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sábado, 30 de novembro de 2024

SOMOS PÓ DAS ESTRELAS!

Será que o homem foi mesmo, feito de barro?

Na Bíblia temos duas histórias da criação. Trata-se de duas fontes literárias distintas, ou seja, sem entrar em detalhes, de dois autores. O primeiro está em Gênesis 1,1 a 2,4, que conta a criação em 7 dias, e é chamado Sacerdotal. Mas, a nossa dúvida está na segunda versão, chamada Jahvista. Essa história se encontra em Gênesis 2,7. O texto diz: “Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.” E vamos mais fundo, o primeiro homem, cujo nome é Adão, vem de “adam”, que significa “vem do solo” ou terra mesmo. 

A frase hebraica que a Bíblia de Jerusalém (tradução acima) traduz como “argila do solo” é “apar min-hadamah”. APAR pode ser traduzido como “poeira” e MIN-HADAMAH como “do solo”. APAR é o mesmo vocábulo usado para a frase muito conhecida por nós, presente em Gênesis 3,19: “Pois tu és pó e ao pó tornarás”. A expressão hebraica quer significar a terra solta que encontramos no chão. Por isso creio que a tradução correta poderia ser “pó da terra” ao invés de “barro”.  

Hoje todos sabem que Adão e Eva não foram criados de um momento para o outro, num piscar de olhos, por mais que Deus seja capaz. Ou seja, o relato bíblico não é história, como nos livros da escola.  Não aconteceu de um dia Deus acordar e resolver: “Hoje vou criar o mundo!”. Isso não significa     que a Bíblia mente: A CRIAÇÃO É OBRA DE DEUS! Essa é a grande verdade bíblica que precisamos reforçar. Mas, como isso aconteceu, nós não sabemos exatamente e nem o autor do Gênesis sabia. 

A Bíblia ensina verdades que ultrapassam, muitas vezes, nossa visão racional. A maneira como o evento da criação está descrita na Bíblia é uma leitura feita por alguém (ou várias pessoas) da origem do mundo. Esta interpretação da Bíblia é inspirada pela fé em Deus, influenciada por elementos mitológicos, mas, trouxe novidade ao colocar Deus como criador e o homem ao centro desta obra.

Lembremos que a Bíblia é uma coletânea de livros sobre a FÉ, não um tratado histórico e científico. Cabe à ciência decifrar a origem do mundo, cabe à Fé guiar o homem. Fé e ciência não são dois polos opostos, mas se integram e se complementam. 

Talvez a resposta esteja na Teoria da Evolução. Às vezes, porém, acontece que a tal teoria se torna uma ideologia, negando aspectos igualmente importantes da criação. De fato quando os cientistas dizem que a criação de tudo depende do caso e da necessidade não estão sendo cientistas, mas guiados por uma ideologia. 

Do mesmo modo, erram os cristãos quando leem o texto do Gênesis como a verdade absoluta sobre a criação. O texto bíblico sobre a criação não pretende ser um texto de ciência natural ou de física, que pretende fornecer ao leitor dados informativos de ordem científica. A Bíblia tem por objetivo transmitir um outro tipo de informação, ou seja, que a vida, nas suas diferentes formas e expressões, não é um produto do acaso, mas de uma vontade transcendente. 

Ah! E sobre o “Quem disse que o homem não veio do pó?”

Eu descobri que, segundo os cientistas, somos mesmo feitos de “pó”... mais especificamente de “poeira cósmica”... cuja origem está na explosão das estrelas massivas (supernovas) que ao morrerem espalham nuvem de poeira e gás para o espaço. E assim se formou a terra... o carbono, nitrogênio e átomos de oxigênio em nossos corpos, bem como os átomos de todos os outros elementos, foram criadas em gerações anteriores de estrelas mais 4,5 bilhões de anos atrás. Os seres humanos e todos os outros animais, bem como a maior parte da matéria na Terra contêm estes elementos, que são literalmente feitos de matéria estelar.

Deus não é maravilhoso? Além de sermos feitos do “pó” somos de pó das estrelas! Existe coisa mais linda? 

Quer saber mais? Leia este artigos e depois veja se não temos razão em perguntar se não fomos mesmo feitos do barro, que é também, feito de pó? 

https://noticias.gospelprime.com.br/pesquisa-origem-vida-barro/

http://padom.com.br/cientistas-confirmam-que-o-homem-e-feito-de-barro/

 A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”

(Carta Encíclica Fides et Ratio do Sumo Pontífice  João Paulo II – set 1998)

Um abraço

Ângela Rocha

Graduada em Teologia - PUCPR



 

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

FALTA CATEQUISTA OU FALTA EVANGELIZAÇÃO?

* Este texto foi escrito originalmente em 2016, será que mudou alguma coisa?

Parece que cada vez mais, diminui o número de catequistas nas paróquias. Será que está diminuindo também o número de catequizandos?

Se formos pelas estatísticas do número de católicos no mundo, o número deveria diminuir na mesma escala. Mas parece que não é o que acontece. Mesmo com a queda de 73,6% para 64,6% no percentual de brasileiros que se declaram seguidores da religião católica nos últimos dez anos, parece que ainda temos muitas famílias procurando catequese para seus filhos. Há que se louvar isso, no entanto, estamos com sérios problemas quanto a novas “vocações” e chamados para a missão de catequizar. Faltam catequistas para tantas crianças.

Por que será que tem tantas crianças para evangelizar e tão poucos evangelizadores? A gente encontra catequistas com turmas de até 40 catequizandos.

Vamos só fazer umas contas...

