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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coordenação e Organização na Catequese


A organização na catequese supõe vários níveis de atuação, desde a menor das comunidades, a paróquia, o nível diocesano, regional até o nacional. Passa também pela necessidade de pequenas ações que ajudam a estruturar todo o trabalho, tornando a prática catequética racional e eficiente, deixando assim, espaço para que a Graça de Deus inspire os encontros e os agentes da pastoral de maneira que a administração não se torne um “peso” para as equipes.

Em relação a isso, o Diretório Nacional de Catequese dedica todo um capítulo ao Ministério da Coordenação e a organização da catequese, a partir do item 314 até o 330. O Diretório Geral para a Catequese (DGC) em seu item 272 afirma que: "A coordenação da catequese é uma tarefa importante no âmbito de uma Igreja particular. Ela pode ser considerada: no interior da própria catequese, entre as suas diversas formas, dirigidas às diferentes idades e ambientes sociais e; com referência aos laços que a catequese mantém com as outras formas do ministério da Palavra e com outras ações evangelizadoras”.

A coordenação da catequese não é um fato meramente estratégico, voltado para a eficácia da ação evangelizadora, mas possui uma dimensão teológica de fundo. A ação evangelizadora deve ser bem coordenada porque ela visa à unidade da fé, a qual, por sua vez, sustenta todas as ações da Igreja. Não se pode perder de vista que a função de coordenar tem em vista a realização do Projeto de Deus, o serviço a Deus, feito na alegria, na simplicidade, na humildade e entusiasmo. Segundo o DNC (320), “a organização da catequese necessita ser mais evangelizadora e pastoral do que institucional”.

Não podemos esquecer também que a organização da catequese na diocese tem como ponto de referência o Bispo e sua equipe de coordenação. A coordenação diocesana da catequese, formada por uma equipe (bispo, padres, diáconos, religiosos e catequistas), assume a direção das atividades realizadas na diocese (DGC 265; DNC 327 ,letras de a até p).

O coordenador da catequese deve sempre ser escolhido a partir de critérios como: experiência de vida cristã e comunitária, bom relacionamento com as pessoas, vida de espiritualidade e oração e uma sólida formação catequética. A partir daí é necessário pensar numa “equipe” de coordenação. Uma pessoa só jamais será capaz de assumir toda a responsabilidade da organização catequética. Esta equipe de coordenação precisa buscar atingir três processos:

a) Animação: criar condições para que todos participem do trabalho com seus esforços e conquistas. Animar significa “gerar vida”. Um coordenador desanimado influência negativamente sobre o grupo. Não se pede um otimismo alienante, mas uma sadia e cristã visão da realidade, tendo em vista a busca do melhor para a comunidade. Entusiasmado significa “cheio de Deus”.

b) Comunhão fraterna: incentivar o bom nível de relacionamento interpessoal no grupo de catequistas. A experiência de comunhão, torna-se sinal de conversão e caridade dentro da comunidade. Conviver com a diferença dos outros só traz enriquecimento, quando é partilhada de maneira construtiva e numa visão de fé.

c) Mobilização: “a união faz a força”, quando todos estão unidos pelo mesmo ideal, ainda que haja diferenças pessoais, toda a comunidade é mobilizada em prol dos objetivos a serem atingidos. Para que a comunidade se mobilize é necessário:

Organização: Planejar de forma participativa, com avaliações constantes e;
Articulação: Todos os níveis devem estar articulados e a coordenação deve orientar e supervisionar os trabalhos, sempre na linha da co-responsabilidade.
Interação: Busca de um bom relacionamento entre toda a equipe.

Algumas sugestões para a organização paroquial:

a) Em relação à “secretaria”:

- Manter os dados em dia: catequistas, catequizandos, turmas, dados da região, forania, Vicariato e da diocese;
- Organizar fichas para os catequistas, com informações importantes (data de nascimento, endereço, telefone, datas e/ou local de batismo, comunhão, crisma e matrimônio, se for o caso...)
- Ter um arquivo organizado dos catequizandos com dados pessoais, endereço da família, data de batismo, telefone de contato;
- Manter as fichas dos catequizandos atualiza com relação aos níveis (etapas) e tempo de catequese;
- Comunicar imediatamente a todos os catequistas, informações recebidas, através de documento, quadro de avisos ou caderno de anotações;
- Preencher e entregar as informações solicitadas pelas instancias superiores sempre que forem pedidas;
- Manter um quadro de avisos com informações úteis para a catequese, além do simpático mural de aniversariantes, mensagens, e outras criatividades que possam surgir.

b) Em relação ao grupo de catequistas:

- Formar uma equipe de coordenação em todos os níveis (etapas) e em todas as comunidades catequéticas;
- Animar o planejamento participativo, envolvendo todo o grupo de catequistas, sabendo ouvir críticas e sugestões e manifestando objetivos claros e bom conteúdo nas reuniões;
- Zelar pela formação do grupo, atingindo também os auxiliares e catequistas de outros núcleos, e não só da matriz;
- Visitar e/ou fazer reuniões em outras comunidades, evitando que tudo seja centralizado apenas na matriz. Há grupos que se sentem felizes em acolher os catequistas da comunidade. Que estes momentos sejam bem aproveitados.
- Realizar reuniões mensais com todos os tipos de catequese na paróquia, para assuntos gerais;
- Incentivar o grupo para que se reúna semanalmente para planejamento dos encontros;
- Cuidar para que cada grupo trabalhe com o material da diocese e a programação feita pela comunidade;
- Criar ambiente fraterno, alegre e responsável para que a convivência do grupo seja o maior testemunho de comunidade catequética;
- Apresentar os catequistas ao sacerdote e afirmar constantemente que a catequese deve ser feita em união com as diretrizes diocesanas e paroquiais;
- Incentivar a participação de todos nos eventos da comunidade, paróquia, região e diocese. Nunca deixar sua paróquia sem uma representação de catequistas.
- Buscar junto a comunidade e ao pároco que a comunidade custeie o estudo de alguns catequistas nas Escolas regionais e diocesanas;
- Incentivar os catequistas a buscar formação bíblica, litúrgica, espiritual;
- Promover encontros de lazer e momentos de oração.

c) Em relação à estrutura material:

- A catequese precisa ao menos de uma “salinha” para o mínimo de estrutura de suas atividades;
- Criar alternativas (rifas, festas, bingos,...) para que as comunidades possam adquirir o material didático necessário para o trabalho catequético onde as paróquias tem dificuldades de sustentação das pastorais;
- Atualizar o quadro de avisos da catequese, sempre que for necessário;
- Montar, uma “biblioteca da catequese”, com doações ou compra de material, para que os catequistas possam encontrar subsídios para seu trabalho pastoral;
- Criar materiais próprios da comunidade, aproveitando os talentos que Deus deu a pessoas da comunidade, mesmo que estas não sejam catequistas.

