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domingo, 31 de janeiro de 2016

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2016 - COMO CUIDAR DE NOSSA “CASA COMUM”

Que tipo de mundo deixaremos às gerações futuras? É a pergunta que o Papa Francisco faz na Encíclica Laudato si, sobre o Cuidado da Casa Comum. Também tema da Campanha da Fraternidade deste ano, a “Casa Comum”, precisa ser cuidada por todos. 



COMO CUIDAR DE NOSSA “CASA COMUM”

Cuidar da Terra é cuidar do Sagrado que arde em nós e que nos convence de que a vida vale mais que todas as riquezas deste mundo.

Hoje para cuidar da Terra como nos sugeriu detalhadamente o Papa Francisco em sua encíclica “Cuidado da Casa Comum” exige-se “uma conversão ecológica global”, “mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder” (n.5). Esse propósito jamais será alcançado senão amarmos efetivamente a Terra como nossa Mãe e soubermos renunciar e até sofrer para garantir sua vitalidade para nós e para toda a comunidade de vida (n.223). A Mãe Terra é a base que tudo sustenta e alimenta. Nós não podemos viver sem ela. A sistemática agressão que sofreu nos últimos séculos tirara-lhe o equilíbrio necessário. Eventualmente, poderá continuar pelos séculos afora, mas sem nós.

No dia 13 de agosto de 2015 ocorreu o Dia da Sobrecarga da Terra (The Overshoot Day), dia em que se constatou a ultrapassagem da biocapacidade da Terra em atender as demandas humanas. Precisa-se de 1,6 planetas para atendê-las. Em outras palavras. Isso demonstra que o nosso estilo de vida é insustentável. Nesse cálculo não estão incluídas as demandas da inteira comunidade de vida. Isso torna mais urgente a nossa responsabilidade pelo futuro da Terra, de nossos companheiros de caminhada terrenal e de nosso projeto planetário.

Como cuidar da Terra? Em primeiro lugar há que considerar a Terra como um Todo Vivo, sistêmico, no qual todas as partes se encontram interdependentes e inter-relacionadas. A Terra-Gaia* fundamentalmente é constituída pelo conjunto de seus ecossistemas e com a imensa biodiversidade que neles existe e com todos os seres animados e inertes que coexistem e sempre se inter-relacionam como não se cansa de afirmar o texto papal, bem na linha do novo paradigma ecológico.

Cuidar da Terra como um todo orgânico é manter as condições pré-existentes há milhões e milhões de anos que propiciam a continuidade da Terra, um super Ente vivo, Gaia. Cuidar de cada ecossistema é compreender as singularidades de cada um, sua resiliência, sua capacidade de reprodução e de manter as relações de colaboração e mutualidade com todos os demais já que tudo é relacionado e includente. Compreender o ecossistema é dar-se conta dos desequilíbrios que podem ocorrer por interferências irresponsáveis de nossa cultura, voraz de bens e serviços.

Cuidar da Terra é principalmente cuidar de sua integridade e vitalidade. É não permitir que biomas inteiros ou toda uma vasta região seja desmatada e assim se degrade, alterando o regime das chuvas. Importante é assegurar a integridade de toda a sua biocapacidade. Isso vale não apenas para os seres orgânicos vivos e visíveis, mas principalmente para os microrganismos. Na verdade, são eles os ignotos trabalhadores que sustentam a vida do Planeta. Diz-nos o eminente biólogo Edward Wilson que “num só grama de terra, ou seja, menos de um punhado de chão, vivem cerca de 10 bilhões de bactérias, pertencentes a até 6 mil espécies diferentes” (A criação, 2008,p.26). Por aí se demonstra, empiricamente, que a Terra está viva e é realmente Gaia, superorganismo vivente e nós, a porção consciente e inteligente dela.

Cuidar da Terra é cuidar dos “commons”, quer dizer, dos bens e serviços comuns que ela gratuitamente oferece a todos os seres vivos como água, nutrientes, ar, sementes, fibras, climas etc. Estes bens comuns, exatamente por serem comuns, não podem ser privatizados e entrar como mercadorias no sistema de negócios como está ocorrendo velozmente em todas as partes. A Avaliação Ecossistêmica do Milênio, inventário pedido pela ONU de uns anos atrás, no qual participaram 1.360 especialistas de 95 países e revisados por outros 800 cientistas trouxeram resultados amedrontadores. Entre os 24 serviços ambientais, essenciais para a vida, como água, ar limpo, climas regulados, sementes, alimentos, energia, solos, nutrientes e outros, 15 estavam altamente degradados. Isto sinaliza claramente que as bases que sustentam a vida estão ameaçadas.

De ano para ano, todos os índices estão piorando. Não sabemos quando esse processo destrutivo vai parar ou se transformar numa catástrofe. Havendo uma inflexão decisiva como o temido “aquecimento abrupto”, que faria o clima subir entre 4-6 graus Celsius, como advertiu a comunidade científica norte-americana, conheceríamos dizimações apocalípticas afetando milhões de pessoas.  Temos confiança de que iremos ainda despertar. Mais que tudo cremos que “Deus é o Senhor soberano amante da vida” (Sb 11,26) e não deixará acontecer semelhante Armagedom.

Cuidar da Terra é cuidar de sua beleza, de suas paisagens, do esplendor de suas florestas, do encanto de suas flores, da diversidade exuberante de seres vivos da fauna e flora.