Quarenta crianças representam pelo menos mais 80 adultos (pai e mãe), isso contando só quem tem filho na catequese. E nenhuma destas pessoas se importa que a pobre da catequista tenha que evangelizar 40 crianças de uma vez?

Vamos estender nossas contas. A catequese é feita por “etapas” que são distribuídas em anos. Mesmo considerando o menor tempo possível, ainda assim teríamos pelo menos mais uma turma de Crisma: Mais quarenta crianças, mais 80 pais. Vamos considerar então que esta é uma comunidade pequena. Se assim for, ela deveria ser bem mais “unida”. Pequenos grupos tendem a ter um grau maior de solidariedade.

Observa-se então que entre a comunidade catequética, constituída por pelo menos 160 pessoas, só DUAS são catequistas. Neste meu exemplo parece que não existe lá muita solidariedade. Vamos, então, fazer algumas reflexões:

·        Todos estão tão afastados da Igreja assim, a ponto de não se incomodarem? 

·        Se querem catequese para os filhos, que no futuro farão parte da comunidade, por que não se incomodam com a comunidade?

·        Eles querem iniciação à vida cristã ou só sacramento?

·        E as outras pessoas da comunidade?

·        Que comunidade é essa que deixa isso acontecer?

·        Será que estas pessoas "estão" mesmo na comunidade?

Ah! Falta espaço para acomodar mais turmas... 

·       - Que comunidade é essa que tem tudo isso de catequizando e não tem "espaço"?

·          - Se uma comunidade não tem catequistas é uma comunidade que falha em ser missionária.

·   É uma comunidade que não cumpre seu papel de "comunidade".

É uma comunidade que aceita inscrições na catequese para formar quem, em que?

Certamente não está formando cristãos conscientes do seu papel! Porque, se estivesse, teria mais gente para trabalhar... De que adianta essa catequese que só se preocupa em "dar" sacramento?

CONCLUSÃO: 

Ninguém volta mais para a Igreja para trabalhar pela evangelização quando não é “evangelizado”!

Acho que não é hora de aceitar inscrição e mais inscrição só porque "não dá pra recusar". Aceita sim, mas pensa numa forma de resolver o problema da falta de catequista! É hora de sentar com o padre e a coordenação e pensar numa maneira de resolver esse problema.

Porque, se a cada ano, diminui o número de catequistas é porque a catequese está se mostrando ineficiente em realmente EVANGELIZAR! Nem sempre quem é catequizado é evangelizado. Temos muita gente por aí com "diploma" de sacramento que não assume seu papel de cristão.

E é isso que algumas comunidades estão fazendo:  dando "certificado" de conclusão de cursinho. 

Não estão evangelizando! É tanta criança com tão pouco catequista. E quando tem catequista, este é pego “a laço” e sem formação alguma e acaba desanimando e abandonando a missão no primeiro ano. Ao invés de pensar numa catequese de qualidade, estão pensando numa catequese “de massa” que, visivelmente, não resolve o problema da falta de agentes para a pastoral.

Olha, podem me dar os exemplos que quiserem, mas acho muito difícil, uma só pessoa, um só catequista, num ano, em 35 ou 40 encontros de 2 horas (às vezes nem isso), evangelizar 40 crianças. Nem Jesus fez isso! Ele tinha 12. Doze!! Que ficaram três anos com Ele, todas as horas e todos os dias.

E estes 12 foram tão bem "evangelizados" que espalharam a Sua Igreja para o mundo inteiro, espalharam tão bem a sua mensagem que hoje, esta Igreja tem quase dois bilhões de pessoas. E a proporção já foi muito maior!

Pois é, Jesus e seus discípulos fizeram uma Igreja maravilhosa... que agora estamos colaborando para acabar com essa nossa pose de “Ah! Eu posso!”.

Pode coisa nenhuma! Se “pudesse” a Igreja estaria cheia de catequistas.

Uma coisa é certa, quanto mais crianças você achar que “pode” evangelizar, menos voltarão para ficar no seu lugar. Turmas ideais têm doze crianças. Quinze no máximo. “Ah! Não dá, se eu não aceitar não tem outra pessoa!” 

Isso, não é problema seu, é problema das lideranças pastorais. O seu é fazer um bom trabalho, é atingir suas doze crianças e seus vinte e quatro pais. Portanto, você já tem 36 catequizandos para cuidar!


Ângela Rocha - Catequista e Formadora

Graduada em Teologia pela PUCPR

 

Comentários: 

Catequista disse... ÂNGELA, acho que é a falta de catequista que queira se comprometer totalmente com a catequese (de ir ao retiro, a uma formação de catequista, ser presença nas atividades na igreja, etc.). Sei que temos catequistas casadas e que tem filhos, mas, quando entram na catequese, sabem que temos que evangelizar e se evangelizar. Sou casada, tenho filhos, meu marido é de igreja, sou coordenadora, mas, organizo minha vida. Aí eu pergunto: o que fazer? 

Ângela Rocha disse... É aquela história: quem quer fazer arruma um jeito, quem não quer, arruma desculpa. E se a maioria não se compromete, é porque não é exigido delas(es), este comprometimento. Um coordenador que começa a aceitar catequistas sem formação, "porque não tem outro para pôr no lugar", já começa errado. Um coordenador que vai enchendo as salas de crianças, sabendo que não tem catequista, também começa mal. Se essa é a realidade da paróquia, é hora de parar, formar catequistas e depois formar turmas de catequese. E o pároco precisa estar bem consciente disse, afinal ele é o “primeiro catequista” da paróquia. Conheço muitas heroínas por aí, catequistas que dizem que conseguem catequizar 40 crianças de uma vez. Pode até ser, mas, no mundo de hoje? Sem envolver as famílias? É quase certo que não terá vocações futuras, pois, a evangelização não será eficaz!

