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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

BENTO XVI E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A IGREJA

Imagem: vatican.va
Nestes últimos dias de 2022, nos deparamos com o pedido do Papa Francisco para que intensifiquemos nossas orações por Bento XVI, Papa emérito que renunciou ao papado em fevereiro de 2013, por sua saúde, já muito debilitada.

Depois de quase oito anos de pontificado, com a saúde já comprometida pela mal de Parkinson, Joseph Ratzinger pede sua renúncia.

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência perante Deus, cheguei à conclusão de que as minhas forças, devido a uma idade avançada, não são capazes de um adequado exercício do ministério de Pedro."

Bento XVI é considerado um grande intelectual da doutrina católica. Em seu currículo, conta-se mais de 5 doutorados e vários livros publicados, entre eles, a primeira encíclica "Deus Caritas Est", e "Jesus de Nazaré". No total, são mais de 600 títulos. Dono de uma inteligência invejável e um ardor sem igual na defesa de suas crenças e sustentação de suas concepções tradicionais, ele criou controvérsias, principalmente no seu conservadorismo e críticas às posições mais liberais da Igreja.

Vale destacar na sua trajetória que ele foi um grande teólogo, sendo professor de Teologia em várias universidades da Alemanha deixando muitas e importantes obras escritas. Mais adiante, sua contribuição foi como Prefeito para Congregação da Doutrina da Fé, onde atuou brilhantemente e também deixou uma grande quantidade de obras.

O artigo abaixo, publicado pelo portal A12 em fevereiro de 2013, traz um reflexo do que foi sua contribuição à Igreja:

https://www.a12.com/redacaoa12/santo-padre/contribuicoes-do-papa-bento-xvi-para-a-igreja-tanto-antes-como-durante-o-pontificado

 

Obras do Papa Bento XVI durante o papado:

- Lembranças da minha vida (2006): Vale a pena ir buscar na forma como o próprio Ratzinger apresenta sua vida e as prefigurações do desígnio de Deus, que o preparava, pelo exercício da teologia, à função maior na Igreja, de bispo de Roma e sucessor de Pedro. Esta é a importância que tem para nós a publicação de sua autobiografia de teólogo.

- Jesus de Nazaré (2007): Trata-se do primeiro livro escrito por Joseph Ratzinger após se tornar Papa. O Pontífice, também teólogo, conduz o leitor à procura pela verdadeira vida de Jesus e trata de sua figura de maneira histórica e teológica, reconstruindo sua vida a partir do Evangelho. Bento XVI desmonta muitas especulações sobre Jesus, que tiveram um imenso sucesso comercial nas livrarias e nos cinemas nos últimos anos.

Motu Proprio para a aprovação e a publicação do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ( 2005).

Encíclicas

Deus Caritas Est - Deus é amor (2006).

Spe salvi - Salvos na esperança (2007).

Caritas in Veritate - Amor na verdade (2009).

Exortações Apostólicas

Sacramentum Caritatis, pós-sinodal – (22 de fevereiro 2007).

Verbum Domini, pós-sinodal – (30 de setembro de 2010).

 

- Em janeiro de 2013, bento XVI inicia em suas audiências da quarta-feira uma catequese sobre o Credo, concluída depois pelo Papa Francisco.

* Você pode encontrar as catequeses do Papa bento XVI na edições CNBB:

https://www.edicoescnbb.com.br/colecoes/colecao-catequeses-do-papa-bento-xvi

 

Uma pequena biografia do Papa emérito Bento XVI:

https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/biography/documents/hf_ben-xvi_bio_20050419_short-biography_old.html

 

 “Gostaria de pedir a todos vocês uma oração especial pelo Papa Emérito Bento, que em silêncio apoia a Igreja”, disse o Papa Francisco no final da audiência deste 28 de dezembro de 2022.

Atendendo ao desejo do Papa, uma oração pela recuperação de Bento XVI:

Ó dulcíssimo Jesus, com a mesma fé e amor com que Marta e Maria te enviaram a mensagem de que ‘aquele a quem tu amas está enfermo’, também eu te dirijo estas palavras, porque sinto a necessidade da tua ajuda e misericórdia.

Venho apresentar-te Bento XVI; que a tua graça venha sobre ele, ó Jesus, para que recupere a sua saúde.

Fortalece-o, fica com ele nesta prova, permite-lhe contar com pessoas amorosas e atenciosas ao seu lado, e que a tua luz lhe traga esperança.