Cuidar da Terra é cuidar de sua melhor produção que somos nós seres humanos, homens e mulheres especialmente os mais vulneráveis. Cuidar da Terra é cuidar daquilo que ela através de nosso gênio produziu em culturas tão diversas, em línguas tão numerosas, em arte, em ciência, em religião, em bens culturais especialmente em espiritualidade e religiosidade pelas quais nos damos conta da presença da Suprema Realidade que subjaz a todos os seres e nos carrega na palma de sua mão.

Cuidar da Terra é cuidar dos sonhos que ela suscita em nós, de cujo material nascem os santos, os sábios, os artistas, as pessoas que se orientam pela luz e tudo o que de sagrado e amoroso emergiu na história.

Cuidar da Terra é, finalmente, cuidar do Sagrado que arde em nós e que nos convence de que é melhor abraçar o outro do que rejeitá-lo e que a vida vale mais que todas as riquezas deste mundo. Então ela será de fato a Casa Comum do Ser.

Leonardo Boff

* Hipótese de Gaia: teoria científica que descreve a Terra como um único organismo vivo. Propõe que a biosfera e os componentes físicos da terra (atmosfera, criosfera, hidrosfera e litosfera) são intimamente integrados de modo a formar um complexo sistema interagente que mantêm as condições climáticas e biogeoquímicas em equilíbrio. 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ANÚNCIO DO EVANGELHO - (Lc 4,21-30)

04º Domingo do Tempo Comum - Ano C


O Evangelho deste domingo apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um Messias espetacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la – sejam pagãos ou judeus.



AMBIENTE
Estamos na sequência do episódio que a liturgia de domingo passado nos apresentou. Jesus foi a Nazaré, entrou na sinagoga, foi convidado a ler um trecho dos Profetas e a fazer o respectivo comentário… Leu uma citação de Is 61,1-2 e “atualizou-o”, aplicando o que o profeta dizia, a Si próprio e à sua missão: “cumpriu-se hoje mesmo este trecho da Escritura que acabais de ouvir”.
O Evangelho de hoje apresenta a reação dos habitantes de Nazaré à ação e às palavras de Jesus.

MENSAGEM  ATUALIZAÇÃO

A reflexão sobre este texto pode considerar as seguintes questões:

• “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. Os habitantes de Nazaré julgam conhecer Jesus, viram-n’O crescer, sabem identificar a sua família e os seus amigos mas, na realidade, não perceberam a profundidade do seu mistério. Trata-se de um conhecimento superficial, teórico, que não leva a uma verdadeira adesão à proposta de Jesus. Na realidade, é uma situação que pode não nos ser totalmente estranha: lidamos todos os dias com Jesus, somos capazes de falar algumas horas sobre Ele; mas a sua proposta tem impacto em nós e transforma a nossa existência?

• “Faz também aqui na terra o que ouvimos dizer que fizestes em Cafarnaum” – pedem os habitantes de Nazaré. Esta é a atitude de quem procura Jesus para ver o seu espetáculo ou para resolver os seus problemazinhos pessoais. Supõe a perspectiva de um Deus comerciante, de quem nos aproximamos para fazer negócio. Qual é o nosso Deus? O Deus de quem esperamos espetáculo em nosso favor, ou o Deus que em Jesus nos apresenta uma proposta séria de salvação que é preciso concretizar na vida do dia a dia?

• O Evangelho propõe-nos uma reflexão sobre o “caminho do profeta”: é um caminho onde se lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco… É, no entanto, um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua Palavra. Temos a coragem de seguir este caminho? As “bocas” dos outros, as críticas que magoam, a solidão e o abandono, alguma vez nos impediram de cumprir a missão que o nosso Deus nos confiou?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ESTE É O ANO DOS CORAÇÕES! APROVEITE AS IDEIAS...

Catequistas...

Este é o ano feito para o CORAÇÃO. Ano da Misericórdia, que vem de "cordis" (coração) e de "miserere" (miséria), juntas elas tem o significado de "compaixão", ou seja, levar ao nosso coração a miséria humana para que possamos ajudar a saná-las.

Trabalhe com os corações em sua catequese. Enfeite a sala com corações, fale sobre eles, dê pequenos corações aos seus catequizandos, cante com eles, leve pirulitos, faça doces...

E mais importante: Faça um encontro de acolhida com o tema do Ano da Misericórdia e que ações misericordiosas podemos empreender em nossas vidas. Com os adolescentes, trabalhe as ações de misericórdia corporais e espirituais.

Coração de feltro
Coração de papel
  
Cortina de coração
Varal de coração

Corações dentro de coração
Pirulito de coração


Doce de abóbora de coração (meu preferido!)

GUIRLANDA DE CORAÇÃO

Materiais:

Papel ou cartolina
Régua
Tesoura
Grampeador

Passo a passo:

Você pode escolher o cor do papel ou cartolina que preferir para este artesanato. É claro que o melhor é escolher as cores clássicas para corações, mas você pode escolher qualquer outra que gostar.

Corte várias tiras de papel do comprimento e largo que desejar. Se você usar mais de uma cor, a guirlanda irá ficar muito mias bonita. Por isso, use pelo menos duas cores.
Como dar forma aos corações

Para formar os corações, primeiro dobre o papel pela metade e marque-o bem, pressionando com os dedos. Depois vire o papel e junte as suas pontas. Grampeie as pontas e você terá formado o primeiro coração. Todos os detalhes nas fotos.




Agora, dobre o segundo papel e antes de grampear as pontas, passe uma das pintas por dentro do outro coração. Assim, quando você grampear, eles irão ficar unidos. Continue fazendo o mesmo com todos os papeis.



