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terça-feira, 29 de junho de 2021

DIA DE SÃO PEDRO: SAIBA MAIS SOBRE ESTE SANTO JUNINO

São Pedro - Praça do Vaticano

"E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. ( Mt 16,18-19)


Seu nome de nascimento era Simão, mas, Jesus o chamou de Pedro. Mudanças de nome na Bíblia, são comuns como o de Abrão para Abraão, de Jacó para Israel. Estas mudanças tem um sentido teológico, como a missão para a qual o personagem é chamado. Pedro é chamado a ser a pedra sobre a qual é edificada a igreja. A passagem mais significativa sobre esse fato aparece em Mateus 16,18:  Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (veja também Marcos 3,16; Lc 6,14 e João 1,42). Essa troca de nome, em Mateus, acontece depois da profissão de fé do apóstolo: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 15,16).

Segundo o biblista Luiz Rosa, a língua portuguesa não ajuda a entender a riqueza desta passagem:

Existe um jogo de palavra com o vocábulo “Pedra”, que em português se perdeu, pois o nome “Pedro” se tornou muito comum. Abaixo temos a frase de Mateus, sublinhado as palavras, em grego, Pedro e Pedra: “Bem-aventura és tu, Simão, filho de Jonas (...) Também eu te digo que tu és Petros e sobre esta Petra edificarei minha igreja.” O vocábulo é o mesmo, apenas são apresentados em caso diversos: o primeiro no nominativo e o segundo no dativo. Em aramaico, língua que Jesus falava, provavelmente se dizia: “tu és cefas e sobre esta cefas edificarei minha igreja” (veja João 1,42). Nas línguas daquele tempo, portanto, é evidente a relação entre Pedro e Pedra, coisa que em nossas traduções não é mais evidente, pois dizendo “Pedro” não pensamos imediatamente em pedra, mas simplesmente em um nome próprio (abiblia.org).

E foi a Pedro que Jesus confiou a liderança dos apóstolos. Mesmo em sua simplicidade e sua luta contínua pela fé, Pedro é consciente da missão que Cristo lhe confiou.

Pedro nasceu em Betsaida, um pequeno vilarejo às margens do lago de Genesaré, ou Mar da Galileia, no norte de Israel.. Quando conheceu Jesus, Simão era casado (os Evangelhos falam da cura da sogra de Pedro) e morava em Cafarnaum, importante cidade às margens do lago de Genesaré. Era filho de Jonas e tinha um irmão, André. Este foi quem o apresentou a Jesus. Os dois se tornaram discípulos de Jesus e mais tarde apóstolos. São Pedro era pescador e possuía um barco, em sociedade com seu irmão. Ambos trabalhavam no Mar da Galileia, um lago de água doce formado pelo Rio Jordão, em Israel.

Pedro era um homem simples, extrovertido, falava sem pensar. Por outro lado, era acostumado às dificuldades da vida de pescador. Mas depois de três anos seguindo Jesus, e depois do receber o poder do Espírito Santo em Pentecostes, Pedro se tornou um grande líder, um apóstolo, palavra que quer dizer enviado.

A partir do Pentecostes, Pedro reunia multidões em suas pregações. Ele tinha o dom da cura de tal forma que as pessoas queriam tocar em seu manto, ou passar sob sua sombra para que fossem curados e libertados, como atesta o livro dos Atos dos Apóstolos. Ele escreveu duas cartas que estão no novo testamento, animando e exortando a Igreja nascente. Passou a ser um evangelizador por todos os lugares onde passava. Sua autoridade como o líder da Igreja nascente sempre foi respeitada e atestada por vários documentos da Igreja. De fato, Pedro assumiu as “chaves da Igreja” e seus sucessores, os Papas, são continuadores de sua autoridade e da missão dada pelo próprio Jesus Cristo.

Devoção e morte de São Pedro

Por pregar o Evangelho, São Pedro foi preso várias vezes. Uma vez, em Jerusalém, um anjo de Deus o libertou da prisão passando por vários guardas. Depois de evangelizar e animar a Igreja em vários lugares, Pedro foi para Roma. Lá, liderou a Igreja que sempre crescia, apesar das perseguições. Assim, os romanos descobriram seu paradeiro, prenderam-no e condenaram-no à morte de cruz. No derradeiro momento, Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por não se julgar digno de morrer como seu Mestre. Seus restos mortais estão no altar da Igreja de São Pedro em Roma.

As imagens de São Pedro 

São Pedro

A imagem de São Pedro revela sua trajetória de vida. Tanto as roupas quanto as cores e os objetos que ele segura contam um pouco da vida deste santo chamado por Jesus para ser o símbolo da unidade da Igreja e da autoridade de Cristo na terra. Sua postura na maioria das imagens representa-o olhando para o céu. Este é o primeiro símbolo claro de sua missão na terra: conduzir a Igreja para o céu. Missão que continua na figura do Papa da Igreja Católica.

As chaves na mão de São Pedro simbolizam a autoridade que ele recebeu do próprio Jesus Cristo: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu”. (Mt 16, 19). Esta autoridade dada a Pedro, é exercida não pelo poder, mas sim pelo ensinamento, pela doutrina da Igreja, pela qual ele é responsável e pelos dogmas de fé, que somente os Papas tem a autoridade para proclamar. As chaves estão na mão direita de Pedro reforçando a sua autoridade. Na iconografia cristã, a mão direita simboliza autoridade, assim como o lado direito. Assim rezamos sobre Jesus: “'Está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso...”

