sábado, 25 de fevereiro de 2023
A "ESCOLINHA" NA IGREJA CATÓLICA: ESPAÇO PARA CRIANÇAS PEQUENAS
É CERTO OFERECER ÀS CRIANÇAS PEQUENAS A “ESCOLINHA DE JESUS” OU UMA PRÉ-CATEQUESE?
"Escolinha" é um termo muito usado nas Igrejas evangélicas/protestantes. É uma cultura das igrejas protestantes oferecer as escolinhas dominicais às crianças enquanto os pais estão no culto/celebração.
Algumas paróquias católicas oferecem a "pré-catequese" para as crianças que ainda não tem idade para a catequese. Outras oferecem espaços "Kids" para as crianças pequenas durante a missa, assim os pais ficam “tranquilos”.
Vivi essa realidade em uma comunidade. Que pesadelo meu Deus! rsrsrsrsr. Cheguei a conclusão de que o padre deveria oferecer uma creche mesmo...
Eu, particularmente, sou contra a “escolinha”. As crianças precisam ser educadas na fé e por mais “bagunça” que façam na missa, elas estão com os pais na comunidade. Talvez uma pré-catequese a partir da idade escolar, mas, desde que se tenha catequistas para isso. Nossa catequese dos 8 aos 12 anos já tem problemas com falta de catequistas preparadas(os) para a preparação aos sacramentos. Penso que teríamos uma “debandada” de catequistas para esta fase, afinal, lidar com os pequenos é bem mais fácil. E os pais tem que ter algum trabalho nessa história, não é? Afinal, não prometeram no batismo educar os filhos na fé?
Outra coisa é que com os pequenos é necessário ter uma pedagogia diferenciada e apropriada. Será que temos preparo pra isso? Igreja não é escola e nem creche, se for só para “educar na fé”, sem metodologia e pedagogia para esta idade, isso não tem propósito. A família precisa exercer o seu papel.
Vamos nos ater àquilo que nos propomos na catequese: "a ação da Igreja em catequizar, isto é, educar a fé e orientar a vida de seus membros para um compromisso pautado nos valores do Evangelho e em sua própria tradição" (Débora Pupo). A palavra Catequese está relacionada à comunicação e transmissão de mensagens. Que mensagem vamos transmitir aos pequenos, que os pais não possam transmitir? Aliás, sem o testemunho deles, toda nossa ação é vã.
Concordo até que uma "escolinha" seria útil. Mas, deixemos isso para as demais pastorais: Família, Acolhida, etc...
Ângela Rocha
Adm. Do Grupo Catequistas em Formação
Graduada em Teologia pela PUCPR
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
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Org. Ângela Rocha
Adm. do grupo Catequista em Formação
Graduada em Teologia pela PUCPR.
O ALTAR: SÍMBOLOS LITÚRGICOS
O altar constitui, sem dúvida, o centro de uma igreja católica. É de tal importância que em geral é consagrado e fixo.
A Igreja, desde que construída como edifício destinado unicamente e de modo estável a reunir o povo de Deus e a realizar os atos sagrados, torna-se casa de Deus. Por isso, de acordo com antiquíssimo costume da Igreja, convém que seja dedicada ao Senhor mediante rito solene. Quando a igreja é dedicada, tudo o que nela se encontra, fonte batismal, cruz, imagens, órgão, sinos, estações da “via-sacra”, deve considerar-se abençoado e erigido com o próprio rito da dedicação, não sendo precisa nova bênção. Convém se mantenha a tradição da Liturgia Romana de encerrar sob o altar relíquias dos Mártires ou de outros Santos.
“Nós não erigimos altares aos mártires para oferecer-lhes sacrifícios, mas ao Deus único, Deus dos mártires e nosso. São nesse sacrifício, nomeado em seu lugar e em sua ordem como homens de Deus que venceram o mundo, confessando seu nada. O sacerdote que oferece o sacrifício não os invoca, porque oferece a Deus e não a eles, embora ofereça em suas memórias. E sacerdote de Deus, não dos mártires.” (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, livro XXII, 10).
O que representa o altar?
É um elemento bastante comum na expressão cultual dos povos. É antes de tudo o lugar do sacrifício. Pode significar ainda o centro do mundo, o lugar de encontro com a divindade. Aparece ainda como símbolo da totalidade, da pureza virginal. Por isso, era geralmente de pedra natural. Pode expressar ainda o centro de unidade.
No Novo Testamento o altar é antes de tudo a mesa sagrada da Ceia do Senhor, intimamente ligada ao Sacrifício da Cruz. O sacrifício cristão é um sacrifício espiritual de ação de graças com Cristo, em que oferecemos o nosso coração, reconhecendo a Deus como nosso Criador e Senhor. O altar cristão é essencialmente a mesa do sacrifício, realizado em forma de Ceia eucarística. É, pois, o lugar em que se torna presente o sacrifício da Cruz, sob os sinais sacramentais para que dele participemos; é igualmente a mesa do Senhor a cuja participação o povo de Deus é convidado; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia através do sacerdote ministerial.
