A cada ano o Papa entrega aos novos Arcebispos o pálio. A
cerimônia de entrega realiza-se no dia 29 de junho, Festa de São Pedro e São
Paulo. O Vatican News deseja explicar um pouco o significado desta importante
vestimenta litúrgica.
Esta entrega do pálio está ligada ao juramento de lealdade ao
Papa e seus sucessores pelos metropolita. Tendo em vista esta celebração, é
interessante saber o que significa a celebração e, principalmente o que
significa esta vestimenta litúrgica chamada “Pálio”.
Pálio
O pálio - derivado do latim pallium, manto de lã - é uma
vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, consistindo em uma faixa de pano
de lã branca que é colocada sobre ombros dos Arcebispos.
Este pano representa a ovelha que o pastor carrega nos
ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma podemos dizer
que o palio é o símbolo da missão pastoral do bispo. O pálio é também a
prerrogativa dos arcebispos metropolitanos, como símbolo de jurisdição em
comunhão com a Santa Sé.
História
Originalmente o pálio era o manto usado pelos filósofos e na
arte paleocristã, eram pintados neste "manto" Jesus e os apóstolos .
Esta prática foi posteriormente adotada também pela Igreja Cristã, com um uso
semelhante ao do omoforion (uma tira de pano), muito mais larga que o
pálio, atualmente usada pelos bispos ortodoxos e pelos bispos católicos
orientais de rito bizantino.
O pálio era originalmente uma única tira de pano enrolada nos
ombros e caída no peito na altura do ombro esquerdo; nos primeiros séculos do
cristianismo foi trazido por todos os bispos.
Podemos ver nas iconografias que representam os primeiros
bispos e santos, como Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São João Crisóstomo,
Santo Inácio de Antioquia, São Hilário e outros.
O primeiro caso conhecido de imposição do pálio a um bispo
remonta a 513, quando o Papa Simmaco concedeu o pálio a São Cesário, bispo de
Arles.
A partir do século IX reduziu-se ao formato atual de
"Y", com as duas extremidades descendo abaixo do pescoço até o meio
do peito e nas costas e se tornando a marca registrada dos arcebispos
metropolitanos que o obtiveram pelo papa. O Papa João Paulo II, por ocasião da
noite de Natal de 1999, abertura do Jubileu de 2000, usava um omoforion com
cruzes vermelhas.
Confecção do pálio
Dois cordeiros cuja lã é destinada, no ano anterior, são
criados pelos monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma. E desde
1644, são abençoados pelo Abade Geral dos Cônegos Lateranenses em Basílica,
na Via Nomentana Complexo Monumental de Santa Inês, fora dos muros,
no dia em que se faz memória da Santa, em 21 de janeiro.
Depois são levados ao Papa no Palácio Apostólico. O pálio é
tecido e costurado pelas freiras de clausura do convento romano de Santa
Cecília em Trastevere. Os pálios são armazenados na Basílica de San
Pietro, em Roma, aos pés do altar de confissão (altar central), muito próximo
ao túmulo do Apóstolo Pedro.
Como é o pálio
O pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido,
com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio
para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas abas pretas
penduradas na frente e atrás, de modo que - visto tanto na frente quanto atrás
- a vestimenta lembra a letra "Y".
É decorado com seis cruzes negras de seda (que lembram as
feridas de Cristo), uma em cada cauda e quatro na curvatura, e é cortado na
frente e atrás, com três alfinetes de gema aciculada em forma de alfinete.
Essas duas últimas características parecem ser uma lembrança dos momentos em
que o pálio era um simples lenço duplo dobrado e pregado com um alfinete no
ombro esquerdo.
Piero Marini para o Papa Bento XVI restaurou o uso do longo e
cruzado pálio no ombro esquerdo usado até o século IX, deixando inalterada a
forma do pálio concedido aos arcebispos, com as duas abas penduradas no alto
centro do peito e no meio das costas.
Por ocasião da Missa de 29 de Junho de 2008 (Solenidade dos
Santos Pedro e Paulo), o Papa voltou a usar um pálio em formato de
"Y", similar ao usado comumente pelos metropolitas, mas com forma
mais ampla e com a cor vermelha das cruzes: essas diferenças hoje põe em evidência
a diversidade da jurisdição, reservado para o Bispo de Roma, enquanto que, em
épocas anteriores e remotas, não havia este significado particular, dado que
eram comuns a todos os bispos, sem distinção.
O mesmo pálio foi usado pelo Papa Francisco após a cerimônia
solene de imposição do pálio das mãos do proto-diácono cardeal Jean-Louis
Tauran, durante a Missa de inauguração do seu ministério petrino.
FONTE: Padre Arnaldo Rodrigues - Vatican News