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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NINGUEM FOGE DO TEMPO



Neste final de semana estive um tanto “ocupada”. Não que não esteja sempre... Mas neste em especial, deixei-me ocupar por coisas mais simples. Como fazer um almoço caprichado de domingo, com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate para o lanche da tarde. E nos afazeres simples de dona-de-casa, esposa e mãe; os dias passaram sem que me desse conta de que existe um espaço chamado internet, em que tenho, nos últimos anos, ocupado muito do meu tempo, sem nem mesmo perceber...
E a propósito do tempo (que até já passou para uma homilia do 3º Domingo do Tempo Comum), não posso deixar de partilhar com vocês este texto maravilhoso de Pe. Roberto Nentwig, que fala justamente, do tempo e o que fazemos dele.



Ninguém foge do tempo...
( Homilia do 3º. Domingo do Tempo Comum – B)


Ninguém foge do tempo. Vivemos na alternância dos dias e das horas, do passar implacável dos anos... Mais ainda que quase escravos do cronos, podemos ver o tempo sob o prisma do olhar divino. Então o tempo pode assumir várias conotações diferentes, não se resumindo ao contar das badaladas do relógio.  Como nos diz o Eclesiastes: “Há um tempo para cada coisa”. As leituras deste domingo nos apresentam a realidade do tempo sob olhares diversos.

Na primeira leitura, o tempo é o da urgência, aquele que exige pressa. Como nas recomendações missionárias de Jesus que incluem o estranho pedido para que os discípulos não cumprimentem ninguém pelo caminho, também Jonas não deve parar ao longo da estrada para se distrair com coisas menos importantes; não pode perder tempo. A razão é muito simples: é urgente a conversão dos habitantes de Nínive. Por isso, o profeta faz em um dia o percurso que habitualmente demoraria três dias para ser executado; os ninivitas não precisam de três dias de pregação, um apenas basta. Em nossa vida, certamente, há coisas que não devem ficar para outro dia, não podem ser adiadas de modo negligente. Há certas mudanças de postura, há certas decisões que são simplesmente urgentes. Nas palavras de Gamaliel: “Se não hoje, então quando?” Hoje é o dia da graça, hoje é o tempo que Deus nos concede para acolher o ser amor, hoje é o dia da conversão. A pergunta que nos assalta diante em confronto com o texto é a seguinte: o que precisa de pressa em minha vida, que naturalmente não pode ser adiado?

Mas é preciso ter cuidado para que a pressa não seja sinônimo de cumprimento do preceito. Lembremos bem de que o profeta Jonas não queria realizar o mandato do Senhor, chegou a Nínive mais por vontade divina do que por desejo humano. Se o tempo se abrevia para que nos livremos de um fardo não desejado, seria mais interessante parar e demorar-se, pois neste caso, haveria mais amor na calma do que na pressa.

São Paulo também nos fala do tempo na segunda leitura: “Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado” (1 Cor 7,29). O apóstolo faz uma leitura diferenciada da realidade, afirmando que o tempo passa, que o mundo com suas pessoas, relações e coisas deve ser relativizado pelo simples fato de que não somos feitos para este mundo. Portanto, o desapego deste mundo é sinal de fé e esperança, já que cremos que a “figura deste mundo passa”. Aqui nos vem outra reflexão: o que fazemos com o nosso tempo? Conduzimos nossas vidas conscientes de que a vida deste mundo é efêmera?

O Evangelho nos apresenta as primeiras palavras da pregação de Jesus: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1, 15). O tempo está próximo, o tempo se cumpriu... Aqui o tempo é entendido como a hora certa, o momento propício. É o que a teologia chama de plenitude dos tempos – o kairós. Ou seja, é o momento propício escolhido por Deus. O Reino de Deus não poderia ser revelado nem antes, nem depois. Somente quando chegou o momento certo, Deus enviou o seu Filho para revelar e tornar pleno o Reino de Deus. Agora é a hora, que é chamada de última. Afirmar que estamos nos últimos tempos não significa que o fim do mundo será em 2012 ou nos próximos anos, mas de que estamos em uma realidade qualitativamente diferente. Agora é a hora do Reino.