As chaves possuem cores diferentes: A chave bronze ou marrom, representa a autoridade que ele tem sobre a Igreja terrena. Esta chave está em primeiro plano porque a Igreja terrena é a que nós vemos e construímos com nossas vidas no presente. A chave prata ou cinza representa a chave do Reino dos Céus. Ela está mais oculta, em segundo plano, simbolizando que o céu é uma meta que ainda não alcançamos, mas que devemos alcançar.

Só no século VIII as chaves se tornam seu símbolo peculiar. Às vezes, Pedro carrega uma grande chave, mas, geralmente, ele carrega duas chaves, uma de ouro e outra de prata. Segundo outra tradição: ouro para os portões do céu, ferro para os portões do inferno. A lenda que torna São Pedro o guardião do portão do Paraíso, com poder de conceder ou recusar a admissão, teve sua origem na entrega das chaves a ele. (Elizabeth Goldsmith em seu livro Sacred Symbols in Art ).

O livro na mão de Pedro simboliza a catequese, evangelização e formação, dadas por ele e por seus sucessores. Exercendo seu ministério de Pastor Universal da igreja, ele formou, ensinou, pregou, orientou e exortou os fiéis no caminho do Reino dos Céus. Pode-se dizer que o Evangelho segundo São Marcos é uma obra de Pedro, pois Marcos foi seu discípulo. É muito provável que Pedro tenha narrado os fatos mais importantes da vida de Cristo a Marcos, assim como tenha ditado as duas cartas contidas no Novo Testamento.

 

O Brasão do Papado e do Vaticano, tem as  chaves do céu cruzadas: a chave de prata simboliza o poder de desligar a Terra ao Céu e a chave de ouro simboliza o poder de ligar a Terra ao Céu.

Curiosidades

- O dia de São Pedro é comemorado em 29 de junho desde os primeiros séculos da Igreja Cristã. Essa celebração é mais velha que o próprio Natal.

- São Pedro é considerado o “Senhor das chuvas”. Por possuir a grande chave do Reino dos Céus se passou então a associar que São Pedro também tem o controle das chuvas. A celebração do dia do santo é realizada na primeira semana do inverno, período em que muitos agricultores estão arando a terra ou plantando. É comum que evoquem a São Pedro para pedir chuva e uma boa safra. Por outro lado, se a lavoura estiver em fase de colheita, São Pedro é invocado para conseguir exatamente o inverso, fechar as portas do céu e impedir chuvas prolongadas. Muitos ainda brincam dizendo que quando chove muito é porque São Pedro decidiu arrumar o céu e, por isso, está lavando o chão. Em relação ao barulho dos trovões, alguns costumam dizer que é porque o santo está ‘arrastando os móveis’.

- Padroeiro dos Pescadores: São Pedro é o protetor dos pescadores, já que essa era a sua profissão. Por isso, em seu dia, procissões marítimas ocorrem em diversas cidades litorâneas.

- Pedro também é conhecido como o santo das viúvas e viúvos. Os evangelhos falam até na sua sogra, mas não sobre sua esposa e acredita-se que ele era viúvo. A crendice diz que no dia 29 de junho todo homem que tiver Pedro ligado ao seu nome e os viúvos (as) devem acender fogueiras nas portas de suas casas.

- Primeiro Papa:  A Igreja Católica considera Pedro como o primeiro bispo de Roma e, por isso, o primeiro papa. Pedro foi mesmo a pedra fundamental da Igreja Católica Romana. Um fato curioso é que todo papa usa em sua mão esquerda o Anel do Pescador. Um anel em ouro que traz inscrito em alto-relevo o nome do papa além da gravura de um homem lançando redes de pesca. O anel simboliza o poder supremo sobre a Igreja Católica e o desenho faz referência ao primeiro homem que teve esse poder, um humilde pescador que iniciou sua vida no litoral da Galileia.

- Nome Papal: Em respeito a Pedro, os papas que o sucederam evitaram utilizar seu nome como o “oficial” para o pontificado, conhecido como “nome papal”. Nunca houve um Papa Pedro II, sendo que os bispos de Roma eleitos se abstém de escolher este nome, como parte da tradição de somente São Pedro, príncipe dos apóstolos, nomeado pelo próprio Cristo, deve ter essa honra.

- A Festa de São Pedro e São Paulo, também chamada de Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, é uma festa cristã em honra ao martírio em Roma dos apóstolos Pedro e Paulo, comemorada em 29 de junho ou no domingo seguinte. A celebração tem origem muito antiga, sendo a data escolhida o aniversário da morte ou do translado das relíquias dos santos.

- Os evangelhos dão testemunho da posição de destaque ocupada por Pedro entre os discípulos de Jesus. No entanto, mesmo assegurando que jamais trairia Cristo, negou conhecê-lo por três vezes, quando seu mestre foi preso. Após a ressurreição, Pedro foi o primeiro apóstolo a quem Cristo apareceu e, depois disso, ele se tornou chefe da comunidade cristã.

- Conta-se que São Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, para não igualar-se a Jesus. No local onde foi sepultado, segundo a tradição, ergueu-se a basílica do Vaticano, mas as escavações feitas no local não são conclusivas quanto ao fato de ali ser ou não o túmulo do santo.

