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quinta-feira, 16 de abril de 2015

OS SÍMBOLOS DA NOSSA FÉ


O Sagrado para que nossos olhos vejam e nossas mãos possam tocar

A Igreja Católica tem em sua liturgia muito ritos e celebrações. E todos os ritos são muito bonitos e significativos. Trata-se do que a gente chama de MISTAGOGIA. Conduzir ao mistério, unir catequese e liturgia. Só que é preciso atentar para o seguinte detalhe: 

NÃO SE DEVE FAZER RITO PELO RITO, ou seja, porque é bonito.

O Rito significa, sobretudo, uma "passagem" de uma etapa para outra, de um momento para outro, de amadurecimento da fé. E quem já estudou um pouco do catecumenato vai saber do que estou falando.
Entregar um símbolo da nossa fé faz parte do "mistério" dela. Aguça nossos sentidos e mexe com nosso espírito. É o "sagrado", o que é "espiritual" se tornando "físico", para que nossos olhos vejam e nossas mãos possam tocar.

De nada adianta entregar um papel impresso, uma vela ou qualquer outra coisa, se o "sentido físico" não estiver também, impresso NO CORAÇÃO das pessoas.
Não se deve nunca, portanto, começar a entregar símbolo, oração, fazer ritos, etc. e tal... se não foi feita uma catequese a respeito, ANTES.

Já vi muitas celebrações "lindas" por aí, cheias de belas palavras, entradas, entregas, velas acesas... onde o catequizando nem IMAGINA O QUE É TUDO ISSO! E sua família também fica "vendida" na história, já que nunca viu isso antes.

A catequese catecumenal pretende fazer um resgate do que a Igreja perdeu de bonito, de simbólico e ritual, ao longo do tempo. E demora. Demora mesmo para se implantar isso numa comunidade. Principalmente porque é preciso resgatar primeiro os ADULTOS que não conhecem esse lado da nossa Igreja e foram catequizados exclusivamente pelo método sacramental e do catecismo de perguntas e respostas. Começa nas lideranças e, infelizmente, em muitos lugares, precisa começar pelos nossos padres.

Estes pequenos ritos que fazemos com as crianças, na verdade, tem a intenção de "tocar" o coração dos adultos, dos pais, familiares, padrinhos. Aqueles que tem mais maturidade para entender a complexidade da fé.

Às crianças podemos acolher, ensinar, orientar, mas, elas só vão entender essa simbologia toda, quando forem mais velhas. Então, para não piorar ainda mais a coisa, que se faça uma catequese e uma explicação bem detalhada a eles do que é que se está fazendo e o que se pretende com os Ritos de entrega, antes de fazê-los, para que nossa fé não se transforme somente em ritualismo.

Catequista

quarta-feira, 15 de abril de 2015

EXCESSO DE RITO BANALIZA A LITURGIA

Os ritos de entrega na catequese

A catequese de INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ - que costumamos chamar de IVC simplesmente - preconiza um "retorno" aos primeiros tempos da nossa Igreja. À Igreja construída pelos apóstolos de Cristo nos primeiros séculos.

Obviamente que este "retorno", carece de atualização aos tempos atuais. Então, o que temos visto é a orientação da Igreja e de vários padres estudiosos do tema, para que se faça uma catequese de "inspiração catecumenal", lembrando alguns preceitos do CATECUMENATO", como era chamada a catequese naquele tempo.

Isto pode ser estudado nas publicações da CNBB, principalmente no Estudo 97Iniciação à Vida Cristã, e na 3ª Semana Brasileira de Catequese, assim como em vários livros de autores como: Pe. Antônio Lelo, Pe. Luiz Lima, Pe. Lucio Zorzi, Pe. Leomar Brustolin, Pe. Almeida e vários outros.

Mas, o que eu considero (pessoalmente), o grande "entrave" para nós catequistas, a respeito da IVC, é que ela é destinada principalmente a catequese de adultos que:
Ø  não receberam os sacramentos da iniciação;
Ø  não complementaram sua catequese e;
Ø  ao "resgate" dos adultos que foram catequizados, receberam os sacramentos e, no entanto, não foram devidamente evangelizados e acabaram por se afastar da Igreja. Não houve a terceira etapa da evangelização que é o “seguimento”.