 


A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA MISTAGOGO - PARTE 5



Vamos continuar nosso papo sobre Mistagogia?

RESENHA 05
CAPÍTULO V - A espiritualidade do catequista mistagogo

"Fala, Senhor! Teu servo escuta." (1Sm 3,10).

O quinto capítulo reflete sobre a espiritualidade essencial ao catequista, especialmente aquele que exerce seu papel como mistagogo, ou seja, como guia que introduz os catequizandos no mistério de Deus.  

A Espiritualidade como Essência do Ser 

A espiritualidade é descrita como o núcleo profundo do ser humano, representando suas motivações, paixões e a mística que guia sua vida. No contexto do catequista, ela envolve um relacionamento íntimo e dinâmico com Deus, construído a partir da escuta da Palavra, da comunhão com a Igreja e de atitudes pedagógicas.  

O catequista é chamado a uma espiritualidade enraizada no discipulado, que nasce no batismo e se fortalece na oração, nos sacramentos e na vivência comunitária. Essa espiritualidade conduz o catequista a ser alegre, entusiasmado, corajoso e profundamente conectado à Trindade. 

Dimensões da Espiritualidade do Catequista  

1. Oração  

A oração é apresentada como uma necessidade para o catequista, ajudando-o a: 

   - Reconhecer-se como alguém em relação constante com Deus. 

   - Entender a realidade ao seu redor, valorizando as diferenças e os dons. 

   - Compreender sua missão no mundo, na Igreja, na família e no trabalho. 

   - Transformar o cotidiano em um espaço de encontro com Deus.  

Assim, a espiritualidade não é apenas conhecimento, mas um testemunho transformador que brota do amor trinitário e atua na vida dos catequizandos pelo Espírito Santo. 

2. Liturgia  

A liturgia é essencial para o catequista porque: 

   - Une fé, celebração e vida, oferecendo um sentido profundo à prática cristã. 

   - Centraliza-se no Mistério Pascal, rememorando a História da Salvação e promovendo a participação ativa no sacerdócio comum dos fiéis. 

   - Torna-se fonte de santificação e compreensão, capacitando o catequista a viver e transmitir a plenitude da vida cristã.  

A liturgia, como fonte inesgotável de catequese, apresenta uma síntese da fé e da vida cristã.

3. Leitura Orante da Palavra de Deus  

A Leitura Orante é apontada como alimento espiritual essencial, permitindo que o catequista interprete a vida e encontre Deus na realidade do mundo atual. 

   - Por meio dela, o catequista se forma como discípulo missionário e anunciador entusiasta do Evangelho. 

   - É enfatizado que a Leitura Orante não se limita à interpretação da Bíblia, mas busca transformar a fé em prática viva. 

   - A dimensão comunitária da Leitura Orante fortalece o processo formativo, criando um espaço para partilha e crescimento mútuo. 

A Espiritualidade Mariana 

Inspirando-se em Maria, o catequista é chamado a cultivar um relacionamento íntimo com Deus, renovando constantemente seu dinamismo espiritual e apostólico. A espiritualidade mariana torna a catequese mais amorosa, gerando confiança, generosidade e abertura para os mistérios da vida.

 Conclusão 

A espiritualidade do catequista mistagogo é um processo integral que envolve oração, liturgia, escuta da Palavra e inspiração mariana. Ela transforma a catequese em um testemunho vivo do amor de Deus, capacitando o catequista a guiar os outros na descoberta do mistério de Cristo e na vivência concreta da fé. 

Conversando no grupo de catequistas 

a) Uma das características do catequista mistagogo é a intimidade com Deus expressa em oração e celebração tendo por base a Palavra de Deus. Que tempo você dedica para a intimidade com Deus através da oração?

Confesso que não costumo dedicar tanto tempo à oração como gostaria. No entanto, busco diariamente estabelecer uma conexão com Deus por meio da leitura bíblica, especialmente pela manhã, em busca de inspiração e motivação para o meu dia. Às vezes, um único versículo já é suficiente para despertar em mim essa intimidade com Ele.  

Enxergo Deus como um amigo próximo, Pai amoroso e guia fiel, com quem converso ao longo do dia de maneira espontânea, sem depender de fórmulas de oração. Contudo, reconheço que minha vida de oração pode ser mais profunda e estruturada.  

Recentemente, por exemplo, dediquei-me a estudar o método de oração de Santa Teresa de Ávila e seus quatro graus de oração. Identifiquei-me com as dificuldades que ela menciona, especialmente no que se refere à dispersão e à falta de tempo e espaço para a "quietude". Embora comece a rezar com determinação, percebo que ainda não consigo alcançar a “oração da quietude” ou as águas mais profundas de que ela fala.   Apesar dessas limitações, acredito que cada momento dedicado a Deus, mesmo em meio às minhas distrações, é valioso. Por isso, sigo buscando formas de crescer na oração e de criar um espaço em minha vida para uma intimidade mais profunda com Ele.  (Ângela Rocha)

b) Partilhe no grupo sua experiência de oração. 

A oração tem sido uma fonte de grande paz para mim, mas, para realmente me aprofundar nela, preciso de quietude e solidão. Quando consigo me concentrar e me deixar absorver pelo momento, sinto a oração não apenas com o espírito, mas também com os sentidos: a chama da vela parece mais intensa, o aroma do incenso mais profundo.  Vou colocar um texto que escrevi para explicar melhor meus sentimentos: 

O Cheiro, o gosto, o olhar da fé... 

