Catequistas em Formação
Formação para Catequistas
LITURGIA DAS HORAS
Introdução
A Liturgia das Horas, também
chamada de Ofício Divino,
é a oração pública e comunitária
oficial da Igreja católica. O nome “Liturgia das Horas” veio da reforma
litúrgica pós-Concílio Vaticano II. Exprime ao mesmo tempo uma ação
litúrgica da Igreja, e que, portanto, torna presentes os mistérios da
salvação; e o seu objetivo peculiar de santificar as diversas horas do dia.
Já a palavra Ofício vem do latim "opus"
que significa "obra". É o momento de parar em meio a toda a agitação
da vida e recordar que a Obra é de Deus O nome foi utilizado durante séculos,
até ao Concílio Vaticano II, e exprimia o carácter de obrigatoriedade (ofício)
desta oração para os clérigos. Ao mesmo tempo, remetia para o dever de rezar,
dado por Deus aos seus fiéis.
.A liturgia das horas consiste
basicamente na oração quotidiana
em diversos momentos do dia, através de Salmos e cânticos, da leitura de passagens
bíblicas e da elevação de preces
a Deus. Com essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de
Cristo, de orar incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por si e por
todos os homens.
O livro da Liturgia das Horas
O livro que
contém os textos da liturgia das horas chama-se, Breviário. O nome provém do
século XI, quando apareceu um livro que condensava num só volume o que até
então se encontrava repartido por vários livros. Por ser mais “breve” e
prático, passou ser conhecido por esse nome, que se manteve até à última
reforma litúrgica para designar cada um dos volumes (Breviarium Romanum).
Quando o Ofício divino se organizou,
foram necessários livros que contivessem os diversos textos utilizados para a
sua celebração. Assim, surgiram vários livros, cada um contendo um determinado
tipo de texto: o Saltério (para os salmos), o Antifonário (para as antífonas),
o Hinário (para os hinos), o Leccionário (para as leituras), etc. Esse conjunto
de livros era utilizado na celebração comunitária, que inicialmente era a mais
comum.
Contudo, com a difusão da recitação
privada, tornou-se clara a desvantagem de ter uma multiplicidade de livros.
Foi-se então reunindo os materiais em volumes isolados, até que, no século XI,
surgiu um só livro em que todos os textos necessários se encontravam
compilados, aparecendo assim um volume que abreviava todos os outros: o Breviário. Tal livro destinava-se à
recitação privada e a situações de viagem, ou semelhantes.
A reforma litúrgica tridentina consagrou
o breviário como livro litúrgico para o Ofício divino, e assim permaneceu até
aos nossos dias. Chamava-se então Breviário Romano (Breviarium Romanum)
e apresentava-se geralmente em quatro volumes. São Pio X o reformou
em 1 de novembro de 1911, com a bula Divino
Afflatu, facilitando a recitação do saltério. Continuando essa reforma
iniciada por São Pio X, a Sagrada Congregação dos Ritos simplificou as
festas dos santos, com o decreto de 23 de março de 1955. A reforma litúrgica do
Concílio Vaticano II manteve a forma externa do livro litúrgico,
modificando apenas o conteúdo.
Basicamente, a Liturgia da Horas se
apresenta em quatro partes, cada uma destinada a uma determinada época do ano
litúrgico:
1.
Advento
e Natal.
2.
Quaresma,
Tríduo Pascal e Tempo Pascal.
3.
Semanas 1 a 17 do Tempo Comum.
4.
Semanas 18 a 34 do Tempo Comum.
Ofício
Divino das Comunidades
Durante a reforma litúrgica
do Concílio Vaticano II, percebeu-se como oportuna a devolução deste
costume a todos os membros da Igreja. Porém, a versão oficial da oração
dista-se muito da realidade latino americana. Na década de 90, um grupo de
liturgistas elaborou uma versão inculturada para uso das Comunidades Eclesiais
de base, que foi chamada de Ofício Divino das Comunidades. O primeiro texto foi
publicado em 1988.
O Ofício Divino das
Comunidades, é uma modalidade de inculturação da Liturgia, que adapta a
tradição litúrgica romana à realidade cultural e religiosa dos católicos
brasileiros e latino-americanos. O Ofício Divino é uma oração para ser rezada
pelos católicos durante três momentos do dia: Ofício de Vigília, da Manhã e da
Tarde. Cada hora é composta por uma oração invitatória, recordação da vida,
hino, salmo, leitura breve, meditação silenciosa, preces, Pai-nosso e bênção. A
estrutura da oração é cristocêntrica e ecumênica. É uma forma de oração cantada
por ser um ofício de louvor. A referência bíblica dessa oração são os salmos.