E quando o Reino irrompe, tudo muda. Ao menos tudo deve mudar, pois há o risco de ficarmos indiferentes a Cristo e ao seu Reino. A chegada do Reino implica no convite para o seguimento: “Sigam-me e eu farei de vocês...” Hoje, cada um de nós, deve se colocar no mesmo lugar dos discípulos, acolhendo o convite de Jesus. É o tempo propício para que o Reino de Deus esteja bem próximo de cada um de nós, trazendo amor verdadeiro, ternura, misericórdia, beleza, bondade... A vida é linda, pois nela desabrocha o evangelho, a boa notícia. Hoje (não amanhã) Deus nos traz a boa notícia do Reino de Deus. E como seu convite tem atingido cada coração?



Pe. Roberto Nentwig


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

E-mail do Catequistas em Formação

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ANO LITÚRGICO 2012

ANO LITÚRGICO 2012

Apesar do ANO LITÚRGICO ser diferente do ano civil, que começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro, parece que só nos lembramos dele quando começa o ano de fato. Até a festa da Epifania, que lembra a visita dos Reis Magos, ainda vivemos o clima do Natal. Este ano estaremos vivenciando o Ano B do calendário.

O Ano Litúrgico "B" é baseado no Evangelho de São Marcos. Ele tem Inicio no dia 27 de Novembro 2011, e vai até o dia 01 de Dezembro de 2012. Com o Ano Litúrgico, revivemos anualmente todo o Mistério da Salvação centrado em Jesus Cristo. Ano Litúrgico é, portanto, o Calendário Religioso da Igreja Católica. Lembra as datas dos acontecimentos da história da salvação.

O Ano Litúrgico na História

No início da Igreja Católica, todo domingo era dia de Páscoa. No século I a Páscoa começa a ser celebrada anualmente. No Século IV, além da vigília Pascal, é celebrado o tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado. O jejum de dois dias (Século III) passa a ser de uma semana, e depois, de 40 dias. Que passa a ser o tempo de preparação dos catecúmenos para o batismo, daí se vê que a quaresma tem uma origem catequética. Também é tempo de reconciliação e penitência. Disso restou o costume da imposição de cinzas na quarta-feira em que inicia a quaresma. Foram apresentadas as comemorações da ascensão e de pentecostes. Estava formado o ciclo pascal. Nessa época é definido no ocidente o dia do Natal. Essa data foi marcada em 25 de dezembro para substituir a festa pagã de adoração ao Sol. Estava se formando o ciclo de natal. Estes dois ciclos festivos são as colunas mestras do Ano Litúrgico.

Na idade média são introduzidas as seguintes festas dogmáticas: Santíssima Trindade (1000), Corpus Christi (1246), Sagrado Coração de Jesus (1756) e Cristo Rei (1925). Além disso, Maria e os santos também têm seu lugar na liturgia. Desde muito cedo os cristãos veneravam aqueles que pelo martírio haviam se tornado testemunhas de Cristo. Desde o Século II São Policarpo de Esmirna já era venerado na liturgia. Depois vieram os apóstolos e todos os que haviam sido perseguidos por falarem em nome de Jesus. Enfim, o centro e a fonte de todo o Ano Litúrgico é o mistério pascal de Jesus Cristo.

A – Ciclo do Natal

O Ciclo do Natal começa com o Advento, inclui o Natal propriamente dito, passa pela Epifania e termina  na festa do Batismo de Jesus, após o que será iniciado a primeira semana do tempo comum.

A1 - Advento

É o ponto de partida e de chegada do Ano Litúrgico. É o tempo de expectativa diante do Cristo que irá nascer. A espiritualidade está focalizada na Esperança e Purificação da Vida. O ensinamento da Igreja Católica está direcionado para o anúncio da vinda do Messias e lembra a espera da humanidade, escrava do pecado, pelo libertador. Por isso é tempo de penitência e conversão. A cor predominante é a Roxa mas recomenda-se a rósea no III domingo do advento. A cor rosada no altar, na mesa da palavra e nas vestes litúrgicas lembra-nos uma espera alegre, enche nossos corações de esperança e nos ajuda a distinguir do tempo quaresmal, marcado pelo roxo de penitência. São as quatro semanas que antecedem o Natal. O advento começa hoje, dia 27/11, onde é celebrado o primeiro Domingo do Advento, seguindo-se por quatro semanas até o dia 24/12, à tarde, a Vigília do Natal.