Cada vez que entro em um templo católico, algo toca minha alma. Ao passar pelas grandes portas, adentro silenciosamente o espaço do Senhor, e logo percebo que não são as paredes altíssimas, nem os vitrais que refletem a luz ou o teto grandioso que me fazem respirar profundamente e me prostrar em reverência.  

Não são os passos dolorosos do Senhor na Via Sacra que tocam meu coração, nem os nichos de oração com seus genuflexórios que me convidam a ajoelhar e admirar a devoção dos santos. Não é a dignidade do ambão, a palavra que fala ao povo, ou o altar que se oferece em sacrifício. Não é a luz do sacrário que me lembra que o sonho divino vive para sempre.  

O que me toca, de fato, é a convicção humana de que, através da arte, da beleza e da simbologia, conseguimos chegar à grandeza de Deus. Quando olho um templo com os olhos da fé, não vejo apenas uma construção imponente, mas a grandeza e majestade de Deus refletidas naquela estrutura.  

Para ver isso, é necessário ouvir o silêncio do templo, que nos faz escutar apenas o eco dos nossos passos e o estalar da madeira dos bancos. É necessário sentir o cheiro de Deus que emana das Igrejas, o calor da luz que os vitrais refletem, e o gosto da oração em nossa boca, que se abre em veneração absoluta.  

É preciso perceber que não são os templos que refletem a Igreja Católica, mas sim Deus, que se reflete em nossos templos. Isso é algo que só quem verdadeiramente ama sua Igreja pode compreender.  

Ângela Rocha – Catequista 

(*Escrevi este texto após visitar o templo do Seminário Franciscano Santo Antônio, em Agudos – SP, em 2018.)


Ângela Rocha - Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTE:

SCHERER, Odilo Pedro; BERTOLDI, Marlene; TOGNERI, Silvia; SILVA, Sérgio; FERREIRA, Nilson Caetano. Mistagogia: novo caminho Formativo de Catequistas. Cap. 5.

VII SULÃO DE CATEQUESE. São José do Rio Preto – SP. 19 a 21 de agosto de 2011.  editor@suliani.com.br

 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

OS RITOS E ENTREGAS NA CATEQUESE DE INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

OS RITOS E ENTREGAS NA CATEQUESE DE INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Texto formativo muito interessante para quem quer começar a trabalhar com o processo catecumenal!

Quais as "entregas" de Símbolos que podem ser adaptadas à catequese das crianças e adolescentes?

Outro dia estávamos comentando em nosso grupo a respeito do Rito de Entrega da Oração do Senhor – Pai Nosso. E ali surgiram algumas questões, quando comentei que estes ritos carecem de preparação e cuidado tendo em vista que não são meros “ritualismos” para deixar a missa mais bonita ou simplesmente, marcar a passagem de um ano para outro. Por mais que a nossa catequese seja dividida em etapas marcadas no calendário por “anos catequéticos”, a simples passagem do 1º para o 2º ano, por exemplo, não demanda a “entrega” de algum símbolo como se este fosse um “prêmio”.

Os ritos de entregas a serem feitos na catequese, são inspirados pelo RICA – Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, livro litúrgico que orienta as diferentes etapas do Catecumenato (iniciação cristã de adultos em nossa Igreja), aprovado pela Sagrada Congregação para o Culto Divino em 1973. No Brasil ele teve uma nova edição aprovada em 2001 pela CNBB, que trouxe algumas mudanças na disposição gráfica e inclusão de algumas normas exigidas pelo Código de Direito Canônico, textos bíblicos aprovados pela Sé Apostólica e também algumas observações sobre a Iniciação cristã que constavam apenas no Ritual de Batismo de Crianças. O RICA, em seu Capítulo V, disciplina a Iniciação de crianças em idade de catequese, entendendo aquelas que ainda não foram batizadas, juntamente com a catequese para o grupo de crianças já batizadas.

Apesar de sua “extraordinária riqueza litúrgica e preciosa fonte pastoral”, o RICA ainda permanece desconhecido da maioria dos agentes de pastoral ligados à catequese de adultos e a catequese de crianças. Até mesmo alguns presbíteros desconhecem o seu teor.

Observamos, já no prefácio do livro, o Decreto de 1972, da Sagrada Congregação para o Culto Divino, que restaura “o catecumenato dos adultos dividido em várias etapas, de modo que o tempo do catecumenato, destinado a conveniente formação, pudesse ser santificado pelos sagrados ritos celebrados sucessivamente. ” No entanto, o que podemos observar na maioria das Igrejas particulares é que ainda se faz a catequese de adultos nos moldes “doutrinais” e com o único objetivo se fazer a “regularização” de alguma situação sacramental (objetivando principalmente o matrimônio) daqueles que procuram as paróquias. Ou seja, faz-se uma catequese baseada quase que exclusivamente no Catecismo, ou nos pilares da fé disciplinados pelo DGC 130, sem levar em conta, de fato, a INICIAÇÃO CRISTÃ destas pessoas.

Com o pedido de restauração do Catecumenato para os adultos, nossa Igreja se viu diante da necessidade premente de reestabelecer a catequese como era nos primeiros tempos da nossa Igreja, ou seja, adotar a IVC – Iniciação a Vida Cristã inspirada no processo catecumenal. E a catequese que fazemos, com crianças, jovens e adolescentes, “tomou a frente” de toda ação pastoral necessária, adotando em seus planejamentos algumas ações da catequese catecumenal de adultos, adaptando celebrações, ritos e entregas do catecumenato à catequese de nossas crianças e jovens.

Em muitas paróquias encontramos na catequese das crianças características da IVC sem que o resto da paróquia sequer tenha conhecimento do que seria um processo de IVC catecumenal, que, em sua base, deveria envolver TODA A COMUNIDADE, lideranças, pastorais, movimentos, grupos e serviços.