A Celebração da Liturgia das Horas
O Mistério de Cristo, principalmente
a sua Encarnação e a sua Páscoa, que os católicos celebram na Missa,
penetra e transfigura o tempo de cada dia pela celebração da Liturgia das
Horas. Esta celebração, em fidelidade às recomendações apostólicas de “orar
sem cessar” (Ef. 6-18) , “Está constituída de tal modo que todo o
curso do dia e da noite seja consagrado pelo louvor de Deus” (SC 84). Ela
constitui “oração pública da Igreja”, na qual os fiéis (clérigos,
religiosos e leigos) exercem o sacerdócio régio dos batizados.
Celebrar a Liturgia das Horas exige
não somente que se harmonize a voz com o coração que reza, mas também “que
se adquira um conhecimento litúrgico e bíblico mais rico, principalmente dos
Salmos”. Os hinos e as ladainhas da Liturgia das Horas inserem a
oração dos salmos no tempo da Igreja, exprimindo o simbolismo do momento do
dia, do tempo litúrgico ou da festa celebrada. Além disso, a leitura da Palavra
de Deus a cada hora (com os responsos* ou os tropários** que vêm depois dela)
e, em certas horas, as leituras dos Padres da Igreja e dos mestres
espirituais revelam mais profundamente o sentido do mistério celebrado, ajudam
na compreensão dos salmos e preparam para a oração silenciosa. A Lectio
divina, em que a Palavra de Deus é lida e meditada para tornar-se oração,
está assim enraizada na celebração litúrgica. A Liturgia das Horas, que é como
que uma antecipação para a celebração eu8carística, não exclui, mas requer de
maneira complementar, as diversas devoções do Povo de Deus,
particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento.
Na Liturgia da Horas, o próprio
Cristo “continua a exercer sua função sacerdotal por meio de sua
Igreja” (SC 83); cada um participa dela segundo seu lugar próprio na Igreja
e segundo as circunstâncias de sua vida: os presbíteros, enquanto dedicados ao
ministério da palavra; os religiosos e as religiosas, pelo carisma de
sua vida consagrada; os leigos, segundo suas possibilidades. “Os
pastores de almas cuidarão que as horas principais, especialmente as vésperas,
nos domingos e dias festivos mais solenes, sejam celebradas comunitariamente na
Igreja. Recomenda-se que os próprios leigos recitem o Ofício divino, ou
juntamente com os presbíteros, ou reunidos entre si, e até cada um
individualmente”. (SC 100).
A "Instrução Geral sobre a
Liturgia das Horas" recomenda que “a Liturgia das Horas, tal
como as demais ações litúrgicas, não é ação privada, mas pertence a todo o
corpo da Igreja, manifesta-o e o afeta.” (nº 20). Por esse motivo, a
Igreja recomenda que seja celebrada comunitariamente, pois assim se exprime
melhor a sua essência intrínseca. Sempre que seja possível, a celebração em
grupo, comunitariamente, é preferível à celebração individual. No entanto, a
celebração individual continua a estar inserida na oração de toda a Igreja,
pelo que toda a celebração da Liturgia das Horas é sempre a seu modo
comunitária.
A Liturgia das Horas sendo uma ação que
pertence a toda Igreja, possui um ministro delegado para isso. Para a
celebração comunitária, ter-se-á um diácono ou
o próprio padre. Nos mosteiros, pode celebrá-la o superior; sendo assim, até um
bispo. Para a celebração individual ou comunitária quando somente leigos
participam, o próprio fiel pode celebrá-la. A diferença reside no fato de se
tratar de uma obrigação para os ministros ordenados (diáconos, presbíteros,
bispos, arcebispos, cardeais e até do Papa)
celebrar o Ofício Divino em todas as suas horas (Laudes, Hora Média, Vésperas
e Completas), enquanto não é obrigação dos leigos celebrar o Ofício Divino
em todos o seus momentos.
A Liturgia das Horas
e sua história
O costume dos cristãos rezarem
regularmente em diversos momentos do dia tem origem no costume judaico. Os
judeus, no tempo de Jesus Cristo, tinham uma oração pública e privada
perfeitamente regulamentada quanto às horas, composta de salmos e de leituras
do Antigo Testamento. Jesus Cristo, enquanto judeu, certamente praticou este
tipo de oração, e o mesmo terão feito os Apóstolos. Os cristãos continuaram com
esse costume, praticamente nos mesmos moldes, dando-lhe, claro, um sentido
cristão, pelo que às leituras do Antigo Testamento cedo se juntaram leituras
dos Evangelhos e das Epístolas.