Sendo assim, o altar tornou-se símbolo do próprio Cristo. Aí Ele se torna presente na atitude sacrifical da Cruz; aí Ele se torna presente como pão vivo descido dos céus. Como a Cruz, também cada altar cristão torna-se centro do mundo, pois Cristo é a pedra rejeitada pelos construtores, mas que se tornou pedra angular. Em torno do altar cristão, pela ação de graças que evoca o sacrifício da Cruz, realiza-se o encontro com a divindade, com Cristo-Deus e, através dele, com o Pai. Cristo constitui a totalidade, reunindo todos os povos na unidade em torno do sacrifício de reconciliação. Ele faz com que todos os homens possam recuperar a integridade original. E desta forma o altar – Cristo – torna-se o centro da unidade na comunhão fraterna.
O altar, sendo símbolo de Cristo, é também símbolo do cristão. O altar consagrado significa o coração de cada pessoa no qual arde o sacrifício do amor a Deus qual chama eterna. Santo Ambrósio considerava as virgens consagradas como altares do Deus altíssimo.
Frei Alberto Beckhäuser, OFM.
Sobre o livro:
Este livro fala da linguagem na Liturgia. Nela o ser humano todo procura entrar em comunhão com seu Deus. Ele, por sua vez, se comunica através de sinais que significam e transmitem a graça. Aqui o autor procura desvelar o mistério contido nos principais símbolos da Celebração católica dos sacramentos.
FONTE: Editora Vozes. https://www.blogdacatequese.com.br/post/o-altar
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
OS BENEFÍCIOS DA FÉ
A ciência reconhece os benefícios da fé
Sabemos como a religião e a fé cristã influenciam, moldam e guiam nossas vidas. Como a mensagem de Jesus é de vida, bondade, e que ser como Ele é escolher o caminho de uma vida consagrada. Agora, também a ciência reconhece os benefícios da fé.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fé tem impactos positivos diretos na saúde física, emocional e psicológica das pessoas. Ou seja, ter uma crença forte em algo maior, pode diminuir os riscos de doenças diversas, como insuficiência renal, acidente vascular cerebral, cardiovasculares e respiratórias.
Durante muito tempo, parecia que a ciência e a fé estavam em lados opostos. No entanto, estudos recentes, principalmente na psicologia, têm provado que a fé é extremamente benéfica às pessoas, não invalida avanços científicos e, logo, deve ser estudada.
David DeSteno, autor do livro “Como Deus Funciona: A Ciência por trás dos Benefícios da Religião”, realizou uma série de experimentos para comprovar o que já sabíamos há muito tempo: que os pilares da fé cristã podem ajudar as pessoas a serem melhores.
Um destes experimentos foi em relação aos momentos de oração/meditação. DeSteno e sua equipe comprovaram que, depois de apenas três semanas com um momento diário de recolhimento, solitude, conexão consigo e com Deus, a maioria das pessoas participantes do estudo não demonstraram desejo de vingança, por exemplo.
Sabemos como nossos momentos de conversa com Jesus são importantes no nosso dia a dia, uma bússola quando estamos perdidos, a luz quando só vemos escuridão. São eles que acalmam nossas aflições e trazem esperança. A oração nos coloca no caminho da vida consagrada.
Gratidão
A gratidão foi outro tema extensamente estudado pela equipe do psicólogo. Os profissionais descobriram que o simples ato de agradecer no dia a dia impacta fortemente nossas mentes. Os momentos em que estamos com amigos, em oração, ou à mesa, e damos graças a Deus pelo que Ele nos proveu e nos proporciona diariamente nos fazem entender como somos abençoados — e no estudo de DeSteno, os que agradeciam diariamente, ainda que não cristãos, mentiram 73% menos do que os que não praticavam a gratidão.
As pessoas gratas são mais solícitas, generosas, e até mesmo mais pacientes.
Comunidade de Fé
Outro ponto importante da religião no estudo foi a sensação de comunidade e união. Pertencer a uma comunidade de fé e sentir que se tem irmãos de caminhada é um fator decisivo no comportamento das pessoas.
Durante o estudo, a equipe percebeu que aqueles que se sentiram conectados uns aos outros, durante um experimento, foram mais propícios a ajudar uma pessoa em uma situação corriqueira. Do grupo que não sentiu conexão alguma, apenas 18% tomou a iniciativa.
Isso, apontaram os profissionais, acontece pela sensação de comunhão em práticas comuns, como rezar o terço, novenas, e até mesmo os movimentos sincronizados que fazemos durante a Santa Missa. Ajoelhamos e levantamos juntos, em uníssono diante do Senhor.
A conclusão é: ter fé diminui a ansiedade e a depressão, melhora a saúde física e ainda diminui o risco de morte precoce. Além disso, nos coloca no caminho de uma vida mais leve, com propósito e significado, sabendo que estamos nos aproximando do Deus deseja que sejamos.
