a musiquinha para as crianças cantarem enquanto se faz cartazes e ornamentação?
♫ Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava “tapetar”
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Só pra ver, Só pra ver meu Jesus passar...
segunda-feira, 17 de junho de 2019
SÍNODO DA AMAZÔNIA: PROCESSO DE ESCUTA
DOCUMENTO DE TRABALHO DO SÍNODO:
"Amazônia pede à Igreja que seja sua aliada"
Apresentado o Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia. A realidade das Igrejas locais aponta: É necessário passar de uma “Igreja que visita” para uma “Igreja que permanece”, que possa oferecer a Eucaristia para suas comunidades.
O mundo amazônico pede à Igreja que seja sua aliada: esta é a alma do Documento de Trabalho (Instrumentum Laboris) publicado na manhã desta segunda-feira (17 de junho) pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e apresentado à imprensa.
O Documento é fruto de um processo de escuta que teve início com a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado (Peru) em janeiro de 2018, prosseguiu com a consulta ao Povo de Deus em toda a Região Amazônica por todo o ano e se concluiu com a II Reunião do Conselho Pré-Sinodal, em maio passado.
Ouvir com Deus o grito do povo; até respirar nele a vontade a que Deus nos chama.
O território da Amazônia abrange uma parte do Brasil, da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e da Guiana Francesa, em uma extensão de 7,8 milhões de quilômetros quadrados, no coração da América do Sul. Suas florestas cobrem aproximadamente 5,3 milhões de km2, o que representa 40% da área de florestas tropicais do globo.
A primeira parte do Documento, “A voz da Amazônia”, apresenta a realidade do território e de seus povos. E começa pela vida e sua relação com a água e os grandes rios, que fluem como veias da flora e fauna do território, como manancial de seus povos, de suas culturas e de suas expressões espirituais, alimentando a natureza, a vida e as culturas das comunidades indígenas, camponesas, afrodescendentes, ribeirinhas e urbanas.
Vida ameaçada, ameaça integral
A vida na Amazônia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares de sua população. De modo especial a violação dos direitos dos povos originários, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios.
Rios, manancial de povos, culturas e expressões espirituais na Amazônia.
Segundo as comunidades participantes nesta escuta sinodal, a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas extrativistas. Atualmente, a mudança climática e o aumento da intervenção humana (desmatamento, incêndios e alteração no uso do solo) estão levando a Amazônia rumo a um ponto de não-retorno, com altas taxas de desflorestação, deslocamento forçado da população e contaminação, pondo em perigo seus ecossistemas e exercendo pressão sobre as culturas locais.
O clamor da terra e dos pobres
Na segunda parte, o Documento examina e oferece sugestões às questões relativas à ecologia integral. Hoje, a Amazônia constitui uma formosura ferida e deformada, um lugar de dor e violência, como o indicam de maneira eloquente os relatórios das Igrejas locais recebidos pela Secretaria Geral do Sínodo. Reinam a violência, o caos e a corrupção.
“ O território se transformou em um espaço de desencontros e de extermínio de povos, culturas e gerações. ”
Há quem se sente forçado a sair de sua terra; muitas vezes cai nas redes das máfias, do narcotráfico e do tráfico de pessoas (em sua maioria mulheres), do trabalho e da prostituição infantil. Trata-se de uma realidade trágica e complexa, que se encontra à margem da lei e do direito.
Território de esperança e do “bem viver”
Os povos amazônicos originários têm muito a ensinar-nos. Reconhecemos que desde há milhares de anos eles cuidam de sua terra, da água e da floresta, e conseguiram preservá-las até hoje a fim de que a humanidade possa beneficiar-se do usufruto dos dons gratuitos da criação de Deus. Os novos caminhos de evangelização devem ser construídos em diálogo com estas sabedorias ancestrais em que se manifestam as sementes do Verbo.
Povos nas periferias
O Documento de Trabalho analisa também a situação dos Povos Indígenas em Isolamento Voluntário (PIAV). Segundo dados de instituições especializadas da Igreja (por ex., CIMI) e outras, no território da Amazônia existem de 110 a 130 diferentes “povos livres”, que vivem à margem da sociedade, ou em contato esporádico com ela. São vulneráveis perante as ameaças... do narcotráfico, de megaprojetos de infraestrutura, e de atividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extrativista.
A Amazônia se encontra entre as regiões com maior mobilidade interna e internacional na América Latina. De acordo com as estatísticas, a população urbana da Amazônia aumentou de modo exponencial; atualmente, de 70 a 80% da população reside nas cidades, que recebem permanentemente um elevado número de pessoas e não conseguem proporcionar os serviços básicos dos quais os migrantes necessitam. Não obstante tenha acompanhado este fluxo migratório, a Igreja deixou no interior da Amazônia vazios pastorais que devem ser preenchidos.
