CONHEÇA!

sábado, 29 de outubro de 2016

HOMILIA DO DOMINGO: O PRIMEIRO PASSO

HOMILIA DO 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Neste domingo, o Evangelho nos apresenta a perícope do encontro de Jesus com Zaqueu. Trata-se de um cobrador de impostos, considerado impuro pelos judeus. Zaqueu era um ladrão, desonesto em suas cobranças, além de ser um homem de muitas posses.

Para este homem é destinada a misericórdia de Deus, pois o Senhor não despreza nenhuma de suas criaturas, como nos diz o livro da Sabedoria: “Sim, ama tudo o que existe e não desprezas nada do que fizeste, porque, se odiasse alguma coisa, não a teria criado” (Sb 11, 24). Deus não deseja a condenação de ninguém, mas, a felicidade de seus filhos: “Acaso eu quero a morte do pecador – oráculo do Senhor – e não que se converta e tenha vida?” (Ez 18, 23). A misericórdia manifestada em Jesus nos revela a gratuidade divina, fundamentada no amor que ama acima de qualquer pecado. Esta gratuidade ainda é mal compreendida por muitos em nossos dias.

Zaqueu fez o caminho da conversão. Queria ver Jesus, havia um desejo intenso de ver o Salvador, e de vê-lo de longe. Não queria ser descoberto, identificado. Por isso, estava escondido na árvore. Não é incomum a atitude de Zaqueu: aqueles que se escondem porque têm baixa autoestima, acham-se incompetentes, insignificantes; há aqueles que se escondem porque não querem compromisso (na comunidade); há aqueles que têm medo de encontrar a salvação e preferem se esconder, não dão o passo; há aqueles como Zaqueu que se envergonham do próprio pecado.

Subir na árvore revela também uma atitude empenhativa. O que faria um homem rico, reconhecido, subir numa árvore para ver o Mestre Jesus? Não pode ser apenas a sua baixa estatura, mas o desejo real de encontrar salvação. Ou seja, Zaqueu dá o passo, tem uma atitude real em prol da reconstrução de sua identidade e de sua vida. Sem esta atitude proativa, não há salvação, pois a graça de Deus é um convite para que demos o nosso passo.

A atitude de Jesus é de acolhimento: “Hoje quero estar em sua casa!” (Lc 19,5). Seu primeiro passo não é condená-lo, dar lições de moral, falar da sua vida de cobrador de imposto. Nem mesmo relutou por ele ser um homem de “má índole”. Jesus vai a sua casa, de um modo despojado, sem preconceitos. Esta deve ser a nossa atitude hoje: uma Igreja que não tenha medo de ir ao encontro, que não se deixa conduzir por rótulos e preconceitos. Precisamos proporcionar a experiência do Senhor que começa pela acolhida, atitude de verdadeiro amor. Há muitos Zaqueus escondidos, olhando o Senhor de longe. Eles esperam só um convite, uma oportunidade, uma atitude de acolhida. Quem irá chamá-los?

Zaqueu experimentou uma atitude de amor gratuito. A consequência foi a sua mudança de vida: “Senhor, vou dar aos pobres a metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais” (Lc 19,8). O que comoveu o coração de Zaqueu foi a misericórdia, a grandeza de Jesus, não os moralismos falsos. Este amor provocou mais do que um sentimento, causou, sim, uma nova atitude.

Hoje a salvação entrou em sua casa” (Lc 19,9). Lucas gosta desta expressão “hoje”. A salvação não é só um lugarzinho no céu, como esperavam os tessalonicenses preguiçosos com a comunidade. A salvação é uma nova atitude diante da vida, arraigada na experiência do amor. Hoje a salvação pode entrar na tua casa e na minha. Basta que mais uma vez deixemo-nos amar pelo Senhor. Ele bate a porta; se permitirmos sua entrada, Ele entrará e fará conosco a refeição!

Pe. Roberto Nentwig

Arquidiocese de Curitiba – PR.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ENCONTROS DE FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS: COMO FAZER?


Um dos principais objetivos do nosso grupo é proporcionar "formação" aos catequistas, complementando aquelas que já temos em nossas paróquias. Mas, surgiu no grupo uma constatação: "E quando as formações não tem sentido nenhum e servem apenas para “encher linguiça”?

E por que isso acontece afinal de contas? Já é tão difícil achar espaço na lotada agenda dos catequistas para formação e, quando conseguimos a presença deles... acabamos estragando a coisa? É, mas acontece!