E nós, tão acostumados a catequese com crianças e, no máximo, adolescentes e jovens até os 15, 16 anos, nos vimos, de repente, no "olho do furacão".

A máxima de que: "criança se acolhe e se evangeliza adultos", tem dado um nó na nossa cabeça. E as pastorais catequéticas assumiram, praticamente sozinhas, a iniciação inspirada no processo catecumenal. A tal IVC - que é para adultos - e a gente quer adaptar à catequese das crianças. Como? Onde? De que forma?

Isso tem sido uma confusão só e temos vários casos acontecendo:

1 - Algumas dioceses e algumas paróquias, isoladas até, tem tomado "pé da coisa" e entendido que, para se voltar à Catequese Catecumenal ou para se implantar uma IVC de verdade, é preciso uma "reviravolta" inteira da Igreja: CPP, presbíteros, todas as pastorais, grupos e movimentos; precisam se envolver para que isso funcione, não só a catequese como uma pastoral "isolada". E devagar estão fazendo a IVC acontecer.
2 - Encontramos também algumas "implantações" da IVC aos moldes das próprias dioceses. Adaptações desta ou daquela orientação às características locais, com nomes os mais diversificados possíveis.
3 - Outras, no entanto, tem se voltado exclusivamente para a "implantação dos ritos" descritos no RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos), livro litúrgico da Santa Sé que disciplina a liturgia da Iniciação Cristã Catecumenal.
4 - E a grande maioria que, nem sequer sabe do que estou falando.

Bom, por aí se vê, o quanto é difícil falar de uma realidade tão equidistante uma da outra. Mas, a minha fala de que "excesso de rito banaliza a liturgia" se deve principalmente ao 2º e 3º caso que citei.

Tem se cometido alguns equívocos misturando um pouco a utilização do RICA e a implantação de uma catequese mais "mistagógica".
Vamos tentar "separar" um pouco os dois:

O RICA disciplina os ritos da Iniciação cristã de adultos e os sacramentos dela: batismo, crisma e eucaristia. E tem, para se adequar a realidade de hoje na Igreja, um capítulo destinado à iniciação de crianças em idade de catequese. Estes ritos fazem parte da catequese mistagógica. Mas, não é só isso que faz uma catequese mistagógica.

A "catequese mistagógica" pede que se volte a "conduzir" os catequizandos ao mistério da fé. Mistério este que prescinde de simbologia, ritos e uma volta ao sentido do "sagrado". Para isso encontramos várias orientações de celebrações catequéticas. Celebrações, ritos e momentos orantes, que podem ser feitos nos encontros de catequese e não só na celebração da missa com a comunidade.

Precisamos pensar que a Liturgia da nossa Igreja - e aqui vou simplificar para "missa" - tem suas orientações e sentidos. Ela é sagrada, milenar e regida por orientações específicas. Nem todos os "ritos" e "entregas" da catequese, "cabem" nela. O que cabe, está descrito no RICA. Mas, o que vemos em alguns casos são entregas de: mandamentos, sacramentos, dons do Espírito Santo, Bem Aventuranças, mandamento do amor... etc., etc. - feitos todos durante a celebração da missa!

Para clarear um pouco mais, voltemos agora ao RICA, que prevê o catecumenato em quatro tempos: Pré-Catecumenato ou primeiro anúncio; catecumenato (catequese e tempo mais longo); Purificação e Iluminação (Quaresma) e; Mistagogia (tempo pascal onde se inicia o serviço pastoral/missionário). E é entre estes "tempos", temos as três grandes passagens de etapa.

Ø  Depois do pré-catecumenato (conversão), o candidato é acolhido na comunidade e se faz o Rito da Admissão (acolhida)- 1ª ETAPA;
Ø  ao se passar do Catecumenato (catequese) para a Purificação, é feita outra "eleição" aos sacramentos - 2ª ETAPA; e na purificação é feita uma preparação especial nos domingos da quaresma para que no sábado santo se receba os sacramentos da iniciação. Vejam só, os SACRAMENTOS recebidos aqui é o marco da passagem ao último tempo, que é;
Ø  a 3ª ETAPA, chamada de mistagogia, onde se aprofunda e se mergulha no mistério cristão, no mistério pascal, na vida nova e onde se faz uma vivência na comunidade cristã para, então, adaptar-se a ela e ser um verdadeiro discípulo missionário de Cristo.

