domingo, 24 de setembro de 2023
terça-feira, 19 de setembro de 2023
POR QUE COMEÇAR A CATEQUESE FALANDO DE JESUS E NÃO DA CRIAÇÃO, COMO NA BÍBLIA?
Gênesis ou Evangelhos? Por onde começo?
Isso se dá pelo fato de que começamos a catequese "apresentando" Jesus ao catequizando, fazendo-o "acolher" Jesus em seu coração, acreditar nele... se "converter", mostrando as ações Dele nos Evangelhos. E o "seguimento" só vem depois da conversão, para seguir Jesus é preciso então saber "de onde Ele veio", o que fez com que Deus mandasse à terra seu único filho? Para isso é preciso conhecer a história da salvação contida no AT. Depois, numa terceira etapa vem o conhecimento dos sacramentos, da Igreja... ou seja, ali é que se "adere" realmente à causa maior de Jesus, o "Reino de Deus". É trabalhando na comunidade ajudando aos outros e sendo discípulo missionário que se adere de verdade à fé.
Um padre um dia – eu também
estava achando que se devia começar a catequese pela Criação - fez a seguinte analogia: Nós devemos ser como
as crianças. Quando elas conhecem um novo amigo, o que elas buscam primeiro?
Primeiro elas perguntam o nome e buscam as “afinidades”: os mesmos gostos, as
mesmas brincadeiras. Depois de um tempo brincando juntas, o encontro se
fortalece e elas querem saber umas das outras: onde você mora? Quem são seus
pais? De onde você veio? Somente então, eles evoluem a amizade para saber
qual é a rua onde moram, conhecer a casa um do outro, saber que escola
frequenta... Assim é também a fé. Primeiro precisamos conhecer e nos apaixonar
pela “pessoa” de Jesus Cristo; depois queremos conhecer sua história, de onde Ele
veio e depois queremos saber da sua casa, da sua comunidade, a Igreja, para
podermos estar juntos.
Jesus veio para fazer uma
"Revelação", que somente por Ele se chega ao Pai. É por meio dos
ensinamentos de Jesus que chegamos ao Pai, bondoso, amoroso, que perdoa e cura.
Se começarmos a catequese pelo AT, que Deus os catequizandos conhecerão primeiro?
Aquele Deus dos patriarcas, exigente e que castiga o homem pelos seus erros,
muitas vezes, até sem piedade. Será que é este Deus que converte? Não seria
melhor primeiro aprender de Jesus o quanto o Pai é bom e só depois conhecer a
caminhada do povo escolhido?
O Antigo Testamento, ou seja, a
história da Salvação, precisa ser tema da catequese. Só que é preciso dar o
"foco" que se deve, à luz de hoje, do mundo de hoje, da pedagogia de
hoje. Por exemplo, ao falar do Gênesis, valorizar a criação, a natureza, os
animais e os homens criados por Deus. Ao citar os patriarcas estamos falando de
um povo "escolhido" por Deus, de Abraão, de Moisés, que deixaram tudo
que tinham por "confiança" em Deus... Juízes, reis, como as várias
tentativas de se juntar um povo em torno de uma mesma fé... e os profetas como
aqueles que vinham preparando o caminho para a chegada do Messias. Tudo tem
importância. Claro que algumas leituras são mesmo muito difíceis de entender e
podem ser deixadas para a caminha do convertido depois dos sacramentos.
Ângela Rocha – Catequista
Graduada em Teologia pela PUCPR
domingo, 17 de setembro de 2023
ROTEIRO DE ENCONTRO: A CRIAÇÃO E A CASA COMUM - CATECUMENATO DE ADULTOS
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A GRAÇA DE PODER PERDOAR - REFLEXÃO
Mateus 18,15-35: A graça de poder perdoar
[Mesters, Lopes e Orofino]
Nesta reflexão para o evangelho do domingo, Jesus nos fala da necessidade de perdoar o irmão, a irmã. Não é fácil perdoar, pois certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: “Eu perdoo, mas não esqueço!” Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.
1 Situando
2 Comentando
3. Alargando
A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade
segunda-feira, 11 de setembro de 2023
APOSTILAS "CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO": CATECUMENATO DE ADULTOS
E com alegria, LANÇAMOS mais uma apostila! Desta vez respondendo aos anseios dos Catequistas que trabalham com Adultos, trazendo formação, orientaçãos e roteiros.
O grupo CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO vem atuando na web e nas redes socias há 12 anos. E o nosso propósito principal sempre foi proporcinar FORMAÇÃO aos catequistas. Formação esta, que nem sempre está disponível em nossas comunidades e que, via de regra custam mais do que o catequista pode pagar.
Por esta razão, sempre que ossível, fazemos formações online via redes sociais e oferecemos APOSTILAS sobre os diversos temas que permeiam a missão do catequista. Nossas apostilas são arquivos digitais e permitem que o material seja reproduzido em suas paróquias quantas vezes for necessário. Só não abrimos mão dos direitos de Publicação via internet.
Aproveite o desconto de lançamento e
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Ângela Rocha
domingo, 10 de setembro de 2023
QUAL A MELHOR IDADE PARA INICIAR A CATEQUESE?