- O filme “Quo vadis?” de 1951, é uma adaptação do livro do escritor polonês Henrik Sienkiewicz, Prêmio Nobel de 1905, conta a história do santo fugindo da perseguição, ele estava deixando Roma, quando encontrou-se com Cristo e perguntou-lhe: "Onde vais, Senhor?" (em latim, Quo vadis, Domine?). Jesus disse que voltava para Roma, onde seria novamente crucificado. Pedro então voltou para Roma e acabou martirizado.



- São Pedro como Festa Junina: É nesse dia que se rouba o mastro de São João para marcar o fim das festas juninas. Como características do festejo para São Pedro, estão a fogueira em formato triangular e o pau-de-sebo.

Oração a São Pedro

Glorioso São Pedro, creio que vós sois o fundamento da Igreja, o pastor universal de todos os fiéis, o depositário das chaves do Céu, o verdadeiro vigário de Jesus Cristo; eu me glorio de ser vossa ovelha, vosso súdito e filho. Uma graça vos peço com toda a minha alma; guardai-me sempre unido a vós e fazei que antes me seja arrancado do peito meu coração do que o amor e a plena submissão que vos devo nos vossos sucessores, os Pontífices romanos. Viva e morra como filho vosso e filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Assim seja.

Ó glorioso São Pedro, rogai por nós que recorremos a vós.

Amém.

 

Colaboração: Suzana Lossurdo – Barra Bonita SP.

Imagens:

São Pedro - Praça do Vaticano - https://www.freeimages.com/pt/photo/statue-of-st-peter-1235964  

Brasão: https://www.gratispng.com/png-j4vab4/

Imagem de São Pedro:

https://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2011/04/url.jpg

Comidas típicas das Festas juninas:

 https://www.calendarr.com/brasil/festa-junina/

 

Fontes de pesquisa:

https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sao-pedro/156/102/

https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-mateus/16/

https://pt.aleteia.org/2020/02/24/por-que-sao-pedro-segura-chaves/

http://saopedropartituras.blogspot.com/2012/07/sao-pedro-e-sao-paulo.html

Curiosidades de São Pedro. INFONET, João Paulo Schneider e Raquel Almeida

 


sábado, 26 de junho de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: A FÉ GRANDE DE UMA MULHER


 

13º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Marcos 5,21-43

 A cena é surpreendente. O evangelista Marcos apresenta uma mulher desconhecida como modelo de fé para as comunidades cristãs. Dela aprenderão como procurar Jesus com fé, como chegar a um contato com Ele que os cure e como encontrar Nele a força para iniciar uma vida nova, cheia de paz e saúde.

Diferentemente de Jairo, identificado como «chefe da sinagoga» e homem importante em Cafarnaum, esta mulher não é ninguém. Só sabemos que padece de uma doença secreta, tipicamente feminina, que lhe impede de viver de forma sã a sua vida de mulher, esposa e mãe.

Sofre muito física e moralmente. Arruinou-se procurando ajuda nos médicos, mas ninguém a pôde curar. No entanto resiste a viver para sempre como uma mulher doente. Está só. Ninguém a ajuda a aproximar-se de Jesus, mas ela saberá encontrar-se com Ele.

Não espera passivamente que Jesus se aproxime e lhe imponha as Suas mãos. Ela mesma o procurará. Irá superando todos os obstáculos. Fará tudo o que possa e saiba. Jesus compreenderá o seu desejo de uma vida mais sã. Confia plenamente na Sua força curadora.

Fé grande de uma mulher

A mulher não se contenta só com ver Jesus de longe. Procura um contato mais direto e pessoal. Atua com determinação, mas não de forma amalucada. Não quer incomodar ninguém. Aproxima-se por detrás, entre as pessoas, e toca-Lhe no manto. Nesse gesto delicado concretiza e expressa a sua confiança total em Jesus.

Tudo ocorreu em segredo, mas Jesus quer que todos conheçam a fé grande desta mulher. Quando ela assustada e temorosa confessa o que fez, Jesus diz-lhe: “Filha, a tua fé curou-te”. “Vai em paz e com saúde”. Esta mulher, com a sua capacidade para procurar e acolher a salvação que se nos oferece em Jesus, é um modelo de fé para todos nós.

Quem ajuda as mulheres dos nossos dias a encontrar-se com Jesus? Quem se esforça por compreender os obstáculos que encontram em alguns setores da Igreja atual para viver a sua fé em Cristo «em paz e com saúde»? Quem valoriza a fé e os esforços das teólogas que, com pouco apoio e vencendo toda a classe de resistências e rejeições, trabalham sem descanso por abrir caminhos que permitam à mulher viver com mais dignidade na Igreja de Jesus?

As mulheres não encontram entre nós o acolhimento, a valorização e a compreensão que encontravam em Jesus. Não sabemos olhar como as olhava Ele. No entanto, com frequência, elas são também hoje as que, com a sua fé em Jesus e o seu alento evangélico, sustentam a vida de não poucas comunidades cristãs.

Texto de José Antonio Pagola.

Fonte: cebi.org.br

Publicado pelo site do Instituto Humanitas, 29/06/2018.

 

terça-feira, 22 de junho de 2021

SÃO JOÃO BATISTA: CONHEÇA MAIS DO SANTO MAIS POPULAR DAS FESTAS JUNINAS!

 

SÃO JOÃO BATISTA

E o anjo disse a Maria: “Tua prima Isabel, apesar da idade avançada, recebeu a graça de Deus de gerar um filho. Encontra-se no sexto mês de gestação”. E Maria, feliz, foi ajudar sua prima.

