CONHEÇA!

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

TEMPO DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO: CATECUMENATO DE ADULTOS

 

Imagem: Google/Catequistasem Formação

Chegamos ao Tempo da Iluminação e Puriticação, no Catecumenato de Adultos em nossa paróquia. 

Para lembrar: O tempo da Purificação e Iluminação dos catecúmenos acontece normalmente na QUARESMA. A realização dos sacramentos é no sábado da Vigília Pascal ou, não sendo possível, realiza-se nas 2 primeiras semanas do Tempo Pascal. É um tempo voltado para preparação espiritual, não é um tempo de conteúdos catequéticos. percebam que eu disse "normalmente", mas, como estamos em uma paróquia onde a catequese de modo geral não se aplica ao"normal", transferimos este tempo para o final do ano civil (Que não deveria reger a catequese catecumenal de jeito nehum, mas, normalmente somos "vencidos" pelas regras e opiniões de quem não entende nada de catecumenato. Enfim, fazemos o que podemos. 

Nessa etapa, o primeiro Rito que fazemos é a “Eleição” dos candidato aos sacramentos. Um Rito que aocntece durante a missa com a comunidade.  Denomina-se “eleição” porque a Igreja admite o catecúmeno/catequizando, baseada na eleição de Deus, em cujo nome ela age. Chama-se, também “inscrição dos nomes” porque os candidatos, inscrevem seus nomes no registro dos eleitos (ou Livro dos eleitos).

Mas, seja em que período do ano for, cabe sempre algumas adaptações dos roteiros contidos no RICA - Ritual da Iniciação de Adultos. Seja por se realizarem fora da quaresma, seja porque as lideranças e párocos ainda não tem consciência da importância do processo catecumenal seguir os ritos propostos pelo Ritual.

O Rito que fecha o período do catecumenato (catequeses) e marca o Início do Tempo da Purificação e Iluminação, é o Rito da Eleição ou Inscrição do nome. A celebração do Rito deve acontecer oo Primeiro domingo da QuaresmaOs padrinhos acompanham os catecúmenos que agora serão denominados eleitos. A paróquia deve ter um "Livro dos eleitos", onde se faz a inscrição dos nomes durante a celebração. Este "livro" é guardado na paróquia para que todos os anos se faça a inscrição de novos eleitos. 


Nesse tempo há uma intensa preparação espiritual, mais relacionada à vida interior que à catequese, procurando purificar os corações e espíritos pelo exame de consciência e pela penitência, e iluminá-los por um conhecimento mais profundo de Cristo. Serve-se para isso de vários ritos, sobretudo dos escrutínios e das entregas.

Escrutínios: são rituais que se realizam por meio de exorcismos (orações e bênçãos), e são de caráter espiritual. O que se procura por meio deles é purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades, para que os catecúmenos ou catequizandos se unam a Cristo e reavivem seu desejo de amar a Deus (RICA 154 a 159). São três no total. Os escrutínios acontecem durante a celebração da missa com a comunidade, que é celebrada como de costume até a homilia. Após esta, os eleitos se ajoelham ou inclinarem-se para a oração e os padrinhos e toda comunidade é convida a rezar alguns instante em silêncio por eles. Os padrinhos colocam a mão direita sobre o ombro dos eleitos, e é proferida as preces pelos eleitos, utilizando uma das fórmulas propostas pelo RICA (nº 163 ou 378). Concluídas as preces, o padre recita a oração de exorcismo sobre os eleitos (RICA, nº 164 ou 379) e a missa prossegue como de costume.

A palavra "Exorcismo" exerce um certo fascínio pelas pessoas em geral. Isso porque a mídia tem dado uma conotação um tanto exagerada. Os exorcismos são orações que fortalecem o candidato na luta contra o mal. Inclui o gesto da imposição de mãos. Não é expulsão de um espírito demoníaco e sim um momento forte de bênção. 

Os Três escrutínios são feitos, com as leituras do Ciclo A, nesta sequencia: 
3º. Domingo: A Samaritana (Jo 4,5-42) - Fonte da água viva.
4º. Domingo: O Cego de nascença (Jo 9,1-41) - Deixar as trevas, acolher a luz.
5º. Domingo: Ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45) - Participar da ressurreição.

Além dos escrutínios a Quaresma prevê um Retiro espiritual, que pode ser adequado aos dias de semana ou ao 2º domingo. Outros Ritos, incluindo o Rito do Éfeta, podem se feitos no Sábado Santo pela manhã: redição do Símbolo, Unção com o óleo.

