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terça-feira, 31 de outubro de 2017

HALLOWEEN - DIA DAS BRUXAS


Cada vez mais os brasileiros parecem acreditar que dia 31 de outubro é o "Dia das Bruxas" ou Halloween, tradicional festa nos Estados Unidos. Aos poucos, esta festa vem invadindo nosso país e as crianças já estão aderindo a ela. 

O Halloween é uma festa comemorativa celebrada todo ano no dia 31 de outubro, véspera do dia de Todos os Santos. Ela é realizada em grande parte dos países ocidentais, porém é mais representativa nos Estados Unidos. Neste país, levada pelos imigrantes irlandeses, ela chegou em meados do século XIX.

Esta data comemorativa tem mais de 2500 anos. Surgiu entre o povo celta, que acreditavam que no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos. Para assustar estes fantasmas, os celtas colocavam, nas casas, objetos assustadores como, por exemplo, caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros.

Por ser uma festa pagã foi condenada na Europa durante a Idade Média, quando passou a ser chamada de Dia das Bruxas. Com o objetivo de diminuir as influências pagãs na Europa Medieval, a Igreja cristianizou a festa, criando o Dia de Finados (2 de novembro).


A origem da festa

A palavra “Halloween” vem de “All Hallows’ Eve”, que significa “Vigília de Todos os Santos”. A Solenidade de Todos os Santos é comemorada pela Igreja Católica no dia 1º de novembro; logo, o dia 31 de outubro é a celebração de sua vigília, como costumam acontecer com as grandes festividades da liturgia católica.

A comemoração de Todos os Santos no dia 1º de novembro data do século VIII. No século seguinte, quando a celebração foi estendida a toda a Igreja, surgiu a expressão inglesa All Hallow’s Eve, ou Halloween. Em 998, Santo Odilo, o abade da abadia de Cluny, na França, acrescentou à festividade um dia de oração pelos fiéis defuntos, no dia 2, costume que em seguida foi oficializado e se espalhou pelo mundo.

Influências


Esta festa, por estar relacionada em sua origem à morte, resgata elementos e figuras assustadoras. São símbolos comuns desta festa: fantasmas, bruxas, zumbis, caveiras, monstros, gatos negros e até personagens como Drácula e Frankestein.

As crianças também participam desta festa. Com a ajuda dos pais, usam fantasias assustadoras e partem de porta em porta na vizinhança, onde soltam a frase “doçura ou travessura”. Felizes, terminam a noite do dia 31 de outubro, com sacos cheios de guloseimas, balas, chocolates e doces.

No Brasil a comemoração desta data é recente. Chegou ao nosso país pela grande influência da cultura americana, principalmente vinda da televisão. Os cursos de língua inglesa também colaboram para a propagação da festa em território nacional, pois valorização e comemoram esta data com seus alunos: uma forma de vivenciar com os estudantes a cultura norte-americana.

Muitos brasileiros defendem que a data nada tem a ver com nossa cultura e, portanto, deveria ser deixada de lado. Argumentam que o Brasil tem um rico folclore que deveria ser mais valorizado. Para tanto, foi criado pelo governo, em 2005, o Dia do Saci (comemorado também em 31 de outubro).

A comemoração da data também recebe fortes críticas dos setores religiosos, principalmente das religiões cristãs. O argumento é que a festa de origem pagã dissemina, principalmente entre crianças e jovens, ideias e imagens que não correspondem aos princípios e valores cristãos. De acordo ainda com estes religiosos, as imagens valorizadas no Halloween são negativas e contrárias à pratica do bem.

No entanto, cada vez mais ela vem sendo conhecida aqui no Brasil e "festejada", principalmente pelo setor comercial e de entretenimento, apesar das críticas contrárias.

Penso que não é preciso rechaçar a festa e nem considerá-la "satânica". A não ser pessoas muito "estranhas" escondidas por aí, festejam a data pensando em demônios. As crianças só querem se fantasiar e pedir doces para se divertir. É importante que os cristãos não se isolem e busquem estabelecer relações amigáveis com os vizinhos – e o Halloween é uma boa oportunidade para isso.

Dia de Todos os Santos: Holywins

Há igrejas que foram no embalo e aproveitaram para criar o Halloween gospel, em que as abóboras e os doces são decorados com mensagens cristãs. Entre os católicos há uma incipiente revalorização do dia de Todos os Santos, com grupos organizando festas à fantasia com a temática dos santos. Em muitos lugares, a comemoração tem sido chamada de Holywins – algo como “a santidade vence”. 

Na Inglaterra, a comunidade católica Cor et Lumen Christi celebra desde o ano 2000 a Night of Light – noite de luz –, que já se espalhou para outros países. O evento conta com adoração, a missa da vigília de Todos os Santos e diversão e doces para as crianças. A organização ainda incentiva os participantes a se vestirem de branco e a pôr uma vela diante de uma imagem de Cristo Ressuscitado, testemunhando quem é a sua verdadeira luz.

Não há, portanto, porque se escandalizar e condenar esta festa, a não ser que ela seja mesmo, um "louvor" ao demônio e ao mal. Coisa que nem é preciso ter uma festa no calendário para se fazer, basta acompanharmos os noticiários e ver as atrocidades que acontecem pelo mundo.

Ângela Rocha


FONTE: 
datascomemorativas.com 
semprefamilia.org.br

CONVERSANDO SOBRE PERDAS

Um texto para refletir...

Como conversar com as crianças sobre um tema tão difícil como a “morte”?

