Um resumo sobre os principais documentos da catequese: origem do diretório nacional de catequese.
Talvez, para alguns de vocês, essa conversa seja um tanto
"velha", mas, acredito que é bom para reforçar algumas coisas para
quem já ouviu falar e esclarecer aqueles que ainda não o conhecem (o DNC -
Diretório Nacional de catequese).
Do Concílio Vaticano II - 1961 a 1965 - todo catequista já
ouviu falar (Acredito...). Mas, o que foi afinal esse concílio para nossa
Igreja? Em linhas gerais este concílio trouxe para a Igreja aquilo que se pode
chamar de uma "grande renovação". Muita coisa vinha sendo feita ainda
nos moldes do século dezenove. Renovou-se a Liturgia, a organização do clero, a
visão da Palavra e muito mais.
Alguns acham que as mudanças foram boas, como por exemplo a
Missa ser rezada na língua vernácula e não em latim, com o padre de costas para
o povo. Outros já acham que essas mudanças desfiguraram a Igreja, que foi
depois dessas mudanças que a Igreja começou a perder muitos de seus fiéis
(apesar de que, se fossem "fiéis" mesmo não se perderiam). Uma coisa
a se pensar: não se perde o que não se tem, não é verdade?
E há ainda os que acham que as mudanças trouxeram coisas
estranhas à Igreja, como a RCC, com seu jeito meio pentecostal, a forte
presença do leigo, o "desrespeito a algumas doutrinas, etc.
Mas, é preciso ler os documentos do Concílio para saber
exatamente onde os bispos queriam chegar. As suas decisões estão expressas nas
4 CONSTITUIÇÕES, 9 DECRETOS e 3 DECLARAÇÕES elaboradas e aprovadas pelo
Concílio. E só lendo e estudando os documentos podemos entender um pouco mais
disso. Sugiro começar pelas Constituições Dogmáticas: a Lumen Gentium
(sobre a Igreja) a Dei verbum (sobre a Palavra de Deus) , a Sacrossantum
Concílium (sobre a liturgia), e a Gaudium et Spes (sobre a relação
da Igreja com o mundo e a pastoral), aí descobrimos um tesouro de renovação e
de atualização da Igreja católica em relação aos anos de atraso na História.
A estes documentos é preciso acrescentar vários outros, mas,
sobretudo, os Decretos Conciliares Ad Gentes (sobre a atividade missionária
Igreja) e Apostolicam Actuosittem (Sobre o Apostolado dos leigos). Estes
documentos são essenciais para se compreender o impulso conciliar para a
renovação da Igreja e de sua missão no mundo contemporâneo e, consequentemente,
a renovação de todas as suas mediações evangelizadoras e formadoras, entra as
quais a catequese é uma das mais importantes e privilegiadas.
E é interessante observar que o Concílio não produziu um
documento específico sobre a catequese. O Concílio, apesar de algumas
solicitações para tratar do assunto, preferiu solicitar a elaboração de um
Diretório de Catequese, que foi feito pela Congregação para o Clero e publicado
em 1971 com o título “Diretório Catequético Geral – DGC”, que infelizmente
ficou desconhecido no Brasil. Este documento foi renovado em 1997 e daí surgiu
o Diretório Geral para a Catequese (DGC). Que, em 2006, a CNBB atualizou e
adequou as nossas realidades com o nome de "DNC - Diretório Nacional de
Catequese". Inclusive, o DNC faz inúmeras referências ao DGC, que é o
documento que o norteia.
Para entender a necessidade de renovação da catequese é
importante conhecer alguns documentos emitidos pela Santa Sé depois do
Concílio:
a) Paulo VI: Evangelii Nuntiandi (A Evangelização no
mundo contemporâneo – 1965);
b) João Paulo II: Catechesi Tradendae (A catequese no
mundo de hoje) - 1979;
c) Bento XVI – Verbum Domini (A Palavra de Deus na
vida e missão da Igreja) – 2010.
Aqui no Brasil, publicados pela Conferência dos Bispos do
Brasil (CNBB) destaca-se ainda os seguintes documentos:
a) Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo – Documento 26,
de 1983;
b) Com Adultos, Catequese Adulta – Estudos CNBB 80, de 2002.
c) Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos
missionários – Documento 107, de 2017;
d) Terceira Semana Brasileira de catequese - Iniciação à Vida
Cristã - 2010.
É muito documento para se conhecer? Sim. Com certeza é.
Aliás, nossa Igreja é especialista em produzir documentos que pouca gente lê e
menos ainda põe em prática. Mas, vamos focar aqui o DNC - Diretório Nacional de
Catequese, que hoje está com 14 anos, e poucos catequistas (e padres) o
conhecem ou, se conhecem, tem noção da importância dele para nosso FAZER
catequese.
Nenhum catequista deveria se atrever a ser catequista, sem
ter esse livrinho na mão. Tão importante assim? Muito. A Bíblia é o nosso livro
por excelência, é a Palavra que fundamenta nossa catequese; e o DNC é nosso
"guia" de COMO fazer isso.
Por isso, faço esse apelo aos catequistas aqui comigo neste
grupo: corram atrás do prejuízo! Mesmo que se tenha uma crítica geral de que: a
catequese "dos documentos" não é a catequese da salinha, da paróquia;
é bom ter em mente que, se é ruim conhecendo-se o que pede nossa Igreja; pior é
fazer sem saber o que e como. Corremos sempre o risco de estar, constantemente,
na contramão.
E não vão entrar em parafuso achando que tem que ler todos os
documentos que citei acima. Não. Por enquanto, quero apenas que vocês leiam o
DNC, mais que ler, aliás, é consultar sempre que precisar. E, coordenadoras(es)
e padres, ATENÇÃO! Impensável não conhecer o DNC! Se possível, adquiram o livro
e dê de presente ao catequista. proporcionem um estudo sobre ele. Como este que
estamos oferecendo no grupo neste período de quarentena.
E para que vocês não desanimem, deixo aqui uma fala do Ir.
Israel Nery, um dos religiosos que mais se dedicou à catequese no Brasil e que
participou ativamente da construção de vários documentos (brasileiros) que
citei.
"Percebo que ser catequista no Brasil é um milagre, pois
é uma questão de puro Sim ao chamado do Espírito Santo, pura dedicação, puro
heroísmo…
Ao longo de meus muitos anos dedicados à catequese, tenho
visto que ser catequista é algo inexplicável em nossa Igreja, portanto, é ação
direta do Espírito Santo. A maioria dos catequistas (das catequistas, devido à
quantidade de mulheres na Catequese), não tem um razoável apoio das famílias,
dos párocos e das Comunidades Eclesiais. Atuam com dedicação, mas sem os
subsídios necessários (Bíblias, manuais, acesso às mídias digitais etc.). E não
contam com ajuda financeira para participação em encontros, cursos e
assembleias e nem para assinatura de revista ou compra de livros básicos.
Há uma impressionante profetismo e gratuidade no serviço à
catequese. A boa vontade e a dedicação suprem muitas carências. É evidente a
falta de investimento das Comunidades na formação inicial e permanente dos
catequistas."
Mas, de nada adianta escrever belos textos que não são
acessíveis aos catequistas, não é mesmo? Assim como não adianta os catequistas
terem os documentos guardados na gaveta sem nem ter lido.
Vamos lá! Fé e coragem para buscar formação, é a formação que
nos fará ter sucesso na evangelização ... E adquirir o DNC quem ainda não o
fez.
Abraços
Ângela
Rocha