Concluindo

Organizar o trabalho catequético exige muita capacidade de abnegação e alegre doação . E um dos grandes instrumentos da equipe de coordenação deve ser o diálogo amigo, verdadeiro e fraterno. Caminhar para a unidade da comunidade, respeitando a diversidade, exige que evitem rótulos preconceituosos, que se busque em conjunto o Reino de Deus, ainda que por caminhos diferentes.

“Exercer o ministério da coordenação na catequese é gerar vida e criar relações fraternas. É promover o crescimento da pessoa, abrindo espaço para o diálogo, a partilha de vida, a ajuda aos que necessitam de presença, de incentivo e de compreensão. Esse ministério se alimenta na fonte da espiritualidade que decorre do seguimento de Jesus cristo. Não é uma função, mas uma MISSÃO que brota da vocação batismal de servir, de animar, de coordenar. Através da coordenação, o projeto de catequese avança, cria relações fraternas, promove a pessoa humana, a justiça e a solidariedade. A coordenação procure ser missionária, inserida na comunidade, formadora de atitudes evangélicas, comprometida com a caminhada da catequese e com as linhas orientadoras da diocese.” (DNC 316).


Fontes:
DGC - DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE. Congregação para o clero, 1997.
DNC – DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE.  Publicações da CNBB, Documento 84.  2006.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ser comunidade...


 O que é, afinal, ser comunidade?

Fui ao dicionário buscar as várias definições de comunidade. Desde a definição da Biologia que diz que comunidade é o conjunto de todos os organismos vivos, de todos os tipos, que habitam um dado ecossistema, até a simples definição de que comunidade é qualidade do que é comum; congregação, comunhão; agremiação; sociedade. E achei também uma definição muito “chique” de um escritor: “É uma aglomeração de pessoas relacionadas entre si, que contam com recursos físicos, de pessoas, de conhecimento, de vontade, de instituições, de tradições, etc.” Cheguei até a aprender também uma nova palavra: Biocenose, que é: O Conjunto de todas as populações (microorganismos, animais e vegetais) que coexistem em um determinado lugar (região) e que mantém relações entre si, isso quem diz é a ecologia. A sociologia define como o: Agrupamento que se caracteriza por forte coesão baseada no consenso espontâneo dos indivíduos. E a Política considera o Grupo social cujos membros ocupam uma área geopolítica determinada e compartilha interesses, valores e aspirações.

Não encontrei lá, no dicionário, nenhuma definição dada pela nossa Igreja ou pela religião. Lendo aqui e ali achei uma informação que diz que a palavra comunidade, referindo-se à religião ou a igrejas, surgiu nos Estados Unidos no movimento neo-pentecostal. Mais nada. Podemos claro, encontrar documentos preciosos como a Constituição Dogmática “Lumien Gentium” (LG) que trata sobre a Igreja e ensina que ela é “sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano”. A Constituição pronuncia que a Igreja é o reino de Cristo sem, no entanto, referir-se a ela como comunidade.

Mas acho que não é bem isso que significa SER COMUNIDADE...

E eu digo que não é fácil ser comunidade. Muitas vezes, tratando-se de nossa igreja, eu não me sinto comunidade. Porque, para mim, ser comunidade está intrinsecamente ligado a ser Igreja. E essa Igreja é aquela com letra maiúscula. È a grande construção formada por pedras vivas e como diz tão poeticamente um dos nossos mestres catequetas, “ligados pela argamassa da catequese”. Ser comunidade para mim, é ser IGREJA! E ouso dizer que poucos de nós, conseguem ser de verdade.

Etimologicamente a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa para fora e klesia que significa chamados. Se traduzirmos literalmente a palavra “Igreja”, veremos fica: “chamado para fora”, se referindo a sair do pecado e atender o chamado fazendo parte do grupo e servindo ao Senhor. Deste conceito podemos tirar que a Igreja deixa de ser uma simples instituição ou um objeto inanimado e passa a ser VIVA. Somos tirados do pecado para viver na Igreja, em comunidade, tendo um Pai em comum e um exemplo vivo, Cristo, cujo objetivo maior é lutar pelo bem comum de todos, como irmãos.
E aí eu me pergunto: Somos mesmos estes tijolinhos todos unidos, formando a verdadeira Igreja de Cristo?

Ângela Rocha

sábado, 21 de abril de 2012

Homilia do Domingo


3º. Domingo do Tempo Pascal

Os discípulos de Emaús voltaram para a comunidade e contaram à experiência que tiveram no caminho. Aqueles que tiveram o coração abrasado pela Palavra e que reconheceram o Senhor no partir do Pão estavam tão maravilhados, que não podiam deixar de contar aos seus amigos sua experiência. A Igreja faz isso há séculos: conta a história do passado, transmite o seu legado marcado pela experiência de fé de homens e mulheres. Mais do que isso: faz a memória do passado, atualiza a história da salvação, a presença do Cristo Ressuscitado.

Porém, o anúncio dos discípulos não foi suficiente. Mesmo a aparição do próprio Cristo não tirou todas as dúvidas do coração da comunidade reunida. O texto do Evangelho nos diz que estavam tão alegres que ainda não foram capazes de acreditar no que viam. No dizer popular: “era bom demais pra ser verdade!” Jesus deseja dissipar o medo, mas ainda encontra discípulos vacilantes, que tardam em acreditar. Mesmo diante dos sinais da vitória do Senhor, somos ainda tantas vezes tardos em crer.

A aparição de Jesus tem um aspecto pedagógico importante. O Senhor insiste sobre sua presença real: os discípulos podem o tocar e verificar que ele tem carne e osso, que pode comer peixe assado. Portanto, não é uma aparição fantasmagórica.

Esta insistência de Jesus mostra a continuidade entre o Ressuscitado e o Jesus humano. A ressurreição é uma nova realidade (Jesus não está condicionado ao tempo e ao espaço), mas o Ressuscitado é o mesmo Jesus que comia, bebia e conversava com sua comunidade de discípulos, o mesmo que morreu na cruz. Por isso, traz nas mãos e pés as marcas da crucifixão. Os pés surrados que calçavam rudes sandálias e que o levaram pelas estradas empoeiradas da Palestina. As mãos que tanto acolheram e mostraram o amor. Mãos e pés agora feridos por chagas estão presentes no corpo do Ressuscitado. Também nossas mãos deveriam ter as marcas do amor, e nossos pés os instrumentos dos passos de entrega.