E por mais que os catequistas tenham suas opiniões, infelizmente não são eles que decidem. São as comissões diocesanas ou os próprios bispos. Claro que se leva em conta as questões psicopedagógicas, mas, não se costuma "ouvir" os catequistas a este respeito. Fato é que "idade" e "tempo" de catequese são os mais diversos país afora. Até parece que somos vários países dentro de um só. E nem vou falar dos diferentes itinerários e roteiros...
Uma questão que é bastante relevante com relação à idade para iniciar a catequese infantil, é a alfabetização. Por mais que saibamos que "catequese não é aula", ainda precisamos de "leitura", afinal usamos a Bíblia, "livro" por excelência da catequese. Poderíamos até dispensar a alfabetização, mas, com turmas abarrotadas de crianças é bem complicado para um(a) catequista dar conta de todos, se estes não tiverem o mínimo de desenvoltura (maturidade) para entender do que se está falando.
E alfabetização tem muito a ver, também, com o aspecto funcional. Estatísticas alertam que uma boa parte dos adultos são "analfabetos funcionais", ou seja, leem as palavras e frases, mas, não compreendem o signifcado delas. Segundo o IBGE, além de 16 milhões de analfabetos, o Brasil tem aproximadamente 38 milhões analfabetos funcionais. O analfabetismo funcional é quando a pessoa reconhece letras e números, mas não consegue compreender textos simples nem realizar operações matemáticas. E quantas crianças, que já deveriam estar alfabetizadas, vemos assim em nossa catequese? E quantos adultos?
Há muito a catequese do Brasil abandonou a "idade da razão" para se iniciar a catequese. Os sete anos já não dá condição de "alfabetização" para as crianças. Isso que vivemos numa era tecnológica sem precedentes. O mundo digital não é exatamente um ambiente de "leitura". As ciências também alertam para o fato de que a primeira infância é tempo de descobertas e não de "maturidade" para se ler e entender a Bíblia. Cabe aos catequistas esta mediação. E eles e elas estão preparados(as)?
Sendo assim, baseado na psicopedagogia das idades, decidiu-se na maioria das Igrejas particulares que os 8 ou 9 anos é a idade ideal para se iniciar a catequese infantil. E o tempo de duração? Ah, Isso é outra conversa! Vai de longos cinco anos a seis meses. Isso rende outra conversa bem mais longa.
Abaixo trazemos um artigo de D. Juventino Kestering (bispo já falecido em 2021 em decorrência da Covid 19) publicado no Jornal "Missão Jovem" no ano de 2014 quando então era Bispo da Diocese de Rondonópolis MS. Apesar dos quase 20 anos do texto, ele não deixa de ser atual e reflexivo. Será que a catequese deveria ser "nivelada" pela idade? Não seria mais interessante uma catequese baseada na iniciação à vidaa cristã que a criança teve na família e na comunidade?
QUAL
A MELHOR IDADE PARA INICIAR A CATEQUESE?
“Aqui
em nossa comunidade estamos cuidando bem da catequese, mas temos um problema
sobre o qual gostaria de receber um esclarecimento: Qual é a idade ideal para
iniciar a catequese? Faço esta pergunta porque em nossa comunidade existem
opiniões diversificadas que estão gerando uma certa confusão.”
Geralmente
surge esta preocupação porque a nossa mentalidade e prática de catequese está
voltada para as crianças e adolescentes. Nesta perspectiva, a idade é tema de
discussão de catequistas, pais e párocos.
Não
existe idade para iniciar a catequese.
O colo da mãe, do pai, dos avós é o primeiro ambiente propício para a iniciação
da catequese, já que a catequese é um processo que se inicia com o nascimento e
perdura toda a vida. O ambiente familiar e a participação na comunidade são
importantes para a iniciação na vida cristã.
A
questão fundamental não se trata de quando iniciar a catequese das etapas
organizadas pela comunidade ou paróquia. O eixo da preocupação refere-se à
idade para celebrar a Primeira comunhão (Eucaristia).
Infelizmente
ainda existe uma mentalidade de que o importante é a primeira comunhão e não a
catequese como iniciação à fé, à vida comunitária, ao seguimento de Jesus Cristo
e à vivência da fraternidade.
Para
o início da catequese das crianças e adolescentes usamos o critério da idade.
Tem vantagens e desvantagens. De um lado cria uma certa unidade, mas, por outro
lado, valorizamos mais a idade do que a experiência de fé e a iniciação à vida
comunitária. Muitas crianças e adolescentes tem uma linda participação na
comunidade eclesial que, por vezes, a catequese não leva em consideração.
O
critério “idade” nivela a todos como um grupo. E dentro do grupo podem ter
crianças e adolescentes sem nenhuma iniciação à fé e à vida comunitária. Estes,
mais do que catequese, necessitam de evangelização, do primeiro anúncio e da
iniciação à vida comunitária e celebrativa.
O
critério da experiência de fé e iniciação à vida comunitária respeita a
caminhada gradativa que a criança já faz na sua família e/ou na comunidade.
Mais do que discutir idade, precisamos insistir na iniciação à fé, na leitura
orante da bíblia, na experiência e vivência comunitária, nos primeiros sinais
de solidariedade, justiça e partilha com os pobres e excluídos da sociedade.
Estes são alguns critérios que devem orientar a catequese e nortear toda a
discussão com referência à idade.