Mas, o que à primeira vista, parece um equívoco, tem se mostrado uma verdadeira ação do Espírito Santo no sentido de que, com a implantação dos ritos e celebrações de inspiração catecumenal, nossa catequese tem se tornado mais litúrgica e mistagógica. Temos celebrado mais, orado mais e dado mais valor aos símbolos da nossa fé.

No entanto é necessário tomar um cuidado: não tomemos os RITOS e ENTREGAS como “modismo” e meras celebrações mais bonitas e “interessantes”. São ações que tem o objetivo de enriquecer nosso espírito e trazer de volta todo o “mistério” da nossa fé e não, ações ritualísticas.

Observemos por exemplo o seguinte: o RICA prevê durante o processo de Iniciação, ritos e a entrega de alguns símbolos, feitos durante a celebração com a comunidade. 

O primeiro deles é o RITO DE ACOLHIDA dos novos catecúmenos (adaptando-se à nossa realidade seriam as crianças que iniciam a catequese em preparação ao sacramento da Eucaristia), onde, durante a Celebração da Acolhida se faz a entrega da PALAVRA (Bíblia), base de todo o ensinamento catequético.

No entanto, observa-se em alguns manuais e orientações pastorais que esta Acolhida e entrega da Palavra, tem sido feita no início da catequese de Eucaristia e depois lá na catequese para a Crisma também. Ora, por mais que o processo de IVC catecumenal esteja sendo iniciado naquele momento na paróquia, não dá para esquecer que estes jovens JÁ ESTÃO NA PARÓQUIA DESDE A CATEQUESE DE EUCARISTIA! E que aos 13, 14, 15 anos já tem uma Bíblia ou já a manusearam muito nos anos de preparação anterior!

É correta esta entrega e acolhida, se o jovem estiver COMEÇANDO naquele momento a catequese e não recebeu nenhuma preparação anterior e ainda não fez a Eucaristia. Ora, se estamos “acolhendo” neste momento e só agora entregando a Palavra aos jovens, que podem até já ter participado da catequese de eucaristia, estaremos negando tudo aquilo que nossa Igreja já fez. Que esta catequese anterior tenha sido equivocada e não tenha levado a verdadeira conversão, não quer dizer que tenhamos que fazer o Ritual de Acolhida novamente, como se a pessoa estivesse entrando pela primeira vez na Igreja, para começar uma catequese frutuosa no aspecto “Evangelização”.

Outra situação também é a entrega da PALAVRA (Bíblia), ao final da 1ª etapa (ano) de catequese, como formar de “eleger” ou “premiar” o catequizando que está passando para a 2ª Etapa. As crianças não usaram a Bíblia em nenhum dos 30 encontros (em média) que tiveram ao longo do primeiro ano de catequese? Somente a catequista tinha a Bíblia? Não se ensinou as crianças a manusear a Bíblia? Elas já têm uma e ganham outra? Qual é o propósito desta entrega no final do ano?

Com relação as duas outras entregas de símbolos previstos no RICA

Sim! são somente mais DUAS! Entrega do Símbolo (Credo) e Entrega da Oração do Senhor (Pai Nosso), conforme preceitua os itens 125 a 187 e 188 a 192 (págs. 91 e 104), ambas são feitas durante a etapa (no catecumenato)  de Purificação e Iluminação, ou seja, próximas ao sacramento, podendo ser feitas na etapa anterior (catequese) a critério pastoral. E não são entregues apressadamente NUMA ÚNICA CELEBRAÇÃO!  O RICA prevê que se faça os ritos de “escrutínio” (que são três), sendo entregue o Símbolo (Creio) depois do primeiro escrutínio e a Oração do Senhor depois do terceiro.

Só para esclarecer: Os “escrutínios” se realizam por meio dos “exorcismos”, que são ESPIRITUAIS. São expressões que se traduzem em “orações”, “súplicas” e “bênçãos”. O que se procura por eles é purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades, para que os catecúmenos se unam mais estreitamente a Cristo e reavivem seu desejo de amar a Deus (cf. RICA, item 154). São realizados nos 3º, 4º e 5º domingo da Quaresma. A critério pastoral podem ser feitos em outros domingos da Quaresma. Mas, isso é para a CATEQUESE DE ADULTOS, não para as crianças. 

Mas, enfim, se não fazemos os escrutínios e não conseguimos fazer a etapa de Purificação e Iluminação na Quaresma, podemos colocar os ritos e entregas em outra época conveniente à comunidade. Mas, preceder (SEMPRE!) as entregas do Símbolo e da Oração do Senhor, de uma catequese a respeito, tanto para os catequizandos quanto para os pais/responsáveis. Nossos iniciandos na fé PRECISAM saber e entender o significado profundo de se receber o Símbolo da nossa Fé apostólica e da Oração que Jesus nos ensinou. Durante a celebração (missa), não se explica nada, nem se faz “catequese”. Aliás, se um símbolo precisar de explicação é porque ele não simboliza aquilo que queremos. A união da Catequese e da Liturgia passa pelo profundo respeito que se deve ter por ambas as ações. A catequese ensina e orienta, a Liturgia celebra.