Quero deixar claro aqui que o que estamos tratando é da “Formação Continuada” de catequistas, ou seja, das formações que devem constar do planejamento anual da equipe. Não confundir com a formação “Básica” ou a formação das Escolas Catequéticas, constituídas em muitas dioceses. Estas, evidentemente, têm um conteúdo programático e uma estrutura “escolar” de ensino-aprendizado, voltadas mais ao catequista iniciante.

Voltemos às nossas “formações para encher linguiça”. Penso que várias são as causas disso. Primeiro é o...

1) PLANEJAMENTO

E aqui temos a "falta" dele e ele próprio como causa!
Explicando: Muitas e muitas equipes não fazem planejamento formativo para os catequistas. Elas acontecem a esmo ou são direcionadas somente pelas equipes setoriais ou diocesanas. Esse é um problema. Outro é que, preocupados em fazer o tal “planejamento” do ano, muitas equipes se preocupam em estabelecer no calendário formações para catequistas, agendando várias datas e escolhendo vários temas ou deixando para ver o tema um dia antes...
No primeiro caso, está certo, desde que haja uma preocupação verdadeira com os tais TEMAS. No segundo, a coisa está fadada a ser uma sessão típica de "encher a linguiça" sem nem ter matado o porco.

Ideal é que se faça uma análise da real necessidade de formação e conhecimento da equipe. Vejam só: nós fazemos isso aqui no grupo perguntando o que os catequistas gostariam de ver discutido. Obviamente temos poucas manifestações, se contarmos o montante de pessoas que está no grupo. Mas, quem responde, imagino que acompanhe os assuntos (Será? assim espero).

Feito este levantamento é necessário pensar se há “espaço” para acontecer os encontros ou reuniões. E não estou falando de espaço físico não. Estou falando de “espaço tempo” na agenda e na vida conturbada da maioria dos nossos catequistas. Sem contar a falta de disposição mesmo, já que muitos se acreditam "formados" e muito bem formados pelo "tempo" e não precisam saber mais nada... Imagine então se uma pessoa assim vai numa formação de “encher linguiça”? Pronto acabou! Nunca mais você pega a criatura.

Vejamos então com a equipe qual é a disponibilidade deles no ano: dois encontros, três encontros, quatro encontros? Marcado na agenda com antecedência, quem não for é porque não quer ir mesmo, não é? Aqui temos aquela velha máxima: “Quem quer arruma jeito, quem não quer arruma desculpa”. E vamos parar de nos preocupar com quem só arruma desculpa, vamos nos preocupar com aqueles que sempre estão lá!

Agendadas as datas ao longo do ano, vamos aos ASSUNTOS das formações e encontros. Primeiro que ninguém aceita um convite para ouvir alguma coisa que não é do seu interesse, então, as formações precisam ser necessárias e interessantes! Tanto do ponto de vista da coordenação quanto da equipe. Nada como perguntar aos interessados ou ter uma visão bem apurada do que pode ser melhorado no trabalho pastoral.

Feito o planejamento com formações com temas interessantes, vamos ao próximo passo...

2) ASSESSORIA

É um nome bonito para dizer quem vai conduzir a formação ou direcionar os trabalhos. E se o assunto foi escolhido com carinho, a data foi marcada com bastante antecedência e os catequistas aguardam ansiosamente... A formação tem tudo pra dar certo!
É. Tem mesmo, mas...

E quando a pessoa que direciona o trabalho mata todo o empenho para que ela acontecesse? Pessoas despreparadas, sem domínio completo do assunto, sem noção de “tempo”, que não conhecem o público alvo, enfim, sem “conhecimento de causa”, acaba por fazer de uma formação um suplício.

Certa vez isso aconteceu comigo. Trabalho o CREIO na catequese, tanto com as crianças do 3º ano quanto com os pais, por conta da Entrega do Símbolo. E estava agendada uma formação diocesana a respeito, em duas etapas, duas tardes de sábado. Oito horas de formação com um padre que entendia muito do assunto. Fiquei animada e esperei ansiosamente por ela. Afinal ia aprimorar meus conhecimentos e conseguir embasamento para a minha missão. Só que... O padre em questão era um professor de seminário, sem qualquer vivência catequética. Falou numa linguagem difícil e de uma maneira pra lá de aborrecida. As primeiras quatro horas de formação foram o calvário sem a cruz pra mim. E estas horas que “perdi”, pediram ansiosamente também, que eu não fosse à segunda tarde de sábado lá.