Durante o tempo do catecumenato (Catequese propriamente dita), o RICA prevê algumas entregas de símbolos: 
- NA ADESÃO (passagem do pré-catecumenato ao catecumenato):
Ø  entrega da PALAVRA (Bíblia), aqui, no rito da acolhida (descrito também do RICA), pode ser entregue uma cruz ao candidatos;
- NO CATECUMENATO, precedidas de uma catequese adequada sobre isso:
Ø  entrega do SÍMBOLO (Credo),
Ø  entrega da ORAÇÃO DO SENHOR (Pai Nosso).

Pronto. Não existem mais "entregas" de símbolos previstos no RICA.

Existem sim, vários RITOS que podem ser feitos: Rito do Éfeta, Rito da Unção, Exorcismos (orações), Bênçãos, rito penitencial, Escrutínios (são feitos três a partir do 3º domingo da Quaresma).

E aqui vale uma orientação para que todos procurem o RICA para conhecer a beleza dos ritos de iniciação cristã de nossa Igreja. Lembrando sempre que o RICA é um LIVRO LITÚRGICO de apoio à catequese de Iniciação a Vida Cristã, com orientações preciosas. Mas, não se pode seguir um "ritual" sem que se faça catequese antes.
E nem se pode "inventar" entregas de símbolos nas celebrações litúrgicas (missa).

É claro que podemos enriquecer muito nossa catequese valorizando as grandes colunas da nossa fé: Mandamentos, Sacramentos, Bem Aventuranças; fazendo celebrações CATEQUÉTICAS, ou seja, celebrações nos encontros de catequese, com o grupo, com a presença de um diácono ou até do padre, com a presença da família, padrinhos, sem que estas envolvam, necessariamente toda a comunidade e mude a liturgia da Missa.

O catecumenato há muito foi abandonado pela nossa Igreja, nem mesmo nossos pais e avós conhecem os ritos usados pela Igreja na antiguidade. Sempre que possível, fazer uma catequese com a família sobre a simbologia e os ritos que pretendemos resgatar.

Enfim, é isso que eu quis dizer com "excessos de ritos e entregas banalizam a missa e a liturgia". As entregas dos símbolos e os ritos da iniciação são especiais demais para que se faça "por fazer", somente porque é "bonito". A comunidade precisa sentir o quão especial são os ritos e entregas e não achar que é um ritualismo desnecessário e "demorado" que algum catequista "inventou". Infelizmente muita gente vai à missa com o tempo "cronometrado" no relógio. Importante tentar mudar isso, façamos com que eles se "apaixonem" pela nossa Igreja e queiram voltar sempre e não, se aborrecer com a demora em acabar.

Outra coisa: os ritos do catecumenato foram pensados, em princípio, PARA ADULTOS, maduros, conscientes do que querem para si. Nós fazemos catequese com crianças que, muitas vezes, ainda não tem capacidade e maturidade para entender o mistério da fé e não sabem exatamente, que "escolha" estão fazendo agora. Cabe aqui, nossas orações para que estes ritos e entregas sejam momentos "marcantes" o bastante em suas vidas para que eles busquem sempre conhecer e aprofundar a sua fé.


Catequista

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A EUCARISTIA E A COMUNIDADE DO CATEQUIZANDOS

Uma questão que tem rendido desencontros em nossas comunidades está ligada ao local onde a celebração da Primeira Eucaristia deve acontecer. Alguns, simplesmente por questão de status, querem a matriz ou a igreja “mais bonita”; outros defendem a ideia de uma cerimônia reservada, em um local neutro, longe das pessoas que frequentam normalmente a vida litúrgica da comunidade; outros, ainda, têm boas razões para querer que a celebração aconteça na própria comunidade onde moram as crianças, seja na igreja ou capela, se houver, ou no local onde os membros da comunidade normalmente se reúnem para as suas liturgias.