A Páscoa é “junção” da vida, morte e ressurreição de Jesus. Este é o anúncio querigmático dos apóstolos: “Este Jesus que viveu entre nós, foi por nós condenado e morto, ressuscitou, está vivo!” A Igreja iria proclamar a totalidade do mistério. Seria um erro enfatizar apenas uma destas duas etapas da vida do Cristo. Por um lado, os discípulos poderiam ficar com saudade do Jesus que vivia com eles (em um dos relatos, Jesus pede que Maria Madalena não o detenha no seu retorno ao Pai). Por outro, poderiam ficar com a felicidade da ressurreição e esquecer-se de todas as ações e palavras de Jesus de Nazaré. Hoje se corre o risco de uma visão unilateral sobre Jesus. Muitos têm apenas o Cristo da Glória e vivem uma fé verticalista ou que se limita a uma experiência religiosa sem consequências na vida. Outros têm Jesus como um mestre, mas perderam a dimensão da fé naquele que venceu a morte e está conosco presente até o fim dos tempos.

Sem isolar alguma dimensão de Cristo, acreditamos que a vida de Deus encarnado se dá no cotidiano, na nossa inserção no mundo e no enfrentamento das cruzes do dia a dia. Por outro lado, temos a certeza de que a vida com suas contingências será superada pela vida nova oferecido pelo Senhor ressuscitado. Mas somente chegaremos à glória pela cruz. Assim, não existe vida e morte sem ressurreição, como não existe ressurreição sem a nossa história. A Palavra nos convida a viver a totalidade do mistério cristão, oferecendo nossa vida, enfrentando as lágrimas da existência, enquanto esperamos a vitória de toda dor e sofrimento.

Diante do mistério da cruz e ressurreição, não podemos ficar de braços cruzados. No final do discurso de Pedro, há um convite à conversão. A segunda leitura nos convida a romper com o pecado. Jesus, o Cristo, convida-nos a não termos medo. Que o Tempo da Páscoa nos traga vida nova de ressuscitados. Que vençamos as mortes diárias, que enchamos o mundo com a Ressurreição, com a vida de Deus.

Pe Roberto Nentwig

"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!"
(2Cor 12,9)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA



Doutrina Social da Igreja (DSI) é o conjunto dos ensinamentos contidos na doutrina da Igreja Católica e no magistério da Igreja Católica. Faz parte dela, numerosas encíclicas e pronunciamentos dos Papas e tem suas origens nos primórdios do cristianismo.  A DSI tem por finalidade fixar princípios, critérios e diretrizes gerais a respeito da organização social e política dos povos e das nações. É um convite a ação. A finalidade da doutrina social da Igreja é "levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena" (Encíclica Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II, publicada em 1987, pelo 20º aniversário da Populorum progressio).

Foi enriquecida pelos Padres da Igreja, teólogos e canonistas da idade média e pelos pensadores e filósofos católicos dos tempos modernos. "A doutrina social da Igreja se desenvolveu no século XIX  por ocasião do encontro do Evangelho com a sociedade industrial moderna, suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, sua nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, suas novas formas de trabalho e de propriedade" (CIC 2420). A Doutrina Social da Igreja considera que a "a norma fundamental do Estado deve ser a prossecução da justiça e que a finalidade de uma justa ordem social é garantir a cada um, no respeito ao princípio da subsidiariedade, a própria parte nos bens comuns." (Deus caritas est, 26-27)

Através de numerosos documentos e pronunciamentos, a Doutrina Social da Igreja aborda vários temas fundamentais, como a pessoa humana, sua dignidade, seus direitos  e suas liberdades, a família, sua vo­ca­ção e seus direitos, inserção e participação responsável de cada homem na vida social,  a promoção da paz, o sistema econômico e a iniciativa privada, o papel do Estado, o trabalho humano, a comunidade política, o bem comum e sua pro­mo­ç­ão, no respeito dos princípios da solidariedade e subsidiariedade,  o destino universal dos bens da natureza e cui­dado com a sua preservação e de­fe­sa do ambiente, o desenvolvimento in­tegral de cada pessoa e dos povos e o primado da justiça e da caridade. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja)

A existência da Doutrina Social da Igreja, no entanto, não implica a participação do clero na política, que é proibida pela Igreja, exceto em situações urgentes. Isto porque “a missão de melhorar e animar as realidades temporais, nomeadamente através da participação cívico-política, é destinada aos leigos” (CIC 2242). Logo, a hierarquia eclesiástica, não está aí para formar ou dirigir governos, nem para escolher regimes políticos; ela está para formar pessoas que consigam formar e dirigir governos nos quais a liberdade leve à genuína realização humana.
Em 1891, com a revolução industrial, o papa Leão XIII, sentindo a urgência dos novos tempos e das "coisas novas" promulgou a encíclica Rerum Novarum. A ela seguiu-se a encíclica Quadragesimo anno, de Pio XI em 1931. O beato papa João XXIII publicou, em 1961, a Mater et magistra e Paulo VI a encíclica Populorum Progressio, em 1967, e a carta apostólica Octagesima adveniens, em1971.João Paulo II, publicou três encíclicas:Laborens exercens (1981), Sollicitudo rei socialis (1987) e, finalmente Centesimus annus em 1991.

No entanto, a Doutrina Social da Igreja somente foi apresentada de modo sistematizado e orgânico em 2004 no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, fruto de trabalho do Pontifício Conselho Justiça e Paz.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, é um dos documentos mais belos sem e falando de valores sociais, e  pode ser encontrado  neste link:


Fonte: Internet.

sábado, 24 de março de 2012

O grão de trigo...

“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” – (Jo 12,24)


Estas palavras de Jesus, muito mais eloqüentes do que um tratado, revelam o segredo da vida. Não existe alegria de Jesus que não seja fruto de uma dor abraçada. Não há ressurreição sem morte.

Aqui Jesus fala de si mesmo e explica o significado da sua existência. Faltam poucos dias para a sua morte. Será dolorosa, humilhante. Por que morrer, justamente Ele que se definiu “Eu sou a Vida”? Por que sofrer, Ele que é inocente? Por que ser caluniado, esbofeteado, escarnecido, pregado numa cruz, a morte mais desonrosa? E sobretudo por que Ele, que viveu na união constante com Deus, haveria de sentir-se abandonado pelo seu Pai? Também Ele sente medo da morte. No entanto, ela terá um sentido: a ressurreição.