Jesus Cristo, ao
longo dos Evangelhos, aparece frequentemente em oração, que aparece como parte
essencial do seu ministério terreno. Do mesmo modo, recomenda aos seus
discípulos que façam o mesmo e que “orem sem cessar”. Por esse motivo, os
primeiros cristãos levaram a sério esta recomendação, pelo que tinham a oração
regular como elemento essencial da sua vida cristã. Assim, encontramos nos Atos
dos Apóstolos frequentes referências à oração dos primeiros cristãos e as
horas determinadas em que essa oração era praticada, sempre com a intenção de
cumprir o mandamento de Cristo.
Desde os primeiros
séculos o Ofício Divino era guardado com esmero pela
vida monástica. No quinto século da era cristã, São Bento estruturou o Ofício Divino em
oito períodos, incluindo um no meio da noite especificamente para os monges. A
Regra de São Bento se tornou um dos documentos mais importantes na formação da
cultura ocidental. Com o aparecimento do monarquismo***, a oração regular passa
a fazer parte integrante da vida consagrada. O fato de ser realizada por
pessoas que dedicavam grande parte do seu dia à oração levou essa oração a se
desenvolver e sua prática aumentar, incluindo várias horas durante o dia, além
das tradicionais de manhã e à tarde.
Mais elaborada e comprida, a oração
monástica acabou por influenciar a oração das catedrais, que integrou horas
tipicamente monásticas.
No início, a oração da Igreja era
presidida pelo Bispo, rodeado pelos seus presbíteros e diáconos e
pelo povo cristão. Ora, com o desaparecimento dos diáconos e o envio dos
presbíteros para zonas mais distantes da dioceses, onde se estabeleceram como
enviados do bispo, tal celebração comunitária acabou por cair em desuso. Os
presbíteros passaram então a rezar privadamente as diversas horas.
Além disso, a oração da Igreja foi-se
tornando progressivamente desconhecida para o povo cristão, pelo fato de ser
mantida em latim, língua que o povo do Império Romano foi progressivamente
abandonando e deixando de entender. Isto motivou o Ofício Divino a se tornar uma
prática quase só reservada aos clérigos, mentalidade que se enraizou na
consciência dos cristãos e que se mantém até hoje, apesar de não ser o seu
sentido original, que era de uma Oração
de todo o povo de Deus.
As
diversas horas litúrgicas
A
essência da Liturgia das Horas é a santificação das horas do dia do cristão,
através das várias horas canônicas. Após a reforma promovida pelo Concílio
Vaticano II existem cinco ou sete horas canônicas. São elas:
Ofício das Leituras, para ser recitado
de madrugada, contudo, reconhecendo as necessidades de adaptação do homem
moderno, a Igreja diz que pode ser recitado ao longo do dia, desde que se
mantenha o caráter de vigília.
Laudes ou Oração
da Manhã,
que é uma oração de louvor dado a Deus pela vida recebida. Atualmente composta
de um Salmo, um hino do Antigo Testamento e um Salmo de louvor, de onde provém
o nome. Existem alguns outros elementos nessa oração, mas o coração é este
mencionado. É nesta hora canônica que se recita o Benedictus ou o
Cântico de Zacarias.
Hora média, que pode se
desdobrar em mais três: Tércia ou Terça próxima das 09h00, Sexta, próxima do meio dia e Noa ou Nona, próxima das 15h00. Elas podem ser recitadas como sendo uma só,
para não multiplicar excessivamente os horários canônicos.
Vésperas ou
Oração da Tarde,
composta por dois Salmos e um hino do Novo Testamento. Recita-se nessa hora
o Magnificat, que é o Cântico de Nossa Senhora.
Por fim,
as Completas ou Oração da Noite, composta por um Salmo e o hino de
Simeão.
Esta
é a essência das cinco horas canônicas da Liturgia das Horas que pode e deve
ser recitada por todos os fiéis. Contudo, existem algumas pessoas que são
obrigadas a rezá-las. É o caso dos sacerdotes e dos religiosos, mas nada impede
que todos a recitem.
