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segunda-feira, 25 de maio de 2020

FALANDO SOBRE O DNC: DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE E OUTROS DOCUMENTOS...


Um resumo sobre os principais documentos da catequese: origem do diretório nacional de catequese.

Talvez, para alguns de vocês, essa conversa seja um tanto "velha", mas, acredito que é bom para reforçar algumas coisas para quem já ouviu falar e esclarecer aqueles que ainda não o conhecem (o DNC - Diretório Nacional de catequese).

Do Concílio Vaticano II - 1961 a 1965 - todo catequista já ouviu falar (Acredito...). Mas, o que foi afinal esse concílio para nossa Igreja? Em linhas gerais este concílio trouxe para a Igreja aquilo que se pode chamar de uma "grande renovação". Muita coisa vinha sendo feita ainda nos moldes do século dezenove. Renovou-se a Liturgia, a organização do clero, a visão da Palavra e muito mais.

Alguns acham que as mudanças foram boas, como por exemplo a Missa ser rezada na língua vernácula e não em latim, com o padre de costas para o povo. Outros já acham que essas mudanças desfiguraram a Igreja, que foi depois dessas mudanças que a Igreja começou a perder muitos de seus fiéis (apesar de que, se fossem "fiéis" mesmo não se perderiam). Uma coisa a se pensar: não se perde o que não se tem, não é verdade?

E há ainda os que acham que as mudanças trouxeram coisas estranhas à Igreja, como a RCC, com seu jeito meio pentecostal, a forte presença do leigo, o "desrespeito a algumas doutrinas, etc.

Mas, é preciso ler os documentos do Concílio para saber exatamente onde os bispos queriam chegar. As suas decisões estão expressas nas 4 CONSTITUIÇÕES, 9 DECRETOS e 3 DECLARAÇÕES elaboradas e aprovadas pelo Concílio. E só lendo e estudando os documentos podemos entender um pouco mais disso. Sugiro começar pelas Constituições Dogmáticas: a Lumen Gentium (sobre a Igreja) a Dei verbum (sobre a Palavra de Deus) , a Sacrossantum Concílium (sobre a liturgia), e a Gaudium et Spes (sobre a relação da Igreja com o mundo e a pastoral), aí descobrimos um tesouro de renovação e de atualização da Igreja católica em relação aos anos de atraso na História.

A estes documentos é preciso acrescentar vários outros, mas, sobretudo, os Decretos Conciliares Ad Gentes (sobre a atividade missionária Igreja) e Apostolicam Actuosittem (Sobre o Apostolado dos leigos). Estes documentos são essenciais para se compreender o impulso conciliar para a renovação da Igreja e de sua missão no mundo contemporâneo e, consequentemente, a renovação de todas as suas mediações evangelizadoras e formadoras, entra as quais a catequese é uma das mais importantes e privilegiadas.

E é interessante observar que o Concílio não produziu um documento específico sobre a catequese. O Concílio, apesar de algumas solicitações para tratar do assunto, preferiu solicitar a elaboração de um Diretório de Catequese, que foi feito pela Congregação para o Clero e publicado em 1971 com o título “Diretório Catequético Geral – DGC”, que infelizmente ficou desconhecido no Brasil. Este documento foi renovado em 1997 e daí surgiu o Diretório Geral para a Catequese (DGC). Que, em 2006, a CNBB atualizou e adequou as nossas realidades com o nome de "DNC - Diretório Nacional de Catequese". Inclusive, o DNC faz inúmeras referências ao DGC, que é o documento que o norteia.

Para entender a necessidade de renovação da catequese é importante conhecer alguns documentos emitidos pela Santa Sé depois do Concílio:

a) Paulo VI: Evangelii Nuntiandi (A Evangelização no mundo contemporâneo – 1965);
b) João Paulo II: Catechesi Tradendae (A catequese no mundo de hoje) - 1979;
c) Bento XVI – Verbum Domini (A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja) – 2010.