As duas primeiras posições parecem contrariar, na essência, o que a celebração significa e realiza! A última alternativa aponta para a opção melhor e mais coerente. O templo, ou local do encontro dos irmãos na fé, é um referencial e um sinal sagrado da vida comunitária, seja uma igreja matriz, uma capelinha do bairro ou mesmo um salão. Na verdade, o local é muito mais que “um local”. Seu sentido simbólico transcende qualquer outro atributo, seja estético ou prático, isto é, a beleza do local não é o mais importante para uma comunidade, e sim o quanto, ali, os membros daquela comunidade vivem sua fé e a alimentam, na oração e na unidade. Ele representa a caminhada das pessoas que nela se reúnem e rezam, é ponto de chegada e de partida das mais diversas experiências de fé e de escuta da Palavra, é sede de decisões e de iniciativas em favor do bem comum... E é, sem dúvida nenhuma, o local privilegiado para se realizar a celebração da Primeira Eucaristia, se nele os catequizandos já participaram e participarão de muitas outras celebrações litúrgicas. Status e aparências contradizem o sentido da própria Eucaristia!

Se os catequizandos e familiares estão inseridos na vida de uma comunidade, é mais do que necessário e significativo que esses irmãos na vivência eucarística participem, acolham, apóiem, se entusiasmem e vibrem de satisfação, unindo-se às alegrias dos que são introduzidos na comunhão plena da Igreja. Desse modo, além de ajudar na realização da festa eucarística, toda a comunidade se comprometerá em ser exemplo e incentivo para que os catequizandos continuem perseverantes na participação das celebrações e da vida em comunidade.

Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia

sábado, 11 de abril de 2015

SOBRE A MISSA DA CATEQUESE...


Na verdade a missa "da catequese", mesmo sendo considerada "DA" catequese, se for de alguém, é de toda comunidade. O que acontece é que o pároco disponibiliza um horário de missa para que os catequizandos e suas famílias participem dela, celebrem junto com os adultos ou, em alguns lugares, até sem eles. Mas na grande maioria das paróquias a missa ainda é, DE TODA A COMUNIDADE.

Durante muito tempo eu me vi preocupada, como a maioria dos catequistas, com a baixa "frequência" dos catequizandos nas celebrações litúrgicas. E me preocupei, como muitos, em fazer de tudo e mais um pouco para que, nossos pequenos fiéis lá estivessem, naquele dia e horário...

E já fui, confesso, entusiasta de teatrinhos, showzinhos e muitos "inhos" mais... Mas, estudando liturgia mais a fundo eu vi que, na verdade, estamos totalmente equivocados quando mudamos o rito em prol da "presença" das crianças. 

Explico: Vocês já pararam para pensar o que é essa "presença" das crianças na celebração? Na festa, no banquete do Corpo e Sangue de Cristo, sendo que elas nem sequer participam ainda dele? Se temos que "exigir" presença dos catequizandos, que seja depois que eles fizerem a primeira eucaristia, ou seja, dos crismandos, pois estes sim, já podem perfeitamente participar em comunhão com toda a assembleia de fiéis. E normalmente deles não se exige nada... "Ah! Adolescente é difícil... deixa eles."

Obviamente que é importante a presença das crianças na missa. Mas... COM OS PAIS! COM A FAMÍLIA!

A família, essa instituição que a gente enche a boca pra falar que é "a primeira catequista das crianças", fica de fora na hora de dar o exemplo? Que sentido existe numa missa com crianças onde os pais ficam em casa? O que as crianças pensam em ter que participar de um "negócio" que os pais não gostam de participar e vivem arrumando desculpas para não fazer?

Gente, a missa NUNCA será e terá VALOR para uma criança se o pai e a mãe não DEREM esse valor!

Missa = celebração da comunidade povo de Deus.  Missa ≠ “hábito”.

Mas o que tenho percebido é que temos insistido na presença das crianças na missa como se fosse uma espécie de "exercício" para adquirir um "hábito", um "costume", uma "rotina", enfim... E temos visto que não funcionou com os pais delas... Missa é hábito? É costume? É rotina?  Ou é o encontro de nossas vidas cotidianas com Deus, com Jesus na Eucaristia?

Uma coisa eu digo: Nenhum adulto deveria frequentar a missa porque foi "treinado" na catequese pra não faltar missa.  E se muita gente frequenta a missa por "hábito", explica-se o fracasso que tem sido nossa evangelização nestes últimos tempos...

Para viver verdadeiramente a celebração litúrgica a pessoa precisa adentrar e viver o "mistério" da fé. Precisa se entregar ao ritual: pedir perdão pelas falhas cotidianas; louvar e glorificar a Deus onipotente; escutar a Palavra; professar a fé; fazer preces pela comunidade; oferecer os dons que possui; lembrar do sacrifício de Jesus; fazer a oração que fala diretamente ao Pai; santificar-se e renovar-se na comunhão; levando isso tudo lá para fora, para a vida, que se começa após cada comunhão.