Composição das
principais horas:
Laudes:
A hora das Laudes é a primeira oração do dia. É feita de manhã e significa "louvor", de modo que nessa hora é privilegiado o louvor a Deus pelo início de mais um dia e o recomeço do trabalho; sendo assim, o rito das Laudes é solene e reúne:
Invitatório:
Presidente: Abri os meus lábios, ó Senhor!
Resposta: E minha boca anunciará Vosso louvor!
·
Hino:
Para cada dia e cada
momento do mesmo há um hino diferente.
·
1ª Salmodia:
Nas Laudes, a Salmodia é
composta por dois salmos de
louvor, intercalados pelo Cântico.
·
Cântico:
Sempre do Antigo
Testamento.
·
2ª Salmodia:
Segundo e último salmo
de louvor nas Laudes.
·
Leitura breve (e, se oportuno, faz-se a Homilia):
Breve momento em se ouve
e, em seguida, medita-se a Palavra de Deus.
·
Resposta breve à Palavra de Deus:
Aqui, usa-se uma
antífona para a resposta.
·
Cântico Evangélico:
Nas Laudes, o Cântico
Evangélico será sempre o Benedictus, que é o
Cântico de Zacarias narrado no Evangelho de São Lucas 1, 68-79.
·
Preces para consagrar o Dia e o Trabalho a
Deus:
Para cada prece, assim
como na Missa, há uma resposta da assembleia.
·
Oração do Senhor (Pai Nosso).
·
Oração conclusiva:
Para cada dia há uma
oração própria.
Hora Média (ou
Meridiana)
A Hora Média pode ser celebrada às
9h00 (chamada de "Tércia" ou "Terça"), às 12h00
("Sexta") e/ou às 15h00 ("Noa" ou "Nona"). Nessa
hora, agradece-se pela manhã que está sendo vivida e pelos trabalhos que
nela estão sendo realizados (9h00); agradece-se pela manhã que passou e pelo
almoço, além de agradecer pela tarde que vai começar (12h00); agradece-se
pela tarde que está sendo vivida e pelo trabalhos que nela estão sendo
realizados (15h00). É composta essa hora dos seguintes elementos:
·
Inviatório:
P.: Vinde, ó Deus, em meu auxílio!
R.: Socorrei-me sem demora!
·
Hino:
Para cada dia e cada momento do mesmo
há um hino diferente.
·
Salmodia:
Na Hora Média canta-se três salmos,
podendo ser de louvor ou de súplica.
·
Leitura breve:
Momento breve em que se ouve e
medita-se a palavra de Deus. Se for oportuno, pode-se guardar um momento de
silêncio e, em seguida, faz-se o Responso.
·
Resposta breve à Palavra de Deus:
Ocorre das mesma maneira que nas
Laudes.
·
Oração conclusiva:
Geralmente, toma-se a mesma oração
que foi feita nas Laudes.
Vésperas:
As Vésperas são as orações do fim da tarde, podendo ser celebrada já
no poente como no começo imediato da noite. Da mesma maneira como nas Laudes, as Vésperas agradecem ao Senhor, por sua vez e momento, o fim do dia e
dos trabalhos. Ora, se de manhã, nas Laudes,
agradecemos o começo do dia, agora, nas Vésperas, agradeceremos o fim do dia.
Compõem as Vésperas os seguintes elementos:
·
Inviatório:
P.: Vinde, ó Deus, em meu auxílio!
R.: Socorrei-me sem demora!
·
Hino:
Para cada dia e cada momento do mesmo
há um hino diferente.
·
Salmodia:
Nas Vésperas, temos dois salmos e,
em seguida, o Cântico.
·
Cântico:
Sempre do Novo Testamento.
·
Leitura Breve (e, se oportuno, faz-se a
Homilia):
Breve momento em se ouve e, em
seguida, medita-se a Palavra de Deus.
·
Resposta breve à Palavra de Deus:
Aqui, usa-se uma antífona para a
resposta, ou seja, ocorre das mesma maneira que nas Laudes.
·
Cântico Evangélico:
Nas Vésperas, o Cântico Evangélico será
sempre o Magníficat (o Cântico de Maria), do Evangelho
de Lucas, 1- 46-55.
·
Preces ou Intercessões:
Agradecem a Deus pelo dia terminado e
pedem por todo o Povo de Deus, pela Igreja e, na última prece, pelos falecidos.
·
Oração do Senhor (Pai Nosso).
·
Oração conclusiva:
Uma oração para cada dia litúrgico,
sempre diferente da oração que foi feita nas Laudes.