Resultado: aprendi mais sobre o Creio lendo o CIC e o “Eu creio: Pequeno Catecismo Católico”.

Não vou aqui criticar padres e freiras que nos dão formação, mas, é preciso pensar que estes precisam ter CONHECIMENTO CATEQUÉTICO também. Não se dá formação a catequistas como se dá aula de teologia no seminário ou se fala do trato com crianças e adolescentes se nunca se teve esse relacionamento. Então muita atenção: se queremos formação espiritual, teológica ou litúrgica; os religiosos sabem muito... Mas, sabem transmitir numa linguagem que os catequistas entendam? Outra coisa, quem fala com catequistas precisa, no mínimo, ter sido catequista um dia. A teoria a gente consegue nas inúmeras publicações da Igreja e livros. Precisamos é do conhecimento prático, das experiências que nos levarão a ser catequistas melhores.

Então, ao chamar um palestrante ou assessor para a formação, assegurem-se de que a pessoa vai “fazer a diferença” e que, além de saber do que está falando, tenha “feito” alguma catequese na vida. Essa pessoa precisa ter uma oratória adequada, conhecimento do público, do assunto e do contexto em que este público vive. Um bom assessor faz com que o tempo “voe”. Um ruim faz com que nosso relógio tenha minutos de 600 segundos.

3) ACHISMO

Este com certeza é um dos motivos dos fracassos das formações. Falei acima da questão de se consultar os interessados sobre o tema a ser tratado (e necessário para a formação da equipe) ou ter um visão sistêmica e bem acurada da catequese e da equipe para saber o que está “faltando” ali.

Mas, alguns coordenadores e até padres, trocam esta “visão sistêmica” da catequese pelo ACHISMO: “Eu acho que os catequistas precisam ter formação sobre escatologia e exegética”. Ou então algum coordenador acha que tá faltando “rezar” e dá-lhe adoração ao Santíssimo, encontro sobre “Maria”, devoção... Sendo que o que pega é o próprio “relacionamento” entre as pessoas da equipe. Vamos rezar junto? Sim vamos. Mas, primeiro, vamos aprender a “viver” e “conviver” juntos.

Outra coisa é o “achar” que o catequista tem obrigação de estar nas formações, sejam elas quando for, e não se preocupar em adequar o tempo da catequese ao tempo dos catequistas. Obviamente que haverá catequistas que não terão tempo nunca, mas, reitero: não nos preocupemos com estes, vamos nos preocupar com quem está interessado em participar de verdade.

Enfim, eu não posso “achar” nada sozinha. Preciso ter conhecimento do contexto e da necessidade real de formação dos catequistas. Lembram-se da “liderança participativa”? É essa!

4) NÃO SABER A DIFERENÇA...

Realmente é preciso saber a diferença entre: Reunião, encontro, celebração, momento orante, espiritualidade, formação...

a) Reunião: Um momento rápido para se colocar os membros da equipe a par dos acontecimentos, para discutir assuntos de ordem administrativa ou um assunto específico que tenha surgido inesperadamente. Uma reunião pode (e deve) começar com um “momento orante”, mas que não tome metade do tempo disponível, pois reuniões onde os assuntos são polêmicos (tomada de decisões principalmente), tendem a ser longas. O momento orante é apenas para nos lembrarmos de que estamos reunidos em nome do Pai e pela causa do Filho.

b) Encontro: Um encontro normalmente, tem um tema a ser explorado e um tempo de duração pré-definido. Intercala momentos de leitura, oração, reflexão. Assemelha-se ao “encontro de catequese” propriamente dito.

c) Celebração: As celebrações são momentos mais profundos e trazem vários aspectos da liturgia: Ritos, símbolos, Palavra, Comunhão. Tem um roteiro a ser seguido e um tempo determinado.

d) Momento Orante: pode ser, simplesmente, um abaixar a cabeça escutando uma música, dar as mãos para uma oração, ler uma passagem bíblica, rezar o Pai Nosso ou a Oração do Espírito Santo. Deixa de ser “momento” e passa a ser celebração quando se estende.

e) Espiritualidade: Normalmente se dá este nome aos momentos de oração ou momentos celebrativos que acontecem antes de um Encontro, uma Formação ou reunião. A “espiritualidade” é mais elaborada que um momento orante, mas, não chega a ser uma celebração. Na verdade, a “espiritualidade” do catequista precisa ser exploradas em encontros somente com este fim: apenas de oração, reflexão bíblica, adoração.