Dom Juventino Kestering
Jornal - "MISSÃO JOVEM"
Ângela Rocha
Catequistas em Formação
sexta-feira, 8 de setembro de 2023
A CORREÇÃO FRATERNA (Mt 18,15-20)
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Importante ter presente e em mente que quem não se sente comunidade e não acolhe a comunidade, não faz mais parte dela por escolha própria, afinal há necessidade de conviver em paz e harmonicamente, lutando as mesmas lutas e vivendo a mesma esperança.
Vivemos hoje numa grande comunidade chamada planeta terra, sabemos que nem todas as pessoas se sentem parte da mesma comunidade, porém há algo que nos une, a utilização das riquezas naturais e o cuidado com a Biodiversidade. Neste sentido temos que nos colocar como parte fundamental desta comunidade e atuar corrigindo fraternamente todas àquelas que atuam devastando o planeta e proliferando atitudes que prejudicam o coletivo. ‘Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.’ (Salmos 104:24), sabendo que há uma obra de Deus e mesmo assim destruir consciente e inconscientemente está obra, merece uma ação imediata e a depender coletiva para corrigir antes que não haja mais meios de recuperar o que se perdeu.
Jesus também nos lembra que ele sempre estará no nosso meio, “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!”, isso mostra que Ele se coloca no cerne da comunidade, isso nos traz um conforto para entendermos que não estamos sozinhas e sozinhos nas nossas lutas, estamos sempre acompanhados dessa força que alimenta nossa fé e nos faz cada dia mais firmes e diminui os conflitos daqueles que professam, igualmente, a mesma fé.
Sabemos que hoje tem muita falsa atuação movida por uma fé que não se baseia no amor, pois destrói vidas e acaba com o sentido de comunidade. Mas temos que nos colocar nos sempre como acolhedores dos irmãos e das irmãs que se arrependem e voltam para o nosso convívio, e tenham aceitado e entendido que o melhor caminho é sempre viver me paz e em comunidade, lutando as mesmas lutas, vivendo as mesmas dores e gozando das mesmas vitórias. Não podemos nos esquecer que sempre é tempo de aplicar a correção fraterna e com amor.
Autor: Alex Sandro – CEBI/MT
FONTE: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/a-correcao-fraterna-mt-1815-20/
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
A MISSÃO DO DISCÍPULO É A MESMA DO MESTRE (MT 16,21-27)
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“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (16,23).
Este texto é uma continuação do Evangelho em que Pedro, embora tivesse usado os termos certos para descrever quem era Jesus, os entendia de modo errado (Mt 16,16-20). Para Jesus, ser o Cristo (ou Messias) significava assumir a missão do Servo de Javé, descrita pelo profeta Segundo-Isaías, nos Cantos do Servo de Javé (Is 42,1-9; 49,1-9a; 50,4-11; 52,13–53,12). Jesus deixa claro que ser o Messias não significava triunfo nos termos desse mundo, mas o contrário: “sofrer muito nas mãos dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (Mt 16,21).
Essa visão que Jesus tinha da missão do Messias, não era comum. Em geral, o povo esperava um Messias triunfante e glorioso. Mateus mostra-nos que Pedro partilhava essa visão equivocada, a ponto de tentar corrigir Jesus. Por isso, ganha dele uma admoestação dura: “Vai para trás de mim, Satanás! És um escândalo para mim, porque não pensas as coisas de Deus, mas as coisas dos homens” (Mt 16,23).
Não basta usar os termos certos. Porém, é preciso ter a compreensão certa do que eles significam. A Bíblia conta-nos que Deus criou homens e mulheres à sua imagem e semelhança. Na verdade, porém, muitas vezes nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança, para que não nos incomode. A nossa tendência é de seguir um Messias triunfante e não o Servo Sofredor. Mas, para Jesus, não há meio termo. O discípulo tem que seguir o mestre, tem que andar nas suas pegadas: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Mt 16,24).
O seguimento de Jesus leva à cruz, pois a vivência das atitudes e opções dele vai colocar-nos em conflito com os poderes contrários ao Evangelho. Carregar a cruz não é aguentar qualquer sofrimento passivamente. Se fosse assim, a religião seria masoquismo. Carregar a cruz é viver as consequências de uma vida coerente com o projeto do Pai, manifestado em Jesus. Segui-lo não é tanto fazer o que Jesus fazia no seu tempo, mas o que ele faria se estivesse aqui hoje. Como ele foi morto, não pelo povo, mas por grupos de interesse bem definidos: os romanos, os anciãos, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei (a elite dominante em termos políticos, econômicos, religiosos e ideológicos), os seus seguidores serão perseguidos pelos grupos que hoje representam os mesmos interesses. Por isso, sempre haverá a tentação de criarmos um Jesus “light”, sem grandes exigências, limitando a religião a uma prática intimista e individualista, sem consequências sociais, políticas, econômicas ou ideológicas.
A nossa resposta à pergunta “E vocês, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15) se dá, não tanto com os lábios, mas com as mãos e os pés. Respondemos quem é Jesus para nós na nossa maneira de viver, nas nossas opções concretas, na nossa maneira de ler os acontecimentos da vida e da história. Tenhamos cuidado com qualquer Jesus não exigente, que não traz consequências sociais, que não nos engaja na luta por uma sociedade mais justa. Pois o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus do Evangelho, não foi assim. E deixou claro: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la. Mas, quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 16,24-25).