Ao contrário do que muita gente pode pensar, as crianças têm condições intelectuais e emocionais de entender as perdas. O Dia de Finados pode ser uma boa oportunidade para falar do assunto. A psicóloga e psicopedagoga, Ana Cássia Maturano*, diz que a criança deve ser informada sobre a morte, para poder superar as perdas.

Há quem possa achar estranho estarmos discutindo sobre como falar da morte com as crianças. Se considerarmos que a morte faz parte da vida e o quanto a maioria de nós, tem dificuldades para lidar com ela, o tema já se torna pertinente. Ainda mais quando o assunto envolve crianças.

E o que faz da morte um assunto tão complicado? Nossa incompreensão. Ou talvez a nossa falta de fé. Por mais que digamos acreditar na vida eterna e num encontro final, a incerteza do que acontece depois, ainda nos assusta. Esse desconhecimento causa-nos temor. Por ser algo irreversível, preferimos fazer de conta que não existe. Ninguém precisa passar a vida falando e pensando na morte. Mas de vez em quando, ela aparece e alguém que amamos se vai, ficando uma dor que demora a passar. A complexidade aumenta quando pensamos que vamos morrer, pois não conseguimos imaginar nossa própria finitude. O ser humano é criado com demasiado apego a coisas materiais e terrenas.

Perder pessoas não é um fato reservado só para os adultos. As crianças também as perdem. Sabendo da dor desses eventos, queremos poupá-las do sofrimento. Para isso, evitamos falar com elas sobre o assunto, mesmo que alguém que amem (até mesmo um animalzinho) tenha morrido. Levá-las ao velório está fora de cogitação. Confunde-se não saber com não sofrer. 

Ora, não saber, não participar e não falar do fato é mais prejudicial para os pequenos. Quando não sabemos o que realmente aconteceu, imaginamos. E a imaginação é poderosa, tem asas que alcança vôos altos e segue o rumo de nossas apreensões e emoções. Nada mais saudável que saber a verdade, por mais dura que possa ser, pois nos permite lidar com a realidade como ela é, sem armadilhas. 

Não vale enganar

Diante da morte de alguém do convívio da criança, muitos usam de desculpas do tipo: Vovô foi viajar. A criança não é tola, percebe que tem algo acontecendo. Sem contar que deve estar se sentindo abandonada e chateada com o avô que foi viajar e nem se despediu. Muitos pensam que a criança não é capaz de entender o que acontece ou de suportar emocionalmente a ideia da morte. É sim. E vivenciando tais situações poderá compreender melhor o que ocorre. A criança também tem luto e, para que ele aconteça de maneira saudável, é necessário que ela não seja excluída do processo. Não podemos tirar dela o direito de sofrer por quem partiu.

Quando uma criança se encontra na situação de morte de alguém, deve-se dizer a verdade – que aquela pessoa morreu e não voltará mais (o primeiro passo para que o luto ocorra é aceitar o fato que o morto estará ausente definitivamente). As explicações devem seguir o curso de sua curiosidade. Algumas crianças farão muitas perguntas como, por exemplo, o que acontece depois da morte. O melhor é sermos francos e honestos. Se não soubermos o que responder, devemos dizer isso. Mesmo se temos em nós a crença religiosa da vida eterna, do céu, de algum lugar de esperança é preciso ter cuidado com o que se vai dizer às crianças. Sem supervalorizar o pós-morte. Alguns, para amenizar a tristeza, falam das maravilhas que vêm depois, tornando o morrer muito atraente. Corre-se o risco de a criança desejar estar onde a pessoa que morreu está.

Cada uma tem um jeito de reagir. Algumas choram e se desesperam. Outras ficam mais caladas. Algumas se culpam por terem feito algo para aquela pessoa. Ou até de terem, num momento de raiva, desejado algum mal. Se a incluirmos nesse momento de dor, ela poderá ter confiança em falar de seus sentimentos e temores. E os adultos vão poder ajudá-las a corrigir suas impressões.

Quanto aos funerais, algo que muitos acham absurdo uma criança participar, deve ficar a critério dela, que vai decidir se irá ou não. Não podemos impedi-la de participar do pesar familiar. Ela também estará sofrendo e deve ser respeitada em sua dor. Os funerais nos ajudam a lidar com a situação de morte. Lá, choramos, confortamos, somos confortados e constatamos que aquela pessoa realmente se foi.

Não há como evitar. A morte de alguém traz sempre dor e sofrimento. Sofrer faz parte da vida e a criança tem condições intelectuais para entender o que é a morte e também emocionais, para viver um luto sem grandes complicações. Tudo vai depender do quanto é esclarecida, e do conforto e da segurança que as pessoas que ama lhe darão. Caso alguma oportunidade surja, poderá ser um bom momento para abordar o tema morte com os pequenos, o Dia de Finados é um a boa oportunidade.

*Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga.
FONTE: g1.com.br


sábado, 28 de outubro de 2017

CONTO MEU ENCONTRO: VAMOS CONSTRUIR UM MUNDO COM MAIS AMOR?

Sou Silvana Chavenco Santini, catequista da Paróquia São José Operário, de Maringá, no Paraná. Me sinto muito feliz hoje e quero compartilhar com todos vocês a minha alegria, falando um pouco da experiência que eu e Regina Auada tivemos com nossos catequizandos.