E aqui entra um outro assunto que são as demais entregas que é costume se fazer em alguns lugares, durante a missa da catequese: “Mandamento do Amor”, “Mandamentos do Senhor”, “Bem-Aventuranças”, “Escapulário de Nossa Senhora”, “Terço” e outras invenções catequéticas. Muitas vezes, estas entregas de símbolo são feitas no final do ano civil, para “marcar” o início das férias da catequese, fechando o ano catequético junto com o ano escolar. E em lugares onde a catequese dura mais de 3 anos, escolhe-se um símbolo para cada ano sem levar em conta critérios como a evolução da catequese e o aprofundamento da vida de oração dos catequizandos, como disciplina o RICA, ou então o entendimento dos catequizandos sobre as verdades da fé.  Os símbolos são escolhidos como mero “rito de passagem” de cada ano/etapa.

Não estamos querendo fugir da escolarização da catequese? Por que a cada etapa é preciso uma "formatura"? Um "prêmio? Se a catequese de crianças for tratada dessa forma, qual é o sentido dela? Aliás, qual é o sentido de se entregar "símbolos" que as crianças e jovens não sabem o que simbolizam?

Fora as entregas da Oração do Senhor e do Credo Apostólico, as demais não estão disciplinadas pelo RICA e, portanto, não passaram pelo crivo da Sé Apostólica. Nada contra se fazer, cada paróquia, junto com o pároco, equipe de liturgia e equipe de catequese podem fazê-las. No entanto, fogem totalmente do aspecto litúrgico da missa. Pior ainda se forem feitas sem uma catequese anterior a respeito, sem que a comunidade entenda o que se está fazendo e “misturado” com os ritos do catecumenato.  Estas pequenas celebrações são maravilhosas se forem feitas NA CATEQUESE, como “celebração catequética” após cada término de assunto, revestidos de sentido mistagógico, contemplativo e orante. E estas celebrações precisam envolver a família, que assim, também são catequizadas.

E devemos pensar também, que tudo que fazemos e “inventamos” precisa ser visto com um profundo respeito pela comunidade e assembleia. A missa tem seus ritos próprios, sua condução normal. Dura em média uma a uma hora e meia. Nesta missa temos crianças que, por natureza, são impacientes e inquietas. Qualquer ação que leve a uma missa prolongada além do normal, vai gerar insatisfação e inconveniência para os pais. E antes que façamos o tradicional julgamento: “Ah! Que cristãos são esses que não tem tempo para Deus? ”. Pensemos que a Liturgia e o tempo da missa, não são adequados para fazer a catequese que não conseguimos fazer no lugar e na hora certa. A catequese da missa é litúrgica, celebrativa, orante e BÍBLICA, e já está disciplinada em suas várias partes.

Vamos pensar sempre que, vivemos numa mudança de época e não numa época de mudanças, onde as pessoas tem que se adequar a Igreja. Ao contrário, a Igreja é que tem que se adequar aos novos tempos. E, infelizmente para nós e Deus, o tempo é de pressa.

Ângela Rocha – Catequista

Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTE DE CONSULTA:

RICA - Ritual da Iniciação Cristã de Adultos.  Você encontra nas livrarias católicas, na Paulinas, na Paulus, nas Edições CNBB e outras.


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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

A VOCAÇÃO DO CATEQUISTA: FUNDAMENTAÇÃO

 

A VOCAÇÃO DO CATEQUISTA
CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

O catequista tem um rosto cristão, isto quer dizer, ele possui a fisionomia de Deus. Segundo o Gênesis, fomos criados “à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1,26s). Além de uma fisionomia humana, o catequista também possui uma fisionomia cristã.  O rosto humano do catequista é também cristão, ou seja, ele é pessoa humana, mas também é filho de Deus, vocacionado à felicidade, ao amor e à comunhão com toda a criação.

Este projeto foi delineado no livro do Gênesis. Ali encontra-se o sentido da vida e a alegria de ser filho (a) de Deus. Mas, o fato de ser cristão não significa que tudo está pronto. Há um longo caminho a percorrer para que os cristãos estejam prontos para a sua missão. Esta caminhada se inicia no Batismo e continua pela vida afora. Todos foram criados à imagem de Deus para ser a sua semelhança, mas segundo Paulo afirma: “Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor” (2 Cor 3, 18). Logo, sempre mais, é necessário aperfeiçoar esta imagem.

Exemplos bíblicos de vocação no Antigo Testamento:

A bíblia também traz no antigo testamento, testemunhos de pessoas que, tocadas pelos apelos da vida, pelos acontecimentos da história, da sua comunidade e do seu povo responderam corajosamente ao chamado de Deus:

Abraão (Gn 12, 1-9; 15,1-20): A vocação de Abraão está ligada à história de cada vocação: sair de si mesmo para construir um mundo melhor. Deus o chamou para liderar o projeto da formação do povo de Deus.

Moisés (Ex 3,1-12; 6,2-13): Foi chamado para ser animador do povo. Foi chamado especificamente para ser instrumento da libertação de Deus para o povo.

Jeremias (Jr 1, 4-10; 15,10-21): Jeremias, como os demais profetas são chamados para o anúncio da Palavra e  para a denúncia das injustiças, dando a própria vida.

CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

“Ser catequista é viver uma vocação característica dentro da Igreja. Ela é uma realização da vocação batismal. Pelo Batismo, todo cristão é mergulhado em Jesus Cristo, participante de sua missão profética: proclamar o Reino de Deus. Pela Crisma, o catequista é enviado para assumir sua missão de dar testemunho da Palavra com força e coragem”. Doc. 59 (Estudos da CNBB, 44).

Segundo o DNC (2006, 262-268), o ser do catequista, seu rosto humano e cristão necessita das seguintes qualidades:

 

ü  Ser uma pessoa com equilíbrio psicológico;

ü  Ter capacidade de diálogo, criatividade e iniciativa, saber trabalhar em equipe;

ü  Ser perseverante, pontual e responsável;

ü  Ser participativo, engajado nas atividades da paróquia, da comunidade e ter espírito de serviço;

ü  Ter vida de oração, leitura e meditação diária da Palavra de Deus;

ü  Ter espírito crítico e discernimento diante da realidade;

ü  Ser capaz de respeitar a individualidade de cada pessoa.