E, para quem VIVE VERDADEIRAMENTE a missa como memória da vida, morte e ressurreição de Cristo, ela jamais será repetitiva, "hábito", "costume" ou rotina.

Portanto, dou um conselho a vocês catequistas: Parem de tratar esse assunto, da falta das crianças na missa, como uma verdadeira "tragédia". Parem de se descabelar e plantar bananeira lá no altar pra chamar atenção. Parem de fazer show de bonecos, marionetes, contar historinha de bichinhos, criar personagens fictícios como exemplo. Exemplo de verdade são pessoas! E essas pessoas estão na casa delas! Quando as crianças crescem ou vão numa missa sem essa parafernália toda, o sentimento delas é de traição! Sim. Elas se sentem traídas por vocês! Cadê os bonecos? Cadê a bicharada contando historia? Cadê o pirulito, a bala, o pãozinho? "Ah! Missa então não era tudo aquilo? Não tem mais teatrinho?".

A missa, se formos falar como "catequese", precisa ser mais intensamente vivida quando o sacramento da Eucaristia se encontra próximo. Aí sim, é interessante que o catequista valorize a celebração, peça as crianças que participem dela a cada domingo, que vão observando os ritos, que perguntem o que não entenderam, que falem de suas dúvidas.

Mas, NÃO DÊ AULA DE MISSA! Não trate a missa como uma questão de biologia a ser dissecada e olhada no microscópio em todos os seus "pedaços". Quando trabalhamos o sacramento da Eucaristia na catequese, nós estamos explicando a missa! Quando levamos as crianças para conhecer o espaço sagrado e mostramos o que significa os símbolos, os objetos e tudo mais... Estamos explicando a missa! Mas deixe-os vivê-la, eles mesmos, em seus mistérios! Porque "mistério" não se explica! 

Quando encontro meus catequizandos na Missa eu fico muito feliz! vou cumprimentá-los e AOS SEUS PAIS e demonstro minha alegria em encontrá-los. Mas, se não os vejo, se eles não vão... eu não cobro, acuso ou faço "chantagem". Nenhuma criança de 11 anos decide a vida sozinha ou aonde quer ir. Eles sabem que amo encontrá-los e vão quando se sentem bem em fazê-lo. Outro dia, eu estava quieta lá no meu banco em oração e alguém me bate nas costas: era um dos meninos da catequese para me dar um abraço. No dia do catequista, na saída da missa lá estava uma das minhas catequizandas, que raramente vai à missa, me esperando com um vasinho de flores pra me presentear. E quando tenho oportunidade de ajudar na organização, convido-os para fazer o ofertório, leituras, preces, entrar com símbolos... Para que eles, aos poucos, adentrem a beleza desse rito que marca a nossa fé e nossa vida de cristãos. Convido, nunca imponho. E quando peço ajuda, eles vão.

E ainda há, em muitos lugares, folha de "presença" de missa, carteirinhas, figurinhas e muitos "comprovantes" para apresentar depois à catequista (esta pode faltar à missa!). Mas, será que esta é a solução? Queremos presença ou pertença?

Liturgicamente falando, a Missa é a celebração da fé, a memória do sacrifício de Jesus, o banquete da comunidade. Bem, que festa e banquete é esse que precisamos "obrigar" as pessoas a irem? Jesus convida. Quem não se sente convidado, não vai. Quem não entende o convite, não vai. Quem ainda não tem "amizade" com Jesus, não vai e se está "intimado" a ir, vai de má vontade. Resumindo: quem NÃO ESTÁ CONVERTIDO não vai. Quem foi que disse que qualquer pessoa é obrigada a ir à missa se está fazendo catequese??? Nem à catequese as pessoas devem ser obrigadas a ir! 

Sabe quando a missa vai deixar de ser um problema para a catequese? Quando começarmos a nos preocupar em realmente EVANGELIZAR as pessoas, quando nos preocuparmos com o ENCONTRO, não só o nosso encontro semanal, mas, AQUELE encontro, de cada um com a pessoa de Jesus Cristo. A ida à missa, não deve ser simplesmente uma "ida", ela deve ser uma necessidade do nosso coração.