O evangelho é MT 22, 34-40 e a chave de tudo é "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.”
Iniciamos o encontro com uma dinâmica que envolveu outras duas turmas de catequizandos. Eles são pequenos (tem entre 10 e 11 anos) e amam ganhar doces. Então preparamos um pirulito e um cartãozinho e deixamos exposto sobre a mesa. Ao chegarem, já foram ficando animados. Mas o doce não era pra eles. Tínhamos a seguinte missão: Bater à porta de outras 2 turmas de catequese, nos apresentar e entregar um pirulito para cada um (seguido de um abraço ou aperto de mão ou como se sentissem mais confortáveis). A primeira experiência foi mais difícil, pois a maioria era desconhecido e tiveram bastante vergonha.
A segunda experiência foi mais fácil, os catequizandos eram maiores que os nossos e foram muito receptivos. Foi uma festa. Claro que eu já havia pedido a autorização das catequistas para não atrapalhar nenhuma atividade. Elas gostaram muito da ideia.
Retornamos para nossa sala e iniciamos um bate-papo sobre a experiência e os sentimentos envolvidos. Alguns sentiram muita vergonha no início. Outros disseram que foi muito melhor dar o pirulito do que ter ficado com ele. Outra, muito feliz, relatou que a menina que recebeu o pirulito lhe disse: "Você tornou a minha segunda-feira muito mais feliz". Pronto... aí não me aguentei. Falamos sobre os problemas que ela podia ter enfrentado durante o dia (com os pais, amigos, escola) e o quão simples era aquele pirulito que foi capaz de aliviar tudo porque estava acompanhado de muito amor.
E prosseguimos...
Depois de finalizado o encontro, a catequista nos procurou para falar da experiência deles. Ela aproveitou a nossa ação para fazer a reflexão com eles: como é bom ser amado e respeitado pelo seu próximo. Relatou que ficaram muito felizes e querem retribuir. Ou seja, vão preparar uma surpresa para os nossos catequizandos para a semana que vem. Já pensaram que lindo vai ser isso? Depois conto para vocês como foi.

  Silvana Chavenco Santini
Maringá - Paraná.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

HOMILIA: 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

                                                 O centro da vida
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? Jesus respondeu: «Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento.  Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.
Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.


Franciscanos.org

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

CATEQUESE DO PAPA

O PARAÍSO, META DA NOSSA ESPERANÇA

Na audiência geral desta quarta-feira 25 de Outubro, o Papa Francisco apresentou a última catequese sobre a esperança cristã que vinha tratando desde o início do ano litúrgico. E falou do Paraíso como meta da nossa esperança.


Paraíso – disse – é uma das últimas palavras pronunciadas por Jesus na Cruz, ao dirigir-se ao bom ladrão. Francisco convidou a deter-se sobre essa cena em que ao lado de Jesus, estão dois malfeitores, um dos quais reconhece ter merecido aquele terrível suplício. Jesus o chama “o bom ladrão”.

No Calvário, naquela trágica e santa sexta-feira, Jesus chega ao estremo da sua encarnação, da sua solidariedade para conosco, pecadores. Ali se realiza aquilo que o profeta Isaías tinha dito do Servo sofredor: “Foi contado entre os malfeitores“.

No Calvário – continuou Francisco – Jesus tem o seu último encontro com um pecador para abrir de par em par também a ele as portas do seu Reino. É a única vez que a palavra “paraíso” aparece nos evangelhos. Jesus promete-o a um “pobre diabo” que sobre o madeiro da cruz teve a coragem de lhe fazer um humilde pedido “Recorda-te de mim quando entrares no teu reino”. Ele não tinha nada para fazer valer, mas confiou-se a Jesus que ele reconheceu como inocente, bom, muito diferente dele - ladrão. E Jesus sentiu-se tocado no seu coração por aquela humilde palavra de arrependimento.


A atitude do bom ladrão, recorda-nos – prossegui Francisco que somos filhos de Deus, que Ele sente compaixão em relação a nós, que e fica desarmado cada vez que lhe manifestamos a nostalgia do seu mor.

Nos quartos de tantos hospitais e nas celas das prisões este milagre se repete inumeráveis vezes: não há pessoa, por mais mal que tenha vivido, lhe reste só o desespero e lhe seja proibida a graça. Perante Deus nos sentimos todos de mãos vazias, um pouco como o publicano da parábola que tinha parado a rezar ao fundo do templo. E todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência da sua vida, descobre que as suas faltas ultrapassam largamente as suas boas obras, não deve desencorajar-se, mas confiar-se à misericórdia de Deus.”


O Papa frisou mais uma vez que “Deus é Pai, e até ao último momento espera o nosso regresso”, e recordou que o paraíso não é, contudo, um lugar de fábula ou um jardim encantado.


O paraíso é um abraço com Deus, Amor infinito, e entramos nele graça a Jesus, que morreu na cruz por nós. Onde há Jesus, há misericórdia e felicidade, sem Ele há frio e treva”.


Na hora da morte, mesmo que não haja ninguém que se recorde de nós, Jesus estará ali ao nosso lado e quer levar-nos para o lugar mais belo que existe. E à casa do Pai levará o que fizemos de bom e o que precisa ainda de redenção: as faltas, os erros de toda a nossa vida.
E esta é a meta da nossa vida: que tudo se realize, e seja transformado em amor.


Se acreditarmos nisto, a morte deixa de nos meter medo, e podemos esperar mesmo partir deste mundo de forma serena, com muita confiança. Quem conheceu Jesus, já não teme nada”.
E tal como o velho Simeão (…) poderemos dizer: “Agora deixa, oh Senhor que o teu servo vá em paz, segundo a tua palavra, porque os meus olhos já viram a tua salvação”. E naquele instante, rematou o Papa – não teremos necessidade de mais nada, não choraremos mais inutilmente, porque tudo passou, mas o amor não, ele permanece. Porque a caridade nunca acabará”.