As celebrações dos Sacramentos da Iniciação Cristã são feitas no Sábado Santo (Vigília Pascal).  Para os que serão batizados, receberão todos os sacramentos. O padre os confirma. Os demais poderão receber os sacramentos que faltam para a iniciação. Para confirmar estes, deve-se ter autorização do bispo.  Quanto aqueles que participaram do catecumenato para aprofundamento da fé e já possuem todos os sacramentos, apenas acompanham as celebrações. Vale uma menção do padre nas celebrações.

E assim fecha-se o 3º Tempo do catecumenato - Purificação e Iluminação, e abre-se o Tempo da Mistagogia. Infelizmente percebemos que poucas paróquias utilizam-se deste tempo, que acontece duranto todo o Tempo Pascal, encerrando-se em Pentecostes. Mas, sobre o tempo da Mistagogia, falamos numa outra hora.



Ângela Rocha - Catequista, graduada em Teologia - PUCPR.                                     Catequistas em Formação.

* Estas e outras orientações com roteiros das celebrações encontram em nossa Apostila: CATECUMENATO DE ADULTOS, que pode ser adquirida entrando em contato pelo Whats: (41) 99747-0348.




terça-feira, 21 de novembro de 2023

CATEQUESE COM ADULTOS (CATECUMENATO)

 

Imagem: Ângela Rocha

Vamos navegar por águas mais profundas! Nada de ficar no raso!

"CATEQUESE COM ADULTOS"

Na verdade eu nem deveria mais usar esta expressão. Porque ela remonta a um tempo já "ultrapassado". Um tempo em que se fazia catequese com o compêndio do Catecismo. Nada contra, mas, perguntas e respostas na catequese, remonta a um estilo escolar. Já não podemos mais fazer desse jeito...

A catequese com esta metodologia só tem um objetivo: regularizar sacramentos! Não que hoje em dia as pessoas não procurem a Igreja para isso... Sim! Ainda temos muita gente que "quer casar na Igreja" e vai em busca dos sacramentos de Iniciação, principalmente da Crisma.

Claro que, bem informados, eles podem descobrir que não precisa ser crismado para casar. Basta uma promessinha lá pro padre de que vai ver isso depois e, tudo certo!

Mas, a conversa que eu gostaria de abrir, não é bem sobre isso. A catequese em busca de sacramento acontece tanto com adultos, quanto com as crianças e adolescentes. Até mais, eu diria. Quantas das nossas crianças estão ali só pra fazer a"primeira comunhão"? Nem é bom para nossa estima fazer semelhante pesquisa. E quanto dos nossos adultos praticam o seguimento depois dos sacramentos?

A conversa aqui é sobre INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. Palavras bonitas que enchemos a boca para falar inflando o peito de orgulho: "Sou catequista de iniciação à Vida Cristã!"

Será mesmo? Será que estamos iniciando as crianças ou estamos criando um público para o "Catecumenato de Adultos"? E é assustador pensar se nossos adultos terão crianças para educar na fé cristã/católica.

Fato é que, quase não temos "batizandos" ou catecúmenos no catecumenato. Temos muitas pessoas em busca da Crisma ou do retorno à Eucaristia. E não se enganem! Elas querem se casar da Igreja, para aquela bonita festa para a família ou então foram convidados para serem padrinhos/madrinhas de algum filho/filha de amigos.

Bom, as razões para se fazer o catecumenato de adultos, são as mais diversas e, como Igreja acolhedora, sempre vamos abraçar a todos, mas, importante é conferirmos se nós não estamos ainda nesta vibe de Igreja sacramental que tanto criticamos mas, continuamos fazendo.

O que mais deveria importa com os adutlos que vem a nós, é pensar nos cristãos que vão ficar depois.

Em quatro anos na catequese com adultos, sempre no modelo catecumenal, posso dizer com certeza que metade dos nossos catequizandos são "catequizandos de crisma"... que querem batizar alguém. Isso quando não conseguem passar a conversa no pároco e batizar crianças sem crisma mesmo.

Ah! Desculpe, isso só acontece na França...

Então chego ao fim do meu quarto ano como catequista de adultos. E vou dizer que sou isso mesmo: catequista de adultos. Pouco mudou com a implantação do catecumenato. Continuamos fazendo muito para poucos e vamos nos adaptando às exigências da "clientela". O que se fazia nos primeiros séculos da Igreja, uma preparação que durava 3 anos ou mais, hoje se faz em seis meses. E como é complicado "ocupar" a quaresma com "coisas da catequese", vamos colocar a quaresma lá por outubro/novembro que já tá bom demais.

Mas, eu não costumo desistir das coisas. Elas me envolvem duma tal maneira que ainda ACREDITO em fazer discípulos missionários. Por isso, continuo a martelar as teclas do meu notebook...

Força aí Catequistas! 