 

Isso não significa que exista uma pessoa que tenha todas essas qualidades, mas que se deve procurar desenvolvê-las no dia-a-dia. 

A Catequese é, segundo o Papa João Paulo II, a tarefa primordial da Igreja. Ele define a tarefa da catequese como a de colocar a pessoa (criança, jovem ou adulto) em comunhão com Jesus (CT 5). Nesse processo, a pessoa da/o catequista é fundamental. Portanto, merece atenção especial no sentido de uma formação que integre o ser, o saber e o saber fazer. Sua vocação será tanto mais compreendida e vivida com alegria, quanto mais o catequista fizer a experiência fraterna no grupo de catequistas e na sua comunidade. 

O catequista não age sozinho, mas em comunhão com a Igreja, com o grupo de catequistas. O grupo de catequistas expressa o caráter comunitário da tarefa catequética. E com o grupo que ele revê suas ações, planeja, aprofunda os conteúdos, reza e reflete.

O documento Catequese Renovada (CNBB, 1998), sobre a missão e formação do catequista já lembrava:

“A tarefa da Catequese é confiada, em primeiro lugar, a toda comunidade eclesial (…) A comunidade não dispensa a figura do catequista; ao contrário: em função do papel da comunidade na Catequese e também devido às transformações sociais e culturais do nosso tempo, estamos descobrindo um novo tipo de catequista: alguém que, integrado na comunidade, conhece bem sua história e suas aspirações e sabe animar e coordenar a participação de todos (CR 144).

Ainda sobre o catequista o documento completa: “o catequista é porta-voz da experiência cristã de toda a comunidade” (CNBB, 1998, 145), portanto ele age junto com a comunidade, sem individualismo e isolamento.

“O fruto da evangelização e da catequese é fazer discípulos, acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. O seguimento de Jesus Cristo realiza-se na comunidade fraterna. O discipulado, como aprofundamento do seguimento, implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus” (DNC 34).

"A Catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do evangelho, da catequese, da liturgia, tendo como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento, na participação e na ação” (DNC 233).

Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa eu o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18).

Aos catequistas, delegados da Palavra e animadores de comunidades que cumprem uma magnífica tarefa dentro da Igreja, reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação” (DAp 211).

“Quanto à situação atual da catequese, é evidente que tem havido um progresso. Tem crescido o tempo que se dedica à preparação para os sacramentos. Tem-se tomado maior consciência de sua necessidade tanto nas famílias como entre os pastores. Compreende-se que ela é imprescindível em toda formação cristã. Tem-se constituído ordinariamente comissões diocesanas e paroquiais de catequese. É admirável o grande número de pessoas que se sentem chamadas a se fazer catequistas, com grande entrega. A elas, esta Assembléia manifesta um sincero reconhecimento” (DAp 295).

 “A Iniciação Cristã é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado” (DAp 288). 

“Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287). 

“Ser discípulo é um dom destinado a crescer. A iniciação cristã dá a possibilidade de uma aprendizagem gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Dessa forma, ela forja a identidade cristã com as convicções fundamentais e acompanha a busca do sentido da vida” (DAp 291). 

“Como características do discípulo, indicadas pela iniciação cristã, destacamos: que ele tenha como centro a pessoa de Jesus Cristo; que tenha espírito de oração, seja amante da Palavra, pratique a confissão frequente e participe da Eucaristia; que se insira cordialmente na comunidade eclesial e social, seja solidário no amor e fervoroso missionário ( DAp 292). 

“A catequese não deve ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos sacramentos, mas sim itinerário catequético permanente (DAp 298); não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas de formação integral” (DAp 299). É catequese para o seguimento de Jesus, o discipulado.

“O encontro com o Ressuscitado transforma o medo em coragem; a fuga em empolgação; o retorno em nova iniciativa; o egoísmo em partilha e compromisso até a entrega da vida (Texto Base do Ano Catequético, n. 3).

“A catequese, começando pela iniciação cristã e chegando a constituir-se em um processo de formação permanente, é caminho de encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que é capaz de mudar nossa vida, levar ao engajamento na comunidade eclesial e ao compromisso missionário. Quem se encontra com ele, põe-se a caminho em direção aos irmãos, à comunidade e à missão”. (Texto Base do Ano Catequético, n. 6).

REFERENCIAS:

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. 4ª ed. São Paulo: Paulus, 2002. 

CELAM. Documento de Aparecida - Texto conclusivo da V Conferência geral do episcopado Latino-americano e do Caribe. São Paulo: Paulus, 2007.

 CNBB. Catequese renovada: Orientações e conteúdo. Doc 26. São Paulo: Paulinas, 1998. 

CNBB. Diretório Nacional de catequese. Documento nº 84. Brasilia: edições CNBB, 2006.,

CNBB. Catequese, caminho para o discipulado – Texto Base – Ano Catequético Nacional – 2008. Brasília: CNBB, 2008.

JOÃO PAULO II. Catechesi Tradendae – Exortação apostólica sobre a catequese do nosso tempo. 1979. Encontrado em https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_16101979_catechesi-tradendae.html  Acesso em nov 2023.