A catequese do Papa foi resumida em várias línguas, entre as quais o português, assim como a sua saudação aos fiéis da língua de Camões: 

Uma saudação especial para todos os peregrinos de língua portuguesa, nominalmente os fiéis de Roraima acompanhados pelo seu Pastor e os diversos grupos do Brasil. Queridos amigos, a fé na vida eterna nos leva a não ter medo dos desafios desta vida presente, fortalecidos pela esperança na vitória de Cristo sobre a morte. Que Deus vos abençoe.” 


RADIOVATICANA.VA

sábado, 21 de outubro de 2017

O QUE É O "CERCO DE JERICÓ"


O CERCO DE JERICÓ: UMA CRÍTICA

Por Guillermo D. Micheletti
Introdução

Em certa ocasião, um grupo me pediu para organizar um “Cerco de Jericó” (CdJ). Perguntei o que é era. Disseram que se tratava de um encontro de adoração com missa e que geralmente, após a missa, se realizava uma procissão com o Santíssimo ao redor do povo, com cantos, súplicas e clamores: cada dia acrescentando-se uma volta, até completar sete. Como no relato bíblico da queda das muralhas de Jericó, hoje, no CdJ, vão “caindo” todas as muralhas que atrapalham a vida humana: carência, depressão, encostos, bruxarias, despachos, falta de dinheiro, brigas em família etc. Então, pedi que fizessem uma pesquisa bíblica para esclarecer melhor o fato… Passado um tempo, o grupo veio me dizer que “tinha desistido” de realizar o encontro porque a pesquisa não lhes dera uma resposta convincente; parecia que o tal cerco de Jericó “não tinha acontecido como descrito na Bíblia”. Eu, já ciente disso, decidi então escrever este artigo, a modo de contribuição.

O que é o Cerco de Jericó? Um pouco de história

Sobre o Cerco de Jericó, CdJ, não se tem história muito documentada. Parece que começou na Polônia, como preparação para a visita do papa João Paulo II a Cracóvia. Em 8 de maio de 1979, decidiram organizar práticas piedosas; uma delas foi chamada de Cerco de Jericó.

Diz-se que uma piedosa mulher polonesa teve a inspiração de organizar um momento forte de oração mariana em preparação para a visita papal. A preparação contou com o reforço de um congresso sobre o rosário, em Jazna Gora. Foram sete dias e seis noites de rosários consecutivos diante do Santíssimo Sacramento.

Em que consiste o Cerco de Jericó?

O CdJ é uma oração de “arrebanhamento comunitário (e extra comunitário)” baseada na saga de Josué na conquista de Jericó. Consiste em uma semana “incessante de batalha espiritual”, com a intensificação de orações em grupo: terços e pregações da Palavra. O coração é a missa diária, acompanhada, em seguida, da procissão com o Santíssimo Sacramento. Em ocasiões, acrescentam-se práticas como a confissão, jejum e muitas imprecações.

A exemplo do relato bíblico, os articuladores do CdJ direcionam o pensamento para “cercar os inimigos” com orações e louvores, esperando Deus atuar em favor do grupo. É preciso perseverar e persistir durante os sete dias.

Espera-se “derrubar as muralhas” com a força da oração, com a ciência de que o Espírito Santo é capaz de derrubar, destruir e aniquilar as “forças malignas”. O terço de Nossa Senhora e os clamores diante do Santíssimo vão “quebrando” os alicerces das nossas muralhas. Acredita-se que “muitas curas e libertações acontecem”: portas que estavam fechadas se abrem, crises conjugais e econômicas superadas, doenças e tantos outros problemas solucionados. Mas o mais importante é o poder de Deus se derramando sobre o povo.

O que sabemos da Jericó bíblica?

Jericó, em hebraico yerihô (cidade da lua), em grego ierichõ, é quase a cidade mais antiga do mundo, situada na depressão do rio Jordão, 23 quilômetros a nordeste de Jerusalém. O nome deriva provavelmente de um deus pagão: yrh = deus-lua, traduzido como Jericó pelos membros do clã dos binu-yamina (1800 a.C.).

O lugar é um grande oásis irrigado por três fontes: a principal, a fonte de Eliseu dos peregrinos (2 Reis 2,19-22); a segunda, alguns quilômetros a noroeste; a terceira, um pouco ao sul. Jericó era ao mesmo tempo um lugar agrícola, comercial e estratégico; daí a notável importância em diversos momentos da história bíblica e cultural da região.

Como se estruturou o relato bíblico da “queda das muralhas”?

A ciência bíblica diz que a formação dos livros da Bíblia resulta da complexa convergência de três elementos conhecidos dos biblistas. Comentaremos todos e aplicaremos ao tema das muralhas.

1º elemento: Na pesquisa dos acontecimentos “históricos” da multissecular história do povo bíblico, entram conjunturalmente vários aspectos. O que se entende por “história bíblica”? Deve-se entender por experiências pessoais: (personagens, patriarcas, profetas, Jesus, os apóstolos) e coletivas (vida do povo, formas de viver, de se exprimir, batalhas, lutas, doenças, acontecimentos, nações, estados), nas quais se inclui também a cultura (patrimônio jurídico: leis, conjunto de instituições civis e religiosas, monarquias, impérios, governadores, escribas, sacerdotes do templo, fariseus; tradições, lendas, parábolas, narrações míticas etc). Isto é, uma história feita de homens, com tudo o que isso implica de bom e de ruim, de correto e de impreciso.