Tu experimentaste a solidão e a angústia na tua paixão; concede que Bento XVI possa saber que nunca está sozinho e que não o abandonas.

Ouve, pois, Senhor, esta humilde prece e responde-a quando e como quiseres, pois só tu sabes o que é verdadeiramente bom.

Que nós, muito em breve, guiados pelo Santo Padre, possamos proclamar as tuas maravilhas e bendizer o teu santo nome.

Contigo, confiamo-nos à vontade do Pai que sempre age para o bem maior de seus filhos.

Amém”.


(aleteia.pt)

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

COMO CONHECI O "RICA" - RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS

 


Eu conheci o RICA em 2008. Estava nascendo a "Catequista amadora"... rsrsrs. E com ela, a enorme vontade de aprender! Eram meus primeiros anos como catequista e a "conversa sobre a IVC Catecumenal" estava começando. Como hoje, o livro não era muito barato não! Mas, como diz um amigo: "Quem quer arruma jeito, quem não quer, arruma desculpa."

Quase decorei o Capítulo V do livro, tentando colocar aquilo tudo pra acontecer na catequese das crianças. E os obstáculos começavam com o fato de que nem os padres conheciam e entendiam pra que servia o dito cujo! Na catequese de adultos então? Que era o lugar dele, mal se sabia da sua existência. Hoje, quando pego o meu pequeno livro de capa vermelha, vejo que ele está um tanto gasto, com a lombada danificada e com algumas páginas marcadas. Sinal de que usei de verdade!

Ao contrário do que muita gente "pensa" ou acha, o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, não é um livro de catequese, mas um livro LITÚRGICO, que traz, além dos ritos e celebrações, muitas informações para a catequese. Portanto, não é um subsídio para os encontros! É sim, um material riquíssimo para quem quer fazer catequese ao estilo catecumenal, processo usado nos primeiros séculos da nossa Igreja.

Nele eu encontrei orientações para colocar celebrações e ritos na catequese de crianças e adolescentes, adaptadas é lógico. E adpatações se fazem sempre necessárias, afinal, estamos numa época em que já não se traduz em realidade algumas coisas que se pensava em 1973, quando a Sagrada Congregação para o Clero publicou o livro. Já estamos em outro século, e quase 50 anos se passaram.
 
Mas, na catequese com adultos, ou Catecumenato de Adultos, o RICA se faz imprescindível. Não se faz catequese com adultos sem ele! Obviamente aqui também é necessário adaptação às realidades das comunidades, aos anseios dos catequizandos e catecúmenos e, é claro, a "vontade" dos presbíteros, que, infelizmente, são o maior entrave na utilização do ritual (!?).

Por isso, convido vocês a dedicarem alguns dias da suas vidas,  ao estudo deste material maravilhoso que a Igreja nos deu! Precisamos conhecer os ritos e celebrações, ver o que é possível colocar na nossa catequese e, sobretudo, parar de "inventar moda" copiando roteiros dos outros, que, muitas vezes, ferem a liturgia e a própria dinâmica das nossas celebrações. Onde já se viu fazer celebração de entrega de escapulário, terço, mandamentos, etc.? Isso non existe! Aqui mesmo no nosso site você encontra textos esclarecedores sobre a utilização do RICA. 

E pode agora fazer conosco uma formação de 20 horas, via plataforma do Youtube, onde, esmiuçando o livro, vamos ver de verdade, a que ele se presta e o quanto nós o subestimamos. O curso começa dia 10/01/2023 e as transmissões ficarãpo gravadas para quem quiser assistir depois.





Ângela Rocha
Catequista - Teóloga pela PUCPR.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

RICA - RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS


“ (... ) a figura do catequista de iniciação hoje muda muito com relação ao tipo tradicional do “catequista professor” que apenas ensina. Ele deve ser um entendido também em ritos e celebrações: deve ser um liturgo e saber usar o RICA!”

O Rito da iniciação cristã de Adultos (RICA), foi publicado em 1971, a pedido do Vaticano II. É um livro litúrgico e seu objetivo é dar orientações para restabelecer o catecumenato batismal.
A primeira edição em português pelas Paulinas, é de 1973. Em 2001 foi preparada pela CNBB, e publicada pela Paulus, uma nova edição do mesmo texto com disposição e diagramação mais lógica e clara, com o título Ritual da iniciação cristã de Adultos.