Completas:
A hora das Completas é rezada à
noite, à preparação para dormir. É tomada como a última oração do dia e é
composta dos seguintes elementos:
·
Inviatório:
P.: Vinde, ó Deus, em meu auxílio!
R.: Socorrei-me sem demora!
·
Ato de Contrição:
Pede-se perdão a Deus pelos pecados
cometidos através do Ato de Contrição.
·
Hino:
É usado um hino próprio do ordinário,
ou seja, um mesmo hino para essa oração; porém, tem-se duas opções para serem
cantadas fora do Tempo Pascal e uma única opção para ser usada dentro do Tempo
Pascal.
·
Salmodia
·
Leitura breve
·
Resposta breve à Palavra Deus:
Ocorre das mesma maneira que nas Laudes.
·
Cântico Evangélico:
Nas Completas, usa-se o Cântico de
Simeão Nunc Dimítis, do Evangelho de São Lucas 2, 29-32.
·
Oração conclusiva:
Usa-se todos os dias a mesma oração:
O Senhor todo-poderoso nos conceda
uma noite tranquila e, no fim da vida, uma morte santa. Amém.
·
Antífonas finais de Nossa Senhora:
Por fim, canta-se ou reza-se uma das
antífonas propostas no ordinário, entre elas a Salve Rainha e, no Tempo Pascal, a Regina Coeli.
Considerações finais:
O
Concílio Vaticano II incentivou a que, cada vez mais, se recite a Liturgia das
Horas com a comunidade dos fiéis, para que esse tesouro da Igreja não fique
reservado somente aos padres, mas que seja distribuído também aos fiéis, para
que possam santificar o dia por meio da oração.
Para
a oração, nada melhor do que utilizar a própria Palavra de Deus para falar com
Ele. Por isso, a recitação da Liturgia das Horas é uma escola de oração. Jesus
Cristo recitou também os Salmos. Os Apóstolos igualmente. Da mesma forma, a
Igreja continua recitando esta belíssima liturgia ao longo dos séculos.
O
Papa Paulo VI ao promulgar a reforma da Liturgia das Horas, através da
Constituição Apostólica Laudis Canticum,
iniciou-a com uma frase que oferece a nota teológica da Liturgia das Horas. Ele
disse:
“O CÂNTICO DE LOUVOR que ressoa eternamente
nas moradas celestes, e que Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, introduziu nesta
terra de exílio, foi sempre repetido pela Igreja, durante tantos séculos,
constante e fielmente, na maravilhosa variedade de suas formas.”
Assim, quando se
recita as orações da Liturgia das Horas louva-se a Deus, na terra, fazendo um
louvor que no céu é incessante. Na santificação do dia, das horas, no tempo, a
realidade da eternidade se faz presente. Também nós queremos, por meio do
louvor, transformar a nossa vida em história de salvação.”
*
Responso: Palavras pronunciadas ou cantadas nos ofícios da Igreja
católica.
**
Tropário: poema presente nos rito das Igrejas do Oriente, tocado
como forma do louvor.
***
Monaquismo: forma de vida cristã
totalmente consagrada a Deus no retiro, no silêncio.
FONTES CONSULTADAS:
Catecismo da Igreja Católica CIC. São Paulo: Loylola, 2000.
Constituição Sacrossanctum
Concilium. Documentos do Concílio Vaticano II: constituições,
decretos, declarações. Petrópolis: Vozes, 2002.
Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas. São Paulo: Paulinas, 2010.
MELO, Agostinho de Vieira et
al. Ofício Divino das Comunidades.
São Paulo: Paulus, 1994.
Paulo
VI. Constituição Apostólica Laudis Canticum. 1970.
* * * * * * *
Você pode acompanhar a LITURGIA DAS HORAS, em qualquer das “horas” do dia no site:
O USO
DO OFÍCIO DIVINO (LITURGIA DAS HORAS) NA CATEQUESE
Uma das maneiras de celebrar a
catequese é usando um modelo de celebração semelhante à do Ofício Divino. É
envolvente, bastante orante e participativo. Mas é importante, antes de tudo,
esclarecer o que significa Ofício Divino.