f) Formação: No nosso caso, da catequese, a formação pode ser um “encontro”, pode ser uma “celebração”, pode ter “momento orante” e pode ter “momento celebrativo”, mas, sobretudo, traz um tema a ser estudado e conhecido para a FORMAÇÃO do catequista. Uma coisa que não pode acontecer nunca é trazer a “reunião” para a formação. E aqui todos os aspectos podem estar envolvidos: o Ser, o Saber e o Saber fazer do catequista. As formações tem um tempo maior para serem realizadas e precisam ser organizadas de maneira a não serem cansativas, intercalando música, dinâmicas, brincadeiras, intervalos (cafezinho, lanche), etc. No entanto, se elas vão acontecer num espaço de tempo pequeno (1 ou 2 horas), os momentos de oração e espiritualidade precisam ser breves.


PARA FINALIZAR O ASSUNTO... O que deve e não deve acontecer numa formação para catequistas:

SEMPRE:
- Fazer sempre um “Convite” bem elaborado e chamativo;
- A formação precisa ser planejada e estar prevista no calendário, nada de marcar formação em cima da hora;
- O ambiente precisa ser adequado, confortável e “temático” (Bíblia, cruz, vela...) ;
- Começar e terminar no horário estipulado;
- Fazer um cartão/lembrança do encontro é um “carinho” que valoriza o participante;
- O material do encontro precisa ser disponibilizado aos participantes durante a formação ou depois;
- Sempre fazer uma avaliação dos pontos positivos e negativos observados para melhorar na próxima formação.

NUNCA:
- Assunto desinteressante, fora da realidade e contexto da comunidade (aqui se pode fazer uma consulta aos catequistas sobre o assunto que gostariam e “precisam” que seja tratado);
- Tempo muito curto ou demasiadamente longo;
- Assessores/palestrantes sem formação adequada, que não conhecem o público ou não sabem explanar o assunto de maneira interessante;
- Misturar assuntos do dia a dia, administrativos, com a formação, ou seja, fazer reunião na formação;
- Desviar o assunto/tema;
- Lamentar quem “não veio” (Trate disso depois, com quem não veio);
- Fazer momentos de espiritualidade e reflexão que ocupem muito tempo: se a intenção é desenvolver a espiritualidade do catequista ou fazer reflexão bíblica, marcar outro encontro com esta finalidade. Todo momento orante ou leitura bíblica de uma formação tem que estar ligados ao tema da formação, fazendo “introdução” ao tema.


Ângela Rocha
Catequista - Catequistas em Formação.



* * * *

domingo, 23 de outubro de 2016

DIA DAS MISSÕES: "CUIDAR DA CASA COMUM É NOSSA MISSÃO"

"CUIDAR DA CASA COMUM É NOSSA MISSÃO!"

Hoje celebramos, em toda a Igreja do Brasil, o DIA DAS MISSÕES e abrimos o nosso coração para a Coleta Missionária.

A Campanha Missionária 2016 mostra a imagem da nossa Casa Comum, onde tudo está interligado. E nós recebemos de Deus a missão de cuidar dessas relações. Destacamos o tronco de uma árvore no formato de uma mão enraizada na terra.


A mão, por sua vez, representa cuidado e proteção, bem como, a participação humana na obra da criação. Isso é realçado pelas cinco folhas da árvore contendo cenários de cuidado nos cinco continentes. As cores missionárias presas ao caule das folhas recordam a dimensão universal da missão.

CELEBREMOS!!

HOMILIA DO DOMINGO - DEUS ESCUTA A PRECE DO HUMILDE PECADOR

HOMILIA DO 30º. DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

A justiça divina é parcial. Isso mesmo! Não busquemos no Deus de Jesus Cristo a imparcialidade que se adapta mais facilmente ao nosso esquema racional. O Deus revelado pelo Senhor fica do lado dos pobres, dos indefesos, dos pecadores. Ele deseja salvar a vítima que sofre, e jamais condenar o pecador. A Bíblia fala do órfão e da viúva como imagens dos miseráveis que não têm nada a oferecer, apenas as suas próprias misérias. Estes são os destinatários da misericórdia de Deus. 

A palavra que melhor expressa a ação divina é a gratuidade. Ele não concede suas bênçãos por merecimentos, nem condena proporcionalmente aos erros cometidos. Historicamente, somos vítimas de uma visão casuística que relaciona obras e recompensa. Esta moralização baseada nos méritos e nas culpas não ajuda a criar pessoas livres. Uma religião que culpa e que incide seu discurso no pecado e na condenação não nos faz crescer com responsabilidade, mas cria corações escravos de normas, de preceitos e de projeções. Ser responsável pela vida significa aprender a acertar, e acertar por se sentir responsável pela construção de um mundo melhor, pela felicidade das pessoas e pela própria realização pessoal, sem desvirtuamentos ilusórios. 