Descreve justamente os ritos do catecumenato, mas não os conteúdos catequéticos propriamente ditos. O importante é perceber como no catecumenato a formação acontece unida à prática da vida cristã (cf. Introdução 19). A formação consiste na instrução doutrinal unida intimamente com a experiência litúrgica onde o mistério de Jesus Cristo se faz mais presente.

O RICA lembra que não basta as pessoas conhecerem os dogmas e preceitos: é preciso vivenciar o mistério da salvação do qual desejam participar plenamente, o que é facilitado pela vinculação dos conteúdos com o ano litúrgico e com uma maior valorização das celebrações da palavra. Parece até que o RICA dá mais importância a tais celebrações do que aos encontros catequéticos propriamente ditos.

Conforme o n.º 106, as celebrações ajudam a assimilar os conteúdos da catequese, ensinam prazerosamente as formas e os caminhos da oração, aproximam dos símbolos, ações e tempos do mistério litúrgico e introduzem, gradativamente, no culto de toda a comunidade. Ou seja: no processo catecumenal, a catequese (entendida como o momento da instrução) está intimamente articulada com a liturgia.

Outro elemento importante no catecumenato é o “itinerário espiritual” realizado por etapas e através do acompanhamento pessoal de alguns membros da comunidade, sobretudo os “introdutores”. São estes (sobretudo os catequistas) que acompanham os catecúmenos, que dão testemunho perante a comunidade sobre o amadurecimento e crescimento do catecúmeno. Este acompanhamento deve ser feito na vida concreta das pessoas e também através dos ritos catecumenais e celebrações da palavra, pois através deles Deus age gradativamente, purificando e protegendo os catecúmenos.

Assim, os catequistas não são apenas instrutores (ministério da palavra, ensino, magistério), mas também são ministros da oração e da celebração da palavra de Deus (mais que pedagogos são mistagogos!). Portanto, a figura do catequista de iniciação hoje muda muito com relação ao tipo tradicional do “catequista professor” que apenas ensina. Ele deve ser um entendido também em ritos e celebrações: deve ser um liturgo e saber usar o RICA!

Conforme o Pe. Domingos Ormonde, especialista em catecumenato, em seu artigo “Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato”, no qual também me inspirei: “encontramos no RICA quase tudo que diz respeito ao catecumenato, a saber: a teologia da iniciação cristã, o processo do catecumenato composto por diferentes tempos de informação e amadurecimento, de preferência culminando no ciclo pascal do ano; o sentido de cada tempo com seus objetivos, meios, duração, ritos e símbolos; as celebrações que marcam a passagem de um tempo para outro (chamadas “etapas”) e suas exigências; o roteiro e os conteúdos dos ritos principais; e finalmente a própria celebração unitária dos sacramentos de iniciação, preferencialmente na noite pascal” (cf. Ib., in Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251).

As partes mais importantes do RICA são as seguintes:

- Duas introduções (“A iniciação cristã: observações preliminares gerais”, pp. 9-16; “Introdução ao rito da iniciação cristã de adultos”, pp. 17-34);

- O capítulo primeiro (“Ritos do catecumenato em torno de suas etapas”, pp. 95-104);

- O capítulo 4 (“preparação para a confirmação e a eucaristia de adultos que, batizados na infância, não receberam a devida catequese”, pp. 131-132). Há um apêndice com o “rito de admissão na plena comunhão da Igreja Católica das pessoas já batizadas validamente” (pp. 283-285);

- Por fim se deve fazer referência ao capítulo 5 com o curioso título: “Rito de iniciação de crianças em idade de catequese” (pp. 133-174).

Por ser um livro litúrgico, não encontramos no RICA as orientações detalhadas sobre os conteúdos da catequese de cada tempo do catecumenato, nem detalhes pastorais para sua implantação e implementação (para isso, cf CNBB, Com Adultos Catequese Adulta nº 106; cf também pg 8, nº 102 acima ).


Pe. Luiz Alves de Lima

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

ALVES DE LIMA Luiz. Memória do catecumenato na História in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese, pp. 229-244; ID., Catequese com Adultos e Iniciação Cristão in Ibid. pp. 318-354 (com bibliografia).

LELO Antonio Francisco. A iniciação cristã: catecumenato, dinâmica sacramental e testemunho. São Paulo: Paulinas 2005, 237 pp. ID.