Tomaz Hughes
Congregação Sociedade do Verbo Divino
FONTE:
https://cebi.org.br/noticias/a-missao-do-discipulo-e-a-mesma-do-mestre-mt-1621-27/
quarta-feira, 9 de agosto de 2023
SONHE COMIGO...
Gosto muito de sonhar. E os sonhos que mais me encantam são os que me acontecem quando estou acordada, porque esses me fazem arregaçar as mangas e lutar por eles. Estes sonhos me comprometem... Eu os assumo como projeto e ganho razões para lutar, e ganho uma “mão cheia” de bons motivos para sorrir...
Já tem um tempo que venho sonhando que a minha Igreja é mais parecida com o que Jesus Cristo nos pediu para fazê-la, que ela está como ele pediu para ser...
Sonhei que todos os cristãos do mundo, todos os que somos Igreja, estávamos de novo sentados aos pés de Jesus, no cimo de um monte qualquer, como bons discípulos que bebem das palavras do mestre os segredos fundamentais das suas vidas.
Quando sonhei, vi uma multidão de homens e mulheres de todas as raças, línguas e nações, unidos em torno da mesma Fé. No meu sonho, fiquei a olhá-los demoradamente, e percebi que todos se amavam, todos se sentiam conhecidos e seguros entre si.
Dei-me conta facilmente que eram muitos, mas não se deixavam engolir pela lógica da multidão! Eram muitos, mas não eram uma massa incógnita de gente desconhecida.
Sorri, então, ao dar-me conta de que a “Igreja da Multidão” não existia mais, e se tinha convertido numa Comunhão universal de Comunidades! A Igreja voltava ao ritmo comunitário com que tinha nascido. Todos percebiam que a Igreja não é um lugar sagrado, mas uma Comunidade Consagrada, a comunidade dos que escutam as palavras de Jesus: “Onde dois ou mais se reunirem em meu Nome, eu estarei com eles...” (Mt 18, 20). Todos se percebiam como “Pedras Vivas” da Igreja que formavam (1Pe 2, 5).
Na comunidade todos os olhares se cruzavam, todos os rostos se saudavam e todas as vidas se enriqueciam mutuamente. Ninguém se sentia a mais, nem desnecessário. Todos tinham vez e voz, todos eram participantes. Por isso eram comunidades vivas, que meditavam, oravam e celebravam do jeito de Jesus de Nazaré.
Nesta Igreja de Jesus Renascida, a Igreja dos meus sonhos, as celebrações da Fé eram espaços privilegiados de libertação, encontro com Deus e com os irmãos, recomeço de vida.
Não havia classes ou elites mais importantes que outras. Todos eram fundamentais para tudo; porque tudo era de todos... Todos se sentiam sujeitos responsáveis pela vida da comunidade. Por isso, a Igreja era animada pela diversidade dos carismas de todos. Todos sabiam que os carismas não são dons caídos magicamente do céu, mas as suas próprias qualidades e capacidades postas ao serviço dos irmãos.
Cada um era reconhecido e amado na sua originalidade. Todos se sentiam acolhidos nas suas diferenças, o que possibilitava que todos estivessem permanentemente em crescimento e amadurecimento interior. Todos eram verdadeiramente exigentes consigo próprios, e tolerantes com os irmãos.
Não consegui ver, durante todo o tempo que durou o meu sonho, ninguém que me parecesse medíocre ou vaidoso. Ninguém impunha as suas ideias, mas ninguém deixava de partilhá-las e propor aquilo que pensava.
Quando partilhavam entre si as suas vidas à luz da Palavra de Deus, faziam-no sem reservas, sem inseguranças e sem piedosas superficialidades. Deixavam-se pôr em causa pela Palavra, deixavam-se provocar por ela, levavam Deus a sério e acolhiam os irmãos como sua mediação.
Quando falavam de Deus nunca precisavam recorrer a doutrinas. Pareceu-me que nem as tinham! Nem precisavam... Não precisavam de doutrinas aprendidas, porque saboreavam a Verdade de Deus experimentada na própria vida e amadurecida ali, em diálogo comunitário.
Conversavam de Deus com um brilho intenso no olhar e com um entusiasmo contagioso nas palavras. Deus era o centro das suas vidas, o mais importante dos seus dias. Falavam Dele como o melhor que lhes tinha acontecido...
E quando oravam... Ó amigos que diferença! Quando oravam, paravam tudo, e fechavam os olhos com ar de quem tem uma confidência importante a fazer. E tinham...
Começavam a conversar com Deus como se conversa com o melhor amigo, em profunda intimidade, verdade e realidade. Não lhes escutei nem uma única frase feita! Na sua relação com Deus, todos tinham dado o salto do “Ele” ao “Você”. Ninguém disse nada decorado, ninguém disse palavras mágicas... Todos sabiam que a “magia” de Deus acontece ao nível do coração que se deixa encontrar por ele...
Eu me lembro que me senti apaixonada por esta Igreja!
Onde cada um tinha a sua função, segundo o seu carisma, e todos se sentiam verdadeiramente como membros vivos do Corpo de Cristo no mundo. Todos percebiam que ser o corpo de Cristo Ressuscitado no mundo, significa tornar-se mediação, meio de encontro entre Cristo e todos os Homens do mundo que ainda não o conhecem como aquele que dá Vida Nova. Todos compreendiam e assumiam que ser Corpo de Cristo é ser continuação de Cristo no mundo como instrumento do seu Espírito.