Jesus tinha vindo para reunir os filhos de Deus dispersos, para derrubar toda e qualquer barreira que separa povos e pessoas, para irmanar os homens divididos entre si, para trazer a paz e construir a unidade. Mas havia um preço a ser pago: para atrair todos a si, Ele deveria ser levantado da terra, na cruz. Daí a parábola, a mais bonita de todo o Evangelho: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” Aquele grão de trigo é Ele.

Neste tempo de Páscoa Ele se apresenta a nós do alto da cruz – seu martírio e sua glória – como sinal de amor extremo. Ali Ele doou tudo: aos carrascos, o perdão; ao ladrão, o Paraíso; a nós, sua mãe e o próprio corpo e sangue. Deu a sua vida até o ponto de gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”.

Eu escrevia em 1944: “Sabes que Ele nos deu tudo? Que mais poderia dar-nos um Deus que, por amor, parece esquecer-se de que é Deus?” E deu-nos a possibilidade de nos tornarmos filhos de Deus: gerou um povo novo, uma nova criação.
 
No dia de Pentecostes o grão de trigo caído na terra e morto já florescia qual espiga fecunda: três mil pessoas de todos os povos e nações são transformadas “num só coração e numa só alma”. Depois são cinco mil, e depois… “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.”

Esta Palavra dá sentido também à nossa vida, ao nosso sofrimento, à nossa morte, quando ela chegar.

A fraternidade universal pela qual desejamos viver, a paz, a unidade que queremos construir ao nosso redor é um vago sonho, uma ilusão, se não estivermos dispostos a percorrer o mesmo caminho traçado pelo Mestre.
O que fez Ele para “produzir muito fruto”?
 
Compartilhou todo o nosso modo de ser. Assumiu sobre si os nossos sofrimentos. Conosco, Ele se fez trevas, melancolia, cansaço, contraste… Experimentou a traição, a solidão, a orfandade… Numa palavra: Ele “se fez um” conosco, carregando tudo aquilo que para nós era um peso.
 
Assim devemos fazer também nós. Enamorados deste Deus que se faz nosso “próximo”, temos um modo para demonstrar-lhe a nossa imensa gratidão pelo seu infinito amor: viver como Ele viveu. E a nossa chance está em nos tornarmos “próximos” de quem passa ao nosso lado na vida, estando dispostos a “nos fazermos um” com ele, a abraçar a dor de uma divisão, a partilhar um sofrimento, a resolver um problema, com um amor concreto que sabe servir.

Jesus no abandono se doou completamente. Na espiritualidade centralizada Nele, Jesus Ressuscitado deve resplandecer plenamente e a alegria deve testemunhar que isso é verdade.

Chiara Lubich

* Ver também VIDEO:  http://youtu.be/kTsVX-MHWUY  -A Caminho de Jerusalem

sábado, 3 de março de 2012

HOMILIA DO DOMINGO

2º. Domingo da Quaresma – B

A Quaresma e a Páscoa manifestam dois momentos da existência. Por um lado, enfrentamos a cruz, a dor, o drama, a renúncia, as lágrimas... De outro, temos a vida, a alegria, o gozo, a paz, a ressurreição. O Mistério Pascal é composto das realidades de morte e ressurreição, cruz e vida.

Abraão enfrentou a dor da renúncia, quando o Senhor pediu o sacrifício de seu filho amado e único. O Primogênito deveria ser consagrado a Deus, e Abraão levou isso a sério, não se opondo ao desejo divino. No momento crucial, Deus poupou a vida de Isaac e se alegrou pela fidelidade de seu servo. A dor de Abraão não é sem sentido, mas é sinal de fidelidade. Desta dor, nasce a vida. Também somos convidados a renunciar, em algumas ocasiões, aquilo que nos é precioso. Precisamos identificar que é o nosso Isaac. O Senhor o convida a oferecer alguma coisa a ele. O que? Deus fará a renúncia se transformar em alegria.

O sacrifício de Abraão prefigura o sacrifico divino. Deus ofereceu o seu próprio filho, ofereceu-se a si mesmo. Nas palavras de Paulo, se Deus é capaz de oferecer seu filho, como não nos daria tudo junto com ele? Deus deseja nos dar a vida.

No Tabor, Deus antecipa a sua ressurreição, concede um gostinho prévio do que espera os discípulos. Mas não deixa que fiquem sobre o monte, pois a cruz os espera. Por vezes, discursos romantizados falam da alegria de se fabricar tendas para que se usufrua das consolações divinas. No entanto, Jesus deixa claro que não quer tendas, pois estas simbolizam o imobilismo, o comodismo diante da vida e da missão. É preciso descer o Monte Tabor.

Na lógica do evangelho, não existe ressurreição sem cruz, mas não existe cruz sem a antecipação gratificante da transfiguração do Senhor. Poderíamos esperar o Deus das gratificações, do milagre, da prosperidade, a religião utilitarista afeita ao tempo de Pós Modernidade. Mas Deus nos quer seguidores capazes de enfrentar a cruz.

Porém, a cruz não deve ser uma busca do sofrimento em si mesmo. Deve ser a doação de nosso tempo, de nossos sentimentos, de nossos esforços, de nossa energia em função do bem, dos irmãos. A cruz torna-se possível pela graça. A transfiguração é o sinal do combustível que Deus nos concede para que a cruz não se torne um fardo pesado, mas um caminho para a vida verdadeira. A Quaresma é uma oportunidade para que Deus conceda este combustível que nos faz oferecer a vida. Mesmo diante das propagandas do valor da preservação de si mesmo como caminho para a felicidade, a Palavra de Deus é um apelo forte que nos conduz a fazer da vida um dom. Não construamos tendas que escondem a realidade, mas tenhamos a coragem de descer do monte para que o Mistério da Páscoa aconteça em nossa vida.

Pe. Roberto Nentwig

Um bom final de semana a todos!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pedagogia de Deus


Saber e Saber fazer, faz parte de nossa caminhada catequética. São processos que constroem o catequista. E nessa busca pelo saber, encontramos o alerta de que temos que nos apoiar nas ciências modernas (DNC 150 e 151). Uma delas a Pedagogia. Não a pedagogia tradicional descrita como “teoria da educação e da instrução” (Dic. Aurélio), mas a Pedagogia Catequética, que vai além, sendo, também, a “condução” de nossos catequizandos ao caminho da fé. “A pedagogia catequética tem uma originalidade específica, pois seu objetivo é ajudar as pessoas no caminho rumo à maturidade da fé, no amor e na esperança. (...) Para isso Deus se serve de pessoas, grupos, situações, acontecimentos...” (DNC 146).