Aqui no Brasil, publicados pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca-se ainda os seguintes documentos:

a) Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo – Documento 26, de 1983;
b) Com Adultos, Catequese Adulta – Estudos CNBB 80, de 2002.
c) Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários – Documento 107, de 2017;
d) Terceira Semana Brasileira de catequese - Iniciação à Vida Cristã - 2010.

É muito documento para se conhecer? Sim. Com certeza é. Aliás, nossa Igreja é especialista em produzir documentos que pouca gente lê e menos ainda põe em prática. Mas, vamos focar aqui o DNC - Diretório Nacional de Catequese, que hoje está com 14 anos, e poucos catequistas (e padres) o conhecem ou, se conhecem, tem noção da importância dele para nosso FAZER catequese.

Nenhum catequista deveria se atrever a ser catequista, sem ter esse livrinho na mão. Tão importante assim? Muito. A Bíblia é o nosso livro por excelência, é a Palavra que fundamenta nossa catequese; e o DNC é nosso "guia" de COMO fazer isso.

Por isso, faço esse apelo aos catequistas aqui comigo neste grupo: corram atrás do prejuízo! Mesmo que se tenha uma crítica geral de que: a catequese "dos documentos" não é a catequese da salinha, da paróquia; é bom ter em mente que, se é ruim conhecendo-se o que pede nossa Igreja; pior é fazer sem saber o que e como. Corremos sempre o risco de estar, constantemente, na contramão.

E não vão entrar em parafuso achando que tem que ler todos os documentos que citei acima. Não. Por enquanto, quero apenas que vocês leiam o DNC, mais que ler, aliás, é consultar sempre que precisar. E, coordenadoras(es) e padres, ATENÇÃO! Impensável não conhecer o DNC! Se possível, adquiram o livro e dê de presente ao catequista. proporcionem um estudo sobre ele. Como este que estamos oferecendo no grupo neste período de quarentena.

E para que vocês não desanimem, deixo aqui uma fala do Ir. Israel Nery, um dos religiosos que mais se dedicou à catequese no Brasil e que participou ativamente da construção de vários documentos (brasileiros) que citei.

"Percebo que ser catequista no Brasil é um milagre, pois é uma questão de puro Sim ao chamado do Espírito Santo, pura dedicação, puro heroísmo…
Ao longo de meus muitos anos dedicados à catequese, tenho visto que ser catequista é algo inexplicável em nossa Igreja, portanto, é ação direta do Espírito Santo. A maioria dos catequistas (das catequistas, devido à quantidade de mulheres na Catequese), não tem um razoável apoio das famílias, dos párocos e das Comunidades Eclesiais. Atuam com dedicação, mas sem os subsídios necessários (Bíblias, manuais, acesso às mídias digitais etc.). E não contam com ajuda financeira para participação em encontros, cursos e assembleias e nem para assinatura de revista ou compra de livros básicos.
Há uma impressionante profetismo e gratuidade no serviço à catequese. A boa vontade e a dedicação suprem muitas carências. É evidente a falta de investimento das Comunidades na formação inicial e permanente dos catequistas."

Mas, de nada adianta escrever belos textos que não são acessíveis aos catequistas, não é mesmo? Assim como não adianta os catequistas terem os documentos guardados na gaveta sem nem ter lido.

Vamos lá! Fé e coragem para buscar formação, é a formação que nos fará ter sucesso na evangelização ... E adquirir o DNC quem ainda não o fez.

Abraços
Ângela Rocha


domingo, 24 de maio de 2020

O NECESSÁRIO DIÁLOGO ENTRE A FÉ E A CIÊNCIA



O Espírito de Deus inspira, anima, orienta, consola, mas não toma as ferramentas das mãos da humanidade para resolver, em um passe de mágica, as dores e os problemas que essa própria humanidade está passando.

O caos que se apossou do Brasil com a chegada do coronavírus apresenta várias dimensões: sanitária, política, ideológica, econômica. No entanto, há igualmente uma outra dimensão, que eu chamaria aqui de caos do discurso pseudocientífico – em boa parte artificialmente produzido.