O
Ofício Divino é herança dos judeus
O Ofício Divino é uma herança dos
judeus muito bem acolhida pelos cristãos desde o início do Cristianismo. É o
método privilegiado de oração dos padres e religiosos desde muito tempo e, após
um impulso do Concílio Vaticano II, também muitos leigos, individualmente ou em
comunidade, encontraram nele um jeito muito especial de fazer suas orações. Os
judeus costumavam fazer a memória do Deus criador e libertador, cantando os
Salmos, em algumas horas fixas do dia. Desse modo, renovavam sua fidelidade ao
Deus da Aliança e ofereciam a Ele toda a sua vida. O Salmo 55 faz uma
referência clara a esse costume: “De manhã, de noite e ao meio dia oro ao
Senhor minha lamentação e Ele escuta a minha voz”(55,17).
Jesus, como judeu fiel às tradições do
seu povo, conheceu esse costume de orar três vezes ao dia e, certamente, o
realizou com muita alegria. Inclusive, recomendou aos discípulos que rezassem
permanentemente (cf. Lc 18,1;21.36). Por isso, podemos dizer que essa oração do
povo de Deus é a oração do próprio Jesus Cristo, ao qual as primeiras
comunidades seguiram fielmente.
Por que
esse nome: Ofício Divino?
O Ofício Divino é mais conhecido como
Liturgia das Horas, porque é rezado em determinadas horas do dia, com a
finalidade de santificá-lo e consagrar o tempo a Deus, numa total disposição
para realizar a sua vontade. Cada dia é visto como uma bênção especial de Deus,
e precisa ser bem vivido, numa dimensão de louvor e gratidão. Por isso, pedimos
sempre ao Senhor: “ensinai-nos a bem contar nossos dias, para que tenhamos
um coração sábio” (Sl 90, 12).
O nome “Ofício Divino” surgiu num
período da história da Igreja em que ao povo já ficava difícil parar com as
suas atividades tantas vezes ao dia, para a oração comunitária (em alguns
lugares tornou-se costume rezar até seis vezes ao dia!). A oração da Liturgia
das Horas foi ficando restrita aos monges e padres, como um ministério (daí a
expressão “ofício”) de orar em nome de toda a Igreja, para que o louvor de Deus
não parasse no tempo. Se, por um lado, essa maneira especial de rezar foi se
estruturando, se organizando melhor, por outro lado, o povo foi se distanciando
desse bonito costume.
A reforma do Concílio Vaticano II
insistiu no resgate da Liturgia das Horas (SC 83-101), sobretudo com a intenção
de devolver ao povo essa tradição tão especial que lhe pertencia como oração de
todos os fiéis, e não somente do clero ou dos religiosos.
No Brasil, o Ofício Divino das
Comunidades surgiu como uma maneira criativa, simples e bem inculturada de
rezar a Liturgia das Horas. As experiências crescentes das comunidades
espalhadas pelo país afora tem legitimado a sua prática e ajudado muito na
divulgação desse método importante de oração. Quando as comunidades entoam os
salmos, escutam a Palavra e a confrontam com os fatos da vida, meditam e oram –
sobretudo em pequenos grupos – elas alimentam sua fé e se encorajam para o
testemunho do projeto libertador de Jesus.
Na catequese, o Ofício Divino também
tem seu lugar. Pode ser uma importante “escola de oração”, pois, enquanto se
celebra o Ofício com as crianças, ao mesmo tempo em que rezam, elas também
aprendem um método eficaz e prazeroso de falar com Deus e experimentar a
presença amorosa d’Ele em suas vidas.
Ofício
Divino na catequese: iniciação aos sinais sagrados
O Ofício Divino, já faz parte de
experiências feitas por algumas comunidades catequéticas, que têm rezado com os
catequizandos a partir do esquema básico do Ofício Divino, suprimindo ocasionalmente
alguma parte dele, mas com uma intenção precisa de ajudá-los na assimilação
teórica e prática da simbologia litúrgica. Ao mesmo tempo em que a criança
exercita o método proposto pelo Ofício, aprende o sentido dos sinais sagrados
que são mais comuns nas celebrações litúrgicas, sobretudo da Missa.
As orações acontecem de acordo com a
programação de cada comunidade, semanalmente ou em ocasiões especiais. Em
alguns lugares, pelo menos uma vez ao mês, todas as crianças deixam o encontro
costumeiro da catequese para um momento celebrativo, tendo como roteiro o
Ofício Divino. Catequistas, crianças e pais se encontram para, juntos, celebrar
a caminhada, ouvir a Palavra de Deus, cantar os Salmos e aprender, rezando.
Elementos
básicos do Ofício Divino na Catequese
A estrutura do Ofício Divino rezado na
catequese praticamente segue o esquema do Ofício Divino das Comunidades.