O que mais pode ajudar as crianças a gostarem de estar na Igreja? 

CRIANÇAS não se mandam, não fazem as coisas sozinhas, precisam de alguém que lhes direcione, dê testemunho, exemplo. Se os pais não estão evangelizados, como exigir deles que deem um testemunho que não vivem? E sejamos bem francos: a missa não foi feita para crianças! Ainda mais aqueles que ainda nem comungam. Como querer que, no melhor da festa, elas fiquem só olhando? 

Para que uma missa COM crianças seja frutífera, é preciso envolvê-los nela, dar-lhes pequenas tarefas, envolvê-las na música, que a homilia e toda a ação do padre seja carismática, voltada para uma linguagem que as crianças entendam. Nenhuma criança é capaz de ficar sentada quietinha, durante mais de uma hora, prestando atenção num rito que não faz parte da vida dela. Por isso a necessidade de fazê-las interagir com o rito, participar dele como agentes ativos e não passivos.

Que seja feita uma acolhida diferenciada a eles, que o sacerdote fale uma linguagem que eles entendam, que os chame em alguns momentos, que eles se sintam bem vindos, que possam ir tomar água quando tem sede, fazer xixi se der vontade, que não fiquem sendo "cutucados" a toda hora sobre o "certo" e "errado". E que escutem "historinhas" da boca do padre, porque lá, o catequista é ele e não nós.

Ângela Rocha
Catequista

sexta-feira, 3 de abril de 2015

NOSSA SEMANA SANTA...


Tão comum e parte de nossas vidas, a Semana Santa para nós católicos, muitas vezes, dispensa explicações. No entanto, precisamos considerar que muitas das tradições que viveram nossos avós, hoje são desconhecidas por nós e por nossos filhos. A beleza das celebrações e ritos é ignorada e trocada pelas muitas ocupações que acabamos arrumando nesta semana, que, por ter o feriado na sexta-feira, não raras vezes, torna-se um final e semana de “férias” para muitas famílias.

A Semana Santa é muito mais que uma tradição religiosa católica que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. Ela é o ápice e a coroação da fé em Jesus Cristo Salvador. Ela se inicia no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, depois de ter ficado quarenta dias em provação no deserto, e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no Domingo de Páscoa.

Domingo de Ramos: O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa, com a celebração da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Jesus é recebido em Jerusalém como um rei, mas os mesmos que o receberam com festa o condenaram à morte. Jesus é recebido com ramos de palmeiras. Nesse dia, são comuns procissões em que os fiéis levam consigo ramos de oliveira ou palmeira, o que originou o nome da celebração. Segundo os evangelhos, Jesus foi para Jerusalém para celebrar a Páscoa Judaica com os discípulos e entrou na cidade como um rei, mas sentado num jumentinho (símbolo da humildade) e foi aclamado pela população como o Messias, o rei de Israel. A multidão o aclamava: "Hosana ao Filho de Davi!". No entanto, dali a poucos dias, Jesus é preso e condenado.

Segunda-Feira Santa: É o dia onde se recorda a prisão de Jesus Cristo. A liturgia deste dia traz a maldição da figueira, um prenúncio da sua morte e a expulsão dos vendedores do templo, o que incita mais ainda sua prisão e condenação.

Terça-Feira Santa: Terceiro dia da Semana Santa, onde são celebradas as Sete dores de Nossa Senhora. E muito comum também por ser o dia de penitência no qual os cristãos cumprem promessas de vários tipos. Também se faz  memória do encontro de Jesus e Maria no caminho do calvário.

Quarta-Feira Santa: É o quarto dia da Semana Santa. Em algumas igrejas celebra-se neste dia a piedosa Procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebram o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da morte de Jesus.

Quinta-Feira Santa: É o quinto dia da Semana Santa e, na manhã deste dia, nas catedrais das dioceses, os bispos se reúnem com o seu clero para celebrar a Missa dos Santos Óleos ou Celebração do Crisma, na qual são abençoados os óleos que serão usados nos sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos ao longo do ano. Com essa celebração se encerra a Quaresma. A Quinta-feira já é considerada parte do Tríduo Pascal. Neste mesmo dia, à noite, são relembrados os três gestos de Jesus durante a Última Ceia: a Instituição da Eucaristia, o Lava-pés, com a instituição de um novo mandamento (ou "ordenança") segundo algumas denominações cristãs e a instituição do sacerdócio. É neste momento que Judas Iscariotes sai para entregar jesus por trinta moedas de prata. E é nesta noite em que Jesus é preso, interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado.