Lembro-me que, no meu sonho, também chegou a hora de acordar...
Mas acordar não me deixou triste. Arregacei as mangas, esbugalhei os olhos e disse: “É possível! Vale a pena! Está nas minhas mãos! Eu sou Igreja!”
E senti que o próprio Cristo me bateu nas costas e disse: “Até que enfim posso contar com você!.” Talvez ainda fosse parte do sonho, mas não interessa. O importante é que compreendi que a Igreja pode ser mais perfeitamente o que está chamada a ser, se eu for mais Igreja.
Desde então, comecei a viver em função deste sonho de uma Igreja Renascida nas Palavras de Jesus Ressuscitado: “Ide e evangelizai todos os povos... Eu estarei sempre convosco!” (Mt 28, 19-20)
Comecei a perseguir o Espírito, a deixar-me levar por onde Ele me conduzia... O Espírito mostrou-me que a Igreja já foi mais Igreja de Jesus Cristo do que é hoje... Mas, acima de tudo, mostrou-me que o amanhã está ainda por nascer, Cristo continua a fundar a sua Igreja todos os dias, e hoje precisa de mim...
Não sou perfeita, não sou a melhor. Mas estou disponível a ser mais! E é de gente assim que Cristo precisa para realizar este seu sonho que se chama Igreja.
Os perfeitos normalmente andam ocupados, os melhores estão longe. Resta eu, que estou disponível. E você! Sim, também resta você... se estiver disponível já seremos dois. Dois!
Está vendo o sonho se realizando? Já somos dois... Olha ao longe e vai ver. Olha que tudo pode acontecer...
Ângela Rocha
(Texto utilizado no encontro
de Catecumenato de Adultos. Tema: Ser Igreja)
*Texto adaptado do Pe. Rui
Santiago – cssr.
domingo, 30 de julho de 2023
OBRIGADA PELO TEU JESUS
Foi por esta razão que um dia ele disse aos Apóstolos: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). No evangelho de São João, Jesus diz ao Apóstolos: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).
Por ser um homem em tudo igual a nós, Jesus de Nazaré fazia parte de uma raça e de uma nação. Esteve sujeito ao processo de crescimento como qualquer outro ser humano.
Cresceu sem cessar no modo de fazer o bem, de tal modo que podemos resumir assim a sua vida: a sua grande paixão era fazer a vontade de Deus.
Sentia uma grande ternura pelas crianças e defendia com coragem os que não eram capazes de se defender. Partilhava com as pessoas a sua vida e os seus bens e gostava de acompanhar com os mais pobres.
Inaugurou o Batismo no Espírito, a fim de renovar o coração das pessoas, fazendo-as passar do egoísmo para o amor e a comunhão. Deu-se totalmente e por isso se tornou-se o alicerce da Nova Humanidade, a qual já faz parte da Família de Deus.
Graças à sua capacidade de amar toda a gente, tu confiaste-lhe, Pai Santo, uma missão com um alcance universal. Levou o amor à sua profundidade máxima, ao ponto de dar a sua vida por todos nós.
Deu-se inteiramente aos outros, fazendo-se irmão de todos.
Eis a razão pela qual, ao ressuscitar, difundiu para nós o Espírito
Santo que nos introduz na Família de Deus. Os seus inimigos mataram-no, mas tu
resgataste a sua vida, ressuscitando-o e fazendo dele o alicerce da nossa
salvação.
Partilhou tudo: os bens, a vida e a Palavra de Deus. Após a sua ressurreição tornou-se a cepa da videira cujos ramos somos todos nós. Deu-nos o Espírito Santo que é a seiva da videira que vem dele para nós, vivificando-nos e capacitando-nos para darmos frutos de Vida Eterna (Jo 15, 4-5).
Pe. Santos Calmeiro Matias
sábado, 29 de julho de 2023
ROTEIRO DE ENCONTRO: A LUZ DO ESPÍRITO SANTO
ROTEIRO DE ENCONTRO
A LUZ DO ESPÍRITO SANTO _____/_____/______
Interlocutores: crismandos ou
catecumenato de adultos.
Material: Mesa coberta com toalha vermelha. Círio pascal, pequenas velas (aquelas bem fininhas que não pingam). Uma pomba e as sete labaredas dos dons do espírito. Uma jarra com água. Uma pequena jarrinha com óleo bento (dos catecúmenos). Pode ser trazido também um ventilador para mostrar o vento. A bíblia (se for possível num ambão).
- Fazer a leitura do “Texto de apoio”.
iInício: Distribuir as pequenas velas entre os presentes e acender o Círio. Pedir a cada um que, em fila, acendam a vela e retornem aos seu lugares ( A chama também pode ser passada de um para o outro).
Rezemos juntos: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da Terra! Oremos: Ó Deus que instruístes os corações dos Vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre de Sua consolação, por Cristo, Senhor Nosso. Amém!
Fazer uma pequena introdução falando sobre a ação
do Espírito Santo em nossos corações e na responsabilidade que Jesus nos deu de
espalhar a sua Luz (palavra) pelo mundo.