FONTE: marista.org.br
https://marista.org.br/blog/espiritualidade-ciencia-reconhece-beneficios-fe/
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023: FRATERNIDADE E FOME
A Campanha da Fraternidade 2023 tem como tema “Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), e no dia 2 de abril, Domingo de Ramos, será a data da coleta nacional de solidariedade. Essa é a terceira edição da CF 2023 que aborda a questão da fome, sendo a primeira vez em 1975, com o tema ‘Fraternidade é repartir’ e o lema 'Repartir o pão’. E a segunda foi em 1985, com o lema ‘Pão para quem tem fome’, antecipando a preparação para o Congresso Eucarístico de Aparecida.
Diante do agravamento da insegurança alimentar e nutricional no contexto nacional, o tema foi escolhido logo depois do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que foi realizado em Recife, entre os 11 a 15 de novembro de 2022, sob o tema ‘Pão em todas as mesas’. O Brasil voltou ao mapa da fome em 2015, um ano depois de ter saído segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, lançado em 2022, atualmente 33,1 milhões de brasileiros não têm garantida de sua alimentação.
Assim, a Campanha da Fraternidade 2023 está sendo articulada pela Igreja no Brasil como forma de contribuir no enfrentamento do flagelo da fome pela terceira vez. O lema da CF 2023 segue uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), afinal, ninguém deve sofrer com a fome quando realmente vivemos como irmãos e irmãs. Portanto, a campanha busca incentiva as comunidades a assumirem suas responsabilidades ante a situação da fome que persiste no Brasil, a exemplo de Jesus.
Mobilização
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está realizando em seu canal no YouTube uma série de lives sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2023. Além disso, está disponibilizando um Curso de Formação online em cinco vídeos para auxiliar quem busca aplicar os princípios e se preparar para a atuar em alinhamento à campanha.
ACESSE o site para conferir todos os detalhes e atualizações:
Pasta da Campanha:
ORAÇÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023
Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou:
“dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo,
vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém.
QUARTA-FEIRA DE CINZAS: “RASGAI OS CORAÇÕES E NÃO AS VESTES"!
A Quaresma é uma oportunidade, um tempo de graça. São quarenta dias que nos lembram da permanência do povo e de Jesus no deserto. Entramos na dinâmica pascal – morte e ressurreição – morrendo para nós mesmos e para o pecado, tornando-nos vivos para a o Senhor, como ressuscitados.
Cada ano a Quaresma tem um acento especial. Neste ano, o acento é penitencial. Vamos percorrer um caminho de conversão, deixando ressoar em nossos ouvidos o convite do profeta: “Rasgai os corações e não as vestes!” Nossa religião não se fundamenta nas aparências, mas na essência do coração. Nossos atos externos de nada valem, se realmente não purificamos o nosso interior, se não transformamos a intenção do coração. Uma religião que cria pessoas que propagam a própria santidade como um holofote de mídia caiu em autocontradição.
Lembremos sempre que reconciliação é uma graça, ou seja, depende de Deus. A ascese – exercícios que nos ajudam no caminho da santidade – é necessária, mas a maior responsável pela nossa conversão é a graça de Deus. Mas nós precisamos fazer a nossa parte, como nos alerta São Paulo: “Deixai-vos reconciliar por Deus!”.
Práticas quaresmais:
- Jejum: ascese, luta espiritual, prova, consciência da própria fraqueza, não fuga do mundo. Torna visível e concreta a nossa oração, o nosso desejo de conversão. Precisamos destes sinais visíveis e concretos. Daí sua importância.
- Oração: não para proveito pessoal, para pedir dádivas, mas para que nos coloquemos na sintonia do projeto do Pai.
- Caridade: amar, ser generosos, mudar de vida em relação ao irmão, tirar do coração o rancor que nos destrói. Neste ano, A CF nos leva a refletir sobre os jovens: o seu lugar na sociedade e na Igreja. O seu rosto deve ser visível como sinal da juventude de Cristo. Fica o convite para os jovens afirmarem o seu sim. Os demais são convidados a abrir a porta do coração e da Igreja para eles.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba - PR
domingo, 19 de fevereiro de 2023
O QUE É O "DESERTO"?
"E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados os quarenta dias, teve fome.”(Lc 4, 1-2).
No evangelho vemos Jesus sendo "tentado pelo diabo", no deserto. E vemos muito esta expressão "deserto" sendo usada...
E já vi muita gente dizendo que precisa fazer um "deserto" usando a expressão como se fosse um "retiro", ficar longe das coisas cotidianas e das aflições do dia a dia. Ora, se deserto for olhado desta forma, ele na verdade é um "Oásis"!
Quem é que não quer ficar sozinho, deitado, esquecer dos problemas diários aproveitando a sombra e a água fresca?