A2 - Natal

Lembra o nascimento de Jesus em Belém, em que celebramos a humanidade do nosso Deus e festejamos a Salvação que entra definitivamente em nossa história. Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo é comemorado no dia 25/12. A cor utilizada é a branca ou amarela. A festa do Natal começa com a vigília do Natal, no dia 24 de dezembro, e se prolonga até o dia 1 de janeiro.

A3 – Epifania

Celebrada no dia 08/01. É uma festa que lembra a manifestação de Jesus como Filho de Deus. Aqui aparecem os reis magos para mostrar que esta manifestação é a todas as nações da Terra. Além da solenidade da Epifania existem outras manifestações do Senhor celebradas no Ciclo de Natal, como, por exemplo, a festa da Apresentação do Senhor , no dia 02/02. É conhecida também como Festa de Nossa Senhora das Candeias . A cor predominante é também a branca.

B - Tempo Comum (1ª Parte)

O início do tempo comum acontece após o Batismo de Jesus e o término da comemoração ocorrerá na véspera da quarta-feira de cinzas. A espiritualidade visa a esperança e escuta da palavra e o ensinamento baseia-se no anúncio do Reino de Deus. A cor usual é verde.

C - Ciclo da Páscoa


A primeira parte do Ciclo da Páscoa começará pela Quaresma, cujo espiritualidade tem como foco a Penitência e Conversão . O ensinamento estará voltado para a Misericórdia de Deus. A segunda parte diz respeito à Páscoa propriamente dita. A Alegria de Cristo Ressuscitado constitui a espiritualidade da Páscoa. Tem-se como ensinamento a Ressurreição e vida eterna e a cor usada é a branca.

C1 – Quaresma

Começa com a quarta-feira de cinzas e se estende até o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Sendo tempo de penitência e conversão, a Igreja se exercita de maneira especial no jejum, esmola e oração; nesse período omite-se o canto do glória na eucaristia. É a preparação para a Páscoa do Senhor. Os quarenta dias da quaresma lembram a caminhada de quarenta anos do povo de Deus no deserto. A cor usada é a Roxa; como no tempo do Natal, a cor rósea pode ser usada no quarto domingo da quaresma, representando tristeza. O ponto alto desse tempo é a Semana Santa.

C2 – Páscoa

Começa com a Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa. Neste dia é celebrada a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. A cor utilizada é a branca, que representa a ressurreição, vitória, pureza e alegria; é a cor dos batizados. Pela manhã, acontece a missa do crisma, que reúne todos os padres da (arqui)diocese em torno do bispo. Na sexta-feira Santa, celebra-se a paixão e a morte de Jesus sendo que a cor utilizada é a vermelha. É o único dia do ano que não tem missa. Acontece apenas uma Celebração da Palavra. No sábado acontece a solene Vigília Pascal. Este é o tríduo pascal que prepara o ponto máximo da páscoa: o domingo da ressurreição. A palavra páscoa significa passagem. Para nós, cristãos, é a passagem do pecado e da morte para a graça e para a vida. A Festa da Páscoa não se restringe ao Domingo da Ressurreição. Ela se estende até a Festa de Pentecostes.

Pentecostes

É celebrado 50 dias após a Páscoa. Jesus ressuscitado volta ao Pai e nos envia o Paráclito. É o Espírito Santo que anima a Igreja na caminhada em direção à casa do Pai. A cor utilizada é a vermelha que lembra o fogo do Espírito Santo. Ele nos dá força para testemunhar a verdade e nos socorre com seus dons.

D - Tempo Comum  (2ª Parte)

Na segunda-feira, após o Pentecostes, será iniciada segunda parte do Tempo Comum, cujo término só ocorrerá na véspera do primeiro domingo do Advento. A vivência do Reino de Deus é o tema da espiritualidade e o ensinamento esta voltado para a assertiva de que os cristãos são o sinal do Reino de Deus. A cor a ser utilizada será a verde.