Algumas partes são abreviadas ou suprimidas, sem prejuízo para o método
celebrativo. Outros elementos são acrescentados, sobretudo a explicação
catequética e a vivência simbólica.
Preparação: O ambiente
seja devidamente preparado, de modo acolhedor e convidativo à oração. Haja um
lugar especial para a Bíblia (pode ser uma estante ou pano decorativo). Folhas
de canto, símbolos e outros materiais devem ser providenciados com antecedência
e com muito carinho. De preferência, faça-se sempre em círculo, com os símbolos
ao centro.
Mantra: é um refrão
meditativo, a ser cantado repetidamente, o que auxilia bastante na criação de
um clima tranquilo e sereno, sobretudo interior. São João Crisóstomo já
dizia: “não se põe incenso em carvão
apagado”.
Abertura: consta de
versos que são entoados por um solista e repetido pela assembleia orante. Quase
sempre são tirados de textos bíblicos ou inspirados neles. No Ofício
Catequético, os versos da abertura fazem referência ao tema e símbolo litúrgico
escolhido para aquele momento celebrativo.
Recordação
da vida: os
fatos e acontecimentos do dia-a-dia, desde aqueles mais próximos da realidade
dos catequizandos (família, bairro, cidade) até os mais distantes, são evocados
para que a vida concreta seja rezada, celebrada. São recordados acontecimentos
bons e ruins, sinais de alegria e também de tristeza. Afinal, tudo é vida, tudo
é conteúdo de oração.
Salmo: elemento
essencial do Ofício, um salmo é sempre cantado. De acordo com a possibilidade
da assembleia, seja cantado por todos, de preferência em dois coros; outro modo
de rezar o salmo é respondendo a um refrão, entre estrofes entoadas por um
solista. O salmo também é escolhido de acordo com o tema do dia. O Ofício das
Comunidades traz versões bem populares e práticas para a celebração. De acordo
com a idade das crianças, preferência seja dada a salmos simplificados, com
poucas estrofes e com palavras bem compreensíveis.
Texto
bíblico: seguindo
o tema proposto para a celebração, um texto bíblico é escolhido e solenemente
proclamado. Pode ser precedido por um canto de escuta e aconselha-se que sempre
seja seguido de um tempo de silêncio, partilha ou brevíssima reflexão.
Reflexão
catequética: para
aprofundar o sentido do tema escolhido, aqui é o momento apropriado para um
comentário sobre o símbolo litúrgico. Essa reflexão visa a ajudar os
catequizandos na compreensão simbólica, o que facilitará imensamente
posteriores experiências com esse símbolo, sobretudo na Missa.
Prece,
louvor, ação de graças: nesse momento, o grupo é convidado a fazer eco da
Palavra e do tema já desenvolvido desde o início da celebração, fazendo orações
espontâneas ou previamente preparadas. É interessante concluir esse momento de
oração com a oração por excelência, o Pai-Nosso. Bem motivado, esse momento
acontece de modo muito bonito, pois as crianças sabem ser muito sinceras e
espontâneas!
Oração
final e conclusão: uma
breve oração e o pedido das bênçãos de Deus encerram o Oficio catequético.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
ANEXO 02:
DICAS DE LEITURA:
Ofício Divino de Adolescentes e Crianças
Paulus:
Ofício Divino de adolescentes e crianças é uma adaptação do já popular Ofício Divino das Comunidades, preparado exclusivamente para as novas gerações que iniciam seu caminho de fé. Assim como aprendemos a nos comunicar prestando atenção e repetindo falas e gestos que ouvimos e vemos, trata-se de possibilitar aos adolescentes e às crianças o acesso à linguagem comunitária da fé, com seus salmos, hinos, gestos, orações, silêncios...
Instrução geral sobre a Liturgia das Horas
Comentários de José Aldazábal
Paulinas:
A obra quer levar a uma melhor compreensão e celebração da Liturgia das Horas, para que os que oram - tanto pessoal quanto comunitariamente - conheçam as motivações do que fazem; que não apenas saibam em cada momento como oram, mas também, e sobretudo, o que oram e por que ou para que oram com estes determinados elementos, e qual seu sentido espiritual. O livro traz comentário no pé da página com as referências internas ou "lugares paralelos" dos diversos temas e um índice analítico que pode ajudar ainda mais a relacionar os vários subtítulos ou veios que aparecem na referida Instrução.
https://www.paulinas.org.br/loja/instrucao-geral-sobre-a-liturgia-das-horas
ANEXO 03
ESTRUTURA
DO OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES
1. Chegada – silêncio, oração
pessoal (criar um clima de recolhimento com a repetição de um mantra em melodia
de salmo).