No Evangelho, a oração do fariseu é carregada de vaidade, de narcisismo. O narcisismo espiritual faz com que a pessoa construa uma autoimagem sem defeitos, uma projeção que leva o indivíduo a se sentir justo e, portanto, merecedor de recompensa. Para o narcisista espiritual o pecado machuca, traz uma culpa horrível. Isso porque suas falhas não permitem que ele mantenha sua imagem santa diante de Deus, o que o levaria ao mérito. 

O fariseu não dirige o seu olhar a Deus, mas olha para si mesmo. Faz sua “oração” carregado de vaidade, quase que exigindo de Deus as bênçãos divinas diante dos seus méritos. O fariseu cumpre uma lei, uma obrigação. Age por dever e não por amor. Acha-se forte, não vê que a verdadeira força vem de Deus. 

O publicano mostra que o mais importante não é a virtude, não são as obras, mas a fé e a humildade. Reconhece que é pequeno e indigno diante de Deus. Esta é a verdadeira oração: não aquela que se envaidece, nem tão pouco aquela que se culpa ao extremo, mas aquela que revela a verdade do coração, pois diante de Deus ninguém pode ter máscaras, todos são a pura transparência de si mesmos, a verdade desnuda. Somente esta transparência pode acolher a graça de Deus, não como mérito, mas como simples (e grande) abertura que possibilita a experiência radical do amor de Deus derramado em nossos corações.  

A fé vai além da vaidade. Pela fé humilde aprendemos a superar os obstáculos, mesmo na ausência de retribuições, porque nossa confiança está para além deste mundo. São Paulo nos deixa este testemunho: combater o bom combate, correr com perseverança, ainda que abandonado por todos, porque sabe em nome de quem corre e para onde corre. Não reclama do seu destino, não reclama de Deus, mas se oferece na certeza de que o Senhor não o abandonará. Isso não por méritos, mas por fé. 

Deus escuta a prece do humilde pecador. Deus escuta a prece de quem luta pelo anúncio do seu Reino de amor. Deus escuta a prece do pobre, da viúva, do órfão, do pequeno, daquele que sofre. Deus não se conforma com o mal, é seu adversário. Por isso, olha para os corações feridos com um coração chagado, na sua solidariedade, sem cálculos racionais, Deste modo, escolhe dar a vida por aqueles que não merecem e não podem retribuir. Por vezes, são estes que encontram o caminho do Reino muito antes dos que frequentam a Igreja todos os finais de semana. 

Pe. Roberto Nentwig

Arquidiocese de Curitiba

terça-feira, 18 de outubro de 2016

ROTEIRO PARA ENCONTRO - O PROTAGONISMO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES: MÊS MISSIONÁRIO 2016


MÊS MISSIONÁRIO – 2016

O tema da Campanha Missionária deste ano é “Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. O lema é extraído da narrativa da criação no livro do Gênesis: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). O projeto do Criador é maravilhoso, mas encontra-se ameaçado! A preocupação pela ecologia parte de dois gritos: o grito dos pobres que mais sofrem, e o grito da Terra que geme pela exploração. A temática retoma a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano e amplia a missão de cuidar da vida em todo o planeta. O Papa Francisco adverte que “a existência humana se baseia sobre três relações intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra”. E lança uma pergunta: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem nos suceder, às crianças que estão crescendo?”

Em nossa Casa Comum, tudo está interligado, unido por laços invisíveis, como uma única família universal. E nós recebemos de Deus a missão de cuidar dessas relações. Isso tem a ver com a missão da Igreja. Queremos fazer do cuidado do planeta a nossa missão até os confins do mundo. Diante da crise socioambiental, nem todos temos de ser especialistas e saber tudo, mas temos o dever de mudar nossos hábitos e apoiar ações práticas. A Missão é a principal razão de ser da nossa Igreja e seus missionários e missionárias representam uma grande riqueza. Pela Campanha Missionária, toda a comunidade cristã é convidada a renovar seu compromisso batismal em conformidade ao mandato de Jesus Cristo, “Ide fazei discípulos todas as nações” (Mt 28, 19).