 

A FORMAÇÃO MISTAGÓGICA: CAMINHO PARA AVANÇAR - PARTE 4


VII SULÃO DE CATEQUESE
MISTAGOGIA: CAMINHO FORMATIVO

RESENHA 04
CAPITULO IV - A formação mistagógica, caminho para avançar

O capítulo IV explora a formação mistagógica como um processo central para capacitar catequistas a conduzir uma catequese de iniciação à vida cristã. Inspirando-se na passagem bíblica de João 1,49, o texto ressalta que o reconhecimento de Jesus como Mestre e Filho de Deus impulsiona os cristãos a um discipulado missionário, caracterizado pela vivência comunitária, pela transformação pessoal e pelo engajamento em um estilo de vida moldado pelo Evangelho.

Aspectos Fundamentais da Formação Mistagógica

1. O Ser do Catequista Mistagogo 

O catequista é visto como o centro do processo catequético, cuja missão é vivenciar e testemunhar sua fé com autenticidade. Sua formação deve contemplar: 

   - Identidade: O catequista é chamado por Deus, faz a experiência de Cristo e torna-se testemunha viva na comunidade. 

   - Afetividade e Relacionamentos: É importante trabalhar as lacunas emocionais, promovendo equilíbrio, alegria no serviço e capacidade de acolher. 

   - Discernimento: A avaliação constante ajuda o catequista a amadurecer, enfrentando suas fragilidades.  

2. O Conviver do Catequista Mistagogo  

A formação deve priorizar a convivência, baseada na comunhão e no cuidado mútuo. Isso inclui: 

   - Inserção comunitária e valorização das relações interpessoais. 

   - Criação de uma comunidade catequética inclusiva, que espelhe os valores do Evangelho. 

   - Um estilo de vida inspirado no Mestre, com atenção aos pobres e marginalizados.  

3. O Saber do Catequista Mistagogo 

O conhecimento do catequista vai além do domínio de conteúdos teológicos; é um saber integrado à vida e às realidades sociais. Elementos fundamentais incluem: 

   - Mensagem cristã vivida e celebrada na liturgia. 

   - Conhecimento bíblico, teológico, das ciências humanas e da realidade cultural e ecológica. 

   - Coerência moral e ética, demonstrada na prática.  

4. O Catequista Mistagogo como Interlocutor da Fé 

O catequista é um facilitador da experiência de fé, orientando seus catequizandos com base na convivência, no diálogo e na partilha. Ele deve ser um comunicador preparado, que utiliza linguagem apropriada e acolhedora para transmitir a Boa Nova de forma eficaz. Sua missão é marcada pela ternura e pela atenção às relações humanas. 

Conclusão 

O capítulo destaca que a formação mistagógica exige uma abordagem integral, que conecta conhecimento, experiência e vivência comunitária. O catequista é um "especialista em humanidade", cuja missão é ser ponte entre a Palavra de Deus e a vida concreta dos catequizandos. Através de uma formação contínua, a catequese deixa de ser apenas um repasse de conteúdos e se torna uma experiência transformadora de fé. 

Conversando no grupo de catequistas

a)  Identificar com 10 palavras o “ser” do catequista.

1. Discípulo – Sempre em busca de aprender com Jesus e com os outros. 

2. Testemunha – Alguém que vive e partilha a fé de forma autêntica. 

3. Mestre – Guia que ensina com sabedoria e paciência. 

4. Acolhedor – Capaz de receber a todos com empatia e respeito. 

5. Missionário – Enviado para anunciar o Evangelho. 

6. Amoroso – Age com ternura e cuidado nas relações. 

7. Perseverante – Não desiste diante das dificuldades do caminho. 

8. Orante – Busca inspiração e força na oração constante. 

9. Comunitário – Alguém que promove a união e o espírito de grupo. 

10. Formador – Alguém que contribui para o crescimento na fé e na vida cristã.

(Este é o meu, Ângela Rocha, agora faça o seu...)

b) Inspirados nos gestos, palavras e atitudes de Jesus como deve ser o nosso relacionamento com:

Com os catequizandos

- Gestos: Acolher com carinho e paciência, como Jesus acolhia as crianças (Mc 10,14). 

- Palavras: Ensinar com simplicidade e verdade, adaptando a mensagem à realidade de cada um. 

- Atitudes: Ser um exemplo de fé e amor, guiando-os sem julgamentos, mas com compreensão. 

Com suas famílias

- Gestos: Demonstrar empatia e cuidado, reconhecendo os desafios familiares. 

- Palavras: Dialogar com respeito, incentivando a participação ativa na formação dos filhos. 

- Atitudes: Estar disponível para ouvir, apoiar e incluir as famílias na caminhada catequética.

Com as lideranças  

- Gestos: Trabalhar em unidade, valorizando o papel de cada um na comunidade. 

- Palavras: Comunicar-se de forma respeitosa e clara, promovendo a cooperação. 

- Atitudes: Agir com humildade e espírito de serviço, evitando competições ou divisões.

Com a comunidade em geral?  

- Gestos: Ser presença ativa e promotora de inclusão e acolhimento. 

- Palavras: Anunciar o Evangelho com alegria e entusiasmo, como Jesus fazia. 

- Atitudes: Testemunhar o amor de Cristo em ações concretas, como o cuidado com os pobres e necessitados. 

Essas reflexões ajudam a fortalecer o papel do catequista como um verdadeiro discípulo missionário, inspirado pela vida e pelo exemplo de Jesus Cristo.


Ângela Rocha - Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTE:

SCHERER, Odilo Pedro; BERTOLDI, Marlene; TOGNERI, Silvia; SILVA, Sérgio; FERREIRA, Nilson Caetano. Mistagogia: novo caminho Formativo de Catequistas. Cap. 4. VII SULÃO DE CATEQUESE. São José do Rio Preto – SP. 19 a 21 de agosto de 2011.  editor@suliani.com.br