Nunca é demais lembrar...
PASSOS METODOLÓGICOS DE UM ENCONTRO CATEQUÉTICO
“A catequese não é uma supérflua introdução na fé, um verniz ou um cursinho de admissão á Igreja. É um processo exigente, um itinerário prolongada de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da fé (mistérios), da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na liturgia”. ( DNC, n. 37).
Vamos entender um pouco do que é necessário para o bom desenvolvimento de um encontro de catequese, ou seja, quais são os passos metodológicos. Mas, antes de usar os passos é necessário observar o “objetivo” daquele encontro:
OBJETIVOS: o “onde” queremos chegar com aquele tema, o que queremos atingir com aquela proposta, o que queremos “mudar” na vida daquelas pessoas que nos escutam, enfim, parte-se de um ponto para se chegar a algum lugar.
PASSOS METODOLÓGICOS:
01 – ACOLHIDA:
O grupo precisa se sentir esperado, acolhido, apresentado de um para o outro. Sempre podemos realizar um sinal, um gesto ou uma atitude de acolhida. Quando iniciamos um trabalho catequético com um grupo é bom gastar mais tempo para entrosar o grupo, o que pode ser realizado com o uso de dinâmicas. Isso ajuda a criar vínculos com o grupo.
02 – MOTIVAÇÃO:
Motivar não é apenas usar dinâmicas ou recursos. Motivar na catequese é dar motivo, razão para estar no encontro e ser parte do grupo de catequese, através de um processo que movimenta e entusiasma, encaminhando cada catequizando para a prontidão no acolhimento da mensagem bíblica.
03 – PALAVRA
A narração do texto bíblico mantém a atenção sobre o fato, pois é
sempre agradável ouvir alguém contar uma história. Daí a importância do
catequista preparar-se antecipadamente e poder substituir a leitura pela
narração ou proclamação da Palavra.
É sempre bom explorar o texto bíblico proporcionando aos catequizandos o estudo do fato mais de perto, fazendo perguntas, realizando dinâmicas para que a mensagem e a atitude de Jesus e de outras pessoas, favoreça a compreensão de que a Bíblia contextualiza a história do povo de Deus.
É importante, também, que o catequista associe o texto bíblico as situações do hoje, para que haja por parte do catequizandos a compreensão de que o processo, a caminhada continua. Essa caminhada é decorrente da maturidade e situação histórica do povo. É sempre necessário estabelecer um elo com a realidade dos catequizandos, através de uma adaptação da Palavra de Deus de acordo com aquilo que envolve a comunidade.
Antes de apresentar o texto bíblico, podemos destacar a Palavra de Deus
de diferentes maneiras:
- Passar a bíblia de
mão em mão;
- Deixar a Bíblia em
um lugar de destaque, para que cada catequizando coloque a mão e faça um
pedido;
- Colocar pedras sobre
a Bíblia, para propiciar um momento de pedido de perdão, para que os catequizandos possam se expressar
enquanto retiram as pedras;
- Amarrar a Bíblia com
cordas para que aos poucos possam ir desamarrando;
- Preparar uma entrada
oficial e solene da Bíblia;
- Cantar antes da proclamação.
Um método que se consolida-se cada vez mais é a Leitura Orante (Lectio Divina), evidentemente, considerando-se a maturidade dos interlocutores. As crianças também podem ser moldadas a ler e ouvir com esse método, bastando que o catequista se preocupe em falar a “linguagem” das crianças.
Leitura bíblica – (usando os passos da
leitura orante)
a) Leitura:
um, duas vezes para marcar as palavras, mensagens.
O que o texto diz?
- Contexto;
- Personagens, cenas, ações...
b) Meditação: O que o texto me
diz?
- Colocar neste passo o tema do encontro
– (reflexão de acordo com a leitura bíblica).
c) Oração: O que eu posso
responder à mensagem do texto?