_______. A iniciação cristã no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 107, julho-setembro, pp. 5-18; ID.,

_______ . A aplicação do RICA no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 108, out.-dezembro, pp. 5-20.

OLIVEIRA Ralfy Mendes de. O catecumenato batismal: reflexão à luz do novo Rito da Iniciação Cristã dos Adultos in Revista de Catequese 1 (1978) no. 3, pp 29-49.

ORMONDE Domingos. Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251.


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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

ROTEIRO PARA CELEBRAÇÃO DE CRISMA DE ADULTOS: ADAPTAÇÃO DO RICA

 Um exemplo de adaptação do RICA:

* Círio Pascal aceso, uma mesinha para acomodar as velas, o óleo do crisma e certificados.

CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS DO EUCARISTIA E CRISMA

COMENTÁRIO INICIAL – No 2º Domingo do Tempo do Advento a liturgia nos convida a despir de valores efêmeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma revolução da nossa mentalidade de forma a que os valores fundamentais que marcam a nossa vida seja os valores do “Reino”.
Com a procissão de entrada acolhemos os Catequizandos (nomes) – que receberão os Sacramentos da Eucaristia e da Crisma.
- A Eucaristia é o coração; o ápice da vida da Igreja, pois, nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecido uma vez por todas na Cruz a Seu Pai; por Seu sacrifício Ele derrama as graças da salvação sobre o Seu Corpo, que é a Igreja.
- A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras.

 Os crismandos são acolhidos na procissão de entrada junto com seus padrinhos/madrinhas..

♫ Canto

RITO CRISMA/CONFIRMAÇÃO (RICA 227 A 234)

Proclamado o Evangelho, o padre convida os crismandos e padrinhos a ficarem em pé e diz: 

Padre: Muito me alegro e agradeço a Deus pela vida destes jovens. Depois de devidamente preparados, vos acolho como cristãos adultos desta comunidade cristã.  Caros padrinhos e madrinhas, recebendo hoje estes crismandos como afilhados, deveis ajudá-los para que possam assumir as responsabilidades de cristãos adultos. Também vos acolho com alegria.

O padre convida os crismandos e padrinhos a se sentarem.

Homilia (Leituras do dia e monição sobre os sacramentos a serem recebidos).

RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS BATISMAIS


Padre: A crisma nos dá força para que, no decorrer da vida, possamos ser confirmados na dignidade e missão de batizados. Por isso, neste momento, os crismandos renovam as promessas do Batismo. Eles acendem as velas no Círio Pascal para mostrar sua disposição de seguir a Cristo de modo mais consciente, guiando-se pela luz de Cristo e sendo luz para os demais irmãos e irmãs na comunidade.

 Crismandos dirigem-se à frente do presbitério com sua velas.

Enquanto os crismandos acendem as velas, canta-se:

Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós!

Os crismandos com as velas acesas ficam em pé, em frente ao padre.

Padre: Agora eu vos pergunto: Para viver na liberdade de filhos de Deus, renunciais ao pecado?

Crismando(a): Renuncio.

Padre: Para viver como irmãos e irmãs, renunciais a tudo o que possa desunir, para que o pecado não domine sobre vós?

Crismando (a): Renuncio.

Padre: Para seguir Jesus Cristo, renunciais ao demônio, autor e princípio do pecado?

Crismando: Renuncio.

Padre: Credes em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra?

Crismando: Creio.

Padre: Credes em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu e foi sepultado, ressuscitou dos mortos e subiu ao céu?

Crismando: Creio.

Padre: Credes no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que hoje, pelo sacramento da Confirmação, vos é dado de modo especial, como aos apóstolos no dia de Pentecostes?

Crismando: Creio

Padre: Credes na santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição dos mortos e na vida eterna?

Crismando: Creio.

Padre: Esta é a nossa fé, que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria, em Cristo nosso Senhor.

T. Amém!

Os crismandos podem apagar as velas.

(Omite-se o Símbolo, inicia-se a Oração dos fiéis ou a critério do presidente da celebração, a comunidade pode ser convidada a rezar junto com os crismandos)

 

INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

Em seguida, voltado para o povo, diz:

Padre: Roguemos a Deus Pai todo-poderoso, que derrame o Espírito Santo sobre estes seus filhos e filhas adotivos, já renascidos no Batismo para a vida eterna, a fim de confirmá-los pela riqueza de seus dons e configurá-los pela sua unção ao Cristo, Filho de Deus.