Enquanto os cientistas – médicos, pesquisadores, sanitaristas, técnicos em saúde – explicam à população como se porta a doença, quais as medidas necessárias para combatê-la, outras vozes parecem interferir no processo dessa comunicação adotando uma linguagem que instaura a confusão.

A ciência é um dos motores do desenvolvimento da humanidade e da vida. Seu progresso tem sido responsável por grandes melhorias na vida humana, sobretudo no decurso do último século, ainda que os frutos desse progresso não tenham sido repartidos equitativamente pelo mundo. Por outro lado, o mau uso que muitas vezes é feito dos conhecimentos científicos foi, no mesmo século passado, causa das piores provações pelas quais a humanidade teve que passar. Por isso, ainda que o progresso da ciência que a racionalidade moderna possibilitou seja altamente positivo; ainda que se considere correta a afirmação de que a ciência é o motor do desenvolvimento em todas as frentes; os esforços feitos por muitos países e regiões do globo no domínio científico ainda permanecem muito aquém de um mínimo julgado desejável. E boa parte das razões para tal é a manipulação que interesses econômicos, políticos e ideológicos fazem contra a objetividade e a excelência que deve caracterizar toda ciência.

No momento em que explodiu a pandemia viral, a ciência – a medicina, a biologia, a infectologia e todas as áreas científicas que tratam da vida – ocuparam a linha de frente das atenções. Buscaram-se orientações, explicações, argumentos lógicos que ajudassem a administrar a tragédia que vivíamos.

Por outro lado, competições ideológicas e embates políticos, muitas vezes se atravessaram no caminho do trabalho científico. E isso aconteceu por diversas formas: seja a do obscurantismo, que ataca retoricamente a liberdade de pesquisa científica, seja com políticas públicas retrógradas que cortam verbas e esvaziam institutos e laboratórios de pesquisa. Em um momento em que a crise ecológica atinge proporções nunca antes vistas, os impactos climáticos são minimizados, e os alertas emitidos pela comunidade científica desprezados como se não fossem evidências objetivas e sim opiniões casuais e não fundamentadas.

Com o Covid-19 a ciência voltou a ocupar seu papel de baluarte da verdade objetiva e verificável. Tornou-se um refúgio firme para uma sociedade assustada e vulnerabilizada pelo avanço descontrolado da doença e a subida dos números de vítimas fatais. A ciência é, hoje, a linha de frente no combate à pandemia. Fornece à população números, informações, percentagens que permitem ter um quadro do que se passa. E podem ser vistos ao mesmo tempo inúmeros laboratórios empenhados em encontrar remédios que tratem a doença causada pelo vírus, sequenciando o genoma do vírus em tempo recorde, buscando pelos caminhos da pesquisa apaixonada e responsável uma vacina.

Há, no entanto, tentativas de travar esse trabalho, muitas delas invocando o nome de Deus. Contestam-se os dados fornecidos pela ciência, contradizem-se informações precisas e objetivas e se dão orientações conflitantes à população. Afirma-se que Deus salvará a todos do vírus, que o que os cientistas dizem é um exagero, e que o que há que fazer é orar porque Deus nos salvará do vírus.

Desde sempre, em todas as religiões, mas muito concretamente nas religiões monoteístas e mais especificamente no judeu-cristianismo, Deus não se imiscui nos negócios humanos para interferir na ação da própria humanidade na resolução de seus problemas. O Espírito de Deus inspira, anima, orienta, consola, mas não toma as ferramentas das mãos da humanidade para resolver, em um passe de mágica, as dores e os problemas que essa própria humanidade está passando.