A ideia é que você use varias cores para dar mais vida à guirlanda. Una tantos corações quanto desejar, e é do numero de corações que irá depender o comprimento da sua guirlanda.


Depois pendurem onde desejarem. Para isso podem usar durex, barbante ou pregos, dependendo do lugar onde forem colocar. 





Ângela RochaCatequista
♫ CANTE...

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS: DEUS RICO EM MISERICÓRDIA


O ROSTO DA MISERICÓRDIA DE DEUS RICO EM MISERICÓRDIA

Introdução

Apresento alguns recortes da bula Misericordiae Vultus (MV) do Papa Francisco e da Encíclica Dives in Misericórdia (DM) do Papa São João Paulo II. O intuito é ajudar a reflexão nesse Ano da Misericórdia e que abramos as nossas portas destravando o coração para acolher, amar, ajudar, ser solidários, pedir perdão, perdoar e agradecer.  Enfim, acolhendo a exortação de Paulo: “Que tenhamos em nós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

1- Deus revelou sua misericórdia:

“Deus que é rico em misericórdia, movido pela imensa caridade com que nos amou, restituiu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos pelos nossos pecados” (Ef. 2,4-5). A Dives in misericórdia (DM) inicia com esse texto de Efésios para reafirmar que “Deus é aquele que Jesus Cristo nos revelou como Pai”. Na experiência da relação de amor Pai e Filho a encíclica faz longa tratação sobre a Parábola do Filho Pródigo na qual se expressa a essência da misericórdia (embora no texto original não se usa a palavra “misericórdia”, mas, “compaixão” (gr. Splanchnizomai) (DM 33ss).

Mediante a revelação de Cristo, conhecemos Deus, antes de mais nada na sua relação de amor com o homem, na sua filantropia (benignidade) ” (DM 6). A própria criação é orientada para Cristo, revela Deus, seu amor, sua perfeição, que se torna visível na sua obra (Cf. Rm 1,19-20). Aqui é bom estarmos antenados com “a nossa casa comum” como diz o Papa Francisco, referindo-se à criação toda, obra do amor de Deus (Laudato Si).

Cristo revela a misericórdia divina, e atribui a tradição do Antigo Testamento sobre a misericórdia, um significado definitivo: “Não somente fala dela e a explica com uso de comparações e parábolas, mas Ele próprio a encarna e personifica. Ele próprio é, em certo sentido a misericórdia” (DM 7). A MV, citando São Tomás diz: “É próprio de Deus usar de misericórdia, e nisso se manifesta de modo especial a sua onipotência. A misericórdia aqui é a qualidade da onipotência de Deus (Suma Teológica, II-II, q.30). É por isso que a liturgia numa de suas coletas antigas diz: “Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis...” (XXVI domingo do tempo comum. Oração remonta ao séc.VII). Portanto Deus rico em misericórdia é uma verdade, um fato, que Cristo tornou presente, o Pai no seu amor e misericórdia. E Deus é amor, quem permanece no amor permanece em Deus (1Jo 4, 8-16), (DM 17).

Devemos observar, no entanto, lembra João Paulo II, “que Cristo ao revelar o amor-misericórdia de Deus, exigia ao mesmo tempo dos homens que se deixassem guiar na própria vida pelo amor e pela misericórdia. A amor é a medula do ethos evangélico. Jesus exprime isso por meio do mandamento do amor definido por ele como “o maior” (Mt 22,38 Mc 12). Esse mandamento foi definido também em forma de bênção “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). Desta forma a revelação da misericórdia revela uma dimensão divino-humana. Cristo enquanto é o cumprimento das profecias messiânicas, ao tornar-se encarnação o amor que se manifesta com particular intensidade em relação aos que sofrem, doentes, excluídos, e aos pecadores, torna presente o Pai “rico em misericórdia” (cf.DM 19-20). Nas relações sociais as pessoas beneficiadas pela gratuidade, vêm a misericórdia divina. Quando com frequência agradecem e alguns acrescentam “você foi a mão de Deus que me socorreu nesse momento”; “Graças a Deus que você apareceu”!

2 - Fatos da história da salvação que revelam a misericórdia:

Tanto o mal físico como o mal moral, ou pecado fazem com que os filhos e filhas de Israel voltem para o Senhor apelando para a sua misericórdia:  Em Jz 3,7-11, quando o povo fazia o mal aos olhos do Senhor e caía na idolatria, vinha o castigo, o povo clamava e Deus imediatamente enviava um salvador e tudo voltava a paz. (2Sm 11; 12; 24,10) Davi consciente da gravidade da culpa apela para a misericórdia. O povo clamando em meio aos sofrimentos, foi ouvido pelo Senhor. Deus ouviu o clamor, viu o sofrimento e descer para libertar (Ex 3,7-9). Quando o povo rompeu a Aliança com o bezerro de ouro, Deus se revela como compassivo, lento para a cólera e cheio de bondade (Ex 34,6).  No Novo Testamento a redenção é a revelação da santidade de Deus, que é a plenitude da justiça e do amor pois a justiça divina funda-se no amor do Pai e do Filho (cf. DM n.47)

3 - Termos para definir a misericórdia no AT:

Os termos principais para definir a misericórdia no AT é hesed (graça, bondade, fidelidade, amor). Esta bondade e misericórdia da parte de Deus é acompanhada de fidelidade.  A fidelidade para com a “filha do meu povo “ infiel (cf. Lm 4, 3-6) é da parte de Deus fidelidade a si mesmo. Isso explica porque graça e fidelidade são termos que andam juntos (Ex 34,6; 2Sm 2,6; 15,20; Sl 85,11). Outro termo que define misericórdia é rahamim, que é amor de entranhas, denota o amor de mãe. Da unidade que liga a mãe e o filho brota uma particular relação com ele, um amor totalmente gratuito (Os 2; Os 11). O amor de Deus é como amor de mãe, amor de ternura. Por isso se traduz rahamim geralmente como compaixão. O profeta Isaías (Is 40-55) apresenta esta característica do amor de Deus e sua misericórdia.   