Mas, enfim, "deserto" na Bíblia tem um outro significado. Ele é um lugar de luta, de combate. Na verdade um combate "corpo a corpo" com nossas dores, nossas feridas, nossos medos. E este combate é até com Deus. Porque a conversão é isso: uma mudança radical de vida. E nós resistimos a isso, resistimos à vontade de Deus. Brigamos com nossas próprias convicções, Deus nos desinstala do conforto, nos faz ver aquilo que queremos esconder do mundo.
Duas coisas ficam claras no evangelho: precisamos ir ao deserto para conhecer nossas tentações, e aprender a refrear nossa vontade egoísta e desejos mundanos. “Não cair em tentação ” é sem dúvida, uma graça de Deus, mas como todas as graças que ele nos dá, necessita também ser conquistada com nosso esforço.
Uma boa quaresma a todos!
Ângela Rocha
sábado, 18 de fevereiro de 2023
REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: Que tal o texto em poesia
7º DOMINGO DO TEMPO COMUM
1.Que tal o texto
em poesia! (Louraini Christmann)
Para iniciar, quero propor a leitura
desse texto “em versos populares”, escritos por Severino Batista (A Palavra na
Vida, 146, CEBI). Que tal iniciar a pregação lendo esses versos? Ou melhor
ainda: Você mesmo(a) pode compor seus versos, que dirão criativamente o que o
texto diz.
1 – Ali seu rosto em
clarão
Igual ao sol brilhava
Sua veste reluzente
Em brancura se tornava
Eis que Moisés e Elias
Muita atenção lhe prestavam.
2 – Pedro pediu a
palavra
Dizendo: Senhor, atenção
É bom estarmos aqui
Se queres na ocasião
Três tendas para os três
Eu farei com perfeição.
3 – Uma será para ti
Outra pra Moisés eu dou
Outra pra Elias faço
Eis que uma nuvem baixou
Mais luminosa que tudo
E tudo ali rodeou.
4 – Daquela nuvem se
fez
Ouvir com toda atenção
Uma voz que lhe dizia
Meu filho do coração
Amado em quem pus
Toda minha perfeição.
5 – Ouvindo estas
palavras
Os três discípulos caíram
Com a face sobre a terra
Muito medo eles sentiram
Mas Jesus os levantou
Rápido que eles não viram.
6 – Quando eles
desciam
Jesus começou a falar
Não conteis para ninguém
Proibiu-lhes de contar
Que viram o filho do homem
Só quando ressuscitar.
2. Mateus pergunta: Quem somos nós? E
qual é a nossa missão?
O Evangelho de Mateus quer dar essa
resposta em uma época em que o judaísmo tenta se adaptar ao novo em Jesus. Ele
é, sim, o Messias (Mt 17.5). Para sempre Jesus estará com a gente (Mt 28.20),
mesmo que no presente passemos pelas mais diversas crises.
Carlos Mesters, Mercedes Lopes e
Francisco Orofino definem a função do Evangelho de Mateus assim: “Neste
Evangelho, as comunidades de judeu-cristãos encontravam uma fonte de consolo
para o momento presente, uma nova maneira de entender o passado e uma prática
que abria o caminho para o futuro com Deus” (na introdução ao livro “Travessia – Quero Misericórdia e
não Sacrifícios” – Palavra da Vida – 135/136 – CEBI).
Em nosso texto me parece que aparecem
justamente estes elementos: consolo para o presente: a visão; nova maneira de
entender o passado: agora a mensagem de Moisés e Elias é radicalizada ou
completada por Jesus; prática que abre o caminho para um futuro com Deus: as
palavras de Deus para os discípulos – “Ouçam o que ele diz” – e a palavra de
Jesus – “Não tenham medo”.
Bom pensar que esse texto poderia ser
um pouco o resumo do evangelho todo.
Paralelos
Mateus, Marcos e Lucas narram a mesma
passagem. Antecede sempre o anúncio da cruz e vem logo após o anúncio da
boa-nova da cura de um menino. E nos três também aparecem claramente os
discípulos de Jesus negando a cura ao menino, os mesmos discípulos dentre os
quais Pedro, Tiago e João, que de imediato queriam construir tendas para este
Jesus brilhante e glorioso. É! Temem o Jesus da cruz, que desafia a cura,
inclusive do menino ao qual negam a cura, e querem prender a si o Jesus da
glória, do brilho.
É claro que a cruz angustia. É claro
que ela preocupa. Mas Jesus não pode voltar atrás e isto Pedro não entende e
não aceita. “Arreda, Satanás” para Pedro (Mt 16.23). Mas parece que o tal de
Satanás continua firme nos discípulos, agora na vontade de perpetuar uma paz
gloriosa, uma paz fictícia, uma paz sem paz. E para Jesus poder iniciar a
construção da paz verdadeira é preciso que ele passe pela cruz. Não tem outro
jeito.
3. “Senhor, como é bom estarmos aqui”
Sim, é bom ver Jesus daquele jeito, com
o rosto brilhante como o sol, com as roupas brancas como a luz. É um momento
forte.