Toda tentativa ao longo da história de converter Deus em árbitro da ciência, impedindo-a de avançar, já foi suficientemente desmascarada e situada em seu devido lugar: é falsidade e embuste. Assim, governantes despóticos e irresponsáveis que buscam desautorizar os cientistas que dizem a verdade em meio a um momento grave como o que estamos vivendo terão que responder diante do tribunal da história. E também diante do tribunal divino, que fará cair os véus, desvelando suas tentativas de vendar os olhos do povo com ilusões e falácias, na sua mais atualizada forma: as fake news.

Em meio à pandemia, a comunidade científica tem construído uma rede sólida de informações, colocando a ciência na vanguarda das políticas de combate à pandemia. Assim, se pode combater o obscurantismo institucionalmente, usando de transparência e honestidade, atualizando constantemente as medidas adotadas e procurando adequar as condições da saúde às reais necessidades decorrentes da própria pandemia. E a fé não pode estar ausente dessa rede e desse diálogo.

Falar de Deus em tempos de coronavírus implica dialogar com a ciência e deixar-lhe plena autonomia no campo e competência que lhe é própria. Não misturar epistemologias ou querer tratar o que releva do campo do biológico com instrumentos falsamente espirituais que matam em vez de curar e alimentam políticas genocidas, empurrando as pessoas para o contágio e muito provavelmente para a morte.

Maria Clara Bingemer é professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio e autora de “Mística e Testemunho em Koinonia” (Editora Paulus), entre outros livros.

FONTE:
MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER, redacao@jb.com.br


quinta-feira, 21 de maio de 2020

SOLENIDADE DA ASCENÇÃO: RENOVAR O COMPROMISSO AO TESTEMUNHO


Durante as saudações no final da Audiência Geral desta quarta-feira (20), o Papa Francisco falou sobre a Solenidade da Ascensão, que será celebrada amanhã no Vaticano. Francisco destacou que o ensinamento da palavra de salvação de Cristo e seu anúncio na vida diária, devem ser o ideal e o compromisso de cada um.

Mais uma vez um convite à missão, ao anúncio do Evangelho e ao testemunho diário. São palavras do Papa no final da Audiência Geral desta quarta-feira (20), durante as saudações em italiano aos fiéis conectados via streaming. Francisco antecipa a Solenidade da Ascensão do Senhor, exortando todos a serem "testemunhas generosas de Cristo Ressuscitado", conscientes de que Ele, subindo aos céus, não abandona ninguém, ao contrário, "Ele está sempre conosco e nos sustenta ao longo do caminho". "Dirijo um pensamento especial aos jovens, aos idosos, aos doentes e aos recém-casados. Jesus Cristo, subindo ao céu, deixa uma mensagem e um programa para toda a Igreja:

“Ide e ensinai todas as nações... ensinando-as a observar tudo o que vos ensinei. Que seja seu ideal e seu compromisso, tornar conhecida a palavra de salvação de Cristo e dar testemunho dela na vida diária. A todos minha bênção!”

ORIGENS DA SOLENIDADE

Na quinta-feira da sexta semana da Páscoa, 40 dias após a Ressurreição, a Solenidade da Ascensão é celebrada no Vaticano e em alguns países do mundo, e em outros, é adiada para o domingo seguinte. Neste dia é lembrada a Ascensão ao céu de Jesus que, de fato, conclui sua estada terrena entre os homens para se unir fisicamente ao Pai e não aparecer novamente na Terra até sua Segunda Vinda (Parusìa) para o Juízo Final. Trata-se de uma festividade muito antiga da qual existem vestígios já no século IV. No Credo dos Apóstolos é mencionada com estas palavras: "Jesus subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai". E novamente ele virá, em glória, para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim". O episódio está bem descrito nos Evangelhos de Marcos e Lucas e nos Atos dos Apóstolos.