Apliquemos isso ao texto de Josué 6,1-19: o fato narrado no texto deu-se por volta de 1200 a.C., quando os israelitas chegaram à Palestina, a terra prometida. Jericó foi a primeira cidade inimiga com a qual se defrontaram: cidade muito bem organizada, com um rei, com serviços de inteligência (Josué 2,2) e um exército bem apetrechado; os israelitas, pelo contrário, um bando desorganizado de tribos e clãs que vinha fugindo da escravidão do Egito.

A respeito “das muralhas”, sabe-se que as múltiplas pesquisas arqueológicas não observam restos de muralhas caídas nesse tempo. A pesquisa mais expressiva, organizada entre 1952-1959 pela arqueóloga Kathleen Kenyon, nada deixou sem averiguação. Graças a essa aprimorada investigação, foi possível traçar quase toda a história e a fisionomia da(s) cidade(s) mais antiga(s) do mundo. Foram descobertas muralhas de defesa, construídas cerca de 8000 a.C. (2 m de largura, uma torre de 9 m de altura e 8 m de diâmetro). Outras interessantes descobertas estabeleceram que, na verdade, existiram “muitas Jericós”, no mínimo 17. Pois aquela região de Jericó foi tomada, saqueada, queimada, destruída e abandonada em inúmeras ocasiões. Foi finalmente destruída em 1550 a.C. para nunca mais voltar a reerguer-se.

Então, quando o grupo de Josué chegou à região, aproximadamente no ano de 1200 a.C., havia 350 anos que Jericó “já não existia”. Provavelmente moraram ali pequenos grupos seminômades, empobrecidos, com uma precária organização social e política, e grupos chegados do Egito (o grupo de Josué), acreditando no todo-poderoso Javé, ter-se-iam infiltrado aos poucos na vida desses povoados e, com pouco esforço, os teriam vencido e subjugado.

2º elemento: É a interpretação teológica e sapiencial dos fatos ou a mensagem religiosa/espiritual dos eventos para o bem do povo que culmina normalmente numa “história” que se concretiza, no decorrer do tempo, numa forma concreta de literatura: livros.

O que de fato aconteceu, podemos lê-lo no relato bíblico de Josué 6,1-19. O mais importante é que a conquista de Jericó foi um acontecimento militar essencial para afirmar o sentido social e religioso de todo o povo de Israel, já que abriu as portas para a conquista da Palestina. O relato bíblico é uma construção literária montada por motivos religiosos e teológicos (processo muito complexo) para deixar bem manifesto que “as promessas de Javé não falham”: a terra prometida seria posse do povo eleito.

Aplicando ao texto: a exegese bíblica diz que a história de Josué foi codificada de modo amplo ao longo de muitos séculos: do século X ao I a.C. A redação definitiva da conquista de Jericó corresponde aos escritos pós-exílicos dos séculos VI e V a.C.

3º elemento: A literatura bíblica surge das “histórias” acolhidas como mensagem de amor e amizade que Deus quis comunicar aos homens e mulheres de todos os tempos. Essa literatura plasmada em gêneros literários permite individuar as linhas teológicas dessa história até chegarmos a uma correta percepção da “mensagem” de Deus. É claro que a mensagem permanece o escopo final de uma caminhada que exige tempo, boa vontade e fadiga (BISSOLI, 2002, p. 18-19).

Teologicamente, sabe-se que muitos anos depois (no mínimo 700/800) esses relatos da entrada na terra prometida foram escritos. Ao chegar e achar tudo derrubado, veio à tona a pergunta: quem derrubou as muralhas e entregou para nós a cidade? A resposta da teologia diz: tudo isso foi obra de Javé, que abriu o caminho e facilitou a entrada na terra que ele mesmo prometeu; acontecimento jubilosamente festejado liturgicamente com orações e rezas acompanhadas de trombetas e gritarias.

Finalmente, o relato ficou imortalizado no capítulo 6º de Josué, inspirando-se provavelmente na procissão que todos os anos o povo realizava desde o santuário vizinho de Guilgal até as ruínas, para comemorar a “inesquecível” conquista.

O que diz a Igreja sobre a finalidade da adoração eucarística fora da missa

A devoção da adoração eucarística fora da missa desenvolveu-se entre os séculos IX e XIII, como resultado do gravíssimo empobrecimento na compreensão da dimensão plena e integral da celebração eucarística. Por vários motivos, a Igreja abandonou os processos de iniciação à vida cristã para adultos e deu início ao batismo de crianças (paidobautismo) de forma massiva, o que originou um agudo empobrecimento bíblico e teológico da população e resultou na deturpação do mistério eucarístico como um “todo dinâmico celebrativo”. Assim, a eucaristia “polarizou-se” em “isolada devoção”, fora do contexto da celebração do mistério pascal. A sensibilidade do povo devotou-se à exagerada acentuação da “presença real” de Cristo na hóstia consagrada, valorizada “em si mesmo”, desligada do contexto celebrativo, fazendo com que de fato resultasse uma “visão coisificante/rígida” da realidade sacramental.