sábado, 14 de janeiro de 2012

HOMILIA DO DOMINGO

2º. Domingo do Tempo Comum – B

Hoje as leituras nos trazem um contexto vocacional. Deus sempre toma a iniciativa e nos chama. Deseja nos comunicar o seu amor, a sua proposta, deseja que nossa vida seja marcada pela sua. O Senhor é insistente e mantém sempre vivo o seu convite, como o fez com Samuel. Como o coroinha de Eli, podemos também tardar em escutá-lo ou não compreender a sua voz, pois nem sempre é tão reconhecível como as mensagens que estamos acostumados: Deus fala de modo discreto, além da necessidade de abertura e discernimento para escutar a sua voz. Certamente o Senhor fala em nossa oração pessoal, pela Palavra proclamada; fala no silêncio de nosso coração ou por intermédio das pessoas; algumas vezes nos fala pelos acontecimentos, dá-nos sinais de sua presença e de seu amor que por vezes são simplesmente desconsiderados. Um dia o Senhor nos chamou. Continua nos chamando pelo nome: Roberto, Tereza, Pedro, Maria, Daniel... Qual é o seu convite? O que Ele deseja hoje de mim e de você? Qual é o tom de sua voz?

Do chamado ou do anúncio, como aconteceu aos apóstolos pela indicação de João Batista, nasce o encontro, como eles mesmos anunciaram: “Encontramos o Messias!” Quando o Senhor se manifesta a nós, deseja que o experimentemos. O primeiro passo não é um oráculo exotérico, uma teoria filosófica ou teológica. Ao se revelar, Deus mantém uma relação de afeto, pois nos ama e somos seus filhos. Por isso, encontrar o Senhor é uma experiência que atinge nosso coração, o interior de nossas decisões, transforma nossas vidas. Ou nossa vida cristã é fruto de um encontro pessoal com o Senhor, ou será um cristianismo de preceito, ou ainda o seguimento de normas e prescrições vazias e frias como as talhas de pedras dos judeus.

Os discípulos foram até Jesus para conhecê-lo, por mandato de João Batista, e tiveram uma grande surpresa. Desejavam saber onde morava o mestre e tiveram uma resposta convidativa: “Vinde e vede!” Então permaneceram e andaram com Ele, mas não chegaram a casa nenhuma, pois o Rabi é um peregrino. Aqui há uma implicação fundamental para nós cristãos: conhecer o Senhor significa sair, não ficar parado, movimentar-se, peregrinar ao lado do Mestre. Não o encontraremos em um lugar fixo, mas nas experiências do dia a dia. Apenas o encontraremos se sairmos do nosso comodismo, se formos capazes de arriscar.

Do chamado nasce uma resposta, como soaram as palavras de Samuel: “Fala que o teu servo escuta!” O seu convite procura tirar-nos do lugar onde estamos. Deus nos chama para uma vida nova, que implica em reconhecer que a vida é mais do que os nossos olhos vêem, uma vida de quem não é dono de si mesmo, mas pertence ao Senhor, como nos diz São Paulo (2ª. Leitura).

Depois do risco de sair para ver onde está o Senhor, podemos permanecer. É preciso interpretar este convite com cuidado. Não é uma contradição ao primeiro movimento, pois, de fato, sempre estaremos peregrinos, a caminho. Permanecer não significa a estabilidade passiva, mas sim que dentro do caminho da fé é preciso ser constante e demorado. Não conheceremos o Senhor de uma hora para outra, pois Ele é um mistério. Por isso, é preciso dedicar tempo, dedicar energia, demorar em sua presença.

A lógica bíblica é simples: do convite amoroso brota um encontro vivo; de um encontro vivo, uma reposta livre; de uma resposta livre, uma vida nova; de uma vida nova, uma missão. Neste domingo você é convidado a meditar sobre o seu encontro pessoal com Jesus Cristo e sobre suas implicações. É chamado a meditar sobre sua vocação como batizado (a) e sobre o modo específico de desempenhar sua vida cristã. É ainda impelido (a) a ser um anunciador do amor derramado em seu coração pela graça do Espírito Santo na força renovadora da Páscoa, como os discípulos que não deixaram a experiência trancada dentro deles mesmos.

Continuamos sempre um pouco curiosos, querendo saber onde ele mora. O Mestre continua a nos surpreender, mostrando-se dos modos mais inusitados. Seu convite ressoa pelos séculos e atinge os nossos corações: “Vinde e vede!” A resposta fica por sua conta.
Bom domingo!

Pe. Roberto Nentwig
"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!”
 (2Cor 12,9).