Dia
15 de outubro, dia do professor. Um catequizando encontrou seu
catequista e tentou ser gentil:
-
Parabéns professor pelo seu dia.- Não sou professor, sou catequista!
- E qual a diferença?
- Muitas.
- Quais?
- Ah, são muitas. O professor dá aula. O catequista não.
- Então porque o senhor faz chamada no início de cada encontro?
- Para controlar a presença de vocês.
- Mas isso se faz em aula também. Lá na escola também controlam a nossa presença.
- Mas é diferente.
- Diferente por quê?
- Diferente...
- Mas se é diferente, porque a gente se matricula na catequese?
- Não é matrícula, é inscrição.
- Mas a coordenadora e o padre falam em matrícula na catequese.
- Mas na catequese é diferente. Aqui não é uma escola.
- Mas se não é escola, porque é que a gente paga taxa de inscrição para fazer catequese?
- É para manter a igreja, com seus serviços e pastorais. E não é taxa, mas sim, uma contribuição.
- Sim, mas o padre e a coordenadora falam taxa. Ouvi eles dizerem isso. Todo mundo pergunta se a gente já pagou a taxa.
- Não é taxa. Tá errado. Não é assim que devemos tratar aquele valor que muitos pais pagam no início do ano. É uma contribuição. Quem não puder não paga.
- Ah...
- Tem muita diferença entre escola e catequese, muita mesmo.
- Mas, se é tão diferente assim, porque usamos caderno e o senhor ainda usa o quadro para se comunicar com a gente? Porque temos que copiar conteúdos?
- Como vocês irão aprender se não for assim? Sim, faço isso, mas é catequese.
- Mas tudo isso a gente também faz na aula.
- Mas é diferente.
- O senhor faz prova também. Lá na escola, é prova toda a hora. Aqui na catequese o senhor também avalia a gente através de prova.
- Mas eu preciso avaliar vocês de alguma forma.
- Mas se não é aula, porque prova?
- Ah menino, já te disse, catequese não é aula. Aula é em escola. Não sou professor, sou catequista.
- Não entendi ainda a diferença...
- Mas tem muitas diferenças...
- Lá na escola a gente também fica numa sala e as cadeiras são colocadas de forma igual ao que acontece aqui na catequese, também tem chamada, quadro, prova. Tudo o que tem aqui tem lá. Não consigo entender a diferença.
- Mas tem diferença, e muita.
- O senhor poderia me explicar quais?
- Já te falei menino, preciso falar de novo?
- Não, obrigado. Mais uma vez, parabéns pelo dia do professor.
- Eu já disse, não sou professor, sou catequista.
- Lá na escola, quando não entendo algo, os professores tentam me explicar até que eu consiga entender. Talvez seja esta a diferença entre o senhor, catequista, e um professor da escola.
- Menino, não seja mal criado. Sou seu catequista.
- É que lá na escola também me obrigam a fazer algumas atividades. Aqui me obrigam a ir à missa.
- É diferente. Escola é uma coisa, catequese é outra.
- Ah, ta! Não vejo tanta diferença assim... o senhor é igualzinho meu professor quando fala...
- Menino, aqui na catequese, estamos tentando te mostrar um outro caminho, que a escola não mostra. São objetivos diferentes.
- E qual é o caminho que o senhor está tentando me ensinar?
- O caminho de Deus.
- O que tem de diferente no caminho de Deus, que o senhor ensina, do caminho que a escola ensina?
- Ah menino, já te expliquei, catequese não é escola. Eu não sou professor. Os nossos encontros não são aulas. E se você continuar me questionando assim, vou chamar seus pais aqui e você não vai poder fazer a crisma.
- Vai me expulsar porque eu te questiono?
- Vou.
- Lá na escola eles também chamam os pais para expulsar os alunos. Pensei que na catequese fosse diferente.
Alberto
Meneguzzi – 22 de fevereiro de 2013.
- Uma só mesa com cadeiras a sua volta;
- Canto com ambão da Palavra, água benta, flores, vela acesa, imagem ou cruz.