O que aconteceu? Ao longo dos séculos, a exposição do Santíssimo Sacramento foi se separando totalmente do acontecimento celebrativo, sobrepondo-se, por vezes, às mesmas celebrações. Por exemplo, durante a missa, ficava o Santíssimo exposto acima do sacrário. Pela grave ausência de uma correta iniciação ao mistério eucarístico, o povo já não entendia a liturgia em língua latina e ficava ainda mais afastado da comunhão sacramental. O povo não mais compreendia o sentido da celebração eucarística e ficava apenas com uma superficial (quando não supersticiosa) devoção “à presença real de Cristo na eucaristia”.
A adoração eucarística se dirige a Cristo, realmente presente na espécie eucarística do pão conservada no sacrário após a celebração. De que forma Cristo está presente nesse dom? Os símbolos de sua presença manifestam que ele aparece diante de nós de uma maneira especial; presente sob as espécies eucarísticas como “encarnação de seu louvor eucarístico”; bênção (beraká) que se concentra, por assim dizer, em sua pessoa, verdadeiro “acontecimento de salvação”: no pão e no vinho eucaristizados, Cristo está presente como “louvor eucarístico”, personificação dele, anamnese vivente da obra salvífica. Ele continua, como “presença oblativa”, como dom para nós, como permanente convite a consumi-lo, isto é, a participarmos extasiados e agradecidos em seu louvor, em seu sacrifício, em seu caráter de servo de Javé. A sua presença espera uma resposta de acolhida; resposta de fé em Cristo.

Comunhão como atitude fundamental.

Quando o cristão se coloca na presença do pão eucaristizado, faz isso “aproximando-se” dele para acolher o “Dom” que o convida a participar no sacrifício de louvor. Assim, a primeira atitude será de comunhão; comunhão que, na celebração eucarística, é cume da vida cristã, pois o sacrifício de Cristo não pode ficar isolado, sem ligação com a vida cotidiana do cristão. Todo o direcionamento do cristão que participa da eucaristia (e da adoração) abrange todos os aspectos da comunhão: louvor, adoração, participação no sacrifício, súplica. A comunhão é – e o reiteramos – a atitude fundamental da oração eucarística, entendida como “real participação no memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor”.

Caráter eclesial da adoração eucarística

Graças à celebração eucarística, os cristãos se unem e participam do mesmo memorial da ceia, recebendo o pão eucarístico, comungando do mesmo Corpo e Sangue de Cristo e constituindo juntos seu Corpo místico que é a Igreja. Assim, a presença eucarística de Cristo não é presença estática, é “presença em ação”, dinâmica, para plasmar a vida da Igreja toda. Pois não tem sentido de modo algum considerar a presença em si mesma, separada do ato, por meio do qual a Igreja, pela comunhão no sacrifício sacramental, une a própria oferenda à de Cristo, cujo poder de apresentação ao Pai recebeu. Por isso, a intenção da Igreja, ao conservar a eucaristia após a missa, responde ao desejo de “prolongar”, “completar”, de algum modo, o sacrifício de Cristo em alguns de seus membros (CDC, cânon 938 §1 e 2).

Omitir a consciência de eclesialidade na adoração eucarística fora da missa é, na verdade, “caminhar contra a vontade da mesma Igreja”. Cristo está presente na eucaristia para selar e constituir entre Deus, seu Pai, e os homens uma aliança eternamente nova e vital. Pois a eucaristia é o sacramento da amizade/aliança entre Deus e os homens, e da amizade que os une como sacramento da fraternidade. É preciso amadurecer nos adoradores a consciência de que Cristo está presente sobretudo para a edificação da Igreja, seu Corpo místico.

Infelizmente, partindo de um grave desconhecimento do sentido mistagógico da celebração eucarística, pensa-se erroneamente que a falta de insistência na adoração fará com que esmoreça o sentido da presença de Cristo no pão eucaristizado; com isso, volta-se “quase desesperadamente à insistência da adoração”, incorrendo-se nos exageros da época medieval e esquecendo-se dos preciosos princípios conciliares sobre a eucaristia.

Com efeito, não obstante se saiba que a missa não é a hora oportuna para a adoração do Santíssimo, age-se completamente “fora de lugar” quando se coloca a hóstia num ostensório e se percorre o interior da Igreja (e até sete vezes, como no CdJ), não raro acompanhado de uma balbúrdia que impede penetrar o sentido do mistério, fazendo com que o povo continue tão vazio como entrou, ou pior (cf. TABORDA, 2013, p. 3-8).

Por outra parte, se perguntamos à ciência litúrgica sobre a importância da adoração eucarística do ponto de vista da “densidade sacramental do mistério pascal”, ela nos dirá que a adoração “não aparece como primeira categoria”. Pois, sobre a ordem de importância das ações litúrgicas segundo a densidade do mistério pascal celebrado, diz: primeiro a celebração eucarística, como a maior e privilegiada densidade sacramental que nos conduz ao mistério pascal, depois os sacramentos e a Liturgia das Horas; a seguir, a celebração da Palavra, as bênçãos sacramentais, as exéquias e consagrações; depois vem a adoração ao Santíssimo Sacramento.

Conclusão

Evangelizar não se reduz a vender um produto religioso que agrada ao cliente e lhe dá satisfação espiritual, mas, numa sociedade desfocada do sentido cristão da vida, sem capacidade para uma profunda vida de oração e adoração, os oportunistas transformaram a religião em lucrativo mercado, e os fiéis em consumidores de seus produtos. Alimentam nos fiéis o medo, a insegurança, a obsessão fanática por devoções; grupos que negligenciam as normas da Igreja, promovendo “espetaculares” momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento desconectados do mistério pascal da eucaristia; novenas e devoções desligadas do compromisso comunitário, cultos televisivos marcados pelo espetáculo, shows narcisistas; venda do sagrado e promoção de emoções descontroladas; gritaria em vez de silêncio, práticas quase mágicas em vez da sobriedade evangélica; obsessão por milagres e fatos extraordinários, em vez do serviço discreto, silencioso e permanente aos pobres e a todos.