AS PALAVRAS DO PAPA

Para a Igreja Católica, a Ascensão é o prelúdio ao Pentecostes e de alguma forma marca o início de sua história e de sua missão junto com a humanidade. Francisco o recorda todos os anos nesta ocasião, insistindo no compromisso de cada cristão com o anúncio da salvação. Durante Regina Coeli, em 13 de maio de 2018, o Papa disse: “Trata-se de ser homens e mulheres da Ascensão, ou seja, buscadores de Cristo pelas sendas do nosso tempo, levando a sua palavra de salvação até aos confins da terra. Neste itinerário, encontramos o próprio Jesus nos irmãos, sobretudo nos mais pobres, em quantos sofrem na própria carne a dura e mortificadora experiência de antigas e novas pobrezas. Assim como inicialmente Cristo Ressuscitado enviou os seus apóstolos com a força do Espírito Santo, também hoje Ele nos envia, com a mesma força para dar sinais concretos e visíveis de esperança. Porque Jesus que nos dá a esperança, foi elevado ao céu, abriu as portas do céu e a esperança que nós para lá iremos”.

No Regina Caeli de 1º de junho de 2014, o Papa falava da missão como comando necessário e não facultativo, quando afirmava: “Ir”, ou melhor, “partir” torna-se a palavra-chave da festa de hoje: “Jesus parte, sobe ao Céu, isto é, volta para o Pai pelo qual tinha sido enviado ao mundo. Cumpriu o seu trabalho, e depois voltou para o Pai. Mas não se trata de uma separação, porque Ele permanece para sempre conosco, de uma forma nova. Com a sua Ascensão, o Senhor ressuscitado atrai o olhar dos Apóstolos — e também o nosso — às alturas do Céu para nos mostrar que a meta do nosso caminho é o Pai.

Por fim, durante a homilia da Missa na Casa Santa Marta de 26 de maio de 2017, o Pontífice pedia para que este episódio nos desse estímulo para subir ao Céu, conhecer Cristo de perto e contar aos homens as suas obras e os seus prodígios: “Jesus, antes de partir disse: ‘Ide e fazei discípulos em todas as nações’. O lugar do cristão é o mundo para anunciar a Palavra de Jesus, para anunciar que fomos salvos, que Ele veio para nos dar a graça, para nos levar todos com Ele diante do Pai”. 

FONTE: vaticannews

UM PEQUENO OLHAR AOS SETE SACRAMENTOS



SACRAMENTOS, para nós são "SINAIS DA GRAÇA". Padre Joachim Andrade, professor de teologia pastoral da PUCPR, nos dá o que ele chama de "pequeno olhar" sobre os sacramentos:
FONTE:
Andrade, Joachim. Sacramentos. Aula de Teologia Pastoral. 3º período do curso de Teologia – PUC PR.


segunda-feira, 18 de maio de 2020

PEDAGOGIA: QUAL É A SUA?


PEDAGOGIA E CATEQUESE

O QUE É PEDAGOGIA?

Origem da palavra: A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga, paidós (criança) e agogé (condução). Paidagogus era o condutor da criança, ele era um paternal "cuidador", e guiava a criança até o local de ensino e, metaforicamente, em direção ao saber. Entretanto, a prática educativa é um fato social, cuja origem está ligada à da própria humanidade

No decurso da história do Ocidente, a Pedagogia firmou-se como correlato da educação e da ciência do ensino. Nós nos apropriarmos da palavra para dizer que a pedagogia é a ciência da "condução" ao saber. Pedagogo é aquele que conduz. Então, nossa pedagogia é a forma como "conduzimos" o outro ao saber ou na direção correta.

Sendo assim, a Pedagogia é a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo.

Estatueta produzida na Grécia Antiga em terracota representando o escravo pedagogo.

Na Grécia antiga, o velho pedagogo (παιδαγωγός) com sua lanterna, conduzia a criança (παιδόσ) até a palestra (παλαίστρα) e exigia que ela realizasse as lições recomendadas. Esse παιδόσ (criança) tinha a idade entre sete e quatorze anos e era sempre do sexo masculino. Hoje, a figura do pedagogo clássico converteu-se no professor generalista das séries Iniciais do Ensino Fundamental e nos educadores não docentes que atuam na administração escolar, mas com formação em pedagogia.