4 - Os Salmos celebram a misericórdia de Deus:

Paciente e misericordioso é o binômio que aparece com frequência no AT. A misericórdia aparece em muitas ações da história da Salvação, onde a bondade prevalece sobre o castigo e destruição. Especialmente nos Salmos: “É ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É ele quem resgata tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura” (Sl 103,3-4); “O Senhor liberta os prisioneiros. Dá vista aos cegos, levanta os abatidos, ama os justos ... (Sl 146,7-9). O Salmo 136 celebra “Eterna é sua misericórdia” ao mesmo tempo que narra a história da revelação e salvação de Deus, começando pela criação e especialmente o êxodo, como libertação gratuita. Antes da Paixão, Jesus rezou ao Pai com este salmo da misericórdia assim como atesta Mt 26,30: “depois de cantarem os salmos” Jesus então saiu para o monte das Oliveiras. Enquanto instituía a eucaristia como memorial de sua páscoa, Jesus colocava este ato supremo da Revelação sob a luz da misericórdia. Ele viveu a sua paixão e morte, ciente do grande mistério de amor que se realizaria na cruz (Cf.MV 7)

5 - Misericórdia e Perdão:

O Papa Francisco fala da misericórdia no ato de perdoar e pedir perdão.  Lembra as três parábolas de Lc 15 (ovelha perdida, moeda perdida, do Pai com seus dois filhos) em que Deus é apresentado cheio de alegria sobretudo quando perdoa. Jesus interpelado pela pergunta de Pedro sobre quantas vezes fosse necessário perdoar: Jesus responde “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,22). Então Jesus contou a parábola do servo sem compaixão. O homem endividado suplica de joelhos e o senhor perdoa-lhes a dívida. Mas, ele saindo encontra outro que lhe devia pequena quantia, que suplica perdão, mas aquele recusa perdoar e coloca-o na prisão. Então o Senhor tendo sabido do fato zanga-se e lhe diz: “Não devias também ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti? ” (Mt 18,33). E Jesus conclui “Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração” (Mt 18,35). Jesus nessa parábola declara que a misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas torna-se critério para perdoar quem são os seus verdadeiros filhos (cf. MV 9). O perdão é um imperativo para nós cristãos. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz. Acolhamos a exortação do Apóstolo “Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4,26). “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). O Papa exorta: “Tal como o Pai é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser misericordiosos uns para com os outros”.


6 - A misericórdia na ação pastoral da Igreja:

Destacamos alguns aspectos essenciais do ensinamento do Papa para iluminar a ação pastoral, para que a porta da misericórdia esteja aberta, façamos desta prática, uma peregrinação. São oito tópicos, ou dicas condensadas extraídas do ensinamento do Papa e adaptados:

1 - A ação pastoral deve estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes e nada pode estar desprovido de misericórdia

2 - Não pretender somente a justiça. Ela é algo necessário, porém é o primeiro passo. É necessário oferecer a misericórdia “A Igreja vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia” (Evangelii Gaudium, n. 24). Justiça e misericórdia são duas dimensões de uma única realidade que se desenvolve até atingir o clímax na plenitude do amor (MV 20). Deus mediante a misericórdia e o perdão passa além da justiça.

3 - Dar testemunho do perdão. Sem o testemunho do perdão, resta uma vida infecunda e estéril. Chegou novamente o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão, de cuidar das fraquezas e dificuldades dos nossos irmãos.

4 - Uma ação pastoral com mais misericórdia. Na nova evangelização o tema da misericórdia precisa ser reproposto com novo entusiasmo e uma ação pastoral renovada.  Portanto, é determinante para a credibilidade do anúncio do evangelho que a Igreja viva e testemunhe ela mesma a misericórdia (MV 12). A Igreja deve professar e proclamar a misericórdia divina em toda a verdade, tal como nos é transmitido pela revelação (DM 79)

5 - Ser misericordiosos como o Pai é, pois é o lema do Ano Santo. Na misericórdia temos a prova de como Deus ama, basta ver as obras na história da salvação. Tocados pela compaixão podemos nos tornar compassivos para com todos.

6 - Fazer uma peregrinação. A peregrinação é sinal no Ano Santo, sinal de que a misericórdia é uma meta a alcançar que exige sacrifícios. Eis as etapas da peregrinação para chegar à meta: “não julgueis e não sereis julgados, não condeneis e não sereis condenados, perdoai e sereis perdoados, dai e vos será dado: uma boa medida, cheia recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço” (Lc 6,37-38).

7 - Fazer obras de misericórdia corporais: dar de comer aos famintos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. Fazer também as obras de misericórdia espirituais: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar pelos inimigos e que nos perseguem, enfim pelos vivos e defuntos.

8- Assumir a missão em Is 61,1-2 que é um programa do ano da misericórdia também assumido e atualizado na prática de Jesus: “O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para levar a boa nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros, para proclamar o ano da misericórdia do Senhor” (Is 61,1-2; cf. Lc 4,14-18).