Sim, é bom estar aí. Também para Jesus.
Por isso sobe para um alto monte, onde sempre acontecem momentos importantes.
Pois ele precisa também se alimentar de um momento importante, especial,
sublime, como também nós precisamos.
O momento no alto do monte, da reza, da
busca por energia para enfrentar a vida, é um momento do coração, não da razão.
E o coração precisa desses momentos. Ah, como precisa!
Também é importante saber adorar esse Deus
com toda a intensidade por um outro motivo: isso faz a gente se desprender da
gente mesmo. Isso nos impede de adorar a nós mesmos.
Armar barraca para a glória
Mas Pedro, Tiago e João querem
perpetuar esse momento, querem ficar só nele, querem esquecer a cruz. Por isso
propõem a construção de uma barraca. A barraca seria a maneira de segurá-lo
desse jeito, de garantir que ele não viesse de novo com aquela conversa da
cruz. Ali, brilhando, reluzindo ao lado de Elias e Moisés, seria muito mais
fácil assumi-lo.
Nós, muitas vezes, sentimos também essa
tentação. Desenvolver uma fé descomprometida, apenas contemplativa, é também
hoje armar barraca para a glória, é também hoje ignorar a passagem pela cruz.
Imaginar Jesus eternamente ao lado de Elias e Moisés, conversando com eles, é
não querer seguir o rumo da cruz.
É preciso saber levantar-se depois dos
momentos de glória, depois dos momentos de se ajoelhar. Jesus faz isto também.
Busca momentos de se reabastecer e vai à luta. Este ir à luta começa aí não
aceitando a proposta de Pedro.
4. “Escutem o que ele diz!” (Mt 17.5c)
Aí o próprio Deus coloca a sua
proposta. Deus leva a visão para a audição: “Escutem o que ele diz”. É preciso
ouvir o que Jesus diz, porque “este é seu Filho querido, este lhe dá muita
alegria” (Mt 17.5).
Ao ouvirem essa voz, os discípulos
tremem na base. Sabem já o que isso significa. Já ouviram tanto ele dizendo,
desafiando, convocando…
“Levantem-se e não tenham medo” (Mt
17.6b). É preciso levantar-se e viver o que ele diz. Para isso necessita-se de
coragem, de energia, de fibra. Não é fácil ser seguidor de alguém que assume o
sofrimento. Bem mais fácil seria seguir um Jesus que aceitasse a instalação de
uma confortável barraca ao lado de Elias e Moisés, personagens gloriosos da
história de Israel.
5. Jesus é mais brilhante do que Elias e
Moisés
Jesus é o filho amado de Deus. Não
Elias, nem Moisés. Só Jesus. Isto o deixa em destaque. Elias e Moisés lembram
Deus revelando sua palavra. Mas Jesus é mais do que isso. Jesus é o verbo que
se fez carne. Eles são importantes, sim. Estão aí, no alto do monte,
conversando com Jesus. Mas Jesus é o filho amado que a gente precisa ouvir e
seguir.
Depois da visão, Moisés e Elias
desaparecem. Fica bem claro quem é que interessa dali para frente. A mensagem
do evangelho passa a valer mais do que a lei e os profetas. Mas o importante é
que Jesus faz essa ponte entre essas mensagens, todas com o seu devido valor,
devidamente explicadas, vividas no decorrer do evangelho de Jesus.
Somem tradições e costumes. Fica Jesus.
Jesus aparecendo com o rosto brilhante
e as roupas brancas como a luz quer ser a prova de que é o Messias tão
esperado. Ele tem a ver com os anjos, ele tem a ver com Deus. É o seu filho
amado, que lhe dá tanta alegria.
6. O momento do brilho entre as cruzes
hoje
Como necessitamos de momentos de brilho
também entre as nossas cruzes hoje! E é a vida comunitária, vivida com
responsabilidade e intensidade, que dá isso para a gente. Precisamos poder
também transfigurar comunitariamente, na base da história que a gente já viveu,
na base de tudo o que a gente já aprendeu, na base da vida.
As nossas celebrações comunitárias
deveriam ser esses momentos fortes de brilho e glória.
Deveriam iniciar com canções marcantes,
que possam nos emocionar. Os nossos cultos precisam ser um preparo para a vida,
um fortalecimento para a vida, porque a vida não é uma beleza o tempo todo.
Penso que, no geral, a gente, como igreja de origem luterana e alemã, dá muita
ênfase à razão em detrimento da emoção. Não é necessário explicar tudo em
nossas celebrações. Não é preciso entender tudo. Mas é preciso sentir tudo, é
preciso conseguir juntar as coisas que a gente sente com a vida do dia a dia,
onde a gente sente muito.