Mas, vamos agora, "transportar" a palavra pedagogia para o nosso modo de "evangelizar", ou seja, levar a nossa "criança" (que muitas vezes é um adulto), para o ensino da fé. Em se falando de ensino da fé, temos como exemplos máximos a pedagogia de Deus, de Jesus e do Espírito Santo. Inspirada nestas pedagogias, a Igreja tem a sua própria que também leva a uma pedagogia catequética.

1.  PEDAGOGIA DE DEUS (DNC 138-139)

- Educador da fé – procura interação com o povo;
- Um sábio que assume as pessoas nas condições em que estão, liberta do mal e chama para viver o amor para crescer na fé;
- Se comunica por meios dos acontecimentos da vida do povo, de acordo com a situação pessoal e cultural de cada um;
- Parte da realidade das pessoas, acolhendo-as e respeitando-as com suas vocações e dons, chamando-as para a conversão;
- Forma eficiente de catequese narrativa e celebrativa, que transmite a fé e os ensinamentos do Senhor, de geração em geração, para o povo se deixar guiar por seu projeto de amor (Ex 24,10; Dt 5,2-4; Js 24,17; Is 51, 1b).

2. PEDAGOGIA DE JESUS (DNC 140)

- Modelo da pedagogia catequética;
- Convivência com as pessoas, continuidade da pedagogia do Pai;
- Jesus por meio de sua vida, palavras, sinais e atitudes; levou a plenitude a revelação Divina do Antigo Testamento;
- Motiva as pessoas a viverem de acordo com os seus ensinamentos, planta a semente da comunidade/ Igreja, que passa de geração em geração a mensagem da salvação e a pedagogia que ele ensinou com a vida.

2.1 Traços da pedagogia de Jesus que inspira a catequese:

a) Acolhimento as pessoas, pobres, pequenos, excluídos e pecadores (Mt 18, 12-14) – opção preferencial pelos pobres;
b) Anúncio do Reino: boa nova de verdade, da liberdade, do amor, da justiça, que dá sentido à vida;
c) Convite amoroso para viver a fé, esperança e caridade com a conversão e seguimento;
d) Envio dos discípulos para semear a Palavra e transformar a sociedade (Somos enviados e ao mesmo tempo mestres de outros discípulos);
e) Assumir a radicalidade do mandamento do amor, princípio pedagógico fundamental: Mt 17,20; Lc 13,16; Jo 13,24; Lc 10,29-37.
f) Atenção as necessidades e situações de vida das pessoas, valores culturais, provocando reflexão para mudança de vida;
g) Conversa simples, acessível, narrativas, comparações, parábolas e gestos, adaptando-as aos interlocutores e seguidores;
h) Firmeza diante das tentações, das crises, do sofrimento, buscando força na oração.

3. PEDAGOGIA DO ESPÍRITO SANTO (DNC 142 a 144)

- Princípio inspirador da atividade catequética;
- “Mestre interior”, faz compreender as palavras e gestos de Jesus;
- Pedagogia interior do coração; a catequese procura a união do conhecimento intelectual e a experiência amorosa da vida em Deus;
- A mensagem das Sagradas Escritura, na Tradição, na Liturgia, no Magistério, nos sinais dos tempos, precisa ser conhecida: A Catequese estimula a vivência no Espírito para que o catequizandos viva na liturgia, no Ano Litúrgico e na oração cotidiana o caminho de crescimento na fé;
- Experiência existencial, pessoal e comunitária de Deus: da vida, do coração, da contemplação, da relação com si mesmo e com o outro, com a natureza e com Deus. É a marca do amor de Jesus, caminho da catequese, iluminado pela ação do Espírito Santo;
- Anuncia a verdade revelada: cria meios para a comunhão filial com Deus, com a comunidade, justiça, solidariedade e fraternidade.