A igreja fica em vigília junto ao Santíssimo, relembrando os sofrimentos de Jesus, que tiveram início nesta noite. A igreja já se reveste de luto e tristeza, desnudando os altares (quando são retirados todos os enfeites, toalhas, flores e velas), tudo para simbolizar que Jesus já está preso e consciente do que vai acontecer. Também cobrem-se todas as imagens existentes no templo, com panos de cor roxa.

Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão: É quando a Igreja recorda a morte de Jesus. Pode-se encenar a Via Sacra. É celebrada a Solene Ação Litúrgica, paixão e a Adoração da Cruz. A recordação da morte de Jesus consiste em quatro momentos: A Liturgia da Palavra, a Oração Universal, Adoração da Cruz e Rito da Comunhão. Presidida por presbítero ou bispo, os paramentos para a celebração são de cor vermelha.

Sábado Santo ou Sábado de Aleluia: É o dia da espera. Os cristãos junto ao sepulcro de Jesus aguardam sua ressurreição. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho, que se inicia com a Bênção do Fogo Novo e também do Círio Pascal; proclama-se a Páscoa através do canto do Exultet e faz-se a leitura de 8 passagens da Bíblia (4 leituras e 4 salmos) percorrendo-se toda história da salvação, desde Adão até o relato dos primeiros cristãos. Entoa-se o Glória e o Aleluia, que foram omitidos durante todo o período quaresmal. Há também o Batismo dos adultos que se prepararam durante toda a quaresma. A celebração se encerra com a Liturgia Eucarística, o ápice de todas as missas.

Domingo de Páscoa: É o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte para mostrar o valor da vida. Esse dia é estendido por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes. Costuma-se celebrar a missa bem cedo, quase ao amanhecer e despertar a comunidade com sinos.


Fontes: Diversos/internet.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O LIMITE DA CORAGEM

Falamos muito no perfil do catequista, no quanto essa pessoa deve ser exemplo e referência na comunidade. Temos seis páginas e meio dedicadas ao assunto no Diretório Nacional de Catequese. No item 262 do DNC, encontramos a seguinte definição de catequista: “Ser catequista é assumir corajosamenteo Batismo e vivenciá-lo na comunidade cristã”. Esse grifo no “corajosamente” é meu e é proposital.

Gostaria de refletir um pouco sobre a coragem. A palavra no dicionário encontra-se assim definida: firmeza de ânimo, energia para enfrentar o perigo, os reveses, os sofrimentos físicos ou morais, intrepidez, bravura, ousadia, valor. Mas é na origem etimológica da palavra que se encontra a melhor definição. Coragem vem do latim Cordis que significa coração, assim, coragem é fazer as coisas com o coração. É pôr energia e vontade naquilo que se faz. Sem dúvida o catequista ou a catequista, precisam ser corajosos, agir com firmeza e determinação. Não ter medo de enfrentar os reveses, nem as aflições que acompanham essa nobre missão. E os reveses são muitos e constantes. O catequista medroso, não dura, não agüenta o “repuxo”. Mas até onde vai essa coragem?

Busquemos agora, no mesmo dicionário, qual é o limite da Coragem. Ele se chama Temeridade. O temerário é o audacioso, arrojado, imprudente, precipitado, audaz. É o guerreiro que enfrenta as batalhas sem armas, sem preparo, de peito aberto. Com “a cara e a coragem”, como se diz. Assim como o contrário da coragem é o Medo, o contrário da temeridade é a Cautela. Não podemos ter medo, mas, precisamos da cautela.

Para melhor ilustrar o tema preciso contar a história da Karine. Ela ainda é jovem, tem uma filha de oito anos e veio à nossa paróquia em busca de catequese para a filha. No início do ano passado, a filha da Karine ainda não tinha idade para entrar no primeiro ano de preparação e como não temos Pré-catequese, karine foi embora. Perguntou na coordenação se não precisávamos de catequista e recebeu a seguinte resposta: “Não, não estamos precisando”. Neste ano, novamente, ela se ofereceu e trouxe a filha. Novamente não podemos acolher sua filha e novamente, não precisávamos de catequista. Karine voltou para casa e comentou com o marido: “Pôxa, eles vivem dizendo que faltam catequistas na Igreja e quando vou lá eles me dizem não!”. “Calma.”, aconselhou o marido: “um dia vai dar certo”.