Igreja profética na Amazônia: desafios e esperanças
Enfim, a última parte do Documento de Trabalho chama os Padres Sinodais da Pan-amazônia a discutirem o segundo binário do tema proposto pelo Papa: os novos caminhos para a Igreja na região.
Por falta de sacerdotes, as comunidades têm dificuldade de celebrar com frequência a Eucaristia. “A Igreja vive da Eucaristia” e a Eucaristia edifica a Igreja. Por isso, pede-se que, em vez de deixar as comunidades sem a Eucaristia, se alterem os critérios para selecionar e preparar os ministros autorizados para celebrá-la. As comunidades pedem ainda maiores apreciação, acompanhamento e promoção da piedade com a qual o povo pobre e simples expressa sua fé, mediante imagens, símbolos, tradições, ritos e outros sacramentais. Trata-se da manifestação de uma sabedoria e espiritualidade que constitui um autêntico lugar teológico, dotado de um enorme potencial evangelizador. Seria oportuno voltar a considerar a ideia de que o exercício da jurisdição (poder de governo) deve estar vinculado em todos os âmbitos (sacramental, judicial e administrativo) e de maneira permanente ao sacramento da ordem.
Novos ministérios
Para além da pluralidade de culturas no interior da Amazônia, as distâncias causam um problema pastoral grave, que não se pode resolver unicamente com instrumentos mecânicos e tecnológicos. É necessário promover vocações autóctones de homens e mulheres, como resposta às necessidades de atenção pastoral-sacramental. Trata-se de indígenas que apregoem a indígenas a partir de um profundo conhecimento de sua cultura e de sua língua, capazes de comunicar a mensagem do Evangelho com a força e a eficácia de quem dispõe de uma bagagem cultural.
“É necessário passar de uma “Igreja que visita” para uma “Igreja que permanece”, acompanha e está presente através de ministros provenientes de seus próprios habitantes.”
Afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã.
Papel da mulher
É pedido que se identifique o tipo de ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que hoje ela desempenha na Igreja amazônica. Reclama-se o reconhecimento das mulheres a partir de seus carismas e talentos. Elas pedem para recuperar o espaço que Jesus reservou às mulheres, “onde todos/todas cabemos”. Propõe-se inclusive que às mulheres seja garantido sua liderança, assim como espaços cada vez mais abrangentes e relevantes na área da formação: teologia, catequese, liturgia e escolas de fé e de política.
A vida consagrada
Propõe-se promover uma vida consagrada alternativa e profética, intercongregacional, interinstitucional, com um sentido de disposição para estar onde ninguém quer estar e com quantos ninguém quer estar. Aconselha-se que a formação para a vida religiosa inclua processos formativos focados a partir da interculturalidade, inculturação e diálogo entre espiritualidades e cosmovisões amazônicas.
Assembleia territorial da REPAM e Miracema (TO)
Ecumenismo
O Documento não deixa de relevar o importante fenômeno importante a ter em consideração é o vertiginoso crescimento das recentes Igrejas evangélicas de origem pentecostal, especialmente nas periferias: “Elas nos mostram outro modo de ser Igreja, onde o povo se sente protagonista, onde os fiéis podem expressar-se livremente, sem censuras, dogmatismos, nem disciplinas rituais”.
Igreja e poder: caminho de cruz e martírio de muitos
Ser Igreja na Amazônia de maneira realista significa levantar profeticamente o problema do poder, porque nesta região o povo não tem possibilidade de fazer valer seus direitos face às grandes corporações econômicas e instituições políticas. Atualmente, questionar o poder na defesa do território e dos direitos humanos significa arriscar a vida, abrindo um caminho de cruz e martírio. O número de mártires na Amazônia é alarmante (por ex., somente no Brasil, de 2003 a 2017, foram assassinados 1.119 indígenas por terem defendido seus territórios).
“A Igreja não pode permanecer indiferente mas, pelo contrário, deve contribuir para a proteção das/dos defensores de direitos humanos, e fazer memória de seus mártires, entre elas mulheres líderes como a Irmã Dorothy Stang.”
Durante o percurso de construção do Instrumentum Laboris, ouviu-se a voz da Amazônia à luz da fé com a intenção de responder ao clamor do povo e do território amazônico por uma ecologia integral e por novos caminhos para uma Igreja profética na Amazônia. Estas vozes amazônicas exortam o Sínodo dos Bispos a dar uma resposta renovada às diferentes situações e a procurar novos caminhos que possibilitam um kairós para a Igreja e o mundo.
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