4. PEDAGOGIA DA IGREJA (DNC 145):

- Mãe e educadora da fé;
- Cria comunidade, exemplo dos valores do Evangelho;
- Vida dos Santos e Mártires são testemunhos catequéticos (pedagogia do herói);
- A dedicação dos seus missionários é uma Catequese movida pela força do exemplo;
- Sua ação no mundo transmite o que ela é e crê;
- Seus fiéis são chamados a transformar o mundo segundo o Evangelho;
- Comunidades precisam ser coerentes com o Evangelho;
- A pedagogia eclesial (Igreja) precisa demonstrar que é possível viver com autenticidade o seguimento de Jesus.

5. PEDAGOGIA CATEQUÉTICA (DNC 146 a 148):

- A pedagogia catequética tem uma originalidade específica, que é ajudar às pessoas no caminho rumo a maturidade na fé, no amor e na esperança;
- A Igreja é mediadora do encontro entre Deus e a pessoa humana e em seu nome, os catequistas sentem a responsabilidade de serem mediadores especiais para que catecúmenos e catequizandos cheguem ao conhecimento da verdade e da salvação;
- O catequista precisa estar entusiasmado por aquilo que crê, alegre por estar em processo de permanente conversão, disposto a fazer diferença num mundo marcado por tanta coisa contrária ao projeto de Deus.

5.1 Objetivos alcançados pela catequese inspirados na pedagogia da fé (DNC 147):

a) Adesão livre e total a Deus;
b) Conhecimento vivo da Palavra de Deus contida na Bíblia, desenvolvendo as dimensões da fé contidas no Catecismo da Igreja Católica;
c) Discernimento vocacional para que assumam na Igreja e na sociedade, o seguimento de Jesus de acordo com seu potencial, aspiração e escolhas existenciais.

5.2 Atitudes do catequista frente a dimensão espiritual da pedagogia da fé (DNC 148):

a) Clima de acolhimento e docilidade, humildade e obediência; muitas vezes o catequista deverá refugiar-se no silêncio, na discrição e, sobretudo, na oração, sabendo respeitar e esperar a ação do Espírito;
b) Ambiente espiritual de oração e recolhimento; não significa perda do espírito crítico nem da racionalidade, mas, alegria interior de uma atividade aberta ao Espírito;
c) Palavras ditas com autoridade e fortaleza: o catequista é um profeta guiado pelo Espírito e pronuncia palavras corajosas, criativas e seguras, pois tem consciência de ser enviado por Deus; diante desta missão o catequista precisa de sólida formação, humildade, senso de responsabilidade, espiritualidade e inserção na comunidade.

5.3 Fidelidade a Deus e a pessoa humana (DNC 149):

A catequese, inspirada na Pedagogia de Deus busca incentivar a participação ativa dos catequizandos, pois eles são os sujeitos do processo educativo. A catequese tem a missão permanente de inculturar-se, buscando uma linguagem capaz de comunicar a Palavra de Deus e a Profissão de fé (Credo) da Igreja, conforme a realidade de cada pessoa. Nisso segue o exemplo do Verbo Divino, que se fez carne, assumiu a natureza humana e a cultura de um povo conforme o seu tempo.


Ângela Rocha
Catequista e formadora, estudante do 3º período de teologia da PUCPR.

FONTE:
- Pedagogia Catequética: Resumo do DNC – Diretório Nacional de Catequese – Cap. 5.

sábado, 2 de maio de 2020

VAMOS FALAR DE BÍBLIA? ALIANÇAS DE DEUS!


 

QUAIS SÃO AS ALIANÇAS QUE DEUS FEZ COM O SEU POVO NA BÍBLIA (HUMANIDADE)?


A primeira aliança estabelecida aparece com a descida da arca de Noé no monte Ararat, em que Deus faz aparecer o arco-íris como sinal da Velha Aliança.

  
A segunda aliança se dá no pacto com Abraão e a promessa de uma descendência mais numerosa que as estrelas do céu. Outra forma para o judeu para se estabelecer uma aliança com Deus é através do ritual da circuncisão, no qual a criança após 8 dias de vida faz uma pequena incisão no pênis a fim de marcar o sinal de aliança com Deus.