A palavra Pedagogia tem origem grega, formada por: paidós (criança) e agogé (condução). No entanto, é preciso entender que, aplicada à catequese, ela vai além da mera condução da “criança”, palavra que descreve uma das etapas do crescimento do indivíduo. Ela conduz a “pessoa”, em qualquer idade cronológica.

Como princípio, temos a Pedagogia de Deus como modelo a seguir. Seguidas da pedagogia de Jesus, da ação do Espírito Santo e do modo de proceder da Igreja (DNC, capítulo quinto, inteiramente dedicado a Catequese como educação da fé). Mas o que é afinal essa pedagogia? Pois bem, a Pedagogia de Deus é proporcionar ao homem , encontrar-se, crescer e assim, conquistar a paz e o sentido de sua existência.  Deus dá todas as condições necessárias para que isto aconteça, através de Sua Palavra, por meio dos acontecimentos do cotidiano e das vivências do dia a dia. 

Para ilustrar melhor o conceito, encontramos nos itens 40 a 48 da Catequese Renovada – Orientações e Conteúdo – DOC 26 da CNBB, orientações a respeito da Pedagogia de Deus e sua revelação.

Deus se revela por meio de um processo, uma caminhada, não é uma coisa que acontece de uma vez só. Não porque Deus não quer comunicar-se por inteiro a nós. Deus é comunicação, Deus é amor, Ele está sempre junto de nós. Nós é que nos afastamos, somos nós que precisamos desse processo lento e permanente de Revelação, porque somos seres em construção.

Em outras palavras, a humanidade não está preparada par acolher a Deus plenamente, inteiramente. Muitos obstáculos nos separam de Deus, muitos pecados nos desviam.

Deus então, procura guiar a humanidade de volta ao caminho. Procura orientá-la, aproximá-la de Si. Torna-se para seu povo como um pai ou uma mãe que ensina à criança os caminhos da vida. Torna-se um mestre ou educador, que ensina aos alunos caminhos mais adiantados em busca da verdade e da felicidade. “Como um pai educa seu filho, assim Deus educa seu povo.” (Dt 8, 5)

Nos encontros de Deus com o seu povo e seus profetas, é possível reconhecer que Ele fala partindo de algo que os homens já conhecem, que pertence à experiência deles, e procura levá-los a descobrir e compreender algo novo do seu ser, do seu amor, da sua vontade. Ou ainda: Deus ilumina o seu povo e seus profetas para que compreendam o sentido da história que estão vivendo, dos acontecimentos que Deus quis ou permitiu.

Nesse sentido, a catequese, inspirada na pedagogia de Deus busca incentivar a participação ativa dos catequizandos na mudança da sociedade, com a missão permanente de inculturar-se buscando uma linguagem capaz de comunicar a Palavra de Deus e a Profissão de Fé da Igreja (Credo), conforme a realidade de cada pessoa. É preciso assumir as realidades humanas e iluminá-las com o Evangelho, a Boa Nova.

Nisso temos o exemplo de Jesus, o Verbo, que se fez carne, assumiu a natureza humana e a cultura de um povo conforme o seu tempo (EN 18 e 20).

Ângela Rocha

Fontes:

CNBB, Diretório Nacional de Catequese. Catequese como educação da fé. Pgs. 97-115. Brasília, Edições CNBB, 2006.

CNBB, Catequese Renovada – Orientações e Conteúdo. Pgs. 20-22. 39ª Ed. São Paulo, Paulinas, 2009.

Paulo PP VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. Roma, dezembro de 1975. Encontrada em:


PEDAGOGIA CATEQUÉTICA



Fonte: Blog do Manoel Xavier
http://deusnaminhafamilia.blogspot.com/2011/07/o-modo-de-proceder-de-deus-e-pedagogia.html

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Catequistas em Formação no Facebook

 CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO está no facebook também:

http://www.facebook.com/groups/catequistasemformacao


Formação para catequistas, conteúdo e material pedagógico catequético.
Participe!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

METODOLOGIA CATEQUETICA: Evolução

 Evolução do trabalho pedagógico e metodológico da catequese no século XX e XXI

Início do século: a catequese era conceitual e mnemônica, com o método da assimilação de conteúdos. O objetivo era memorizar as formulações da fé cristã.
Os avanços das ciências da educação começaram a se inquietar com esse método.

Em 1928, surge na Alemanha a Catequese ativa, fruto do trabalho do 2º Congresso Internacional de Munique. O método disseminado por Munique tinha como base: “Apresentação, exposição e aplicação”. Que foi enriquecido pela Escola Ativa de Maria de Montessori e outros, passando a ter como base: “Apresentação, exposição, atividade e aplicação”. No entanto este método ainda priorizava o desenvolvimento das capacidades intelectuais da pessoa, sem levar em conta as dimensões humanas como as afetivas, comunicativas ou vivenciais.

Nas décadas de 40 a 50, a Teologia Kerigmática de Jungmann e seu manual “Catequética”, foram decisivos para os conteúdos da catequese. Esta teoria tinha um cunho mais evangelizador do que doutrinário.

Em 1960, o Congresso Internacional de Eichstatt na Alemanha, oficializa o método da Catequese Querigmática, que se preocupa em como a mensagem cristã pode ser assimilada pelo crente.

O Concílio Vaticano II, de 1965, enfim propõe novo estilo para a pedagogia da fé sem, no entanto, publicar um documento específico para a catequese. Fica apenas a orientação de que se crie um diretório para a catequese, publicado pela Congregação para o Clero em 1971.
Esta nova pedagogia da fé é discutida na Conferência Episcopal de Medellín, 1968, onde aconteceu a 6ª Semana Internacional de Catequese, cuja idéia fundamental foi propor conteúdos e métodos orientados para a conversão da pessoa. Nascia aí a Catequese Antropológica, preocupada com a pessoa nas diferentes etapas de sua vida.

Além de Medellín é interessante mencionar as várias Semanas Catequéticas Internacionais que impulsionaram a catequese mundial:
Nimega, Holanda – 1959: “Missão e Liturgia”; Eichstatt, Alemanha – 1960: “Missão e Catequese”; Katigondo, África – 1964: “mensagem cristã para a África” e, Manila, Filipinas – 1967.

Mas, sem dúvida alguma, foi após o Concílio Vaticano II (1962-1965), que a Igreja produziu mais documentos sobre catequese. Citamos entre outros, por exemplo:

- Diretório Catequético Geral (Congregação para o Clero, 1971)
- Catechesi Tradendae (João Paulo II, 1980), 
- Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo (CNBB, 1983)
- Catecismo da Igreja Católica (João Paulo II, 1992/1997),
- Diretório Geral para a Catequese (Congregação para o Clero, 1997),
- Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005)
- Diretório Nacional de Catequese (CNBB, 2005).