Isabel e Zacarias, já de idade avançada, rogavam a Deus para terem a alegria de um filho, pois um casal sem filhos, era motivo de vergonha. Deus, em sua misericórdia ouviu o clamor desse casal e lhes concebeu um bebê e que teria uma tarefa muito importante em sua vida: preparar o terreno para a chegada do Messias.

Maria, por volta dos três meses de gestação, acompanhada de José, percorreu cerca de 150 quilômetros de Nazaré até Ain-Karin, cidade que fica a uns seis quilômetros de Jerusalém, para encontrar sua prima.

Primeiro contato de Jesus com João

Ao entrar na casa de Isabel e Zacarias, e durante aquele abraço em que os corações se tocam, o Espírito Santo, sempre presente na vida dessas  mulheres, fez com que Isabel dissesse as seguintes palavras: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é  fruto do teu ventre”. Que é um dos versos da oração da Ave Maria. Continua Isabel: “Donde vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de  tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meio seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! (Lucas 1, 42 -45).  E assim começa a história do último profeta, João Batista.

Quem é São João Batista


João Batista nasceu no povoado de Ain-Karin na Judéia, no ano 2 a.C. Segundo o Evangelho de São Lucas, João era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, descendente de Aarão, prima de Maria, que viria a ser a mãe de Jesus. “Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada” (Lucas 1, 7).

Lucas, em seu Evangelho relata que o nascimento de João foi anunciado pelo anjo Gabriel, enviado por Deus. "Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo". "Então apareceu um anjo do Senhor". "O anjo disse: Não tenha medo, Deus ouviu seu pedido, e sua esposa vai ter um filho e você lhe dará o nome de João". (Lucas 1, 8,11-13).

No oitavo dia, após  Isabel dar à luz a seu filho, e como era prática entre os judeus, João passou pela cerimônia da circuncisão.

* A circuncisão é o ato cirúrgico de retirar o prepúcio nos homens, que é a pele que recobre a cabeça do pênis. Embora tenha começado como um ritual em algumas religiões, essa técnica é cada vez mais usada por motivos de higiene e pode até ser usada para tratar problemas do pênis, como a fimose, por exemplo.

Sendo seu pai sacerdote do templo, e sua mãe pertencente a uma sociedade chamada “Filhas de Aarão”, a educação de João foi influenciada por essas atividades. Conforme ia crescendo, se tornava mais forte de espírito. Tornou-se um líder muito popular, reunindo sempre grandes quantidades de pessoas ao seu redor.

A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o “precursor” de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.

Já no Antigo Testamento, encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é considerado um dos elos entre o Antigo e o Novo Testamento.

As pregações no deserto


João Batista iniciou a sua vida de pregação no deserto da Judéia. Viveu como um nômade pregando palavras de arrependimento e transformação. Quando começou, os judeus estavam esperando o Messias, que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira.

Segundo Mateus, João dizia: “Converta-se, porque o Reino do Céu está próximo”. “João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse”: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas veredas!” João usava roupa feita de pelos de camelo, e um cinto de couro na cintura, comia gafanhotos e mel silvestre. Os moradores de Jerusalém, de toda a Judéia e de todos os lugares em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam os próprios pecados e João os batizava no rio Jordão (Mateus 3, 2-6).

João anunciava que a chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As autoridades mandam investigar se João pretendia ser ele o Messias, mas João nega.

A vaidade, o orgulho ou até mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos comprovar isso pelos relatos evangélicos. Por sua austeridade e fidelidade cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas imediatamente retruca: “Eu não sou o Cristo” (Jo 3, 28) e “não sou digno de desatar a correia de sua sandália” (Jo 1,27). Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o rumo certo, ao exclamar: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,29).


São João Batista batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim ?” (Mt 3,14).

Mais tarde, João foi preso e degolado por Herodes Antipas, por denunciar a vida imoral do governante. Marcos relata, em seu evangelho (6,14-29), a execução: “Salomé, filha de Herodíades, mulher de Herodes, pediu a este, por ordem da mãe, a cabeça do profeta, que lhe foi servida numa bandeja”. O corpo de João foi, segundo Marcos, enterrado por seus discípulos.

Curiosidades

A celebração da natividade de São João Batista é a única festa litúrgica que  Igreja dedica ao nascimento de um santo.  São João Batista é o único santo festejado no dia do seu nascimento!

Por ter sido purificado ainda no ventre de sua mãe, pelas palavras da  virgem Maria, São João é venerado na Igreja Católica com uma festa litúrgica particular a muito, muito, muito tempo. Santo Agostinho, no ano  400, já dizia que o santo era comemorado a 24 de junho na Igreja africana.

São João, além de mais alguns santos, é tido como protetor das grávidas, pode ser pelo fato de sua mãe o ter gestado, quando já era bem idosa.

A “Festa Junina” de São João

Na cultura popular brasileira, as festas juninas têm lugar especial, pois, além de valorizarem as tradições locais do país, também revelam muitos elementos históricos, religiosos e mitológicos curiosos, que passam despercebidos. As festas juninas seguem o calendário litúrgico da Igreja Católica, que acabou por substituir os rituais dedicados aos deuses médio-orientais, gregos, romanos e nórdicos por festas dedicadas aos santos.