E Karine insistiu. Telefonou para a paróquia e por acaso, atendi ao telefone. Queria por a filha (que faz nove anos em janeiro) na catequese nem que fosse para repetir a primeira etapa no ano que vêm. Eu perguntei a ela se acreditava que a filha podia acompanhar as outras crianças numa boa. Ela me garantiu que sim, que a filha queria muito freqüentar os encontros de catequese, que ela e o marido freqüentam a Igreja sempre e que está disposta a ajudar à catequese da filha. “Então, vamos colocá-la na catequese!” Como os nossos encontros já estavam acontecendo desde fevereiro, pedi a ela que frequentasse a formação inicial para pais numa outra paróquia onde a catequese ainda não havia começado. Karine foi. Precisava freqüentar apenas três celebrações da Semana Catequética. Freqüentou todas.

Voltou e, conversando, me contou que havia sido catequista na área rural onde morara. Ofereceu-me ajuda na catequese. Aceitei muito feliz: tenho duas turmas de terceira etapa com 20 crianças em cada. Naquela mesma semana, uma de nossas catequistas teve que deixar a turma porque começou a trabalhar e estudar. Não tive dúvidas: convidei a karine para assumir aquela turma. Ela se mostrou disposta e animada. E se ofereceu para me auxiliar com minhas turmas.

Sem dúvida Karine é um exemplo de coragem e de persistência. Ouviu o chamado e, apesar dos reveses que encontrou, corajosamente continuou insistindo, mesmo recebendo “nãos” pelo caminho. Corajosa, também, por retornar depois de dois anos fora da catequese. Mais corajosa ainda por propor-se a ser catequista no sábado e auxiliar em outra turma na quarta-feira.

Mas Karine também é temerária. Não na catequese. Ela se mostrou responsável. Pediu material e conteúdo para se preparar e se atualizar. Não foi para a batalha sem armas, pediu auxílio, conselhos, orientação. Está animada para fazer as formações ao longo do ano.

Karine mostrou-se temerária de outra forma. Nesta quarta-feira, ao atravessar a Praça da Catedral, indo ao encontro de catequese, viu uma “briga”. Um rapaz, armado de uma faca, tentava atacar um homem. Já havia ferido a vítima uma vez. O homem sangrava. Karine estuda enfermagem e seus instintos se aguçaram. Quando foi prestar socorro, observou que o rapaz continuava atacando o outro e ninguém dos espectadores tomava uma atitude. Não teve dúvidas. Entrou no meio da aglomeração e temerariamente, segurou o braço do agressor. Ao saber que se tratava de uma “briga” entre “famílias” (o rapaz estava agredindo o pai da moça que ele queria namorar e que fora proibido, levando inclusive uma surra do pretenso sogro), Karine, segurando o braço do rapaz, aconselhava: “Larga essa faca! Você vai matar o outro! Você vai estragar a sua vida, da sua namorada! O que é isso? Fica calmo!” Nisso, outras pessoas começaram a ajudar, chamaram a polícia e tudo se acalmou.

Nós, catequizandos e eu, observávamos da frente da Igreja todo aquele movimento. As crianças queriam ver o que estava acontecendo, tive que segurá-las. Um dos meninos chegou a me dizer: “Nossa catequista tá lá, Tia!”. Acalmados os ânimos, recolhidas as crianças, chega Karine. Perguntamos o que estava acontecendo na praça e ela nos contou. Estava tremendo, com dor no braço pela força que fez para segurar o rapaz, nervosa. Perguntamos à temerária Karine: “Você não ficou com medo?” “Não pensou que podia ser ferida?” “Não sabe que é perigoso enfrentar pessoas armadas?”.

A corajosa Karine respondeu: “E eu ia deixar que uma pessoa matasse a outra sem fazer nada?”. Karine, nossa CATEQUISTA, Graças a Deus, assumiu corajosamente o seu Batismo na Comunidade Cristã e, sim, um pouco temerária, correu risco de vida, mas provou que seu Espírito, o Espírito de Deus, que mora dentro do seu coração, é a prova de fogo e de facas!

Ângela Rocha
(19/03/2009)