Procura exacerbada do aspecto curativo e subjetivo da religião, esquecendo o principal – a dimensão profética a serviço da vida e da justiça – para constituir-se em caminho de subjetiva alienação. Deus não pode ser transformado em “objeto de desejos pessoais”, assim como a religião não pode reduzir-se a “prosperidade material”, saúde física e realização afetiva. Já conhecemos a ação dos “mercadores da boa-fé”, das “igrejas-pedágio”, do mercado do religioso (o segundo produto mais rentável do capitalismo). Buscas sinceras por respostas a perguntas legítimas sendo instrumentalizadas por expertos do mercado religioso, deformando gravemente a visão de vida cristã. Sem dúvida, atrás dessas iniciativas existem, não poucas vezes, manifestações até patológicas.

Percebe-se que a desleixada atitude diante do imponente mistério eucarístico exposto à adoração não responde a uma saudável e construtiva oração contemplativa. Pessoas desejosas de entrar na intimidade com o Senhor ficam desiludidas e enganadas, cultivando uma visão depauperada do mistério eucarístico da Igreja.

Na verdade, estão em jogo duas concepções diametralmente opostas de ser humano. Ou queremos aquele “deus” que o nosso egoísmo projeta, que vive de ter, poder e aparecer, ou optamos por Jesus, que revela a face do amor: partilha, serviço, humildade. Um Deus “diferente”, no estilo de Jesus. Pois poderemos ser salvos se nos tornarmos discípulos de Jesus, que é dom de si até a morte de si.

O cristianismo não nasceu de forma fanática, pois teria deturpado a beleza da fé original, tornada doença e desvio patológico, levando as pessoas a viver uma religião de vernizes, de superficialidade; transformando os fiéis em funcionários obedientes e sem raciocínio, distantes dos pobres e das causas do reino de Deus, acreditando enfim numa caricatura de Deus, esvaziada de uma autêntica vivência religiosa. A vida cristã não é uma busca epidérmica e apressada de satisfação… não é um “oculta-vazio’ ou um alívio emocional para sociedades à beira de um ataque de nervos. É uma fascinante aventura que nos radica na verdade nua do homem e na verdade de Deus.

Os promotores de uma caridade sem ação social transformadora, ingênua, anticristã, humilhante e ofensiva aos pobres apostam em saídas milagreiras, na beleza insípida das celebrações, em assembleias festivas sem contemplação, abusos sacramentais e melado devocionismo. Os símbolos cristãos não são atos de magia e não nos distanciam do concreto, do cotidiano da vida; ao contrário, eles apenas querem antecipar, no rito, a eternidade na precariedade do presente.

Até aqui, minhas palavras. Agora o discernimento. Deixemos de lado o que nada tem a ver com a beleza do cristianismo para sermos livres com a liberdade dos discípulos de Jesus, cultivadores de uma fé amorosa, bondosa, misericordiosa, inteligente e nobre, bela e profunda.

Bibliografia:

ALTEMEYER, F. O fundamentalismo é uma doença. O Mensageiro de Santo Antônio, Santo André,n. 587, p.10-13, set. 2015.
BISSOLI, C. Viaggio dentro la Bibbia. Leumann: Elledici, 2002.
Jericó. In: Diccionario de la Biblia. Santander: Mensajero/Sal Terrae, 2012. p. 412-413.
MAZAR, A. Arqueologia na terra da Bíblia. 10.000-586 a.C. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 322-327.
POIRÉ, M.-J. “Voici le pain, voici le vin, pour le repas et pour la route…”. Quelques enjeux liturgiques et pastoraux de la pratique de l’adoration eucaristique. Lumen Vitae, n. 3, p. 309-320, jul/set. 2009.
RAMOND, S. Giosuè há conquistato Canaan. Il mondo della Bibbia, n. 121, p. 20-21, jan./fev/ 2014.
TABORDA, F. Valorizar o sentido mais profundo da eucaristia: entrevista com Pe. Francisco Taborda, sj. Vida Pastoral, n. 291, p. 3-8, jul/ago. 2013.
TAGLE, L. A. L’adoration authentique. Lumen Vitae, n.3, p. 291-298, jul./set. 2009.
VALDÉS, A. A. Como caíram as muralhas de Jericó? ______. Que sabemos sobre a Bíblia? Aparecida: Santuário, 1997. p. 49-58 v. 3.
______. Como foi a misteriosa conquista da terra prometida? ______. Que sabemos sobre a Bíblia? Aparecida: Santuário, 2001. p. 19-29. v. 5.


Guillermo D. Micheletti - Presbítero argentino da Diocese de Santo André. Pároco da Igreja Jesus Bom Pastor. Membro fundador da Sociedade Brasileira de Catequetas (SBCat) e SCALA. Autor de vários livros de catequese e liturgia. E-mail: gdmiche@terra.com.br


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O QUE SIGNIFICAM AS SIGLAS JHS, INRI, XP e ICTYS NA IGREJA CATÓLICA


JHS

No Brasil, temos a tradição de dizer que significa “Jesus Hóstia Sagrada” (o que não está errado, pois Jesus é a Hóstia Sagrada). Mas na realidade, JHS ou IHS é a sigla da expressão: “Iesus Hominun Salvator”, que significa: “Jesus Salvador dos homens”. JHS é um Monograma de Cristo que corresponde as três primeiras letras de “Ihsus” que é como se escreve Jesus em grego (também aparece escrito como Ihcus). O “J” em paleografia corresponde a pronúncia do “I” na antiguidade, da mesma forma que o “V” era empregado como “U””.