Inclui-se aqui, ainda que seja especificamente de cunho litúrgico:
- Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos – RICA (1972); que veio ajudar no cumprimento da recomendação do Concílio quanto à retomada na catequese, de modo atualizado, do modelo catequético do Catecumenato, da época dos Santos Padres.

E é preciso acrescentar, também, o capítulo sobre Catequese nas Conferências Episcopais latino-americanas, especialmente as de Medellín (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). E, sem dúvida, foi e é imprescindível para a renovação da catequese o Sínodo sobre Evangelização, em 1974, do qual brotou a Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi  de  Paulo VI (1975).

No Brasil, a CNBB, além do documento Catequese Renovada: orientações e conteúdo (1983), produziu uma série de estudos que são de grande valor para esclarecimentos e para pistas de organização da catequese.
Assim, na série Estudos da CNBB, encontramos, por exemplo:
- N° 53 - Textos e Manuais de Catequese;
- N° 55 - Primeira Semana Brasileira de Cateques (SBC);
- N° 59 - Formação de Catequistas: critérios pastorais;
- N° 61 - Orientações para a Catequese da Crisma;
- N° 73 - Catequese para um mundo em mudança;
- N° 78 - O hoje de Deus em nosso chão;
- N° 80 - Com adultos, catequese adulta;
- N° 82 - O itinerário da fé na iniciação cristã de adultos;
- N° 84 - Segunda Semana Brasileira de Catequese (2 SBC);
- N° 86 - Crescer na Leitura da Bíblia;
- Nº 91 - Ouvir e proclamar a palavra: seguir Jesus no caminho - a catequese sob a inspiração da Dei Verbum;
- Nº 93 - Evangelização da juventude. Desafios e perspectivas pastorais;
- Nº 94 - Catequistas para a Catequese com adultos: Processo formativo;
- Nº 95 - Ministério do Catequista;
- Nº 96 - Deixai-vos reconciliar: Seminário Nacional sobre a reconciliação;
- Nº 97 – Iniciação á Vida Cristã, um processo de inspiração catecumenal.

E há, ainda, o caderno Ler a Bíblia com a Igreja hoje, da coleção do Projeto da CNBB “Queremos Ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida”.
E também o livro da Terceira Semana Brasileira de Catequese, sobre Iniciação à Vida Cristã, de 2010.

Vamos falar um pouco de metodologia?

“Os métodos deverão ser adaptados à idade, à cultura, à capacidade das pessoas, tratando de fixar sempre à memória, a inteligência e ao coração as verdades essenciais que deverão impregnar a vida inteira.” (Evangelii Nutiandi, 44).
Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, ao Episcopado, ao Clero, aos Fiéis de toda a Igreja, sobre a Evangelização no mundo contemporâneo, de 1975.
“Desde o ensinamento oral dos apóstolos às cartas que circulam entre as Igrejas e até os meios mais modernos, a catequese não cessou de buscar os métodos e meios mais apropriados para sua missão.” (Catequesi Tradendae, 46).
Exortação Apostólica pós-sinodal, do Papa João Paulo II, de 16 de outubro de 1979, "Sobre a catequese do nosso tempo".
"A catequese é um processo dinâmico, gradual e progressivo de educação na fé." (Puebla, 984).
A Conferencia de Puebla, México, foi a Terceira Conferencia Geral do Episcopado latino americano, foi aberta em 28 de Janeiro de 1979, e presidida pessoalmente pelo Santo Padre João Paulo II.
Estas palavras dão a dimensão exata de que, os métodos pedagógicos são fundamentais à catequese: não há educação da fé sem metodologia que a sustente. A enorme variedade de situações humanas, os diferentes meios, as variáveis de tempo e lugar, obriga a catequese a buscar uma metodologia diferente, porém nunca definitiva nem absoluta; ela brota das condições que favorecem ou retardam o encontro e a resposta entre Deus e a pessoa.O catequista deve assumir as atitudes pedagógicas que acentuem os valores que quer transmitir. Sem isso, o ato catequético perde seu valor educativo. O caráter de testemunho no catequista é a condição essencial da evangelização.
"O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos próprios olhos, o que contemplamos, o que tocaram nossas mãos... vô-lo anunciamos." 
(1Jo 1,1).

Homilia do Domingo



1º. Domingo da Quaresma – B

“Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras: ponho meu arco nas nuvens como sinal da aliança entre mim e a terra” (Gn 9, 12-13). Deus estabeleceu uma aliança com Noé. A aliança é uma iniciativa de amor, de benevolência de Deus, uma relação de diálogo entre Deus e as pessoas. O Senhor deseja sempre mostrar o seu amor e a sua vontade para que sejamos felizes. Ele está do nosso lado e se compromete com a nossa vida. Sempre podemos estar abertos ao diálogo e à amizade com Deus. Isto está na base de qualquer aliança divina.

A aliança implica também o lado do ser humano. Assim, trata-se de um dom, mas também de uma tarefa: ao mesmo tempo em que a aliança revela a iniciativa e a benção divina, exige de cada um de nós um esforço para cumprirmos aquilo que Deus nos propõe.

“O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam” (Mc 1,12). Jesus cumpriu em tudo a vontade do Pai, assumiu a sua tarefa como Filho de Deus. Mas antes foi conduzido ao deserto pelo Espírito. O deserto é o lugar da tentação, da secura, do desânimo... No deserto a amargura é aparente, pois se este lugar é vencido, podemos desfrutar de suas graças: no afastamento dos barulhos da vida, encontramos sentido verdadeiro no silêncio.

O deserto é o lugar da tentação. Jesus foi tentado a deixar a sua missão, foi tentado a desistir de tudo. O Senhor transformou o deserto em uma oportunidade de encher o seu Espírito de motivação, de firmar o sentido de sua missão. A quaresma é uma oportunidade para tomar novo ânimo, para levar nossa vida com coragem.

No deserto Jesus foi tentado a utilizar de modo inadequado o seu messianismo. Poderia utilizar de seu poder para se auto promover, mas não o fez. Somos também tentados a desvirtuar a nossa missão. Facilmente utilizamos dos nossos cargos, funções, papéis sociais de um modo equivocado. Por vezes o poder nos seduz, e somos tentados a focar nossas ações em nós mesmos, para que tenhamos evidência e bem estar.