2. Abertura – canto feito por
repetição (solista e coro).
3. Recordação da vida – pedir que
os irmãos e irmãs lembrem fatos, pessoas ou situações que marcaram a semana que
passou.
4. Hino – canto que marca a hora
do dia, o tempo litúrgico corrente ou a festa litúrgica, de santo, do
padroeiro.
5. Salmo – escolher um salmo
apropriado para o que querem celebrar.
6. Leitura bíblica – leitura do
dia ou do Evangelho do domingo seguinte.
7. Meditação – silêncio,
partilha, repetir refrões que chamaram a atenção.
8. Cântico evangélico – para
manhã (Lc 1,68-79 – cântico de Zacarias); para fim da tarde ou noite (Lc
1,46-55 – cântico de Maria)
9. Preces – podem ser espontâneas
10. Pai-nosso
11. Oração final: pode ser rezada
a oração do dia
12.
Bênção
Três
pessoas conduzem o ofício: o dirigente introduz a recordação da vida,
introduz as preces, convida à meditação, ao Pai-nosso, faz a oração final e a
bênção; o leitor faz as preces e proclama a leitura, e o cantor entoa
a abertura, o hino, o salmo e o cântico evangélico.
OFÍCIO PARA O
TEMPO COMUM
ABERTURA
(para manhã):
Estes lábios meus,
vem abrir, senhor, (Bis)
Cante esta minha
boca sempre o teu louvor. (Bis)
Venham, adoremos
a nosso Senhor, (Bis)
Com a Virgem Maria,
mãe do Salvador! (Bis)
Vibra de alegria
o meu coração, (Bis)
Ao meu Senhor e Rei
eu canto esta canção.(Bis)
Teu ouvido
inclina, vê teu Rei, Senhor (Bis)
Com tua formosura
Ele se encantou. (Bis)
Vão lembrar teu
nome gerações inteiras, (Bis)
Vão te louvar os
povos, de toda maneira. (Bis)
Glória ao Pai e
ao Filho e ao Espírito Santo. (Bis)
Glória à Trindade
santa, glória ao Deus bendito. (Bis)
Aleluia, irmãs, aleluia,
irmãos! (Bis);
Com a Mãe do Senhor,
a nossa louvação. (Bis)
OU:
Estes lábios
meus, vem abrir, Senhor, (Bis)
Cante esta minha
boca sempre o Teu louvor! (Bis)
Venham e cantemos
com muita alegria, (Bis)
Espírito Divino
brilhou neste dia! (Bis)
O amor de Deus em
nós derramado, (Bis)
Qual Mãe
consoladora já nos foi doado. (Bis)
Teu divino Espírito
a nós enviando (Bis)
De toda a terra a
face Tu vens renovando. (Bis)
Brilhe a Tua face
sobre nós, Senhor, (Bis)
Conheça o mundo
inteiro Teu imenso amor. (Bis)
Vibre de alegria
o universo todo; (Bis)
Nosso Senhor é
justo e conduz seu povo. (Bis)
Que os povos
todos vos celebrem, Deus! (Bis)
Tragam todos os
povos os louvores seus! (Bis)
Glória ao Pai e
ao Filho e ao Santo Espírito. (Bis)
Glória à Trindade
Santa, glória ao Deus bendito! (Bis)
Aleluia, irmãs,
aleluia, irmãos, (Bis)
Cantemos com
alegria nossa louvação! (Bis)
OU (para a
tarde ou noite):
Verdadeiramente ressurgiu
Jesus, (Bis)
Cantemos Aleluia!
Resplandece a luz! (Bis)
Venham, ó nações,
ao Senhor cantar! (Bis)
Ao Deus do universo
venham festejar! (Bis)
Seu amor por nós,
firme para sempre, (Bis)
Sua fidelidade dura
eternamente! (Bis)
Venham e cantemos
com muita alegria, (Bis)
Espírito divino brilhou
neste dia! (Bis)
O amor de Deus em
nós derramado, (Bis)
Qual Mãe consoladora
já nos foi doado. (Bis)
Tua Luz, Senhor,
clara como o dia (Bis)
É chama que incendeia
e traz alegria. (Bis)
Suba nosso
Incenso a Ti, Ó Senhor! (Bis)
Nesta Santa
Vigília, oferta de louvor! (Bis)