A agitação do mundo de hoje faz com que a rotina
das famílias se transforme numa verdadeira roda viva. Pais trabalhando fora (isso
quando não estudam também), fazem com que crianças sejam entregues a babás
super atarefadas com os afazeres domésticos ou sejam levadas de um lado para o
outro, sobrecarregadas de atividades. É a escola, a catequese, o inglês, o
balé, o vôlei, a natação... Haja pique para tanta coisa!
Mas onde é que ficam as brincadeiras, o
companheirismo e as conversas jogadas fora tão necessárias ao relacionamento
humano? As crianças estão em contato com muita gente todos os dias. Estão na
internet e tem amigos virtuais. E estão sós. A gente sente a solidão dos
pequenos nos encontros de catequese. Naqueles momentos em que falamos do amor
de Jesus, das amizades, da caridade... As crianças querem falar. E geralmente
todas ao mesmo tempo: contar da vida, dos colegas, dos pais, da avó, do gato,
do cachorro.
Quando essa solidão se manifesta assim, com
algazarra, com boquinhas que não fecham um minuto, tudo bem. E quando elas se
manifestam com retraimento, comportamento violento, pequenos furtos de coisas
que nem precisam, com dificuldade de aprendizagem, palavrões e revolta? O que a
gente faz? Muito maior que a carência de pão é a carência de atenção.
A realidade urbana das crianças de hoje é essa:
muitas têm quase tudo que precisam e até mais, mas não tem a companhia dos
pais, tão imprescindível ao crescimento e ao amadurecimento do ser humano. E
olhe que essa companhia pode ser até mesmo igual a nossa, de pelo menos uma
hora por dia.
Nós, catequistas, nessa nossa horinha semanal com
eles, podemos dar-lhes um caloroso abraço e dizer que está tudo bem, mas jamais
substituiremos os pais...
Ângela Rocha
angprr@gmail.com
Um comentário:
Não é fácil conseguir que se acheguem. Parecem a maioria, monopolizados por outras coisas.
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