Pausa: Todos rezam um momento em silêncio.

Em seguida, o Padre impõe as mãos sobre todos os Crismandos e diz:

Padre: Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e pelo Espírito Santo, fizestes renascer estes vossos servos e servas, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de ciência e piedade e enchei-os do espírito do vosso temor. Por Cristo Nosso Senhor...

T. Amém.

UNÇÃO DO CRISMA


Neste momento, um ministro apresenta ao celebrante o ÓLEO do santo Crisma.

Os crismandos aproximam-se com seus padrinhos. O padrinho (ou a madrinha) põe a mão direita sobre o ombro do confirmando e diz o nome deste ao celebrante, ou o próprio crismando diz espontaneamente o seu nome. O celebrante humedece o polegar da mão direita no Crisma e traça o sinal da cruz na fronte do confirmando, dizendo: 

Padre: Acompanhemos com nossa oração silenciosa este momento que deve ser participado por nós todos.

Padre: .................................... (nome), recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus!

Crismando: Amém!

Padre: A para esteja contigo!

Crismando: E contigo também!

♫ Canto: Eu navegarei... ou outro apropriado.


PRECES DA COMUNIDADE

PADRE: Irmãos e irmãs, roguemos a Deus Pai todo poderoso, em atitude de fé e união, a fim de que ele nos enriqueça com seus dons e as virtudes da fé, esperança e caridade que procedem se seu Espírito.

(Pode ser lido por uma catequista):

 Após cada prece, digamos juntos: Senhor, escutai a nossa prece!

CATEQUISTA: Senhor, animai os que hoje receberam o Dom do vosso Espírito, para que vivam a fé e pratiquem o amor, dando real testemunho de fé, nós vos pedimos:

T. Senhor, escutai a nossa prece!

C. Senhor, estimulai os pais e padrinhos, a fim de que estejam sempre conscientes de sua responsabilidade de serem exemplos para que seus afilhados sigam os passos de vosso Filho, nós vos pedimos:

C. Senhor, acompanhai a vossa Igreja, para que seja sempre sacramento do vosso reino; olhai por nosso papa Francisco, nosso bispo D. ........  e todo nosso clero, nós vos pedimos:

C. Pelos nossos catequistas para que perseverem na missão e que sejam iluminados pela luz do Senhor, nós vos pedimos:

- Outras a critério...

PADRE: Ouvi, Deus de bondade, a nossa oração e derramai em nossos corações os dons distribuídos outrora, no início da pregação apostólica. Por Cristo, nosso Senhor.

A Missa continua em seu ritmo...

* Sugere-se no Rito Eucarístico a Oração Eucarística II – Prefácio da Crisma: Confirmados no selo do Espírito.

RITO DA COMUNHÃO


Antes da comunhão, isto é, antes de Eis o Cordeiro de Deus, o celebrante pode dirigir aos crismados, uma breve monição / exortação sobre o valor de tão grande mistério, que é o ponto culminante da iniciação e centro de toda a vida cristã (234).

Os catequizandos são convidados a subir ao presbitério para receber a eucaristia nas duas espécies (fica a critério estender a comunidade). O crismado volta ao seu lugar.

RICA 233: Quando se usa a Oração Eucarística I, faz-se menção dos neófitos no Aceitai benignamente, e dos padrinhos no Lembrai-Vos, Senhor (n. 377, p. 247); quando se usa a Oração Eucarística II, III ou IV, inserem-se, no lugar próprio, as fórmulas pelos neófitos, indicadas no n. 391, p. 278. 234. É conveniente que os neófitos recebam a sagrada comunhão sob as duas espécies, juntamente com os padrinhos, madrinhas, pais, cônjuges e catequistas leigos. 

 ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 Oremos: Acompanhai, ó Deus, com a vossa bênção, aqueles que receberam a unção do Espírito Santo e foram nutridos pelo sacramento do vosso Filho, para que, superando todas as adversidades, alegrem a vossa Igreja por uma vida santa e a façam crescer no mundo por seu amor e suas obras. P.C.N.S.

T. Amém.


FONTE:

RICA - Ritual de Iniciação cristã de Adultos. São Paulo: paulinas, 2003.