9 - Para os sacerdotes: Ser missionários da misericórdia, isto é ser sinais vivos de como o Pai acolhe a todos os que andam a procura de perdão.  Portanto cada confessor é servo fiel do perdão e deverá acolher os fiéis como o Pai na parábola do filho pródigo (MV 17-18).

10 - Fazer chegar o convite à conversão também as pessoas fautoras ou cúmplices da corrupção. Este é um pecado grave que brada aos céus, pois a prepotência e avidez, destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres. Para ajudar a erradicar esse mal (Gregório Magno dizia: “Corruptio optimi péssima”), são necessárias prudência, vigilância e coragem de denunciar.


PARA REFLETIR:

a) Fazer memória da história pessoal e dos sinais da misericórdia e fidelidade de Deus na vida.
b) Agradecer com o Salmo 136, porque eterna é sua misericórdia.
c) Refletir: Tenho sido capaz e perdoar, pedir perdão? É perdoando que se é perdoado!
d) Quais obras de misericórdia realizo? Tanto obras corporais como espirituais?
e) Ser grato e reconhecer o bem que os outros realizam, alegrar-se com a alegria e realização do próximo. São atitudes profundamente humanas e ao mesmo tempo divina no desapego de si e doação ao próximo. Eterna é sua misericórdia.



ORAÇÃO:

Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio que eu levo o amor.
Onde houver ofensa que eu leve o perdão...


Senhor Jesus manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso!

        Frei Vicente Artuso - Capuchinho.  
Fraternidade Santa Clara, Londrina – PR.
     Janeiro de 2016.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Enterro do "Não Consigo"


Este texto é utilizado para treinamento de lideranças. Fala sobre uma experiência em sala de aula, mas, podemos também transportá-lo para nossas vivências com o grupo de catequistas e com os catequizandos.

Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com ideias e pensamentos. Uma aluna de dez anos, mais próxima de mim, estava enchendo a folha de "não consigos".

"Não consigo chutar a bola de futebol além do meio do campo." 
"Não consigo fazer divisões com mais de três números."
"Não consigo fazer com que a Maria goste de mim."

Caminhei pela sala e notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer.

"Não consigo fazer dez flexões."
"Não consigo comer um biscoito só."

A esta altura, a atividade despertara minha curiosidade, e decidi verificar o que estava acontecendo. Fui até a professora e percebi que ela também estava ocupada escrevendo uma lista de "não consigos".

Frustrada em meus esforços em determinar porque os alunos estavam trabalhando com negativas, em vez de escrever frases positivas, voltei para o meu lugar e continuei minhas observações. Os estudantes escreveram por mais dez minutos. A maioria encheu sua página. Alguns começaram outra.

Depois de algum tempo os alunos foram instruídos a dobrar as folhas ao meio e colocá-las numa caixa de sapatos, vazia, que estava sobre a mesa da professora. Quando todos os alunos haviam colocado as folhas na caixa, a professora, acrescentou as suas, tampou a caixa, colocou-a embaixo do braço e saiu pela porta do corredor. Os alunos a seguiram. E eu segui os alunos. Logo à frente a professora entrou na sala do zelador e saiu com uma pá. Depois seguiu para o pátio da escola, conduzindo os alunos até o canto mais. Ali começaram a cavar. Iam enterrar seus "não consigo"!

Quando a escavação terminou, a caixa de "não consigos" foi depositada no fundo e rapidamente coberta com terra. Trinta e uma crianças de dez e onze anos permaneceram de pé, em torno da sepultura recém-cavada.

A professora então proferiu louvores:

"Amigos, estamos hoje aqui reunidos para honrar a memória do ´não consigo´. Enquanto esteve conosco aqui na Terra, ele tocou as vidas de todos nós, de alguns mais do que de outros. Seu nome, infelizmente, foi mencionado em cada instituição pública - escolas, prefeituras, assembleias legislativas e até mesmo na Casa Branca. Providenciamos um local para o seu descanso final e uma lápide que contém seu epitáfio. Ele vive na memória de seus irmãos e irmãs ´eu consigo´, ´eu vou´ e ´eu vou imediatamente´. Que ´não consigo´ possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência. Amém."

Ao escutar as orações entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição. A atividade era simbólica: uma metáfora da vida. O "não consigo" estava enterrado para sempre. Logo após, a sábia professora encaminhou os alunos de volta à classe e promoveu uma festa. 

Como parte da celebração, a professora recortou uma grande lápide de papelão e escreveu as palavras "não consigo" no topo, "descanse em paz" no centro, e a data embaixo. A lápide de papel ficou pendurada na sala de aula de Donna durante o resto do ano. Nas raras ocasiões em que um aluno se esquecia e dizia "não consigo", a professora simplesmente apontava o cartaz “descanse em paz”. O aluno então se lembrava que "não consigo" estava morto e reformulava a frase. 

Eu não era aluna daquela professora. Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia aprendi uma lição duradoura com ela. Agora, anos depois, sempre que ouço a frase "não consigo", vejo imagens daquele funeral da quarta série. Como os alunos, eu também me lembro de que "não consigo" está morto.


Fonte: Texto utilizado para treinamento de liderança, colhido na internet e adaptado.

Ângela Rocha

CONVERSÃO DE SÃO PAULO: TESTEMUNHO DE MISERICÓRDIA

Dia 25 de janeiro de 2016 – Conversão de São Paulo, apóstolo, festa


Abertura da Porta Santa da Basílica de São Paulo extra-muros.
Sinal “Jubilar” do Santo Padre: testemunho das obras de misericórdia.