A origem do dia de São João

Havia, na segunda quinzena do mês de junho, quando ocorria o solstício de verão na Europa, o culto a deuses da natureza, das plantações, colheitas etc. Estes cultos eram associados aos ciclos naturais da vegetação, que morre no inverno e renasce e vigora na primavera e verão. O culto a deus Adônis, cujo dia era 24 de junho, tinha por objetivo a celebração dessa renovação, da “boa-nova” do renascer da natureza. Essa ideia foi assimilada pelo cristianismo, que substituiu Adônis por São João Batista.

São João Batista, na tradição cristã, anunciou a “boa-nova” (boa notícia) da vinda do Cristo, filho de Deus, salvador da humanidade, que “renovaria todas as coisas”. Da história de São João, a cultura popular europeia retirou vários símbolos, que passaram a se mesclar com os tradicionais ritos de colheita remanescentes do culto a Adônis. Um dos símbolos mais importantes é a fogueira.

História da fogueira e Simpatias em torno dela

A fogueira é um símbolo tradicional do Dia de São João. A fogueira, característica das festas de São João, tem seu fundamento na história do nascimento de João Batista. A fogueira era um sinal de Santa Isabel, mãe de São João, para Maria, mãe de Jesus. Abaixo segue uma sinopse da história, adaptada pela pesquisadora Lúcia Rangel:

“Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.

Nossa Senhora então perguntou:

— Como poderei saber do nascimento dessa criança?

— Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica.”

No caso específico do Brasil, a prática do acendimento da fogueira na noite de 23 para 24 de junho foi trazida pelos jesuítas. Tal prática foi com o tempo associada a outras tradições populares, como o forrobodó africano (espécie de dança de arrasta-pé), que daria no forró nordestino, e a quadrilha caipira, que herdou elementos de bailes populares da Europa – palavras como “anarriê”, “alavantú” e “balancê”, por exemplo, são adaptações de termos de bailes populares da França.

Em torno da fogueira de São João também se desenvolveu uma série de superstições e simpatias. Há, por exemplo, a prática do “batismo na fogueira”, que cria laços de apadrinhamento na ação de saltar as brasas de uma fogueira que se tenha acendido.

Há também a tradição de inúmeras simpatias de adivinhação, principalmente aquelas relacionadas com o casamento. Um exemplo é a simpatia de se passear descalço nas brasas da fogueira com uma faca virgem em mãos. Depois, tal faca deve ser cravada em uma bananeira. No dia seguinte, a pessoa deve tirar a faca da bananeira e observar os desenhos que a nódoa do caule terá produzido. Desses desenhos aparecerão as iniciais do nome da pessoa com quem vai se casar.

O grande folclorista potiguar Câmara Cascudo narra, em sua Antologia do Folclore Brasileiro, uma simpatia relacionada com a fogueira muito comum no Nordeste: “Em noite de São João passa-se sobre a fogueira um copo contendo água, mete-se no copo sem que atinja a água um anel de aliança preso por um fio, e fica-se a segurar o fio; tantas são as pancadas dadas pelo anel nas paredes do copo quantos os anos que o experimentador terá de esperar pelo casamento”. Esse tipo de simpatia, lembra Cascudo, remete a ritos religiosos pagãos, como a prática dos oráculos entre gregos e romanos.

Oração de São João Batista



São João Batista, voz que clama no deserto:
Endireitai os caminhos do Senhor… fazei penitência, porque no meio de vós está quem não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias, ajudai-me a fazer penitência das minhas faltas para que eu me torne digno do perdão daquele que vós anunciastes com estas palavras:
Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo.
Amém!

 Colaboração: Suzana Lossurdo - Barra Bonita SP.


BIBLIOGRAFIA:

FERNANDES, Cláudio. 24 de junho - Dia de São João; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/detalhes-festa-junina/origem-festa-sao-joao.htm . Acesso em 22 de junho de 2021.

MIRANDA, Evaristo. Guia de Curiosidades Católicas: Causos, costumes, festanças e símbolos escondidos no seu calendário. Petrópolis: Vozes, 2007.

João Batista: pregador religioso. Encontrado em:   https://www.ebiografia.com/joao_batista/ . Acesso em 21/06/2021.

A Circuncisão. Encontrado em: https://www.tuasaude.com/o-que-e-circuncisao/.  Acesso em 21 de junho de 2021.

RANGEL, Lúcia H. V.  A lenda do surgimento da fogueira de São João in Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. p. 35.

São João. Encontrado em: https://formacao.cancaonova.com/diversos/sao-joao-batista/


FONTE DAS IMAGENS:

Maria e Isabel: the-nativity-story-03-e1481658960925-1040x673-1024x663.jpg (1024×663) (radiomaria.org.ar)

Zacarias: https://padrepauloricardo.org/episodios/a-incredulidade-de-zacarias

Pregação no deserto: https://www.bibliadeestudo.org/john-baptist.html

Batismo: https://redeexcelsior.com.br/arquidiocesedesalvador/2019/06/21/paroquia-sao-joao-batista-celebrara-a-festa-do-precursor-de-jesus/

Festa Junina e estandarte. https://brasilescola.uol.com.br/detalhes-festa-junina/origem-festa-sao-joao.htm

Menino João https://www.santateresinha.org.br/single-post/2016/06/24/especial-santos-juninos-s%C3%A3o-jo%C3%A3o-batista-o-precursor-de-jesus


sábado, 19 de junho de 2021

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO:QUEM É ESTE HOMEM?