Ângela Rocha





terça-feira, 14 de novembro de 2023

O LEITOR EM TEMPOS DE REDES SOCIAIS

Imagem: Freepick

E o leitor? O que fazer com ele? O que fizemos dele? 

Este personagem parece que anda desaparecido. Na verdade, se considerarmos o celular como "leitura", mais do que nunca todas as pessoas leem. Mas, que tipo de leitura? Será que as pessoas conseguem ler de verdade, textos reflexivos, por exemplo? Ah, sabemos que é difícil. Pelos resultados dos vestibulares e ENEM, sabemos bem que a situação do "leitor" está complicada. Mal e mal consegue passar da superfície. Não consegue reelaborar o que leu e muito menos discutir com pertinência o que lhe foi oferecido. 

Vira e mexe, aqui mesmo, ocorrem os ataques de leitores que leem com armas em riste, como se toda argumentação explicitada fosse uma cruzada pessoal contra sabe-se lá o quê. O texto só tem validade se corroborar as opiniões dele, leitor. 

Têm leitores que veem no posicionamento do escritor um mero "falar mal" direcionado ou um "denegrir" gratuito. Leitores que não sabem sequer o contexto do que leem e a articulação disso com o que mais ocorre, inclusive com eles. Não sabem, por outro lado, se aproximar, conversar, trocar ideias, abordar um escritor (que, bem ou mal, conquistou este espaço) ou aproveitar o ensejo para colaborar de forma inteligente. Essas confusões são típicas de quem confunde autor com narrador, ator com personagem, de quem bate no ator na rua porque ele fez papel de machão na novela das oito.

A enome máquina da tecnologia de comunicação nos proporcionou conhecimentos infinitos, espaços antes inalcansável e tempo sem contar as horas do relógio. E o que o leitor faz com isso? Nada. Se a escrita tiver mais que três linhas, é cansativo demais e não vale a pena. 

Quando foi que você leu um livro pela última vez? E que teor ele tinha? Conversou com alguém a respeito? Quando foi que você participou de uma reunião em que as pessoas discutem aspectos de uma ideia? Quando foi que escreveu algo provocado pelo que lia? E sua abordagem foi interessante? Iniciou um diálogo inteligente com alguém? 

Tomara que sim. E tomara que aumentem as oportunidades que temos de escrever, principalmente de escrever textos que merecem ser lidos e discutidos. A recompensa do texto é ele encontrar leitores. A graça do autor é saber uma resposta bem-disposta à provocação escrita e, quem sabe, conhecer outros leitores capazes da autoria. 

Ângela Rocha

(Adaptação de um texto do Rider's Digest. Lembra dele?)



sábado, 11 de novembro de 2023

A SANTISSIMA TRINDADE E A AGUA EM SUAS DIFERENTES FORMAS


Uma catequista me perguntou se eu já tinha visto esta comparação... A Trindade Santa e a água. Aí fui ao nosso inestimável Google procurar... E achei MUIIIIITA coisa... rsrsrsr... Inclusive comparações químicas, com moléculas, H2O e tudo mais... Mas o texto que mais gostei, e achei simples, foi o do blog da Catequese de Redunfinho em Portugal, que adapto aqui para vocês:

É normal que nós nos questionemos sobre o grande mistério que é a Santíssima Trindade. São muitas as questões que nos surgem e para as quais não encontramos respostas. Imagine então como é explicar para as crianças algo que nem nós, entendemos direito.

Entretanto, existe algo que entendemos, não o mistério no seu todo, porque assim deixaria de ser mistério, mas entendemos a ligação das três Pessoas, que é o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo. Agora como explicar isto aos nossos catequizandos?

Primeiro vamos lembrar uma história sobre Santo Agostinho, que se debateu muito sobre este mistério, que é a seguinte:

Certo dia Santo Agostinho estava caminhando pela praia. Nessa caminhada fazia a sua meditação e nesse altura procurava entender o mistério da Santíssima Trindade. Foi quando se deparou com uma criança brincando na areia. Ao observá-la melhor, se dá conta que aquela criança tinha feito um buraco na areia. O mais intrigante de tudo é que a criança caminhava para a água, enchia as suas pequeninas mãozinhas e em seguida dirigia-se para o tal buraco e lá colocava a pouca água que conseguia segurar. Santo Agostinho aproxima-se e pergunta:
- O que você está fazendo?
- Estou colocando a água do mar neste buraco que fiz - responde a criança.
- Mas isso é impossível! - diz Santo Agostinho.
E a criança responde prontamente:
- É mais fácil eu colocar a água do mar neste buraco do que você entender o mistério da Santíssima Trindade. - E o pequeno anjo desapareceu...