Em seguida pedir a cada um que espontaneamente ofereça essa luz a alguém que está precisando, uma família ou a alguém doente, etc.
LEITURA:
Atos
dos apóstolos, 1, 1-11.
1Em meu
livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer
e a ensinar,
2até o dia
em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito
Santo aos apóstolos que havia escolhido.
3Depois do
seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas
indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias
falando-lhes acerca do Reino de Deus.
4Certa
ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: "Não saiam de
Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual falei a vocês.
5Pois João
batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o
Espírito Santo".
6Então os
que estavam reunidos lhe perguntaram: "Senhor, é neste tempo que vais
restaurar o reino a Israel?"
7Ele lhes
respondeu: "Não compete a vocês saber os tempos ou as datas que o Pai
estabeleceu pela sua própria autoridade.
8Mas
receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da
terra".
9Tendo
dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu
da vista deles.
10E eles
ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram
diante deles dois homens vestidos de branco,
11que lhes
disseram: "Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo
Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o
viram subir".
PARTILHA:
Refletir sobre o significado das palavras de Jesus:
“Vocês receberão poder quando o Espírito Santo
descer sobre vocês e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a
região da Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra.”
Esse poder e essa responsabilidade são dados a cada
um dos cristãos. Todos somos enviados a espalhar a palavra pelo mundo. Incentivar
os presentes a darem sua contribuição.
De onde vem o nome “Espírito Santo” (origem)?
Segundo o CIgC (691 a 693), Espírito Santo, é o nome próprio daquele que adoramos e glorificamos com o Pai e o Filho. A Igreja recebeu este nome do Senhor e professa-o no Batismo dos seus novos filhos (Mt 28, 19).
O termo “Espírito” traduz o termo hebraico “Ruah” que, na sua primeira acepção, significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente d'Aquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino (Jo 3, 5-8). Por outro lado, Espírito e Santo são atributos divinos comuns às três Pessoas divinas. Mas, juntando os dois termos, a Escritura, a Liturgia e a linguagem teológica designam a Pessoa inefável do Espírito Santo. Não se pode confundir com os outros empregos dos termos “espírito” e “santo”.
Jesus, ao
anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, chamou-o de “Paráclito”,
que é “aquele que é chamado para junto” (Jo 14, 16. 26; 15, 26; 16, 7).
Paráclito traduz-se habitualmente por “Consolador”, sendo Jesus o primeiro consolador
(1Jo 2). O próprio Senhor chama ao
Espírito Santo o “Espírito da verdade” (Jo 16, 13).
Falar sobre os símbolos do Espírito Santo: a água, o fogo, a pomba, o vento e o óleo, etc. (ANEXO 1).
Observações: Para enriquecer o encontro é necessário que se faça algumas leituras prévias sobre o Pentecostes (a vinda do Espírito Santo em Atos 2, 1-13). Também recomendo que se leia sobre os símbolos no Catecismo da Igreja católica a partir do item 694.
ENVIO: Enfatizar que com o óleo são ungidos os escolhidos de Deus. Por isso o símbolo maior do sacramento do crisma é o óleo ou unção. (CIgC 694 a 701)
Fazer uma pequena cerimônia fazendo, com o óleo (abençoado) uma cruz na mão direita de cada um dizendo: “Eu te envio em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Aceita esta missão?”.
* Este óleo pode ser de oliva misturado com algum óleo perfumado. Pedir ao padre para abençoá-lo.
ORAÇÃO FINAL:
Vinde, Espírito Criador, visitai-me e enchei o meu coração que vós criastes, com a vossa divina graça. Vinde e repousai sobre mim, Espírito de sabedoria e inteligência, Espírito de conselho e fortaleza, Espírito de ciência, de piedade e de temor de Deus. Vinde, Espírito divino, ficai comigo e derramai sobre mim a vossa divina bênção.
Amém.
Convidar a todos para rezar o Pai Nosso e despedir-se com carinho.
TEXTOS DE APOIO:
O ESPÍRITO SANTO DA FÉ E DA ESPERANÇA
Não restara um “Reino” a ser
desfrutado. O Rei estava morto. Fora condenado, surrado e sofrera na carne o
que nenhum ser humano suportaria sofrer.
Sim, ele ressuscitara.
Aparecera diversas vezes a eles naqueles dias. Mas, o que o Mestre quereria
deles?
Estavam fracos, abatidos sem a
sua presença, escondidos e com medo de falar Dele. Pessoas os procuravam
querendo consolo. Consolo que mesmo eles, mesmo na presença de Maria, mãe e
força para todos, não estavam tendo.
Quando é que o Senhor
devolveria o Reino aos filhos de Israel? Quando eles deixariam de ter medo e
teriam certeza de que Deus estava mesmo com eles?
Então veio a promessa! Ele os
faria forte e derramaria sobre eles o dom do Seu Espírito. O Espírito Santo de
Deus que tudo pode e fortalece.
E no 50º dia, um vento forte
abriu as janelas do cenáculo e o ar circulou envolvendo a todos, línguas de
fogo se espalharam e cada um dos que estavam presentes foi tocado. Imediatamente
eles se viram cheios de sabedoria e podiam falar em todas as línguas.
Jesus cumprira a promessa: o
Espírito Santo estava com eles.