(Adaptação: Ângela Rocha)

RICA online: 

http://teologicalatinoamericana.com/?p=1454

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O RICA, livro litúrgico para a Iniciação á Vida Cristã, se faz cada vez mais necessário à catequese de inspiração Catecumenal. O catequista precisa conhecer os ritos e celebrações necessárias ao processo catequético, tanto para adultos como para crianças e adolescentes. E também é necessário fazer as adaptações à realidade das comunidades!

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Início 10/01/2023 - Transmissão terças e quintas-feiras.
10/01 - 12/01 - 17/01 - 19/01 - 24/01 - 26/01 - 31/01 - 07/02 - 09/02 - 14/02

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domingo, 4 de dezembro de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: É TEMPO DO ADVENTO: TEMPO DE ESPERANÇAR...

imagem : ACI digital

 SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO – Mateus 3, 1-12

Advento (do latim ad, para, e venio, vir, chegar), é o tempo litúrgico destinado à espera da segunda vinda de Cristo Jesus (Parusia), por meio do qual se atualiza a memória do sagrado mistério da Encarnação da Palavra de Deus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).

O Advento é o tempo propício de preparação para celebrar o Natal do Senhor.

Começa no domingo mais próximo à festa de santo André (30 de novembro) e se estende até o dia 24 de dezembro. Há quatro domingos de Advento. A cor litúrgica própria é o roxo, porque o Advento é também é um tempo penitencial de preparação para acolher o dom de Deus na pessoa de Jesus.

(DOTRO; HELDER, 2006, verbete “Advento”, p. 15).

Percorrendo o itinerário litúrgico das Igrejas que seguem o lecionário ecumênico, no período do Advento-Natal-Epifania revive-se um evento de graça e beleza que tem renovado, ao longo dos séculos, a dimensão religiosa no coração das pessoas.  Cristãs e cristãos somos imersos num clima de escuta, de acolhida, de adoração e de encantamento.

A Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina) é o meio pelo qual as pessoas adentram ao mistério da Manifestação do Senhor Deus numa humilde criança, que nasce na periferia do Império Romano.

Desse modo, a Palavra divina e a experiência de Deus são continuamente retomadas e reelaboradas no coração da pessoa que crê.

A celebração litúrgica própria do Advento é o lugar da experiência do mistério de Cristo e, ao mesmo tempo, pedagogia eficaz para o aprofundamento da fé e da espiritualidade cristã (BARGELLINI; FRADE, 2011, p. 124).

Sem dúvida, viver intensamente o tempo do Advento, expectativa da vinda do Natal e da plena manifestação (epifania) do Senhor, é literalmente esperançar, verbo que significa “dar esperança”, “animar”, “estimular” (DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, verbete “esperançar”, p. 852).

Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Esperança (1992, p. 97), proclamou:

Não sou esperançoso por pura teimosia mas por imperativo existencial e histórico.

Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola ilusão.

O essencial, como digo mais adiante no corpo desta Pedagogia da Esperança, é que ela, enquanto necessidade ontológica (do grego ontos, ente, ser) que constitui o humano, precisa de ancorar-se na prática para tornar-se concretude histórica. É por isso que não há esperança na pura espera, que vira, assim, espera vã, consequência e razão de ser da inação ou do imobilismo (FREIRE, 1997, p. 5-6)

Fica claro nas palavras de Paulo Freire que é preciso ter esperança, o que não é uma simples espera, do verbo “esperar”. A esperança, a que ser refere o pedagogo, vem do verbo “esperançar”, estímulo à prática para tornar-se concretude histórica.

Esperançar é, portanto, estimular-se, soerguer-se, levantar-se e ir atrás do que se deseja alcançar, construir.

Esperançar é ir à luta e juntar-se com outras pessoas para fazer de outro modo, construindo um outro mundo possível que Jesus, ao iniciar sua missão, proclamou como “Reino de Deus”, em meio ao conflito, perseguição, prisão e morte dos profetas do seu contexto histórico:

Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galileia proclamando o Evangelho de Deus: O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,14-15).

Advento é, na perspectiva do verbo “esperançar”, fazer a experiência atenta, vigilante e ativa da construção do Reino de Deus em pleno contexto ameaçador dos reinos deste mundo.

Advento é aprender a acolher as novidades de um Deus que se doa e se revela na história, no tempo que se chama “hoje”, por meio de uma autêntica Espiritualidade Política, animada pelo Espírito Santo de Deus para agir politicamente em meio aos conflitos da convivência comunitária.

