Para fazer um contraste com a imagem, quero contar umas histórias.
Outro dia discutíamos, aqui
entre amigos, se o “mundo de hoje tem jeito”. E hoje de manhã testemunhei
alguns acontecimentos que me mostraram que tem sim! De manhã ao voltar para
casa depois de cumprir meus afazeres, observei no ônibus uma coisa inusitada.
Primeiro que, num dos pontos
de parada havia um cadeirante esperando. O motorista esperou que os demais
entrassem e saíssem, e pediu que ele aguardasse um pouco porque ia estacionar
mais rente à calçada. E lá foi ele manobrar entre os carros que sempre invadem
a faixa de estacionamento do ônibus em busca de vagas, para deixar o ônibus
mais perto. Feito isso, desceu como é de praxe, ajustou o elevador da porta e
ajudou o cadeirante e a senhora que estava junto a subir. Mas, dentro do
ônibus, a acompanhante simplesmente não conseguia ajustar a cadeira de rodas no
lugar. Enroscou-se toda e entalou no meio do corredor. E estava impaciente, já,
colocando a culpa no lugar que era pequeno, etc. e tal...
Pois o motorista subiu,
pediu licença à senhora, ajudou a arrumar a cadeira no lugar, ajustou o cinto e
ainda perguntou ao senhor na cadeira de rodas se ele estava confortável. Isso
durou mais ou menos uns 10 minutos. Mas o que me espantou de fato foi que o
motorista do ônibus, além de cumprir bem mais que o seu dever, fez tudo isso
com a maior paciência e com um sorriso no rosto. Até a mal-humorada
acompanhante teve que se render às atitudes do motorista e agradecer. E juro,
quase bati palmas pra ele ali!
Ah, mas não foi só isso
não... Dali a pouco, num ponto mais a frente, entra um senhor já de idade. E
uma moça se levanta para dar lugar a ele. Este senhor, todo sorridente, recusou
a oferta e disse:
“Olha eu não vivi oitenta
anos e passei por tanta coisa, para fazer uma mulher se levantar para dar lugar para mim. Obrigada moça, mas pode ficar sentada".
E disse isso
sorrindo! Achei essa atitude simplesmente de uma cortesia e um cavalheirismo
extremo. E ele se pôs a contar que no domingo fará uma festa com toda a família
pelo seu aniversário.
E eu fiquei ali pensando com
meus botões como ainda existem pessoas maravilhosas neste mundo! Que nos
conquistam e nos mostram que o mundo tem jeito sim! Mesmo com tantas atitudes
egoístas e violentas, a gente ainda vê muita bondade no coração das pessoas.
E como se não bastasse, mais tarde, no
caixa do supermercado, havia um senhor idoso também, antes de mim. Que se
atrapalhou um bocado com a senha de seus cartões. Pois a moça do caixa o
atendeu com a maior paciência, refez as operações várias vezes, ajudou-o a
fazer as contas e ainda lhe desejou um “Bom dia e Deus o abençoe!” no final.
Eu, por curiosidade, perguntei a ela se o conhecia. E ela me disse que não.
Pois é. Não percamos nunca a
fé na humanidade! “Humanidade” ainda existe, basta que a gente olhe um pouco
mais adiante, além de nossas preocupações e afazeres diários. E volto a dizer:
“O mundo tem jeito, sim!”.
Ângela Rocha
Catequista