Pedro lembra o Profeta Joel: “E
há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos
jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias
derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e
fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue,
antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém
haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles
que o Senhor chamar”. (Joel 2, 28-32).
Deus derramará seu espírito
sobre todos. Seus filhos e filhas anunciarão a sua mensagem, os jovens terão
visões e os velhos sonharão. Até os servos e servas serão tocados por Ele e
anunciarão suas palavras. No céus aparecerão coisas espantosas e na terra haverá
milagres. E no fim, quando vier o glorioso Dia do Senhor, todos que pediram ajuda
do Senhor serão salvos.
A partir daquele momento os
apóstolos passaram a fazer muitos milagres e maravilhas e todos se admiravam.
Os cristãos se uniram e passaram a repartir uns com os outros tudo o que
tinham...
Essa é a mensagem. O Espírito
Santo se derrama sobre nós. Esse é o pedido de Jesus: Espalhemos a sua palavra
sem medo. Façamos de nossa vida uma partilha.
Ângela
Rocha
Catequista
– Graduada em Teologia pela PUCPR
ANEXO 1:
OS
SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO NO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CIgC)
A ÁGUA
O simbolismo da água é
significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois que, após a invocação
do Espírito Santo, ela se torna o sinal sacramental eficaz do novo nascimento.
Do mesmo modo que a gestação do nosso primeiro nascimento se operou na água,
assim a água batismal significa realmente que o nosso nascimento para a vida
divina nos é dado no Espírito Santo. Mas, “batizados num só Espírito”, “a
todos nos foi dado beber de um único Espírito” (1Cor 12, 13):
portanto, o Espírito é também pessoalmente a Água viva que brota de Cristo
crucificado (Jo 19,
34; 1 Jo 5, 8.) como da sua fonte, e jorra em nós para
a vida eterna (Jo 4, 10-14; 7, 38: Ex 17, 1-6: Is 55,
1; Zc 14, 8: 1 Cor 10, 4. Ap 21,
6; 22, 17.). (CIgC 694)
A UNÇÃO (ÓLEO)
O simbolismo da unção com óleo
é também significativo do Espírito Santo, a ponto de se tomar o seu sinônimo (1 Jo 2, 20.
27; 2 Cor 1, 21.). Na iniciação cristã, ela é o sinal
sacramental da Confirmação, que justamente nas Igrejas Orientais se chama
“Crismação”. Mas, para lhe apreender toda a força, temos de voltar à primeira
unção realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo (“Messias” em hebraico)
significa “ungido” pelo Espírito de Deus. Houve “ungidos” do Senhor na antiga
Aliança (Ex 30,
22-32), sobretudo o rei David (1Sm 16, 13.). Mas Jesus é o ungido de Deus de
maneira única: a humanidade que o Filho assume é totalmente “ungida pelo
Espírito Santo”. Jesus é constituído “Cristo” pelo Espírito Santo (Lc 4,
18-19; Is 61, 1). A Virgem Maria concebe Cristo do
Espírito Santo, que pelo anjo O anuncia como Cristo quando do seu nascimento (Lc 2, 11)
e leva Simeão a ir ao templo ver o Cristo do Senhor (Lc 2, 26-27). É Ele que
enche Cristo (Lc 4, 1) e cujo poder emana de Cristo nos seus atos de cura e
salvamento (Lc 6,
19; 8, 46). Finalmente, é Ele que ressuscita Jesus de entre os mortos (Rm 1, 4; 8, 11). Então, plenamente constituído
“Cristo” na sua humanidade vencedora da morte (At 2, 36), Jesus difunde em profusão o Espírito
Santo, até que “os santos” constituam, na sua união à humanidade do Filho de
Deus, o “homem adulto à medida completa da plenitude de Cristo” (Ef 4,
13), “o Cristo total”, para empregar a expressão de Santo Agostinho (Santo Agostinho, Sermão 341, 1, 1: PL 39,
1493: Ibid. 9, 11: PL 39. 1499.). (CIgC 695)
O FOGO
Enquanto a água significava o
nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo, o fogo simboliza a
energia transformadora dos atos do Espírito Santo. O profeta Elias, que
“apareceu como um fogo e cuja palavra queimava como um facho ardente” (Sir 48,
1), pela sua oração faz descer o fogo do céu sobre o sacrifício do monte
Carmelo (1 Rs 18,
38-39), figura do fogo do Espírito Santo, que transforma aquilo em que
toca. João Batista, que “irá à frente do Senhor com o espírito e a força de Elias” (Lc 1,
17), anuncia Cristo como Aquele que “há-de batizar no Espírito Santo e no
fogo” (Lc 3, 16), aquele Espírito do qual Jesus dirá: “Eu
vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha
ateado!” (Lc 12, 49). É sob a forma de línguas, “uma espécie de
línguas de fogo”, que o Espírito Santo repousa sobre os discípulos na manhã de
Pentecostes e os enche de Si (Act 2, 3-4.). A tradição espiritual reterá este
simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo (São João da Cruz, Llama de amor viva: Biblioteca
Mística Carmelitana, v. 13 (Burgos 1931) p. 1-102; 103-213.
[ID., Chama vida de amor: Obras Completas (Paço de Arcos,
Edições Carmelo 1986) p. 829-957)].). “Não apagueis o Espírito!” (1
Ts 5, 19). (CIgC 696)
A NUVEM E A LUZ.