TEXTO: João Luiz Correia Júnior

FONTE: cebi.org.br

sábado, 26 de novembro de 2022

 


REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: OUVIDOS QUE ESCUTAM, OLHOS QUE VIGIAM, CORAÇÃO ARDENTE, MÃOS QUE CUIDAM

 

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO – 2022 - Mateus 24, 36-44

Com este domingo iniciamos, além do Advento, um novo ano litúrgico, no qual somos convidados e convidadas por nossas igrejas a refletir principalmente sobre o Evangelho de Mateus.

Por isso, antes de mergulhar nos versículos de hoje, vale a pena apresentar o Evangelho, para isso vamos nos deter em três elementos presentes no último capítulo (cap. 28), que é onde podemos entender a dinâmica de todo o Evangelho… já que a comunidade narra o que significava dar testemunho de Jesus vivo no meio deles, no meio da realidade que viviam.

Mateus no último capítulo apresenta-nos a “ressurreição de Jesus”, através da experiência de “duas mulheres” a quem aparece primeiro o “anjo do Senhor” e depois o próprio Jesus.

A primeira coisa a observar é a dinâmica presença-ausência do Crucificado, que as mulheres procuram, aquele que deveria estar no sepulcro, mas não está porque ressuscitou (28,6). Jesus está vivo e vai ao encontro delas (28,9)

O segundo elemento a sublinhar é o “anjo do Senhor! (28,2), no discurso bíblico é Javé que se faz presente, que se manifesta no meio do seu povo. Mateus, também no início do Evangelho (1,20) fala do “anjo do Senhor”, que aparece a José em sonho. Em ambos casos, o “anjo do Senhor” anuncia algo impossível: no início: uma jovem grávida do Espírito Santo; no final, um crucificado que ressuscitou. Em ambos casos o impossível que se torna vida: Encarnação e Ressurreição.

O terceiro elemento são “as duas mulheres”, que, indo ver à sepultura do crucificado (28,1), são encontradas pelo “anjo do Senhor”, que as manda ir depressa anunciar aos discípulos que Jesus ressuscitou (28,7) … e elas correm “com grande alegria para dar a notícia aos discípulos” (28,8), nesse momento é quando Jesus sai ao seu encontro e depois de exortá-las à alegria as envia para anunciar-lo. Por que duas mulheres? Por que Mateus coloca duas mulheres co-protagonistas nesta história, sendo que eram totalmente invisíveis para a sociedade? A resposta é simples: porque Mateus quer revelar a sua preocupação pelos “pequeninos”, porque quer deixar claro que são os pequeninos que encontram Jesus os portadores do anúncio da alegria e da vida para todos, que é no mais pequeno onde Jesus se manifesta e se faz presente.

Refletiremos, na perspectiva destes três elementos, o Evangelho deste Domingo Mateus 24, 37-44. Diz assim:

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam- se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. Portanto, ficai atentos! Ficai vigiando! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor. Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós ficai acordados! ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”.

Nesse trechinho do Evangelho, Mateus coloca na boca de Jesus uma comparação entre a vinda do Filho do homem e a época de Noé, onde todos levavam a vida pra frente, no comum do dia a dia…. comiam, bebiam se casavam… e como diz o texto: “nada perceberam”. Também nós, em tempos convulsos como os que vivemos, onde abundam todo tipo de informações, podemos viver na correría do dia-a-dia sem perceber o que passa à nossa volta. Neste contexto acolhemos a exortação de Jesus: «Fiquem atentos… vigiando»…  «Fiquem acordados… preparados».

Perante este insistente convite de Jesus à vigilância, é onde ganham sentido os três elementos sublinhados no início da reflexão:

“Fiquem atentos” é o convite a vivermos mais atentos à Sua misteriosa Presença que veio na plenitude dos tempos, que vem todos os dias e que virá no fim dos tempos; é abrir nossos OUVIDOS de discípulos e discipulas para acolher o anúncio “do anjo do Senhor” que vem ao nosso encontro de múltiplas maneiras nos túmulos que frequentamos, para nos dizer que aquilo que acreditamos ser impossível, por obra de Deus, torna-se Vida…

“Fiquem vigiando” é o convite para abrir nossos OLHOS e treinar nosso olhar de testemunhas para reconhecer que Aquele que aparentemente está morto está realmente vivo; que Aquele que aparentemente está ausente vem a nosso encontro no caminho e nos convida a não ter medo e a nos alegrar (Mt. 28,9)