7. “Não tenham medo! Levantem-se” (Mt
17.6b)
Mas não dá para ficar no momento do
brilho. Isto é muito pouco. Não dá para perpetuar o momento da glória. Este
Jesus glorioso também anuncia a cruz. Pois não dá para negar a cruz. Ela
precisa ser assumida em todas as suas dimensões. É preciso que nos levantemos
do êxtase e que não tenhamos medo.
Pedro quer se apoderar de Jesus, quer
construir uma barraca para prendê-lo a esse momento de glória; ele merece uma
indireta bonita de Deus: Ouçam o que Jesus diz! Isto é o que importa. Será que
a gente não merece também uma indireta dessas? Eu penso que não, simplesmente
porque em muitas de nossas comunidades nem há esse momento de brilho. Há
celebrações frias, racionais, estáticas. Há muitas celebrações sem celebração
alguma. Lastimável, mas é.
8. A celebração como um todo, liturgia e
pregação
A celebração precisa ser bonita,
precisa mexer com a emoção, como todas, aliás. Mas esta em especial deve
lembrar-nos de que temos a necessidade também dos nossos momentos de brilho.
Precisamos sentir a glória de Jesus inundando aquele momento todo especial na
companhia da comunidade reunida. Penso que deveria ser pensado especialmente em
detalhes brilhantes, talvez inclusive lembrando coisas do passado (Moisés e
Elias), importantes para nós. Uma pessoa poderia ser vestida de uma maneira
chamativa, talvez uma menina vestida de anjo com muito brilho. Assim, em época
fora do Natal, chamaria bastante a atenção. Esse anjo poderia ser despido do
brilho durante a pregação, restando nele roupas rústicas, que lembram trabalho,
sofrimento, cruz, que lembram o trabalho do dia a dia. Ele poderia estar
prostrado e ser convidado a se levantar e seguir o caminho. Poderia ser
convidada uma pessoa da comunidade para estender a mão ao anjo agora despido de
brilho. Essa poderia ser convidada a dirigir-lhe uma palavra de Jesus, já que
Deus fala que é preciso ouvir o que este nos diz.
Quanto aos passos da pregação, penso
que poderiam ser seguidos os mesmos desta minha meditação. Organizei esta de
tal maneira que isso fosse possível.
Aclamação do evangelho
Penso que ficaria bem simplesmente
repetir a leitura de 1 Pe 1.19b: “Vocês fazem bem em prestar atenção nesta
mensagem, porque ela é como uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia
amanheça, e a luz da estrela da manhã brilhe no coração de vocês”.
Bibliografia
BATISTA, Severino. O Evangelho de Mateus em Versos
Populares – A Palavra na Vida 146. CEBI, 2000.
MALSCHITZKY, Harald. Auxílio sobre Mt 17.1-9 – Proclamar Libertação Vol. XVIII,
São Leopoldo: Sinodal, 1992.
MESTERS, Carlos; LOPES, Mercedes; OROFINO, Francisco. Travessia – Quero misericórdia e
não sacrifícios – A Palavra na Vida 135/136, CEBI, 1999.
VASCONCELOS, Pedro Lima; RODRIGUES da Silva, Rafael. Feliz quem tem fome e sede
de justiça, a Boa Notícia segundo a comunidade de Mateus – A Palavra na Vida
134, CEBI, 1999.
Louraini Christmann é autora do livro A vida em poesia, publicado
pelo CEBI.
Fonte:
www.luteranos.com.br
sábado, 11 de fevereiro de 2023
REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: A LEI DE JESUS
6º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Mt 5, 17-37
1. Leitura (Eclesiástico 15,16-21).
Iniciemos com um breve comentário sobre
o Livro do Eclesiástico. Este livro faz parte dos 7 livros da Bíblia Grega que
não constam na Bíblia Hebraica. Ele também era o livro da liturgia nas
Sinagogas da diáspora. Quanto as reflexões para o domingo do dia 12/02. Algumas
pessoas estudiosas de liturgia nos orientam a ligar a primeira leitura com o
Evangelho e assim irei fazer.
Qual é o fundamento da primeira
leitura? São os mandamentos ou as Leis de Moisés. A autoria está preocupada com
as pessoas da religião Judaica que estão esquecendo a importância das Leis
judaicas na diáspora e seguindo outras crenças. Para a maioria das praticantes
do judaísmo, tudo começa e termina com as Leis mosaicas.
Evangelho: Mt 5,17-37.
A comunidade de Mateus, chamada na
escritura de: “Reino dos Céus”, também está numa diáspora. Ela se encontra com
o mesmo problema da primeira leitura. A comunidade era de maioria de Judeus
convertidos. A catequese da comunidade de Mateus a partir de Jesus diz aos
judeus que aderiam à fé em Jesus: “Não penseis que vim abolir a Lei e os
profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento”.
Sempre é bom buscarmos outras fontes
para enriquecermos a catequese de Mateus. Vou trazer para nós a carta aos
Romanos: Rm 3,31, “Então eliminamos a Lei através da fé? De modo algum! Pelo
contrário, a consolidamos”. Este termo “consolidamos”, Paulo vai ligar lá em Rm
10,4. “Porque a finalidade da Lei é Cristo para justificar toda a pessoa que
crê”.