Imagem: CEBI

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Marcos 4,35-41

Este texto está situado na primeira parte do Evangelho, onde Marcos procura demonstrar que as autoridades religiosas da época, os próprios parentes de Jesus e os discípulos dele não o compreenderam, apesar de verem as suas obras e milagres (1,19–8,21). Toda esta primeira parte do Evangelho prepara o chão para a pergunta fundamental do Evangelho: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Por isso a história hoje relatada leva os discípulos a se perguntarem: “Quem é este homem?”

A história do evento no mar de Galileia retrata simbolicamente a situação da comunidade marcana, pelo ano 70, quando o Evangelho foi escrito. A comunidade está vacilando na sua fé, assolada por dúvidas e até perseguições. Diante do cansaço da caminhada, muitos se refugiaram na busca de uma religião de milagres, sem o esforço de seguir Jesus até a Cruz. Por isso, Marcos insiste que os milagres não são suficientes para conhecer Jesus, pois as autoridades, os familiares e os discípulos os presenciaram e não chegaram a entender nem a pessoa nem a proposta de Jesus.

O barco no lago, assolado pelos ventos e ondas, representa a comunidade dos discípulos, prestes a afundar-se por causa das dificuldades da caminhada. Jesus dorme no barco e parece não se preocupar com o perigo. Assim, para a comunidade marcana, parecia que Jesus não estava ligado aos seus sofrimentos e, como consequência, vacilavam na sua fé. Mas, Jesus acalmou o mar e ainda questionava a pouca fé dos Doze: “por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” (v. 3). Assim, Marcos quis mostrar aos leitores do seu tempo que Jesus estava com eles nas dificuldades e que a sua falta de fé estava causando grande parte das dificuldades que estavam enfrentando.

Hoje, em muitos lugares, a Igreja parece como a igreja marcana, ou ainda como o barco no mar. Diante das desistências, do secularismo, da diminuição da sua influência, para muitos a Igreja está se afundando. Em lugar de assumir o doloroso seguimento de Cristo até a Cruz, muitos se refugiam em uma religiosidade de milagres, assim fugindo da penosa tarefa de construir o Reino de Deus entre nós. Até diante da pessoa e mensagem do Papa Francisco, muitos simpatizam com ele como pessoa, mas permanecem surdos aos seus apelos em favor de um seguimento autêntico do Salvador. Marcos vem corrigir esta ideologia triunfalista das suas comunidades e nos convida a aprofundar a nossa fé, a clarear para nós mesmos e para o mundo “quem é este homem?”, e a segui-lo no dia a dia. Pois, Jesus não está alheio às nossas dificuldades! Pelo contrário, Ele está no meio de nós. Só que não nos livra da tarefa de nos engajarmos na luta pelo Reino, mesmo que as ondas e os ventos estejam contrários. Ter fé nele não é somente acreditar que Ele exista e seja Filho de Deus, mas tomar a nossa cruz e segui-Lo, na certeza que Ele não nos abandonará! Ressoa para nós hoje a pergunta de dois mil anos atrás: “Por que são tão medrosos? Ainda não têm fé?”

Tomaz Hughes

Fonte: cebi.org.br

sexta-feira, 18 de junho de 2021

ITINERÁRIO PARA CATECUMENATO DE ADULTOS: QUE MODELO SEGUIR?

Ícone de Cristo Pantocrator (Todo Poderoso) - Representação de Jesus

Não é de hoje que a Catequese de Adultos nos desafia. Primeiro pelo tom urgente que o Concílio Vaticano II nos trouxe para adotar o processo catecumenal, depois pelo fato de que os adultos de hoje já não se satisfazem mais com uma catequese "de catecismo" e que não traga resposta aos anseios dos homens e mulheres de hoje. E, somadas a estes desafios, vem as nossas dúvidas:

Que modelo seguir? 

Quais os temas a serem aprofundados com os adultos?

Quanto tempo dura a "catequese"?

isso só para começar...

Fato é que, mesmo depois do Documento de Aparecida, do Diretório Nacional de Catequese e de vários outros documentos, também fazerem acenos a este respeito, ainda existem comunidades que respondem aos adultos que procuram a paróquia, com uma catequese sacramental e sem profundidade. Mas, estamos mudando aos poucos estes conceitos. Dioceses vem criando diretórios para o catecumenato de adultos e, onde não há esta iniciativa, as próprias comunidades estão buscando parâmetros que ajudem a enfrentar este desafio.

Não pretendemos, obviamente, criar um "itinerário" a ser seguido por todos - mesmo porque, compete a cada diocese (Arqui), providenciar isso - mas, tão somente, trazer aos catequistas um pequeno "Guia" para o processo catecumenal a se iniciar com adultos. Este guia é fruto de experiências levantadas em diversas dioceses do Paraná, especialmente, na Arquidiocese de Curitiba, que já têm uma longa caminhada no Catecumenato de Adultos, trazendo aos seus protagonistas um Diretório de Iniciação à Vida Cristã e também um Itinerário para o Catecumenato de adultos, já com sugestão de temas com seus respectivos roteiros.

Respondendo as dúvidas formuladas, podemos afirmar que o modelo a seguir é o da SUA diocese. No entanto, como já observamos, nem todas as dioceses trazem as respostas ainda. Ou elas não são do conhecimento da base (catequistas). Falta aí, uma integração entre os diversos níveis das comissões catequéticas e o pároco, principal e primeiro catequista da comunidade.

Mesmo tendo conhecimento do Itinerário usado no processo catecumenal, surge a dúvida: Quais os temas a serem aprofundados com os adultos? O que trabalhar nos encontros? Enquanto tempo deve durar esta etapa (de catequese)?