ROTEIRO DE ENCONTRO: O PROTAGONISMO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Ambientação: Imagens de crianças e adolescentes em várias realidades.

(Começar o encontro com uma saudação alegre e o sinal da cruz).

Canto: ♫ Alma missionária.

Dirigente: Hoje em nosso encontro, vamos lembrar de todas as crianças e adolescentes ao redor do mundo, Nossa casa Comum. E vamos lembrar de uma pergunta que o papa Francisco fez:  

“Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo?”  

Conforme vemos, a preocupação com a Casa Comum inclui as crianças e ado­lescentes que são membros da Igreja e exercem desde já o seu protagonismo. Por isso, já não basta dizer que devemos preocupar-nos com as gerações fu­turas. Precisamos ter consciência de que é a nossa própria dignidade que está em jogo. Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que vai nos suceder. Trata-se de um desafio para nós mesmos, porque está em jogo o significado da nossa passagem por esta terra. Existem muitos trabalhos realizados pelas crianças e adoles­centes em nossa Igreja.

Contudo, a Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) merece uma atenção especial, pois desperta o olhar uni­versal dos pequenos para todas as realidades sofredoras do mundo que é a nossa Casa Comum. O carisma que educa para a mundialidade se atualiza nas próprias ações missionárias desenvolvidas pelas crianças e adolescentes. As Pontifícias Obras Missionárias reconhecem o papel das crianças e ado­lescentes dentro da comunidade e intensificam a implantação de grupos de IAM aonde não existe.

TESTEMUNHO

Crianças do Paraná contribuem com a Missão na África

Em 2016, recebemos um grande desafio: participar da Campanha MISSÃO, PALAVRA E PÃO, lançado pelo Regional Sul 2 da CNBB (Paraná). A campanha visa a doação de 20 mil bíblias para a diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau, no continente africano. A campanha está ligada à frente missionária que o Regional mantém desde 2011. Com uma população de 1,5 milhão de habitantes, a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, assim o bispo de Bafatá, o brasileiro dom Carlos Pedro Zilli pediu a todos, aqui do Paraná, que ajudem a missão, que, além de necessitar das Bíblias para a missão, pretendem construir lá um hospital e uma escola.
Com este gesto, o Regional paranaense pretende levar a Palavra de Deus a milhares de crianças e jovens africanos que estão fazendo a catequese. Padre Mário Spaki, secretário executivo do Regional Sul 2, explica que a campanha quer movimentar toda a Igreja do Paraná e em especial as crianças envolvidas na catequese:

“O interessado em participar da ação recebe um folder e convida 10 pessoas, que pode ser os pais, tios, padrinhos, avós, amigos, para cada um doar um real, ou mais, e assim reunir o valor necessário. Neste folder será anotado num espaço próprio o nome e o valor oferecido de quem ajudou”. 

Dom Pedro Zilli, ao fazer o pedido aos bispos do Paraná para que fossem arrecadadas 20 mil bíblias, a fim de distribuir tanto para os fiéis de Bafatá, quanto de outras dioceses de Guiné Bissau, contou que há um costume no país de que, por ocasião dos sacramentos do Batismo e da Crisma, os padrinhos escolhem presentear os afilhados com a Bíblia em crioulo ou em português. Os trabalhos de evangelização têm feito a procura por bíblias aumentar. Foram reeditados mais de 15 mil exemplares do Novo Testamento em crioulo e também há um projeto para aquisição da Bíblia Edição Africana em português para os países de língua portuguesa.

“É a Igreja no Brasil que agora vai se abrindo, com a fé em Cristo Jesus; com pessoas, e esse é o maior dom; e também com recursos. Estou vendo o sacrifício grande, o empenho grande que o Paraná está fazendo para a construção dessa nova missão Católica Paulo VI, em Quebo”, diz D. Pedro Zilli.
Os folders foram distribuídos em junho e junho na Arquidiocese de Londrina a todas as paróquias e coordenadores e catequistas movimentaram catequizandos divulgando a missão e distribuindo os Folders. Em setembro, finalizada a coleta nas paróquias, a Arquidiocese somou uma arrecadação de R$ 52.000,00 com as doações feitas pelas crianças. Isso só em uma das dioceses do Paraná!

É a força missionária das crianças e jovens da catequese do Paraná em ação!