Ao lermos esta história ficamos com a ideia do mistério envolvente. É de fato um mistério muito grandioso, mas podemos simplificar. 

Quando nós, cristãos, falamos sobre a Trindade estamos afirmando que o Deus que encontramos através da Revelação é um Deus único, mas ao mesmo tempo Trino. Ou podemos dizer de uma outra forma: há um só Deus em três pessoas que é o Pai, Filho e Espírito Santo. Há uma só natureza, mas existem três pessoas. A essas três Pessoas são identificadas ações próprias, mas é necessário lembrar que quando uma das três Pessoas age, Deus está agindo por inteiro. Assim chamamos o Deus Pai de Criador, o Deus Filho de Redentor e o Deus Espírito Santo de Santificador.

Existe ainda uma comparação simples que se pode fazer, numa linguagem mais comum, que nos ajuda a entender melhor. Nessa explicação vamos comparar a Santíssima Trindade à água:

Quando a água está no estado liquido, no estado sólido (gelo) e no estado gasoso (vapor), ela está em estados diferentes? Sim.
Mas ela deixou de ser água? Não.
Assim também é a Trindade. Deus Pai está longe das nossas mãos, não podemos abracá-Lo, mas, é fluído como o líquido; Jesus é o Verbo do Pai que se encarnou, é sólido, humano como nós; e o Espírito Santo é a brisa suave, produto do amor do Pai e do Filho.

Viram que coisa simples e bonita?
E dá para usar água benta no encontro...
E dá para usar picolés...
E dá para ferver água... Opa! Essa parte, sei não... rsrsrsr...
Fica pela criatividade de vocês.

Ângela Rocha
Catequista
Graduada em teologia pela PUCPR



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

"EU ACHO QUE NÃO SEI O QUE É FÉ"


Li este texto no blog do Pe. Rui Santiago...
E só quem, como nós, convive com as crianças, sabe como a lógica delas é simples e ao mesmo tempo dotada de uma sabedoria sem igual.

Deliciem-se também com o texto...

"Olha, eu acho que não sei o que é a Fé!"

Pediram-me para ir fazer qualquer coisa parecida com uma palestra sobre a Fé... 
Ao chegar ao auditório veio ter comigo um garoto daqueles com ar vivíssimo, com movimentos de pardal. 
Olá Rui!” Não sei de onde me conhecia, não me lembrava dele.

Chama-se André e tem sete anos. Disse-me que queria me ajudar. Ajudou, então. Fui lá para a frente e ele foi comigo. Peguei uma cadeira para o meu dedicado assistente e coloquei-a ao meu lado, onde eu ia falar de pé. 

André, quando eu tiver a dizer asneiras, tu fazes-me sinal, ok?” Ele, com toda a seriedade deste mundo, disse-me que sim. Ele lá sabe do que eu sou capaz...

Comecei a falar com quem foi lá. Estava a lhes propor que conversassem um pouco uns com os outros sobre estas coisas da Fé, o que é para eles, para quê, de que maneira... 

O André interrompeu-me com o braço no ar. Chamou-me para me dizer um segredo. Encostei o ouvido e ele sussurrou: 

-“Eu tenho Fé no Afonso”
-"Quem é o Afonso?" 
-"O Afonso é meu amigo!" 

Eu sorri-lhe e agradeci ter-me contado o segredo. Endireitei-me outra vez, virei-me para a frente e mandei a assembleia começar a conversar. Fui-me sentar a um canto, sozinho, enquanto todos conversavam no auditório com os vizinhos do lado.

Lá à frente, o André abandonou a sua cadeira de meu ajudante e veio falar comigo. Fixou-me nos olhos: 

- “Olha, eu acho que não sei o que é a Fé” - foi o que disse soprado por aquele buraco do dente da frente em falta. E eu perguntei-lhe:
- “Então o que estava agora há pouco dizendo do teu amigo Afonso? Você disse que tinha Fé nele... O que é que queria dizer?” - Ele pensou um pouco, com os olhos abertos, enormes, e disparou rindo:
-"Oh! Eu tenho Fé no Afonso quer dizer que eu acredito que ele vai ser para sempre meu amigo!”  - E eu tremi. E agradeci-lhe: 
- “É isso mesmo André! É isso mesmo... Obrigado... Queria me ajudar e já ajudou muito!” E ele riu-se, encolheu os ombros com uma enorme despretensão e foi sentar no seu posto.

Eu lá fiquei no canto, mais tempo do que deveria ficar... precisava... e acho que durante muito tempo me vou lembrar de contar esta história.

Lembrem-me, ok? E, se quiserem, podem contá-la também. Ele chama-se André.

Publicado em 14/05/2013 por Rui Santiago cssr.