Aqui é preciso tomar cuidado, pois, durante muitos anos seguiu-se o "catecismo", com uma catequese de perguntas e respostas, exclusivamente sacramental e sem ligação com a liturgia da Igreja. E existe, ainda em muitos lugares, a Catequese de Adultos, organizada por leigos da comunidade que nunca tiveram contato com qualquer metodologia catequética ou documento que não fosse o CIgC. O objetivo desta catequese ainda é "casar na Igreja" ou ser "padrinho" de alguém. O tempo sendo estabelecido conforme a necessidade da "clientela".

Esta fase, graças ao bom Deus, acabou! Não fazemos mais catequese para dar "comprovante" ou "certificado". Não na catequese dos adultos!

O processo catecumenal tem 4 "Tempos" assim definidos: 

Pré-catecumenato: que pode durar o tempo necessário para "introduzir" o candidato (este é o nome que damos) ao processo catecumenal. O número de encontros é reduzido, quatro ou cinco, intercalados com a presença nas missas, eventos da comunidade, contato com pastorais e grupos.

Catecumenato ou Catequese: a duração da catequese ideal, seria de até 3 anos, como era a catequese na Igreja dos primeiros séculos, no entanto, a pressa do mundo atual, não nos permite este tempo. Assim, as Igrejas particulares (dioceses), optam por 01 ano até 02 anos.

Iluminação/Purificação: tempo da Quaresma, com a realização dos sacramentos no sábado da Vigília Pascal. Não sendo possível o sábado, realiza-se nas 2 primeiras semanas do Tempo Pascal.

Mistagogia: tempo de reflexão e adesão à comunidade. O ideal é que dure até o domingo de Pentecostes, onde se possa fazer uma celebração de envio, já com vistas à adesão pastoral.

Agora vem a dúvida que "cutuca" o catequista: Quais Temas tratar na Catequese? Os demais tempos estão todos disciplinados no RICA - Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, livro litúrgico que trata das orientações e celebrações. Mas, e os encontros que devem ser feitos durante 01 ano, 02 anos, devem ter que direção?

Vamos pensar primeiramente que isto já era do conhecimento dos primeiros "catequistas" da nossa Igreja. Os discípulos que seguiram Jesus e foram enviados para evangelizar o mundo. SIM! Eles tinham um livro de roteiros! O Didakê ou Instrução dos Apóstolos. E a partir daí, inúmeros documentos da Igreja sempre frisando quais são os temas básicos da catequese: O Creio, o Pai Nosso, os Mandamentos, os Sacramentos, aliados à História da Salvação, a Vida de Jesus e história da Igreja. Mais nada! Ou deveríamos dizer: mais TUDO que diga respeito a estes sete pilares da catequese.

E assim vamos aprendendo em que cremos, o que rezamos, como vivemos, o que celebramos. Descobrimos de onde veio Jesus, a história da salvação descrita no Antigo Testamento, a vida de Jesus nos Evangelhos, a constituição da Igreja em  Atos e Cartas. Não podendo, evidentemente, esquecer da história do homem como ser do mundo em evolução, aliando as ciências antropológicas e religiosidade.

Cremos assim, que, conhecedores destes fatos, já podemos nos arriscar a fazer um pequeno Itinerário para a Catequese - Catecumenato dos Adultos.


ITINERÁRIO DO CATECUMENATO DE ADULTOS

(RICA – Ritual de Iniciação Cristã de Adultos)


1. PRE-CATECUMENATO

Este é o tempo de “conhecimento” e apresentação da comunidade ao interessado no catecumenato. Se ele foi apresentado á Igreja por uma pessoa católica: familiares, amigos etc., peça que essa pessoa o acompanhe durante esta fase do catecumenato, dando-lhe incentivo e apoio. Damos o nome de “introdutor” a essa pessoa. São previstos de 3 a 4 encontros. Observe que este “tempo” é mais personalizado e as turmas devem ter poucas pessoas.

1º – Acolhida: Quero hoje entrar na tua casa (Lc 19, 1-10);

2º – Encontro pessoal dom jesus Cristo (Jo 1, 35ss);

3º - Quem é Jesus Cristo? (Mt 16, 13-17).

Caso seja necessário, fazer um 4º e 5º encontro.

Celebração de entrada no catecumenato - Entre o 2º. Domingo da Páscoa e a Ascensão do Senhor.


Faz-se a entrega da Bíblia (Pode-se entregar a cruz).

- Os que já receberam os sacramentos são acolhidos de modo diferenciado, aptos para participar do processo formativo, embora não sejam chamados de catecúmenos, e sim catequizandos.

2. TEMPO DO CATECUMENATO – ENCONTROS (temas).

1º ENCONTRO: Introdução a Sagrada Escritura.

2º ENCONTRO: Leitura Orante da Palavra de Deus.

3º ENCONTRO: História da Salvação I.

4º ENCONTRO: História da Salvação II.

5º ENCONTRO: Os dez Mandamentos e o Mandamento de Jesus.

6º ENCONTRO: Jesus, Rosto Divino do Homem, rosto Humano de Deus.

7º ENCONTRO: Maria, o ícone do Amor – Maria e o terço.

8º ENCONTRO: A intercessão dos Santos e Santas.

9º ENCONTRO: A oração nos faz íntimos de Deus

10º ENCONTRO: Jesus nos ensina a rezar – O Pai Nosso

Celebração de entrega - Pai Nosso. (Caso haja possibilidade, esta entrega deve ser feita durante o tempo de Iluminação/Purificação).