Ano Santo Extraordinário da Misericórdia – “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36)!

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, escreve em sua 7ª Homilia sobre a conversão:

“A mim, que fui blasfemador e perseguidor […], foi-me dada misericórdia”.
(1Tm 1,13)

É preciso que tenhamos sempre presente no nosso espírito que todos os homens são rodeados por imensas manifestações do amor de Deus. Se a justiça tivesse precedido a penitência, o universo teria sido aniquilado. Se Deus estivesse pronto para o castigo, a Igreja não teria conhecido o apóstolo Paulo, não teria recebido um homem assim no seu seio. É a misericórdia de Deus que transforma o perseguidor em apóstolo; é ela que muda o lobo em cordeiro; foi ela que fez de um publicano um evangelista (Mt 9,9). É a misericórdia de Deus que, comovida com o nosso destino, nos transforma a todos; é ela que nos converte.

Ao ver o glutão de ontem pôr-se hoje a jejuar, o blasfemador de outrora falar de Deus com respeito, o infame de antigamente não abrir a boca a não ser para louvar a Deus, podemos admirar esta misericórdia do Senhor. Sim, irmãos, se Deus é bom para com todos os homens, é-o particularmente para com os pecadores.

Quereis mesmo ouvir uma coisa estranha do ponto de vista dos nossos hábitos, mas verdadeira do ponto de vista da piedade? Escutai: ao passo que Deus Se mostra exigente para com os justos, para com os pecadores não tem senão clemência e doçura. Que rigor para com os justos! Que indulgência para com o pecador! É esta a novidade, a inversão, que nos oferece a conduta de Deus. […] É que assustar o pecador, sobretudo o pecador inveterado, seria privá-lo de confiança, mergulhá-lo no desespero; e lisonjear o justo seria embotar o vigor da sua virtude, levando-o a afrouxar no seu zelo. Deus é infinitamente bom! O seu temor é a salvaguarda do justo, e a sua clemência faz  mudar o pecador.

São João Crisóstomo – Doutor da Igreja.


Conheça um pouco mais de Paulo de Tarso:

O apóstolo dos gentios e das nações nasceu em Tarso. Da tribo de Benjamim, era judeu de nação. Tarso era mais do que uma colônia de Roma, era um município. Logo, ele recebeu também o título de cidadão romano. O seu pai pertencia à seita dos fariseus. Foi neste ambiente, em meio a tantos títulos e adversidades, que ele foi crescendo e buscando a Palavra de Deus.
Combatente dos vícios, foi um homem fiel a Deus. Paulo de Tarso foi estudar na escola de Gamaliel, em Jerusalém, para aprofundar-se no conhecimento da lei, buscando colocá-la em prática. Nessa época, conheceu o Cristianismo, que era tido como um seita na época. Tornou-se, então, um grande inimigo dessa religião e dos seguidores desta. Tanto que a Palavra de Deus testemunha que, na morte de Santo Estevão, primeiro mártir da Igreja, ele fez questão de segurar as capas daqueles que o apedrejam, como uma atitude de aprovação.

Autorizado, buscava identificar cristãos, prendê-los, enfim, acabar com o Cristianismo. O intrigante é que ele pensava estar agradando a Deus. Ele fazia seu trabalho por zelo, mas de maneira violenta, sem discernimento. Era um fariseu que buscava a verdade, mas fechado à Verdade Encarnada. Mas Nosso Senhor veio para salvar todos.

Encontramos, no capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos, o testemunho: “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos, a Jerusalém, todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina. Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade, aí te será dito o que deves fazer’”.

O interessante é que o batismo de Saulo é apresentado por Ananias, um cristão comum, mas dócil ao Espírito Santo.

Hoje estamos comemorando o testemunho de conversão de São Paulo. Sua primeira pregação foi feita em Damasco. Muitos não acreditaram em sua mudança, mas ele perseverou e se abriu à vontade de Deus, por isso se tornou um grande apóstolo da Igreja, modelo de todos os cristãos.

São Paulo de Tarso, rogai por nós!




domingo, 24 de janeiro de 2016

ENCONTRO: VOCAÇÃO E MISSÃO DO CATEQUISTA

 

Um tema muito forte na Bíblia é o chamado de Deus e sua relação com a própria Palavra. Palavra de Deus e vocação são duas realidades profundamente ligadas. Toda a Escritura manifesta um chamado radical que Deus dirige ao homem para que ele seja, na sua vida, aquilo que já é na sua essência: imagem de Deus e filho de Deus!

A Escritura é o lugar em que se gera uma relação com Deus e se aprofunda a relação gerada. É por isso que chamamos a Bíblia de “Palavra de Deus”. Seguindo essa linha de pensamento, fica bem mais fácil entender o que significa “ser chamado”. O profeta Isaías descreve com estas palavras todo o mistério do “chamado”, da “relação nova” que Deus deseja estabelecer com alguém sobre o qual pousa o seu olhar:

“Eu te escolhi, te chamei pelo teu nome e te pus um nome novo, ainda que não me conheças” (Isaías 45,4).

Apenas com um versículo, o Profeta nos indica tudo o que acontece quando nos sentimos envolvidos por um mistério profundo que chamamos “vocação”. A primeira coisa que percebemos nesse mistério é que Deus dá início a um novo relacionamento: “EU te escolhi...”. Quem é chamado precisa sempre reconhecer o privilégio de ter sido envolvido num relacionamento com Deus de modo diferente.