Estes dois símbolos são
inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Desde
as teofanias do Antigo Testamento, a nuvem, umas vezes escura, outras luminosa,
revela o Deus vivo e salvador, velando a transcendência da sua glória: a
Moisés no monte Sinai (Ex 24, 15-18), na tenda da reunião (Ex 33,
9-10) e durante a marcha pelo deserto (Ex 40, 36-38; 1 Cor 10,
1-2); a Salomão, aquando da dedicação do templo (1 Rs 8, 10-12).
Ora estas figuras são realizadas por Cristo no Espírito Santo. É Ele que desce
sobre a Virgem Maria e a cobre “com a sua sombra”, para que conceba e dê à luz
Jesus (Lc 1, 35). No monte da transfiguração, é Ele que «sobrevém
na nuvem que cobriu da sua sombra» Jesus, Moisés e Elias, Pedro, Tiago e João,
nuvem da qual se fez ouvir uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o meu
Eleito, escutai-O!" (Lc 9, 35). E, enfim, a mesma nuvem
que «esconde Jesus aos olhos» dos discípulos no dia da Ascensão (At 1,
9.) e que O revelará como Filho do Homem na sua glória, no dia da sua vinda (Lc 21,
27). (CIgC 697)
É um
símbolo próximo do da unção. Com efeito, foi a Cristo que “Deus marcou com o
seu selo” (Jo 6, 27) e é n'Ele que o Pai nos marca também com o
seu selo (2 Cor 1,
22; Ef 1, 13; 4, 30). Porque indica o efeito indelével
da unção do Espírito Santo nos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da
Ordem, a imagem do selo (sphragis: selo, impressão de um selo) foi
utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o caráter indelével,
impresso por estes três sacramentos, que não podem ser repetidos. (CIgC 698)
A MÃO
É pela imposição das mãos que
Jesus cura os doentes (Mc 6, 5; 8, 23) e abençoa as crianças (Mc 10. 16).
O mesmo farão os Apóstolos, em seu nome (Mc 16, 18; At 5, 12; 14, 3).
Ainda mais: é pela imposição das mãos dos Apóstolos que o Espírito Santo é dado
(At 8,
17-19; 13, 3; 19, 6). A Epístola aos Hebreus coloca a imposição das mãos
no número dos “artigos fundamentais” do seu ensino (Heb 6, 2). Este sinal da efusão onipotente do
Espírito Santo, guarda-o a Igreja nas suas epicleses sacramentais. (CIgC
699)
O DEDO
“É pelo dedo de Deus que
Jesus expulsa os demônios” (Lc 11, 20). Se a Lei de Deus foi escrita em
tábuas de pedra “pelo dedo de Deus” (Ex 31, 18), a “carta de Cristo”,
entregue ao cuidado dos Apóstolos, “é escrita com o Espírito de Deus vivo:
não em placas de pedra, mas em placas que são corações de carne” (2Cor 3,
3). O hino “Veni Creator Spiritus” invoca o Espírito Santo como “digitus
paternae dexterae”- “Dedo da mão direita do Pai” (Domingo de Pentecostes, Hino das I e II Vésperas: Liturgia Horarum, editio
typica, v. 2 (Typis Polyglottis Vaticanis 1974), p. 795 e 812.
[Liturgia das Horas. vol. II p. 850 e 861. edição da Gráfica de Coimbra, 1999).
(CIgC 700)
A POMBA
No final do dilúvio (cujo simbolismo tem a ver com o Batismo), a pomba solta por Noé regressa com um ramo verde de oliveira no bico, sinal de que a terra é outra vez habitável (Gn 8, 8-12). Quando Cristo sobe das águas do seu batismo, o Espírito Santo, sob a forma duma pomba, desce e paira sobre Ele (Mt 3, 16 e par). O Espírito desce e repousa no coração purificado dos batizados. Em certas igrejas, a sagrada Reserva eucarística é conservada num relicário metálico em forma de pomba (o columbarium) suspenso sobre o altar. O símbolo da pomba para significar o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã. (CIgC 701)
O VENTO
Este é um símbolo
comumente associado ao Espírito Santo, apesar de que, não é listado no CIgC
como “símbolo” e sim como origem do “nome”. (cfe CIgC (691 a 693).
Em At 2, 1s, encontramos: “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos
no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento
impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados”. Esse texto leva à raiz da palavra “espírito”.
O espírito alude ao ato de inspirar ou respirar, como se vê pela etimologia da
palavra “respiração”.
Por
isso, o Espírito de Deus é o sopro ou hálito de Deus, a Ruah Adonai: “O
Espírito [ruah] de Deus pairava sobre as água” (Gn 1, 2); “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da
terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro [ruah] da vida e o homem se tornou um
ser vivente” (Gn 2, 7).
Essa
imagem do vento impetuoso é um lembrete de que o Espírito Santo nos devolve e
sustenta a vida. O Espírito Santo é como um vento impetuoso, que nos inspira a vida
divina.
FONTE:
JOÃO PAULO II. CATECISMO DA
IGREJA CATÓLICA (CIgC). O Espírito Santo - A Profissão da fé, segunda
seção, capítulo terceiro, parágrafos 691 a 701.São Paulo: Edição típica
Vaticana, Loyola, 2000.