A terceira aliança é realizada pelo próprio Deus com os israelitas na liberação do Egito, o povo de Israel passa a ser testemunho vido que Deus faz uma aliança com o seu povo eleito. Aqui o símbolo da aliança são as Tábuas da Lei que Deus deu a Moisés.


A quarta aliança, já no novo testamento, é selada com o sacrifício de Cristo para a remissão dos pecados da humanidade, onde o cordeiro de Deus, aquele que tira todo o pecado do mundo, é relembrado na Eucaristia.

Alguns citam que houve uma aliança de Deus com Adão. Muitos biblistas não consideram que Deus tenha feito uma aliança com Adão porque não há a palavra (berit ou berith). Na Bíblia, o termo Aliança, em hebraico: berith, é utilizado para definir o pacto divino entre Deus e os homens. E não há o uso deste termo nos “diálogos” entre Deus e Adão.

Há controvérsia também, com relação a aliança com Davi. Alguns exegetas consideram que a aliança com Davi é a renovação da Aliança do Sinai e que ela se cumpriu de fato só com Jesus. Deus prometeu que Davi sempre teria descendência e que sua descendência reinaria para sempre: Essa aliança se cumpre em JESUS, descendente de Davi, que reina para sempre. " Fiz um pacto com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi: Estabelecerei para sempre a tua descendência, e firmarei o teu trono por todas as gerações." - Salmos 89, 3-4.

Por outro lado, há estudiosos que citam 40 alianças na Bíblia e outros que preferem dizer que é uma só.

O mais importante a destacar, é que a aliança sempre é um compromisso, um pacto entre duas pessoas, Deus e nós (individualmente), e, portanto, honrar com os compromissos faz parte da promessa e da aliança, sendo assim Deus precisa continuar a velar pelo seu povo e o povo continuar sendo fiel a Ele.

RESUMO DAS ALIANÇAS:

1ª - Noé – Aliança com toda a criação – Símbolo: Arco Iris.
2ª - Abraão – Aliança com judeus – Símbolo: Circuncisão.
3ª - Sinai/Moisés – Aliança com o povo de Israel – Símbolo: Tábuas da Lei.
4ª - Eterna - Jesus – Universal – Símbolo: EUCARISTIA.

FONTE: 
Anotações das aulas de Exegese do Pnetateuco - Curso de Teologia - PUCPR
Prof. Ildo Perondi.


sexta-feira, 1 de maio de 2020

BENDIGO A SAUDADE...

Bendigo a saudade

Bendigo porque ela me possibilita lembrar de quem faz falta.

Uma falta que dói no peito enquanto a mente traz pra perto os momentos vividos.

Bendigo a saudade porque costumo dizer: eita como era bom... Naquele tempo .... Que saudades.

Bendigo a saudade das pessoas que amei, que amo e que continuarei amando.

Bendigo a saudade das coisas vivenciadas mesmo que muitas quedas tenha sido necessária para me trazer aonde me encontro hoje.

Bendigo a saudade do tempo que de menino me formou homem com duras penas mas com a certeza de que valeria a pena. 

Bendigo a saudade pelo fato dela ser amor que fica.

Porque só sentimos saudades do que é bom, caso contrário era só lamento.

Bendigo a saudade porque sou parte dela e ela é parte constituinte de mim mesmo.

Eu sou saudade para alguém da mesma forma que alguém se torna saudade para mim.

Bendigamos a saudade.

Esta saudade imensa que sentimos da presença física quando apenas o virtual insiste em permanecer por ainda dia e dias incontáveis.

Assim, matamos um pouco da saudade sendo presença aqui. Assim. Sem fim. 


Rosevânio de Britto Oliveira, CRL.
Religioso da ordem Cônego Regular Lateranense, estudante do 2º Ano de Teologia - PUCPR. 
Paróquia São Miguel Arcanjo - Curitiba - PR

🙏🏾💙🙏🏾