O segundo elemento que deve sempre ficar claro a quem se percebe escolhido está contido nesta outra expressão: “chamei pelo nome”. Não se trata apenas de um “convite”. Nunca na Escritura o verbo usado tem essa característica, pois o Senhor não “convida alguém”, mas sim o “convoca”.

O que isso significa? Significa que não é apenas uma solicitação, mas um apelo que Deus faz a quem “Ele considera capaz para a missão que Ele conhece”. É o maravilhoso e encantador agir de Deus que deseja “precisar do homem” para salvar o homem. “Eu preciso de você; não de outro! Apenas você pode ser para os outros aquilo que Eu desejo dar-lhes! ”.

O terceiro elemento que fica claro em toda vocação autêntica é que Deus não nos pede para sermos algo diferente daquilo que já somos. “Eu te chamei pelo nome” indica o respeito profundo que Deus tem para com aquilo que nós somos; Ele respeita o nosso “nome”, a nossa personalidade, a nossa cultura, história, dramas, expectativas etc. Ele não pediu a Pedro para ser “marceneiro”, mas sim para continuar sendo “pescador”. Apenas o objetivo da vida mudaria. Isso é o sinal de que um chamado é autêntico. Todos os apelos da Escritura refletem esse respeito profundo de Deus por aquilo que somos. Ele não pede para “substituir” a nossa vida por outra coisa que, às vezes, existe apenas na nossa imaginação. Deus respeita tudo aquilo que somos, mas pede que usemos tudo o que somos para unir nossa vida à beleza do projeto de Deus.

Por último, para poder apreciar e acolher a maravilhosa escolha que Deus faz e que chamamos “vocação”, consideremos a última parte do mesmo versículo: “...um nome novo, ainda que não me conheças”. É o encantador e aventuroso caminho da vocação que não esgota o seu potencial, apenas no momento de responder “sim”; é um longo processo de assimilação entre a vontade de Quem convoca e de quem é convocado; Paulo dirá: “Não sou mais eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20). Não se trata de substituição de personalidade, trata-se apenas de “sintonia de corações”, “com participação”, “fusão de sentimentos”, do mesmo modo que Jesus dirá sobre o Pai: “Eu e o Pai somos um”. É sentir o que o outro sente, é viver o que o outro vive. Enfim, é permitir que Deus aja livremente em nossa vida “para que o mundo creia” no amor e na bondade de Deus.

A vocação implica sempre numa escolha específica que apenas Deus faz! Ser chamado por Jesus implica uma escolha que Ele faz de alguém, por mistérios da sua vontade. É um privilégio do qual não podemos nos envergonhar, como dizia João Paulo II:

Quão grande privilégio é conferido àqueles que são chamados a serem consagrados a Deus, a serem anunciadores do Evangelho! Quão extraordinária satisfação se descobre quando respondemos ao apelo de comunicar Cristo ao outro! ” (23/02/1981).

Toda vocação é relacionada a uma missão: o catequista é chamado a educar e conduzir o discípulo para a experiência profunda de encontro com o Senhor, escutando e refletindo em si a pessoa de Jesus vivo.

Partilhando com o grupo:
• O que mais lhe chamou atenção na reflexão sobre vocação?
• Como essa realidade está presente em sua vida?



FONTE: Apostila Catequese Diocese de Ponta Grossa – PR.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

NÓS SOMOS O BOM PERFUME - CELEBRAÇÃO PARA ACOLHIDA DE CATEQUISTAS

ESTA CELEBRAÇÃO É IDEAL PARA O GRUPO DE CATEQUISTAS INICIAR O ANO CATEQUÉTICO.

AMBIENTE: Sala com cadeiras em círculo,com uma mesa ao centro, uma bacia de água benta e meia dúzia de rosas (+ ou-), para serem despetaladas e uma toalha.

SímbolosVela, Bíblia, Crucifixo, imagem de Nossa Senhora, vaso com flores, a jarra com água (deixar fora da sala).

01 - ACOLHIDA: O animador começa o encontro dando as boas-vindas a todos e convida-os para irem se sentando no círculo de cadeiras. Despretensiosamente deve ir até o centro da sala e iniciar a dinâmica abaixo, falando bem devagar como se estivesse contando um fato da vida.
  
02 - DINÂMICA DA ÁGUA PERFUMADA (PÉTALAS DE ROSAS)

O animador deverá motivar o grupo a perceber que Deus nos acolhe com amor. 
Enquanto diz palavras semelhantes ao texto abaixo, deve-se ir despetalando as rosas conforme o tamanho do grupo, depositando as mesmas numa bacia cheia de água benta que deverá ficar no centro da roda em que os participantes se encontram reunidos. O animador continua a motivação e vai amassando as pétalas dentro da água para que o perfume a impregne. 
Em seguida, orienta os demais a fazer o seguinte:
- Cada um deverá abençoar o irmão com o perfume que Deus colocou em sua vida. 
- O primeiro abençoa seu vizinho da direita, este abençoa o seguinte da direita e assim por diante,até que termina quando o primeiro recebe a benção do último. 

É adequado que enquanto se processa tal dinâmica, se cante uma canção que reflitam a temática do amor de Deus por nós. 
Ainda pode-se processar da seguinte maneira: O primeiro escolhe alguém, o abençoa e é abençoado em seguida pela mesma pessoa.

Para a bênção, a pessoa deve ser orientada a molhar sua mão na água perfumada pelas pétalas, e fazer o sinal da cruz na fronte de quem está ao seu lado dizendo: “Recebe a benção do Deus Pai, Filho e Espírito Santo, que te ama com amor infinito!”.