LEITURA BÍBLICA: João 6, 1-15

Reflexão

O ponto central dos ensinamentos de Jesus é a prática da partilha. Sendo uma catequese fundamental, o texto mais repetido nos Evangelhos é o episó­dio da multiplicação dos pães. Diante da grande multidão que veio em busca dos sinais que Jesus fazia, acolhendo e curando os doentes, surge um grande desafio: como alimentar tanta gente? Jesus provoca Filipe, perguntando pela quantia de dinheiro necessária para tanto. Filipe responde que nem o salário diário de 200 trabalhadores seria suficiente. Chega então André conduzindo um menino a Jesus. O menino apresenta a Jesus cinco pães de cevada e dois peixes, secos e salgados. Era a marmita com a alimentação que havia levado para o dia de trabalho. André não acredita no gesto do menino ao dizer “O que é isso para tanta gente?” Mas Jesus acolhe o gesto generoso de um jovem trabalhador que oferece o que tem: sua marmita. O menino não diz nada. Mas no seu silêncio, ele está dizendo a todos, inclusive aos adultos: “o que eu tenho não dá para todo mundo, mas o que eu tenho está aqui!” Para Jesus esse gesto de partilha é o suficiente. Em todos os episódios de multiplicação de pães esse é o ponto em comum: Jesus só multiplica aquilo que lhe é oferecido. Até hoje! Sem ofertório, não tem consagração nem comunhão.

PARA CONVERSAR

1. Quais são os ensinamentos desse menino para as crianças e a juventude de hoje? E para os adultos?
2. Qual a relação entre o gesto do menino na Bíblia e a ajuda das crianças no Paraná, para a  arrecadação necessária para a doação das 20.000 para a missão em Guiné-Bissau?
3. Como as crianças e adolescentes podem participar da missão além-fronteiras?

Nós fazemos missão com os pés, com as mãos (ao colocá-las no "bolso") e com nosso coração, aos fazer orações pelas missões no mundo e pelos missionários que a fazem.

PRECES

Dirigente: O entusiasmo das crianças e adolescentes toca o coração dos jovens e adultos. Roguemos ao Deus de bondade, para que sustente e proteja os pequenos em sua missão de cuidar do planeta. Rezemos com fé.

Todos: Senhor, ajudai-nos a cuidar de toda criação.

- Fazei Senhor, que o exemplo das crianças e jovens do Paraná, na partilha missionária desperte, nos adultos, maior compromisso no cuidado da Casa Comum, rezemos.
- Ajudai Senhor, os grupos de Infância e Adolescência Missio­nária, a catequese e as escolas, a serem protagonistas da evangelização em todo o mundo, rezemos.
- Deus de misericórdia, olhai para as crianças e adolescentes que sofrem pela fome, maus tratos, abusos, prostituição e abandono. Que nunca lhes faltem proteção e cuidados, rezemos.
- Senhor, fazei com que todos os nossos Catequistas recebam a força e a iluminação do Espírito Santo para continuar o maravilhoso trabalho de evangelização missionária com crianças e adultos, rezemos.

Dirigente: Rezemos agora a oração que Jesus nos ensinou: Pai Nosso...
E a oração pelo mês...
Oração do Mês Missionário

Pai de misericórdia, que criaste o mundo 
e o confiaste aos seres humanos. 
Guia-nos com teu Espírito para que, 
como Igreja missionária de Jesus,
cuidemos da Casa Comum com responsabilidade.
Maria, Mãe Protetora, inspira-nos nessa missão. 
Amém.

COMPROMISSO

Que tipo de mundo queremos deixar para as crianças e adolescentes que estão crescendo?
- Fazer uma lista de atitudes e ações a serem implementadas
- Conhecer mais sobre a obra da IAM e ver como começar um grupo.

Dirigente: Deus nos abençoe, nos guarde e nos ilumine em nossa mis­são de cuidar da Casa Comum!

Todos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Canto: ♫ Amar como Jesus amou.

* Lembrar da Coleta do Dia Mundial das Missões, 22 e 23 de outubro, distribuir envelopes.


Cartaz

O cartaz da Campanha Missionária 2016 mostra que em nossa Casa Comum, tudo está interligado. E nós recebemos de Deus a missão de cuidar dessas relações. A arte destaca o tronco de uma árvore no formato de uma mão enraizada na terra. A mão, por sua vez, representa cuidado e proteção, bem como, a participação humana na obra da criação. A ideia é realçada pelas cinco folhas da árvore contendo cenários de cuidado nos cinco continentes. As cores missionárias estampadas no caule das folhas recordam a dimensão universal da missão.


Ângela Rocha
(Adaptação de encontro - Livrinho da Novena Missionária 2016 - 5º dia)

* Disponibilizamos em nossa Página do Facebook alguns vídeos para enriquecer o encontro.