“Fiquem acordados.” É o convite a sacudir nosso CORAÇÃO de cristãos e cristãs para deixá-lo arder de indignação diante da violência, da injustiça, da degradação; e acender de compaixão para poder manter desperta a resistência e a rebeldia e reagir com compromisso diante de todas as vidas ameaçadas

“Fiquem preparados” é um apelo à atenção para mantermos as nossas MÃOS como servidores e servidoras dedicados ao cuidado dos mais pequeninos e invisíveis, porque com os pequeninos, entre os pequeninos e através dos pequeninos Jesus está no meio de nós, “todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). É através das “duas mulheres”, as pequeninas e invisíveis do tempo de Jesus, é que Ele nos indica o caminho…

Para cantar juntos com o salmista a alegria de ir ao encontro do Senhor que vem (Sl 122), juntamente com Paulo e o profeta Isaias proclamamos: “Ja é hora de acordar!” (Rom 13,11) “… e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor!” (Is 2,5), “despojando-nos das ações das trevas y vestindo-nos das armas da luz. (Rm 13,12)

Amém

Autora

Sou Elizabeth, pertenço à Congregação das Irmãs Dominicanas de Sta. Catarina de Sena, moro em um bairro na periferia da região noroeste da grande Goiânia. Sou nascida na Argentina, numa família da classe trabalhadora; descendentes de migrantes, de vários países, que em busca de vida, deixaram suas próprias raízes para fugir da fome e da violência da 1ª Guerra Mundial.

Assim, o meu sangue e a cultura familiar em que cresci são constituídos por componentes marcados por uma grande diversidade. Também minha aparência física: altura, tipo e cor de cabelo, cor de pele e olhos… expressam a diversidade que levo no sangue e nos costumes.

Gosto de me definir como uma mulher itinerante, em busca… Busca do Reino, definido por Paulo como “paz, justiça e alegria” (Rom. 14,17)

 FONTE: CEBI.ORG.BR

domingo, 20 de novembro de 2022

JESUS, O MÁRTIR FIEL

Imagem: CEBI.org
REFLEXÃO DO EVANGELHO

20/11/2022

Nós cristãos atribuímos vários nomes ao Crucificado: “redentor”, “salvador”, “rei”, “libertador”. Podemos aproximar-nos dele agradecidos: ele resgatou-nos da perdição. Podemos contemplá-lo comovidos: ninguém nos amou assim. Podemos abraçar-nos a ele para encontrar forças em meio dos nossos sofrimentos e tristezas.

Entre os primeiros cristãos ele também era chamado “mártir”, isto é, “testemunha”. Um escrito chamado Apocalipse, redigido por volta do ano 95, vê no Crucificado o “fiel mártir”, a “fiel testemunha”. Desde a cruz, Jesus se apresenta a nós como testemunha fiel do amor de Deus e também de uma existência identificada com os últimos da sociedade. Não podemos esquecer disso.

Jesus identificou-se tanto com as vítimas inocentes que acabou como elas. A sua palavra incomodava. Tinha ido demasiado longe ao falar de Deus e da sua justiça. Nem o Império, nem o templo podiam consentir. Tinha que ser eliminado. Talvez, antes de Paulo começar a elaborar sua teologia da cruz, entre os pobres da Galileia, já se vivesse essa convicção: “Morreu por nós”, “por nos defender até o fim”, “por ousar falar de Deus como defensor dos últimos”.

Ao olhar para o Crucificado deveríamos recordar instintivamente a dor e a humilhação de tantas vítimas desconhecidas que, ao longo da história, sofreram, sofrem e sofrerão esquecidas por quase todos. Seria uma zombaria beijar o Crucificado, invocá-lo ou adorá-lo enquanto vivemos indiferentes a todo sofrimento que não é nosso.

O crucifixo está desaparecendo das nossas casas e instituições, mas os crucificados continuam aí. Podemos vê-los todos os dias em qualquer noticiário de televisão. Devemos aprender a venerar o Crucificado não num pequeno crucifixo, mas nas vítimas inocentes da fome e da guerra, nas mulheres assassinadas por seus companheiros, nos que se afogam quando os seus barcos afundam.

Confessar o Crucificado não é apenas fazer grandes profissões de fé. A melhor maneira de o aceitar como Senhor e Redentor é imitá-lo vivendo identificado com aqueles que sofrem injustamente.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

Fonte: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/jesus-o-martir-fiel/