* Retirada do livro “Dinâmicas para Celebrações” de autoria de Arnaldo de Oliveira Alves e Volney J. Berkenbrock,publicado pela Editora Vozes, 2006.
  
TEXTO DE APOIO: Somos o "Bom Perfume"

"E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo." (2Cor ,14-15a).

Todas as pessoas apreciam uma boa fragrância. Umas preferem as mais adocicadas, outras as mais cítricas,ou as florais... Mas sempre procuramos aquele aroma agradável que sempre nos faz bem. 

Alguns perfumes também nos trazem lembranças de pessoas que amamos. E um dos símbolos do amor é a Rosa. Ela contém beleza e perfume. Deus, no seu encanto e formosura, é capaz de desfazer-se para deixar em nós um pouco de seu perfume, de sua beleza. Jesus ao se sacrificar, desfez-se da própria vida paranos salvar. E com sua ressurreição fez tudo novo. 

Encontramos na segunda carta aos Corintios a seguinte afirmação: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2Cor 5, 17). Pelo sacrifício de Cristo, no qual fomos inclusos, o Pai nos recebe como filhos e lhe somos agradáveis. 

Jesus se doa para nos dar a vida, assim como estas rosas, deixando em nós sua marca e seu perfume. Hoje, não necessitamos de perfume exterior para sermos agradáveis a Deus, nós somos o "Bom Perfume de Cristo". E assim podemos refletir: Qual perfume minha vida tem exalado? Aquele que é bom e agradável ao meu irmão?

João em sua primeira carta diz: "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (IJo 2, 6).

Deixe então agora, que sua vida transmita o bom perfume de Cristo, que emana da sua presença para o seu ser, através da vida nova de comunhão com Jesus... E assim, você abençoará a muitos, sendo "Bom Perfume" de Cristo, e exalando as qualidades do seu Senhor, por onde passar.  Abençoe agora o seu irmão ou irmã que está ao lado usando a água perfumada com o amor que Cristo transmite a você para que você transmita ao seu irmão. Molhando suas mãos na água perfumada pelas pétalas, molhe a fronte de quem está ao seu lado dizendo: “Recebe a benção do Deus Pai, Filho e Espírito Santo, que te ama com amor infinito!”.

03 – CELEBRAÇÃO

Animador: Hoje nos encontramos como irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai, rico em misericórdia, e que continuamente nos cumula de bênçãos. Queremos, uma vez mais, acolher com muito carinho, todos vocês – que assumiram a missão de catequista em nossa comunidade. Nosso grupo quer assumir a Catequese e anunciar Jesus Cristo com alegria e entusiasmo. Vamos saudar cantando, essa necessidade de tornar Jesus Cristo e sua Igreja conhecidos e amados por mais e mais pessoas.

Canto: ♫  Eis-me aqui Senhor...

Animador: Queridos catequistas, queremos lembrar que ser catequista é apagar-separa fazer brilhar Jesus Cristo. É testemunhar Jesus Cristo com a própria vida,alimentando o espírito na alegria da partilha, entregando-se com ardor na missão de anunciar o Evangelho. É espalhar por aí, o bom perfume de Cristo. É isto que vocês querem?

Catequistas: Sim com a ajuda de Deus, quero continuar a ser catequista.

Animador: Vocês enriquecem a catequese da nossa comunidade. Que a sua participação neste grupo continue a ser para vocês motivo de alegria e de entusiasmo e que encontre entre nós a força e o ânimo para a missão que assumiram.

Animador: Alguns símbolos nos falam sobre a experiência de ser catequista.Enquanto estes símbolos são trazidos, vamos cantar: (entram: a Vela, a Bíblia, o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, o vaso com flores, a jarra com água trazidos por alguns catequistas que devem ser escolhidos e orientados previamente).

Canto: ♫ Me chamaste... ou outro à escolha do grupo.

Animador: Pensando em todos estes símbolos e o que eles representam para a nossa caminhada, como eles nos guiam e levam pelo caminho fiquemos um pouco em silêncio.(Depois de algum tempo)
O Cristo vivo e Ressuscitado que anunciamos; a Palavra de Deus, alimento e sustento para nós; a alegria de ser catequista expressa nessas flores, a água, símbolo do nosso batismo, fonte de renovação e saciedade, Maria, mãe protetora e guia para os catequistas... Tantos sentimentos evocam em nosso coração... Podemos partilhar os sentimentos que temos diante destes símbolos, tão vivamente presentes em nossa vivência de catequistas. Quem quiser pode expressar estes sentimentos, contando-nos o que sente, o que vai em seu coração... (deixar que os catequistas falem espontaneamente).

(Depois da partilha):
Animador: Catequese é questão de amor: olhamos as pessoas e vamos além de nós mesmos, como Jesus. É necessário sentir as necessidades, as dores, os sofrimentos e as esperanças daqueles que buscam fazer o caminho da catequese.Assim se realiza hoje o plano de Deus! Catequese é fazer como Jesus fez,mostrando com nossas vidas que amamos a Deus a aos nossos irmãos. Vamos cantar essa alegria...

Canto: ♫ Quando chamaste os doze primeiros (só o refrão, bem suave e calmo). Ou outro canto a escolha do grupo.

Animador: Fechando nossa celebração, vamos, de mãos dadas, rezar a oração que Jesus nos ensinou, pedindo ao Pai luz e alegria na caminhada, iluminação em nossa missão ...

Pai-Nosso, que estais no céu....