Agora, eu entendo melhor Jesus, quando
diz: “Em verdade, eu vos digo, antes que o Céu e a terra deixem de existir, nem
uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra”. O que?!
Mateus e Paulo desejam nos catequizar. Porque, agora, a Lei não é mais de
Moisés, foi justificada em Cristo e com ele, desde a Criação, foi tudo
cumprido. A consolidação da lei se plenifica quando aprendemos a amar nossas irmãs
e irmãos, nisto está toda a lei (Gálatas 5:14)
Para finalizar, a comunidade de Mateus
cita várias passagens da Lei a fim de mostrar como Jesus foi coerente com ela.
A comunidade nos deixa um pedido de Jesus para os povos: “Eu vos digo, se a
vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus,
vós não entrareis no Reino dos Céus”. Sigamos a lei revelada em Cristo, do amor
a Deus manifestado em nossas irmãs e irmãos, e não da lei que excluí e
maltrata.
Texto: Francisco Rodrigues da Silva
Fonte: CEBI.ORG.BR
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
A CATEQUESE A SERVIÇO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
A Catequese tem passado por muitas mudanças, respondendo aos desafios de uma nova situação histórica: A verdadeira Iniciação à Vida cristã. A Igreja assume, a partir do Concílio Vaticano II, o pedido de restauração do catecumenato.
As linhas fundamentais deste processo, podem ser assim resumidas:
1- Catequese como iniciação à fé e vida da comunidade
Do século I ao V a Catequese
iniciava nos mistérios da fé (Mistagógica) envolvendo Catequese e Liturgia, testemunhadas na comunidade. (At 2,42-47) -Catecumenato.
2- Catequese como processo de imersão na cristandade
Do século V ao séc. XVI a catequese se
realizava pela participação numa vida social, profissional e artística marcada
pelo religioso, num ambiente cristão presente na sociedade inteira, o poder
civil se une ao eclesiástico. Desaparece o catecumenato dos primeiros séculos.
3- Catequese como instrução
A partir do século XVI, a catequese torna-se
intelectualizada (catecismos), instruindo a doutrina com pouca ligação com a
comunidade e a liturgia. Muito devocionismo e sacramentalista.
4- Catequese como educação permanente para a comunhão e participação na comunidade de fé.
No século XX o Concílio Vaticano II (1962-65)
estabelece a volta ao Catecumenato, uma catequese que une fé e vida. Caminha
com a comunidade, com a liturgia, torna-se experiência e vivência. Iniciação
aos mistérios da fé centralizada no mistério pascal de Cristo. É a catequese de
Iniciação à Vida Cristã aonde, gradualmente, as crianças (e adultos) vão
entrando conscientes e ativamente na comunidade celebrante, assimilando sua
pertença na vida da Igreja.
O catequizando e a Liturgia
Não é fácil iniciar as crianças na liturgia pois as palavras e os sinais não estão adaptados à capacidade delas, e sim aos adultos. Como Igreja que são, precisam ser educadas como cristãs através da iniciação eucarística. É importante que elas sintam-se “celebrantes” na missa com crianças e não somente como espectadoras (missa para as crianças). A missa não é de crianças nem de adultos, é da comunidade.
A iniciação eucarística
introduz nas grandes atitudes que formam o conteúdo da Eucaristia:
a) Reunimo-nos com outros para celebrar: o sentido da “comunidade” na celebração;
b) Escutamos a Palavra que Deus nos dirige;
c)
Damos
graças e bendizemos a Deus;
d)
Recordamos
e oferecemos o sacrifício de Cristo na cruz;
e)
Comemos
e bebemos juntos a Eucaristia;
f) Despedimo-nos assumindo um maior compromisso de vida cristã: viver e anunciar o Evangelho.
Os valores humanos
necessários na formação eucarística, portanto são:
·
A
ação do cumprimento;
·
A
capacidade de escutar;
·
A
atitude de pedir e dar perdão;
·
A
expressão de agradecimento a quem nos fez bem;
·
A
linguagem dos símbolos;
·
O
comer fraternalmente com outros;
·
A
experiência de uma celebração festiva.
Tudo o que for feito - no seio da família, na catequese ou escola - para fomentar nas crianças essas atitudes positivas vai preparando-as e introduzindo-as em uma celebração eucarística saudável e ativa. Esses valores humanos são básicos para depois conduzi-las aos valores cristãos na “celebração do Mistério de Cristo”.
O acesso das crianças à fé cristã e sua celebração é uma experiência pessoal que deve ser propiciada principalmente pela FAMÍLIA e pela COMUNIDADE. Os primeiros mestres são os pais, para isso a necessidade de uma formação permanente dos pais. A comunidade por seu testemunho é a “escola de instrução cristã e litúrgica” com seus agentes (padrinhos, catequistas, grupos, associações).
O Diretório para Missas com crianças (aprovado em 1973 pelo papa Paulo VI) enfatiza a “força didática” da própria celebração. Uma Eucaristia bem celebrada leva aos poucos a penetrar na sua dinâmica.
A iniciação eucarística não deve ser separada da iniciação eclesial: Eucaristia e Igreja não podem se separar. As crianças desde pequenas devem compreender que Cristo nos chama a cada um, mas não sozinhos, e sim em comunidade.
A iniciação à Eucaristia não é apenas instrução ou explicação, mas deve fomentar a relação pessoal com Deus, experimentar a fé, a comunhão. Dar o significado da Missa através de seus ritos e orações, com destaque a Oração Eucarística, a oração central da celebração.
A catequese que prepara para a Primeira Comunhão precisa não só ensinar as verdades da fé e o que é a Eucaristia; mas sim, o que é pertencer ao “Corpo de Cristo”, à Igreja. Realçar que a primeira comunhão eucarística é a primeira vez que as crianças vão “participar ativamente com o povo de Deus, plenamente inseridas no Corpo de Cristo”, ou seja, simultaneamente “na mesa do Senhor e na comunidade dos irmãos”. Não esquecer que celebrar bem a Palavra já é uma primeira “comunhão” com Jesus Cristo.
Celebrações de várias espécies, mais informais também, podem iniciar as crianças nas atitudes básicas para celebrar a Eucaristia: O sentido do silêncio, da saudação, do louvor comum, da ação de graças, do canto. As celebrações da Palavra, sobretudo no Advento e na Quaresma (SC 35,4) conduzem ao apreço pela Palavra de Deus.
Nas missas os adultos são um exemplo vivo para as crianças: às vezes elas olham mais a cara e o comportamento dos adultos que o altar, percebendo instintivamente se é ou não importante o que se está celebrando.
Para as crianças pequeninas, o Diretório sugere celebrações especiais em outro local, fora da missa. Não para “entreter” com animadores que saibam interagir com as crianças, mas para “celebrar” segundo a sua capacidade, com alegria e com seriedade a Palavra de Deus que as interpela.
A presença das crianças deve ser notada através de monições, atenção na homilia, nos ministérios a elas confiados (preparar o local, cantar, tocar, proclamar as leituras, recitar as orações, etc.). Diferenciar os ministérios onde ela “atua, intervém”, da participação que é ver, escutar, atender, etc., enfim celebrar.
Gestos e posturas do corpo precisam ser valorizados, pois, Liturgia é “ação de toda a pessoa humana” e não apenas da inteligência e da vontade humana. O CORPO TAMBÉM FALA! É preciso explicar os gestos e sinais clássicos da celebração cristã como, por exemplo: o fato de utilizar o pão e vinho, o elevar as mãos no Pai-Nosso, etc.
A importância do visual:
A linguagem da liturgia afeta todos os sentidos. As crianças respondem melhor à linguagem dos sinais e símbolos, ornamentos, etc., que às simples palavras.
Por meio da Mistagogia vai se introduzindo o mistério: explica – celebra - explica, etc. Nunca a liturgia deverá aparecer como algo árido e somente intelectual, ela tem que passar pelo coração, experienciar.
É importante ajudar as crianças a “preencher os momentos de silêncio”, educando-as a concentrar-se em si mesmas, meditar, louvar e rezar a Deus em seu coração.
A Oração Eucarística é a parte central da missa. Faz pouco tempo que é escutada em voz alta. Há necessidade de dar o texto para a criança ler e saborear, não fazer uma catequese meramente teórica. Evitar o costumeiro estudo da missa parte por parte, vista de uma vez, intelectualizada. Passar ao método mistagógico, que faz enxergar o invisível como ato de fé . Esse método baseia-se nos passos:
ü 1º- partir do sentido
antropológico (significado comum e cotidiano);
ü 2º- ver como aparece (o gesto, objeto, símbolo, etc.)na Bíblia;
ü 3º- analisar o
significado que adquire na vida cristã e na celebração;
ü 4º- extrair o
compromisso que a evangelização e o rito cristão anunciam e celebram para
suscitar e alimentar a fé.
Percebe-se que o mistério não se ensina nem se aprende, ele ultrapassa a verdade intelectual, racional, pois é uma verdade de Revelação e Descoberta.
* Organizado por:
Helena Okano
Ângela Rocha
Fontes de pesquisa:
ALDAZÁBAL, José. Celebrar a eucaristia com crianças. São Paulo: Paulinas, 2008
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Documento nº 84. São Paulo: Paulinas, 2006.
CONCÍLIO VATICANO
II. Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a sagrada
liturgia. São Paulo: Paulinas, 1998.
NERY, Israel. Iniciação ao seguimento de Jesus - slides 37ss - Formação para catequistas. Londrina, 2009.
BÍBLIA
DE JERUSALÉM. São
Paulo: Edições Paulinas, 1973.
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