INRI

Escrita normalmente em crucifixos, a sigla INRI significa “Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum” ou “Jesus de Nazaré Rei dos Judeus”. Segundo o Evangelho de São João (19, 19-20), Pilatos mandou redigir o texto em latim, grego (Ἰησοῦς ὁ Ναζωραῖος ὁ Bασιλεὺς τῶν Ἰουδαίων) e hebraico (ישוע הנצרת מלך היהודים).


XP
Vemos essa sigla em paramentos, em casulas e até na Sagrada Eucaristia. Ela significa “Cristo” pois as letras gregas XP (Chi-Rho) são as primeiras duas letras de Χριστός, Cristo. O monograma foi criado pelo imperador Constantino para simbolizar o Cristianismo.


ICTYS

Apesar de não ser visto comumente a sigla ICTYS é um importante marco na história da Igreja. Era utilizado pelos primeiros cristãos para que eles pudessem se identificar de uma forma discreta, pois sofriam inúmeras perseguições na época. Então a palavra grega ICTYS (peixe) passa a ser a sigla de “Iesus Christus Theou Yicus Soter”, ou “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador”.


FONTES: Diversas na internet.

HOMILIA: 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A


A pergunta dos fariseus de herodianos tem o objetivo de pegar Jesus em uma armadilha: se Jesus fizesse alguma oposição ao imposto, seria acusado de revolucionário contrário ao poder romano; mas se aceitasse o pagamento, estaria contra o povo. Jesus procura mostrar que seu Reino está acima destas questões, o que não significa defender a alienação da realidade política.


Ao pedir uma moeda, Jesus desmascara a hipocrisia dos seus adversários, pois ao portarem a moeda com a imagem do imperador em lugares santos, os judeus revelam a falta do zelo escrupuloso e a  aceitação do sistema econômico vigente. Deste modo, não poderiam criticar qualquer atitude de Jesus.


O que o Senhor nos mostra é que somos adoradores de Deus, portanto não devemos ter outros deuses. Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por outros deuses: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social... Muitas coisas tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a condicionar a vida das pessoas. A consequência é certa: a frustração e a infelicidade. Certamente continuaremos no mundo do dinheiro, da politica e do trabalho. O que se exige não é fugir do mundo, mas  fazer uso das estruturas do mundo com discernimento. O próprio não é ruim em si mesmo, depende do que fazemos com ele. Certamente, não podemos esquecer que as estruturas geram injustiças, e devemos ter consciência de que muitos esquemas humanos geram escravidão. Enfim, o questionamento que brota do Evangelho é este: existem outros deuses que tomam posse da minha vida e condicionam minhas opções e interesses?


Lutar contra a idolatria é mais do que dizer adorador de um púnico Deus. Depende das escolhas e projetos da vida pessoal. Depende do uso das instituições, dos “poderes”, dos bens materiais. De a César o que  é de César, mas não deixe que nenhum poder de instituição humana ocupe o lugar do verdadeiro Deus de amor, liberdade e justiça.


Na história da humanidade, muitos casamentos espúrios entre o poder temporal e o poder religioso. Não raras vezes, a religião foi instrumentalizada a favor dos monarcas e ainda hoje, a favor de políticos corruptos que pensam somente em seus interesses. O Evangelho de hoje, é uma oportunidade de refletirmos sobre a nossa consciência política e sobre o modo como Deus pode ser manipulado em favor de interesses egoístas.


Na segunda leitura, São Paulo dá graças pela comunidade Tessalônica e ora por ela. Facilmente preferimos pedir coisas, soluções para os  problemas, ou reclamamos das amarguras da vida. Se olharmos a vida com os olhos da gratidão, poderemos mais facilmente encher o coração de bondade, deixando o amor divino brotar, pois veremos que a vida é uma grande benção. Assim, é preciso saber olhar para a vida e agradecer por muitos motivos. A gratidão torna-se mais que uma oração e passa a ser uma dinâmica da vida: viver agradecendo, viver a vida como um dom. Mesmo as coisas tristes do caminho são dignas de agradecimento, pois podem ser oportunidades de crescimento.


Tessalônica era uma comunidade que floresceu ao ouvir o apelo de Deus.Com três meses de pregação, Paulo fez nascer uma fé entusiasmada.  O apóstolo insiste na eleição divina, pois a comunidade é escolhida por Deus. Nós diferente dos tessalonissences, estamos na igreja há muito mais tempo, mas nem sempre mantemos a alegria pela eleição divina e a gratidão pelos inúmeros benefícios que o Senhor nos concedeu. O tempo pode nos tornar duros de coração, insensíveis a Boa Nova do Evangelho.. A fé pode tornar-se burocrática, fria e sem vida. Hoje o Senhor nos convida a olharmos além das moedas do Templo, ou seja, além das normas e das estruturas humanas. É preciso olhar para a beleza da vida ao redor e para o tesouro que reside no interior de nossos corações. Daí brota a gratidão e o compromisso com o Reino sonhado pelo Pai, revelado no Filho e atualizado pela ação do Espírito.  

Pe. Roberto Nentwig