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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

ABREM-SE AS PORTAS DA MISERICÓRIDA


No dia 8 de dezembro (2015), o Papa Francisco abriu solenemente a Porta Santa – a Porta da Misericórdia em Roma. Com esta cerimônia inicia-se oficialmente o Ano Santo da Misericórdia (8/12/2015 – 20/11/2016). O gesto simbólico da abertura da porta é muito profundo. Em todas as catedrais do mundo, santuários e outras igrejas designadas pelo Bispo diocesano aconteceu a mesma ação litúrgica.

Eis alguns significados da Porta Santa.

Primeiro, Jesus é a porta (cf. Jo 10,7). Passar por esta porta significa mudar de vida, buscar uma conversão mais profunda, crescer na santificação, prosseguir na cristificação de todo o nosso ser. Jesus com o coração transpassado na cruz, abriu a porta da salvação para todos e derrubou as muralhas da inimizade. Trouxe a paz ao mundo. Ele mesmo está à porta do nosso coração e bate (cf. Apoc. 3,26).

Segundo, somos convidados e interpelados a abrir a porta dos nossos corações a Cristo e aos irmãos. Ter o coração aberto para amar e servir significa estar aberto à mística e à missão, à contemplação interior e à transformação da realidade.

Terceiro, a porta do perdão. O Ano Santo da Misericórdia é antes de tudo um apelo à reconciliação. Perdoar é um “imperativo do Ano Santo” (Papa Francisco). Perdoar sempre, logo, de todo coração e com alegria.

Quarto, a porta do diálogo. Comunicar-se, relacionar-se, acolher, saber ouvir, entrar em comunhão são modalidades de diálogo interpessoal e social. O Papa pede a “cultura do diálogo”.

Quinto, a porta das casas. Quantas portas blindadas, trancadas, fechadas, cerradas. Quanto medo, isolamento, separação, distância que precisam ser superadas. É necessário abrir as portas da hospitalidade, das fronteiras, dos condomínios, dos edifícios para ver o lado de fora e ir ao encontro do irmão.

Sexto, as portas dos hospitais, dos presídios, das repartições públicas, das secretarias paroquiais, como também a portaria dos edifícios, precisam ser mais abertas para as pessoas entrar e sair. Quando fechamos as portas da frente, as portas de trás correm perigo de serem arrombadas.

Sétimo, as portas da justiça. Através das sete obras de misericórdia corporais e espirituais
abrem-se as portas da justiça. A sete obras de misericórdia corporais são: dar de comer, de beber, de vestir o nu, acolher o forasteiro, assistir os presos, visitar os doentes, sepultar os mortos. As obras espirituais são: dar bom conselho, ensinar os analfabetos, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar os defeitos, rezar pelos vivos e mortos.

Oitavo, as portas das Igrejas são as portas dos templos e das secretarias paroquiais, mas, principalmente o acolhimento, a boa recepção, a gentileza, o atendimento dos fiéis. Nossos rigidismos, legalismos e moralismos fecham as portas aos sacramentos, à participação na vida da Igreja, à partilha dos bens.

Nono, a porta da fé (cf. Atos 14,27). Esta é a “porta das portas” que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na Igreja, isto é, a porta do batismo. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira.

Décimo, referindo-se à “Grande Porta da Misericórdia”, O Papa Francisco convida-nos a ter coragem para passar por esta porta porque temos dentro de nós coisas que pesam. Por outro lado, todos que têm incumbência da “gestão da porta” como os recepcionistas, os telefonistas, os guardiões, os ascensoristas: tenham paciência, bondade e gentileza com todos. Isso vale em primeiro lugar para nossas secretarias paroquiais. Ser porteira(o) não é ser patroa, nem patrão, mas recepcionista. Hóspede vem, Cristo vem; ensinava São Bento.

Abrir as portas das estruturas humanas e eclesiásticas é uma urgência, diz o Papa. Lembremos que Deus, em sua misericórdia, não se cansa de nos acolher de braços
abertos, pois a porta do seu coração está sempre aberta.

Por fim, Jesus nos convida a entrar no quarto, fechar a porta, para rezar ao Pai. Na oração silenciosa, com as portas fechadas, abrem-se as portas da nossa mente, nosso coração, ou seja, as portas da esperança.

D. Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina –Paraná.

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