-
Orações prontas;
-
Orações espontâneas
d) Contemplação: Como
posso descansar na presença de Deus e permitir que Ele transforme minha vida?
- Reflexão que mais tarde leva à ação;
- Momentos de silêncio.
É o ponto alto do nosso encontro, é o momento da inter-relação: Deus-catequizandos-catequista. É o momento do silêncio, da explicitação, de nosso louvor, agradecimento e o pedido de ajuda a Deus, para conseguirmos fidelidade, coragem e esperança na caminhada. É neste momento que devemos estar preparados e preparar o grupo para a escuta e o diálogo com Deus, assim teremos percorrido os caminhos de um verdadeiro encontro. Se isso não acontecer poderemos ter ficado nas aulas de catequese, não em verdadeiros encontros de catequese.
Percebemos que partimos para o encontro catequético analisando algo da própria vida dos catequizandos: motivados por uma situação, um símbolo, um fato, apresentamos a Palavra de Deus (texto bíblico) que nos mostrará uma proposta em relação a nossa realidade e nos dará luzes para a caminhada, abrindo caminho para o momento da oração.
Podemos aproveitar as fórmulas (Pai-Nosso,
Ave-Maria...), os textos da Bíblia, como as orações espontâneas. O importante é
educar para a oração, a fim de que não sejam apenas rezas mecânicas. Devemos educar o catequizando para se colocar diante
de Deus de modo espontâneo.
05 – ATIVIDADES (DINÂMICAS):
Muito mais do que brincadeiras e jogos, as dinâmicas devem ajudar no processo de aprendizagem e vivência dos catequizandos. Elas não são um fim em si mesmas, mas uma ferramenta para se atingir um objetivo.
As atividades na catequese são um processo de ensino-aprendizagem, por meio dos quais é possível perceber o que foi assimilado pelo catequizando, sobre a mensagem apresentada. Portanto, devem estar a serviço da fé. É importante não ficar preso apenas ao que é escrito ou expresso pelo catequizando. É necessário dar um passo a mais, transformando a atividade em uma ação transformadora, gerando o envolvimento na comunidade. É insuficiente realizar encontros com perspectivas de comunidade e o catequizando não experenciar a prática participativa.
São muitos os momentos em que podemos propiciar envolvimento dos catequizandos, com ações transformadoras na comunidade: organização de campanhas sociais; missões; encontros de casais; encontros das diversas pastorais; organização da festa do padroeiro (a), etc.
06 – COMPROMISSO:
É o momento do agir. Pode ser considerado o 5º passo da leitura orante: levar para a vida o que se aprendeu nas leitura da Palavra.
É algo que procuramos fazer a partir da nossa realidade individual, daquilo que aprendemos, que descobrimos e queremos melhorar ou mudar. O catequista atua neste momento do encontro como aquele que fornece pistas para despertar as atitudes de vida fraterna na comunidade, no grupo de amigos e vida familiar, usando como referencial o tema trabalhado no encontro. Uma proposta de agir deve partir sempre das condições reais do catequizando, daquilo que é possível realizar.
É um meio pelo qual o catequizandos toma consciência de que alguma coisa deve ser feita sobre o assunto trabalhado, sentindo-se comprometido com a mensagem e com a mudança, a partir das suas necessidades e de forma espontânea. A proposta do agir na catequese deverá ser um convite para partilhar e servir, saindo de si em busca do encontro com o outro e com Deus.
07 – AVALIAÇÃO (Feita depois do
encontro)
É o processo de reflexão em torno da tarefa
catequética com função construtiva. O que se avalia:
- Os
elementos do processo catequético
- Ação do catequista
- O desenvolvimento
- A resposta do catequizando.