Pe. Roberto Nentwig

"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!"
(2Cor 12,9)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

RICA - Ritual de Iniciação Cristã de Adultos para dowload

Olá queridos catequistas!


Para quem quiser salvar e imprimir o RICA - Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, acesse este link:


Quero observar no entanto, que essa é a versão portuguesa do livro. A versão brasileira vocês podem adquirir pelas livrarias Paulinas ao preço de R$ 39,50.

Acredito que este é um livro que todo catequista deveria conhecer e ter em sua biblioteca.

Saliento que não estou ganhando "royaltes" pelo marketing... rsrrs...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NINGUEM FOGE DO TEMPO



Neste final de semana estive um tanto “ocupada”. Não que não esteja sempre... Mas neste em especial, deixei-me ocupar por coisas mais simples. Como fazer um almoço caprichado de domingo, com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate para o lanche da tarde. E nos afazeres simples de dona-de-casa, esposa e mãe; os dias passaram sem que me desse conta de que existe um espaço chamado internet, em que tenho, nos últimos anos, ocupado muito do meu tempo, sem nem mesmo perceber...
E a propósito do tempo (que até já passou para uma homilia do 3º Domingo do Tempo Comum), não posso deixar de partilhar com vocês este texto maravilhoso de Pe. Roberto Nentwig, que fala justamente, do tempo e o que fazemos dele.



Ninguém foge do tempo...
( Homilia do 3º. Domingo do Tempo Comum – B)


Ninguém foge do tempo. Vivemos na alternância dos dias e das horas, do passar implacável dos anos... Mais ainda que quase escravos do cronos, podemos ver o tempo sob o prisma do olhar divino. Então o tempo pode assumir várias conotações diferentes, não se resumindo ao contar das badaladas do relógio.  Como nos diz o Eclesiastes: “Há um tempo para cada coisa”. As leituras deste domingo nos apresentam a realidade do tempo sob olhares diversos.

Na primeira leitura, o tempo é o da urgência, aquele que exige pressa. Como nas recomendações missionárias de Jesus que incluem o estranho pedido para que os discípulos não cumprimentem ninguém pelo caminho, também Jonas não deve parar ao longo da estrada para se distrair com coisas menos importantes; não pode perder tempo. A razão é muito simples: é urgente a conversão dos habitantes de Nínive. Por isso, o profeta faz em um dia o percurso que habitualmente demoraria três dias para ser executado; os ninivitas não precisam de três dias de pregação, um apenas basta. Em nossa vida, certamente, há coisas que não devem ficar para outro dia, não podem ser adiadas de modo negligente. Há certas mudanças de postura, há certas decisões que são simplesmente urgentes. Nas palavras de Gamaliel: “Se não hoje, então quando?” Hoje é o dia da graça, hoje é o tempo que Deus nos concede para acolher o ser amor, hoje é o dia da conversão. A pergunta que nos assalta diante em confronto com o texto é a seguinte: o que precisa de pressa em minha vida, que naturalmente não pode ser adiado?

Mas é preciso ter cuidado para que a pressa não seja sinônimo de cumprimento do preceito. Lembremos bem de que o profeta Jonas não queria realizar o mandato do Senhor, chegou a Nínive mais por vontade divina do que por desejo humano. Se o tempo se abrevia para que nos livremos de um fardo não desejado, seria mais interessante parar e demorar-se, pois neste caso, haveria mais amor na calma do que na pressa.

São Paulo também nos fala do tempo na segunda leitura: “Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado” (1 Cor 7,29). O apóstolo faz uma leitura diferenciada da realidade, afirmando que o tempo passa, que o mundo com suas pessoas, relações e coisas deve ser relativizado pelo simples fato de que não somos feitos para este mundo. Portanto, o desapego deste mundo é sinal de fé e esperança, já que cremos que a “figura deste mundo passa”. Aqui nos vem outra reflexão: o que fazemos com o nosso tempo? Conduzimos nossas vidas conscientes de que a vida deste mundo é efêmera?

O Evangelho nos apresenta as primeiras palavras da pregação de Jesus: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1, 15). O tempo está próximo, o tempo se cumpriu... Aqui o tempo é entendido como a hora certa, o momento propício. É o que a teologia chama de plenitude dos tempos – o kairós. Ou seja, é o momento propício escolhido por Deus. O Reino de Deus não poderia ser revelado nem antes, nem depois. Somente quando chegou o momento certo, Deus enviou o seu Filho para revelar e tornar pleno o Reino de Deus. Agora é a hora, que é chamada de última. Afirmar que estamos nos últimos tempos não significa que o fim do mundo será em 2012 ou nos próximos anos, mas de que estamos em uma realidade qualitativamente diferente. Agora é a hora do Reino.

E quando o Reino irrompe, tudo muda. Ao menos tudo deve mudar, pois há o risco de ficarmos indiferentes a Cristo e ao seu Reino. A chegada do Reino implica no convite para o seguimento: “Sigam-me e eu farei de vocês...” Hoje, cada um de nós, deve se colocar no mesmo lugar dos discípulos, acolhendo o convite de Jesus. É o tempo propício para que o Reino de Deus esteja bem próximo de cada um de nós, trazendo amor verdadeiro, ternura, misericórdia, beleza, bondade... A vida é linda, pois nela desabrocha o evangelho, a boa notícia. Hoje (não amanhã) Deus nos traz a boa notícia do Reino de Deus. E como seu convite tem atingido cada coração?



Pe. Roberto Nentwig


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

E-mail do Catequistas em Formação

Olá!


Agora temos um e-mail exclusivo para comunicação!

Anote aí:

catequistasemformacao@gmail.com

Use o e-mail para qualquer dúvida ou solicitação e também para envio das atividades.

ANO LITÚRGICO 2012

ANO LITÚRGICO 2012

Apesar do ANO LITÚRGICO ser diferente do ano civil, que começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro, parece que só nos lembramos dele quando começa o ano de fato. Até a festa da Epifania, que lembra a visita dos Reis Magos, ainda vivemos o clima do Natal. Este ano estaremos vivenciando o Ano B do calendário.

O Ano Litúrgico "B" é baseado no Evangelho de São Marcos. Ele tem Inicio no dia 27 de Novembro 2011, e vai até o dia 01 de Dezembro de 2012. Com o Ano Litúrgico, revivemos anualmente todo o Mistério da Salvação centrado em Jesus Cristo. Ano Litúrgico é, portanto, o Calendário Religioso da Igreja Católica. Lembra as datas dos acontecimentos da história da salvação.

O Ano Litúrgico na História

No início da Igreja Católica, todo domingo era dia de Páscoa. No século I a Páscoa começa a ser celebrada anualmente. No Século IV, além da vigília Pascal, é celebrado o tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado. O jejum de dois dias (Século III) passa a ser de uma semana, e depois, de 40 dias. Que passa a ser o tempo de preparação dos catecúmenos para o batismo, daí se vê que a quaresma tem uma origem catequética. Também é tempo de reconciliação e penitência. Disso restou o costume da imposição de cinzas na quarta-feira em que inicia a quaresma. Foram apresentadas as comemorações da ascensão e de pentecostes. Estava formado o ciclo pascal. Nessa época é definido no ocidente o dia do Natal. Essa data foi marcada em 25 de dezembro para substituir a festa pagã de adoração ao Sol. Estava se formando o ciclo de natal. Estes dois ciclos festivos são as colunas mestras do Ano Litúrgico.

Na idade média são introduzidas as seguintes festas dogmáticas: Santíssima Trindade (1000), Corpus Christi (1246), Sagrado Coração de Jesus (1756) e Cristo Rei (1925). Além disso, Maria e os santos também têm seu lugar na liturgia. Desde muito cedo os cristãos veneravam aqueles que pelo martírio haviam se tornado testemunhas de Cristo. Desde o Século II São Policarpo de Esmirna já era venerado na liturgia. Depois vieram os apóstolos e todos os que haviam sido perseguidos por falarem em nome de Jesus. Enfim, o centro e a fonte de todo o Ano Litúrgico é o mistério pascal de Jesus Cristo.

A – Ciclo do Natal

O Ciclo do Natal começa com o Advento, inclui o Natal propriamente dito, passa pela Epifania e termina  na festa do Batismo de Jesus, após o que será iniciado a primeira semana do tempo comum.

A1 - Advento

É o ponto de partida e de chegada do Ano Litúrgico. É o tempo de expectativa diante do Cristo que irá nascer. A espiritualidade está focalizada na Esperança e Purificação da Vida. O ensinamento da Igreja Católica está direcionado para o anúncio da vinda do Messias e lembra a espera da humanidade, escrava do pecado, pelo libertador. Por isso é tempo de penitência e conversão. A cor predominante é a Roxa mas recomenda-se a rósea no III domingo do advento. A cor rosada no altar, na mesa da palavra e nas vestes litúrgicas lembra-nos uma espera alegre, enche nossos corações de esperança e nos ajuda a distinguir do tempo quaresmal, marcado pelo roxo de penitência. São as quatro semanas que antecedem o Natal. O advento começa hoje, dia 27/11, onde é celebrado o primeiro Domingo do Advento, seguindo-se por quatro semanas até o dia 24/12, à tarde, a Vigília do Natal.

A2 - Natal

Lembra o nascimento de Jesus em Belém, em que celebramos a humanidade do nosso Deus e festejamos a Salvação que entra definitivamente em nossa história. Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo é comemorado no dia 25/12. A cor utilizada é a branca ou amarela. A festa do Natal começa com a vigília do Natal, no dia 24 de dezembro, e se prolonga até o dia 1 de janeiro.

A3 – Epifania

Celebrada no dia 08/01. É uma festa que lembra a manifestação de Jesus como Filho de Deus. Aqui aparecem os reis magos para mostrar que esta manifestação é a todas as nações da Terra. Além da solenidade da Epifania existem outras manifestações do Senhor celebradas no Ciclo de Natal, como, por exemplo, a festa da Apresentação do Senhor , no dia 02/02. É conhecida também como Festa de Nossa Senhora das Candeias . A cor predominante é também a branca.

B - Tempo Comum (1ª Parte)

O início do tempo comum acontece após o Batismo de Jesus e o término da comemoração ocorrerá na véspera da quarta-feira de cinzas. A espiritualidade visa a esperança e escuta da palavra e o ensinamento baseia-se no anúncio do Reino de Deus. A cor usual é verde.

C - Ciclo da Páscoa


A primeira parte do Ciclo da Páscoa começará pela Quaresma, cujo espiritualidade tem como foco a Penitência e Conversão . O ensinamento estará voltado para a Misericórdia de Deus. A segunda parte diz respeito à Páscoa propriamente dita. A Alegria de Cristo Ressuscitado constitui a espiritualidade da Páscoa. Tem-se como ensinamento a Ressurreição e vida eterna e a cor usada é a branca.

C1 – Quaresma

Começa com a quarta-feira de cinzas e se estende até o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Sendo tempo de penitência e conversão, a Igreja se exercita de maneira especial no jejum, esmola e oração; nesse período omite-se o canto do glória na eucaristia. É a preparação para a Páscoa do Senhor. Os quarenta dias da quaresma lembram a caminhada de quarenta anos do povo de Deus no deserto. A cor usada é a Roxa; como no tempo do Natal, a cor rósea pode ser usada no quarto domingo da quaresma, representando tristeza. O ponto alto desse tempo é a Semana Santa.

C2 – Páscoa

Começa com a Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa. Neste dia é celebrada a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. A cor utilizada é a branca, que representa a ressurreição, vitória, pureza e alegria; é a cor dos batizados. Pela manhã, acontece a missa do crisma, que reúne todos os padres da (arqui)diocese em torno do bispo. Na sexta-feira Santa, celebra-se a paixão e a morte de Jesus sendo que a cor utilizada é a vermelha. É o único dia do ano que não tem missa. Acontece apenas uma Celebração da Palavra. No sábado acontece a solene Vigília Pascal. Este é o tríduo pascal que prepara o ponto máximo da páscoa: o domingo da ressurreição. A palavra páscoa significa passagem. Para nós, cristãos, é a passagem do pecado e da morte para a graça e para a vida. A Festa da Páscoa não se restringe ao Domingo da Ressurreição. Ela se estende até a Festa de Pentecostes.

Pentecostes

É celebrado 50 dias após a Páscoa. Jesus ressuscitado volta ao Pai e nos envia o Paráclito. É o Espírito Santo que anima a Igreja na caminhada em direção à casa do Pai. A cor utilizada é a vermelha que lembra o fogo do Espírito Santo. Ele nos dá força para testemunhar a verdade e nos socorre com seus dons.

D - Tempo Comum  (2ª Parte)

Na segunda-feira, após o Pentecostes, será iniciada segunda parte do Tempo Comum, cujo término só ocorrerá na véspera do primeiro domingo do Advento. A vivência do Reino de Deus é o tema da espiritualidade e o ensinamento esta voltado para a assertiva de que os cristãos são o sinal do Reino de Deus. A cor a ser utilizada será a verde.