Os vídeos podem ser encontrados nos seguintes endereços:

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

EU SOU MISSIONÁRIA? VOCÊ É?


A MISSÃO DA IGREJA

Fomos chamados para o anúncio do Evangelho, sinal de que aceitamos por a nossa vida nisso. Aceitamos esta MISSÃO!

E esse anúncio do Evangelho, nós fazemos como IGREJA!

Mas, uma Igreja em permanente descoberta de si mesma, feita de Comunidades que nunca chegam a ser perfeitas, mas, também nunca se dão por acabadas. O Evangelho gera Igreja, a Boa Notícia gera Comunhão entre Pessoas! 

E acredito na beleza da MISSÃO da Igreja no mundo, porque a energia do Evangelho gera dinamismos de Comunhão e Encontro que ajudam pessoas concretas a serem mais felizes e a possibilitarem essas descobertas a outros também.  Acredito que o Espírito Santo, conduz a Igreja, que Ele é a própria fonte do dinamismo da Comunhão e do Encontro provocados pelo Evangelho.

Acredito que a Igreja de Jesus tem uma missão importante na história do meu mundo.

A missão de continuar o messianismo profético e libertador do Mestre de Nazaré, fazendo-se serva do Espírito e instrumento autêntico da Palavra de Deus que coincide com a plena realização do Ser Humano em Alegria, Liberdade e Felicidade.

A missão de dar uma Consciência Teológica à história humana, isto é, que ela se faça à luz da Fé, propondo sempre critérios humanizantes que orientem as nossas conquistas e descobertas na direção da Esperança e do Amor.

A missão de criar Comunidades de Irmãos em torno do Evangelho de Jesus de modo a fazer acontecer no mundo Frentes de Fraternidade que enfrentem as Frentes de Iniquidade sob as quais muitas pessoas se veem despidas da sua dignidade e direitos fundamentais.

A missão de testemunhar a Ressurreição de Jesus como Vitória do Bem sobre o Mal e da Verdade sobre a Injustiça e, deste modo, comprometer-se radicalmente com a construção deste Bem e desta Verdade.

A missão de anunciar o Reino de Deus como projeto em marcha de uma Humanidade Nova, reconciliada e renovada no seu íntimo, assumindo por isso com ousadia a denúncia de todos os Anti-Reinos que estruturam o mal e a opressão de tantos homens e mulheres a quem amamos como irmãos.

A missão de pôr em causa todas as lógicas opressoras e desumanizantes das sociedades e das culturas, e não apenas curar as feridas e compor o estômago dos magoados e famintos que elas causam.

A missão de apontar um Sentido para a Vida que ultrapasse todas as fronteiras, sobretudo as fronteiras do egoísmo, dos preconceitos e, por fim, a fronteira da morte.

A missão de propor a experiência da Fé como acontecimento libertador do Coração humano que se deixa encontrar pela ação do Espírito de Deus em nós e nos conduz a maravilhas que jamais imaginaríamos, nos faz derrotar montanhas que antes não enfrentaríamos e nos faz arriscar caminhos que antes temíamos.

A missão de despertar permanentemente a Humanidade para a urgência de Construir a Vida com a Sabedoria e a Esperança que Jesus revelou ousadamente nas Bem-Aventuranças.

A missão de celebrar a Vida nos seus diferentes ritmos e acontecimentos como momentos privilegiados para experimentarmos a Ternura de Deus e o Sentido que a Sua Palavra confere à nossa história.

A missão de se sentar assiduamente aos pés do Mestre para beber dos seus lábios os segredos da Fidelidade que torna possível realizar tudo isto…

E ao descrever tudo isto, fico com a clara sensação que estou comprometendo apenas a mim mesma em cada palavra!

Porque o que digo da missão da Igreja e para a missão da Igreja, digo de mim e para mim, antes de dizer ao outro! Antes de dizer a você...

Porque eu sou IGREJA, eu sou CATEQUISTA, eu sou MISSIONÁRIA, você é?

Receba então a sua CRUZ, e coloque nela, seu NOME...

Mas saiba que mesmo sendo ela uma cruz, por vezes até pesada demais para nossos ombros, junto dela vem a alegria, a realização de pertencer ao Projeto do Reino de Deus, então ela é doce também e a carregamos com Fé, Esperança e Amor!



Ângela Rocha
Catequista

(Adaptação de Texto Pe. Rui Santiago, cssr)