11º ENCONTRO: O Reino de Deus por meio das parábolas de Jesus

12º ENCONTRO: As Bem-Aventuranças

13º ENCONTRO: Santíssima Trindade

14º ENCONTRO: Eu Creio, nós Cremos – A oração do Creio.

Celebração de entrega - Creio. (Caso haja possibilidade, esta entrega deve ser feita durante o tempo da Iluminação/Purificação).

15º ENCONTRO: Ano Litúrgico

16º ENCONTRO: A Missa explicada

17º ENCONTRO: Introdução aos Sacramentos

18º ENCONTRO: Sacramento da Iniciação Cristã - BATISMO

19º ENCONTRO: Sacramento da Iniciação Cristã – EUCARISTIA

20º ENCONTRO: Sacramento da Iniciação Cristã – CRISMA

21º ENCONTRO: Sacramento de Cura – Reconciliação e Unção dos enfermos.

22º ENCONTRO: Sacramentos do Serviço: Matrimônio, Ordem.

23º ENCONTRO: A Igreja

24º ENCONTRO: A Missão do Cristão – A história de Paulo

(* A ordem dos encontros pode ser adaptada ao tempo litúrgico).

3. TEMPO DA ILUMINAÇÃO/PURIFICAÇÃO:

A segunda etapa da iniciação dá início ao tempo da purificação e iluminação, consagrado a preparar mais intensamente o espírito e o coração.  O tempo da Purificação e Iluminação dos catecúmenos é normalmente a QUARESMA.

Nessa etapa, a Igreja procede à “eleição” do candidato aos sacramentos.  Denomina-se “eleição” porque a Igreja admite o catecúmeno/catequizando, baseada na eleição de Deus, em cujo nome ela age. Chama-se, também “inscrição dos nomes” porque os candidatos, inscrevem seus nomes no registro dos eleitos. Nesse tempo, há intensa preparação espiritual, mais relacionada à vida interior que à catequese, procurando purificar os corações e espíritos pelo exame de consciência e pela penitência, e iluminá-los por um conhecimento mais profundo de Cristo, nosso Salvador.  Serve-se para isso de vários ritos, sobretudo dos escrutínios e das entregas.

ESCRUTÍNIOS: São 03 no total. Sãos Ritos que se realizam por meio de exorcismos*. Tem a finalidade de purificar os espíritos e corações, fortalecer contra as tentações, orientar as vontades, para que o eleitos se una mais fortemente a Cristo.

* Exorcismos: Orações que fortalecem o candidato na luta contra o mal. Inclui o gesto da imposição de mãos. Não é expulsão de um espírito demoníaco.

 

    1º Domingo da Quaresma - Celebração da Eleição:

Escrita do nome no livro dos “Eleitos”. (Admissão dentro da igreja-templo, preferencialmente no Primeiro domingo da quaresma). Os padrinhos acompanham os catecúmenos que são agora denominados de “eleitos”.

 

   3º Domingo da quaresma – 1º Escrutínio: A Samaritana (Jo 4,5-42): Fonte de água viva.

   

   4º Domingo da Quaresma – 2º Escrutínio: O Cego de nascença  (Jo 9,1-41): Deixar as trevas, acolher a luz.

 

   5º Domingo da Quaresma3º Escrutínio: Ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45). Participar da ressurreição.

 

   RETIRO ESPIRITUAL: Pode ser realizado num sábado ou à noite durante entre a 4ª e a 5ª Semana da Quaresma.

 

   Rito do Éfeta (preferencialmente no Sábado Santo)

 

CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ (VIGÍLIA PASCAL) 


 - Convém que os sacramentos sejam administrados na Vigília Pascal.
- Para os que serão batizados, receberão todos os sacramentos. O padre os confirma. Os demais poderão receber os sacramentos que faltam para a iniciação. Para confirmar estes, deve-se ter autorização do bispo.

4. MISTAGOGIA:

Mistagogia: Significa “introduzir no mistério”, ou seja introduzir no plano de salvação de Deus de salvar o mundo em Cristo (cf Ef, 1,3-13).

Acolhida aos neófitos  - 2º. Domingo da Páscoa

·        Catequeses mistagógicas - após as missas do Tempo Pascal

      Fazer a partilha e leitura orante do Evangelho que foi proclamado.

     É o momento de partilhar e aprofundar o significado dos sacramentos que foram recebidos.

- Celebração e festa de encerramento - Sugere-se que no Domingo de Pentecostes aconteça uma alegre celebração para marcar a “conclusão” do processo!

 Inserção na comunidade e nas pastorais

     Recebidos nas pastorais.

     Acolhidos em algum grupo.

     Convém que haja um programa na paróquia para que eles sigam seu caminho na comunidade.

 

Adaptação: Ângela Rocha

FONTES DE PESQUISA:

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1983.

Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1992.

CNBB. Catequese renovada: orientações e conteúdo. Documento da CNBB, nº  26. São Paulo: Paulinas, 1984.

CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DNC. Conferência Nacional dos  Bispos do Brasil. Brasília: CNBB, 2006.

Didaké, Doutrina dos Apostolos. São Paulo: Paulus, 1995

PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Diretório para a Catequese . Vaticano: 2020. Documentos da Igreja nº 61, CNBB: Brasília, 2020.

RICA – Ritual de Iniciação cristã de Adultos. São Paulo: Paulus, 1973.