O catequista deve perceber após o encontro se os objetivos traçados foram atingidos. É o momento de rever procedimentos e corrigir os rumos para o próximo encontro. Listar ponto positivos e negativos observados é um bom ponto de partida para a correção de encontros futuros.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:
É importante destacar que o planejamento não garante que o encontro vai ser um “sucesso”, pois muito dependerá da ação do Espírito Santo, que age no catequistas e nos catequizandos, mas, o planejamento é uma ferramenta para que a caminhada do grupo possa ser bem trabalhada.
Cabe salientar, também, que os momentos deste método não são estanques e nem sequências de operações, mas um processo. Neste sentido nosso conceito de método deve ser ampliado deixando de lado concepções de que o método é só uma questão didática de cada encontro catequético, com passos que precisam ser seguidos à risca.
Este pensar exige uma visão mais global e menos segmentada, portanto se torna necessário que o catequista realize o planejamento do Itinerário Catequético que seu grupo vai percorrer durante um determinado tempo, tendo sempre em mente o fim da caminhada, ou seja, o objetivo. Assim, não se trabalha a soma de elementos transmitidos nos encontros, encontro por encontro, mas o conjunto de ações que vai se realizando e que irão ajudar a chegar ao objetivo.
ITINERÁRIO:
O catecismo da Igreja Católica diz que para tornar-se cristão é preciso ser iniciado na fé cristã “por um Itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas” (n. 1229). A palavra itinerário, numa simplificação didática, significa mapa do caminho. Precisamos traçar o caminho por onde andar. Neste caso, trata-se do conjunto de elementos que unidos levam aos mesmos objetivos.
Uma catequese de modelo escolar se preocupa mais com a transmissão de conteúdo, aula após aula. Na catequese, queremos avançar para um itinerário global, ou seja, um plano que inclua elementos de transformação, que não se limite ao encontro de catequese e ao conteúdo do manual. Alguns elementos são fundamentais neste itinerário:
- Palavra (o conteúdo
da fé);
- Encontro de
catequese;
- Celebrações (nos
encontros e com a comunidade);
- Envolvimento da
família;
- Ações (que geram a transformação da vida do catequizando, na família, na comunidade e na sociedade).
ESQUEMA DE UM
ENCONTRO
A N T E S |
Interlocutores (Catequizandos) |
Quem são nossos catequizandos? Idade, etapa,
catequese de eucaristia, de crisma... |
Duração |
Duração do encontro: 1 hora, 1 hr e meia, 2
horas... |
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Local |
Sala de catequese, Templo, casa do
catequizando, do catequista... Como vai ser ambientado? |
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Tema Conteúdos |
Qual será o tema trabalhado no encontro? Qual
o conteúdo a ser explorado? |
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Objetivo(s) |
Que objetivo eu quero atingir com o tema
proposto? |
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Material (Recursos) |
Texto, canto, Bíblia, velas, flores, cartaz,
etc... |
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D U R A N T E |
Passos metodológicos |
Motivação Vou usar uma dinâmica? Uma brincadeira? Vou
contar uma história? Cantar uma música? |
Palavra Qual a Palavra, texto bíblico que vai
fundamentar o tema? |
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Oração Como será o momento orante do grupo? Orações
espontâneas, fórmulas... |
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Atividades educativas |
Que atividades vou trabalhar para assimilar o conteúdo? As atividades não se limitam a exercícios e escritos, podem incentivar ações transformadoras fora do momento do encontro. |
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Atividades Compromisso (sócio-transformador) |
Que pistas posso dar aos catequizandos para
que levem para sua vida o que viram no encontro? Como despertar a consciência
de que algo precisa ser feito sobre o assunto e que gere mudanças na vida do
catequizando. É um convite para partilhar e servir, ir em busca do outro e de
Deus. |
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D E P O I S |
Avaliação |
Avaliação do encontro pelo retorno recebido
dos interlocutores. Avaliar se os recursos utilizados atingiram
seu objetivo. Se o conteúdo foi assimilado
satisfatoriamente e se são necessárias mudanças de conduta num próximo
encontro. |
FONTES: