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segunda-feira, 16 de junho de 2025

RECURSOS PEDAGÓGICOS PARA A CATEQUESE INCLUSIVA



Ícone “Inclusão” por Freepik, disponível em Flaticon, licenciado sob Free License (with attribution).
 
Para que a catequese seja verdadeiramente acolhedora e eficaz, é essencial o uso de recursos pedagógicos inclusivos que respeitem a diversidade dos catequizandos. A Igreja, por meio do Diretório Nacional de Catequese e documentos específicos como “Pessoas com deficiência, interlocutoras da catequese” (CNBB, 2008), destaca a importância de adaptar métodos e linguagens para facilitar a comunicação, a compreensão e a participação ativa de todos, especialmente das pessoas com deficiência. Ferramentas como os pictogramas, a linguagem simbólica, o uso de recursos visuais e tecnológicos, entre outros, são fundamentais para promover uma catequese acessível, sensível às necessidades individuais e que favoreça a autonomia e o protagonismo de cada pessoa na vida da comunidade e na vivência da fé.

📌 O que é um pictograma?

Um pictograma é uma imagem simples e clara que representa uma palavra, ideia ou ação por meio de símbolos visuais. Ele é uma forma de comunicação visual não verbal muito utilizada para facilitar a compreensão de conteúdos por pessoas com dificuldades de leitura, deficiência intelectual, autismo, dislexia, entre outras condições.

Os pictogramas ajudam na inclusão, pois tornam a informação mais acessível. São utilizados em placas de sinalização, materiais escolares, rotinas visuais, manuais e também na catequese inclusiva para reforçar conceitos e auxiliar na comunicação.

📘 Exemplos de pictogramas para usar na Catequese Inclusiva:

🕊️ Elementos da fé cristã

🖼️ Pictograma

📝 Significado

🖼️ Pictograma

📝 Significado

📖

Bíblia

🙏

Oração

Jesus / Fé

🕊️

Espírito Santo

Igreja

🍞

Pão

Eucaristia / Missa

🍷

Cálice / Sangue de Cristo

🔥

Fogo do Espírito Santo / Pentecostes

👑

Jesus (Rei / Senhor)

🌹

Maria (Pureza / Amor Materno)

👨‍👩‍👧‍👦

Família

🧑‍🤝‍🧑

Amigos

  

🧠 Apoio a compreensão e rotina

🖼️ Pictograma

📝 Significado

🖼️ Pictograma

📝 Significado

👂

Ouvir

👀

Olhar / Observar

🧍‍♂️

Levantar / Ficar de pé

🪑

Sentar-se

Esperar / Pausa

❤️

Ajudar/ cooperar

(Amor / Caridade)

🤝

Ajudar / Cooperar

🚶

Andar/ caminhar

📌

Fixar (tachinha)

💡

Ideia/ Dica

 

📆 Organização do encontro

🖼️ Pictograma

📝 Significado

🖼️ Pictograma

📝 Significado

Hora do encontro

📅

Data do encontro

📘

Leitura (Livro)

🎵

Música / Louvor

📒

Caderno

🧸

Brincar/ brincadeira

🎨

Atividade artística (pincel ou lápis de cor)

Compromisso / Tarefa / Lembrete (ícone de check ou caderno)

📷

Dinâmica (ícone de grupo ou câmera para registrar)

🍎🥤🥪

Lanche

💧

Água / Beber água

🚻

Banheiro

⏸️

Intervalo / Pausa

🛠️ 

 Ferramentas/construir

 💡 Dica extra:

Se quiser usar pictogramas reais e visuais (desenhos) em vez de emojis, recomendo:

🔗 ARASAAC – Banco de Pictogramas Gratuitos em Português - oferece pictogramas gratuitos e em português para uso educacional e catequético. Eles são muito utilizados na educação inclusiva e são bem aceitos visualmente por crianças e adolescentes.

Lá você pode:

  • Baixar imagens com fundo branco ou transparente.
  • Criar rotinas visuais com pictogramas.
  • Traduzir palavras e frases automaticamente com imagens.

💡 DICA DE LEITURA

"Pessoas com deficiência, interlocutoras da catequese", publicado em 2008. Este é um dos raros documentos que orientam a inclusão das pessoas com deficiência na catequese. Ele aborda desde a fundamentação teológica e pastoral da inclusão, até propostas práticas para garantir acesso, participação e protagonismo dessas pessoas na vida eclesial, destacando a importância de recursos pedagógicos diferenciados, como símbolos, gestos, apoio visual e linguagem adaptada.

O documento “Pessoas com deficiência, interlocutoras da catequese” (2008) foi elaborado a partir do Encontro Nacional de Catequistas e Assessores da Catequese com Pessoas com Deficiência, promovido pela CNBB, que reuniu especialistas, catequistas e representantes de várias dioceses para discutir e construir orientações pastorais e pedagógicas voltadas à evangelização inclusiva.

*Ícone “Inclusão” por Freepik, disponível em Flaticon, licenciado sob Free License (with attribution).


Ângela Rocha - Catequista e Formadora

Graduada em Teologia pela PUCPR.


Em breve LANÇAMENTO 

CONTATO WHATSAPP 41 99747-0348






quarta-feira, 11 de junho de 2025

IGREJA DE TODOS: CATEQUESE PARA CADA UM (MANUAL DE CATEQUESE INCLUSIVA)


PRÉ LANÇAMENTO!!

É cada vez mais comum ouvirmos catequistas que recebem em suas turmas crianças com alguma deficiência. Parece que de repente, há mais crianças com síndrome de Down, autismo, TDAH ou outros transtornos, participando da catequese e da vida comunitária. No entanto, é importante compreender que essas crianças sempre existiram, o que mudou foi a forma como a ciência, a sociedade e a Igreja passaram a enxergá-las.

Antigamente, a falta de conhecimento científico levava à invisibilidade dessas crianças. Muitas delas, especialmente aquelas com deficiências intelectuais, síndromes genéticas ou transtornos de desenvolvimento, não eram diagnosticadas corretamente. Aquelas com autismo, por exemplo, eram muitas vezes consideradas apenas “diferentes” ou “problemáticas”, sem que houvesse uma explicação. Crianças com TDAH eram rotuladas como “malcriadas”, “preguiçosas” ou “indisciplinadas”, e muitas com síndrome de Down eram protegidas em excesso ou mesmo escondidas pela família, tanto por medo de preconceito quanto por vergonha, fruto de uma sociedade que não sabia acolher a diversidade.

Hoje, graças ao avanço da ciência, temos diagnósticos mais precisos e em idades mais precoces. A inclusão escolar e social também avançou: leis como a Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei 13.146/2015) garantem o direito dessas crianças de participarem da escola, da catequese e da vida comunitária. A própria Igreja tem crescido na consciência do seu papel acolhedor, reconhecendo que a presença dessas crianças não é um "problema", mas uma riqueza para toda a comunidade.

Portanto, não é que haja mais crianças com transtornos e síndromes. O que temos é uma sociedade mais consciente, famílias mais acolhedoras e uma catequese mais aberta à diversidade, como deve ser.

É papel da catequese acolher todas as crianças! A catequese, como parte da missão evangelizadora da Igreja, tem o dever de acolher, respeitar e adaptar suas práticas para incluir todas as crianças, respeitando suas necessidades e limites. O amor de Deus é para todos, e nenhuma criança deve ser deixada de fora por ser diferente.

No entanto, a boa vontade da Igreja e dos catequistas, por si só, não é suficiente. Para que haja uma verdadeira inclusão, é essencial que os catequistas tenham Formação adequada, conhecendo os diferentes tipos de transtornos e síndromes, e aprendendo formas concretas de acolher, adaptar e acompanhar cada criança. É necessário superar o medo, o despreparo e até mesmo o julgamento inconsciente.

A catequese não é uma escola, embora se relacione com a doutrina e a formação na fé. Ela é, sobretudo, um espaço de acolhida, escuta, convivência fraterna e vivência da fé. Nesse ambiente, cada criança é chamada a experimentar o amor de Deus de forma concreta. Por isso, a catequese inclusiva não deve ser uma exceção, mas a regra de uma pastoral coerente com o Evangelho.

Portanto, não é que haja mais crianças com transtornos e síndromes nos dias de hoje. O que temos é uma sociedade mais consciente, famílias mais abertas, e uma catequese desafiada a ser cada vez mais humana, atenta e inclusiva, como o coração de Jesus.


Ângela Rocha
Catequista - Graduada em Teologia pela PUCPR

Fontes e fundamentação:

1.   Organização Mundial da Saúde (OMS) — estima-se que o transtorno do espectro autista afete cerca de 1 a 2% da população mundial. O número de diagnósticos tem aumentado, não por aumento real de casos, mas por melhoras nos critérios diagnósticos e maior acesso aos serviços de saúde.

2.   DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) — a padronização dos critérios diagnósticos permitiu a identificação mais precoce e precisa de transtornos como TDAH e autismo.

3.   Lei Brasileira de Inclusão (LBI) - Lei 13.146/2015 — garante o direito à educação inclusiva e ao acesso a espaços de formação religiosa.

4.   Diretório para a Catequese (2020) — afirma que "a catequese é chamada a reconhecer e a valorizar as pessoas com deficiência, promovendo a sua plena participação na vida da comunidade cristã" (§ 269-272).

5.   CNBB – Documento 107: Iniciação à Vida Cristã — destaca que a catequese deve se abrir à diversidade das crianças, adolescentes e jovens, reconhecendo suas realidades e desafios.


🎉 LANÇAMENTO ESPECIAL! 🎉
📘 "IGREJA DE TODOS, CATEQUESE PARA CADA UM"
📍 Manual de Catequese Inclusiva
🖋️ Organização: Ângela Rocha
📅 Ano: 2025

🌈 O blog Catequistas em Formação apresenta um manual prático e inspirador sobre catequese inclusiva, com orientações, reflexões, dinâmicas e testemunhos para acolher TODAS as pessoas com alguma deficiência — com foco nas diversas deficiências e necessidades específicas.

💒 Porque a Igreja é de todos.

🙏 E a catequese também precisa ser para cada um.

📥 Em breve, arquivo PDF disponível para aquisição!

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domingo, 1 de junho de 2025

CATEQUISTA AMADORA: UM APELO

 


Uma leitura leve, cheia de partilhas, experiências reais e reflexões sobre o caminho, dúvidas e descobertas da catequese, vividas ao longo de 18 anos.

Arquivo E-BOOK (PDF)

💰 Valor: R$ 14,00
Pagto PIX:  41997470348

📲 Pedidos pelo WhatsApp: (41) 99747-0348


E o que há por detrás disso...

Há quase três anos meu irmão teve um AVC, aos 52 anos. E por saber que ele estava desempregado, divorciado e com uma filha de oito anos para cuidar, eu me preocupei. A ponto de sair de Curitiba e ir a Apucarana. E graças a Deus por isso! Ele estava largado num sofá, com sabe lá quantos AVC isquêmicos, só com a filha de oito anos.

E o que eu trouxe para minha vida eu não podia imaginar naquele domingo. E nem queria pensar. Só sei que encontrei uma pessoa que, além de meu irmão, é meu amigo. Doente, mal podendo falar, todo mijado... Tudo que eu e o Paulo pudemos pensar era em levar ele para Curitiba, porque Apucarana não é o melhor lugar do mundo para precisar do SUS.

E foi assim, dia 17 de julho de 2022, num domingo, chegamos ao Hospital Cajuru em Curitiba quase meia-noite. E ele levou quase 5 horas para ser atendido. O resultado é que ele sofreu vários AVCs isquêmicos, sem ter tido qualquer tratamento. O SAMU de Apucarana o atendeu, caído na rua, e mandou ele voltar pra casa.  Aqui em Curitiba ele ficou sete dias na UTI. E Depois, nestes dois anos e meio, a luta tem sido árdua, as sequelas deixaram uma demência precoce,  Alzheimer, e o fato de não poder mais se cuidar sozinho.

Ele tem feito tratamento pelo SUS, eu o levo a neurologista e ao cardiologista (sempre que tem agenda), levo para fazer os exames necessários, fico no hospital com ele quando necessário (4 vezes nestes 2 anos). Solicitamos auxílio doença, mas, na primeira perícia ele foi declarado que: “não apresenta incapacidade para o trabalho”. O fato dele ter a mobilidade reduzida, esquecer as coisas do momento (Alzheimer precoce) e ter incontinência urinária, parece que não incapacita para o trabalho.

E eu ganhei um “filho” de 53 anos. Que tentei cuidar em minha casa e não consegui. E em dezembro de 2022 ele foi para uma casa de apoio. Casa de apoio essa que aos poucos foi ficando sob a minha responsabilidade, com ajuda inconstante dos outros irmãos. O custo disso tudo é algo que eu não gosto de “pesar”.He ain’t heavy, he’s may brother... (Ele não é um fardo, ele é meu irmão). Da primeira vez que ficamos no hospital,  várias vezes os olhos dele se enchiam de lágrimas. Porque, por mais debilitado, ele sabia que as coisas nunca mais seriam as mesmas. Que a filha que ele ama muito, não estaria mais com ele. Ali no hospital eu prometi a ele: “Eu nunca vou te abandonar”.

E, só Deus sabe como tem sido difícil cumprir esta promessa! Não porque eu não queira, mas, porque com quase 60 anos, dependendo do meu marido, eu não tenho como, fisicamente e nem financeiramente , cuidar dele. A casa de apoio custa 2.200,00 por mês. E temos que comprar fraldas geriátricas produtos de higiene e alguns remédios que o SUS não fornece. A ajuda da família nem chega perto da metade.

E parece que o INSS tem muito mais coisas agora pra resolver, do que o nosso pedido de Auxílio. Estamos há 1 ano e meio aguardando uma segunda perícia.

E por isso estou contanto esta história a vocês.  Porque preciso de ajuda. E por isso estou pedindo que comprem meu E-Book, porque toda a renda dele vai me ajudar a por em dia as muitas contas que já fiz pra ajudar meu irmão.

Do fundo do meu coração, eu agradeço!

Ângela Rocha

Ângela, Josimar e Ana Lúcia
Josimar 2025

 



sábado, 31 de maio de 2025

E-BOOK UMA CATEQUISTA AMADORA

 

"Uma Catequista Amadora"

Ângela Rocha

Uma leitura leve, cheia de partilhas, experiências reais e reflexões sobre o caminho, dúvidas e descobertas da catequese, vividas ao longo de 18 anos.

Arquivo E-BOOK (PDF)

💰 Valor: R$ 14,00
Pagto PIX:  41997470348

📲 Pedidos pelo WhatsApp: (41) 99747-0348


Por que CATEQUISTA AMADORA?

Uma querida leitora do blog me perguntou isso num comentário. E penso que tenho e não tenho resposta pra isso. Ou, explicando melhor, na época em que comecei a catequese, eu me denominei “catequista amadora”, e eu, de fato, era uma amadora em tudo que eu fazia.

E hoje, passados tantos anos, nem sei se já sou uma “profissional”, ou o nome que contraponha uma maior experiência como catequista. Mas, acredito que ainda sou amadora... - quem sabe agora a conotação do “amadora” esteja mais para o adjetivo derivado do verbo amar, como insistem alguns amigos que me conhecem. Muito bondosos para comigo, diga-se de passagem...

Mas ainda me considero uma “catequista amadora” por mais experiências e conhecimentos que eu tenha acumulado nestes últimos anos de catequista. E sou uma amadora perto de algumas pessoas que tem pra lá de trinta anos de caminhada.

Eu ainda sou amadora, muito amadora. Acho até que jamais serei "experiente" o bastante para deixar o amadorismo. Que o dicionário classifica como "praticar uma atividade sem conhecimento avançado do assunto e usando “equipamentos e técnicas” não profissionais". Pois é, este me parece o retrato da catequese. Por mais que eu tente conhecer o assunto sempre existe mais para saber e estou sempre atrás de técnicas e métodos novos para “saber fazer”.

Bem... Para saber mais do meu "amadorismo", adquira meu E-book!



 

sábado, 24 de maio de 2025

A MISSA COMEÇA NOS ENCONTROS


Durante muito tempo, a liturgia esteve dissociada da nossa catequese. Os conteúdos catequéticos priorizavam mais a doutrina da Igreja. ou seja, o ensino estava mais centrado no catecismo do que propriamente na mensagem que Jesus nos deixou com seus ensinamentos. A ideia era que cada um recebesse os sacramentos em um tempo específico, sem, contudo, considerar a conversão pessoal. Partia-se do pressuposto de que todos nasciam em uma família cristã e, por isso, já sabiam o que se esperava deles na Igreja e na vida em comunidade.

Aqui cabe uma indagação: será que ainda é assim nos dias de hoje?

A partir do Concílio Vaticano II, surgiram vários movimentos dentro da Igreja no sentido de tornar a catequese mais voltada à iniciação à vida cristã, e menos apenas à preparação para os sacramentos. Diversos documentos e exortações papais, como o Diretório Geral para a Catequese, passaram a falar da iniciação e não mais de uma catequese com foco exclusivo nos sacramentos. A Bíblia passou a ser o documento central da catequese, e não mais o catecismo. A liturgia também passou a ter um papel importante nos encontros catequéticos. “Mistagogia” — o aprofundamento no mistério celebrado — tornou-se uma palavra comum na catequese de iniciação.

E uma catequese de iniciação precisa de celebração, de mistagogia, de experimentar o mistério da fé. Precisa tocar mais os sentidos do que a razão. Para se viver a fé, é necessário envolvimento com esse mistério. No entanto, ainda parece que nossa catequese não conseguiu internalizar essa proposta. Isso se revela na dificuldade que a maioria dos catequistas relata: a de levar os catequizandos à missa.

E — quase de forma unânime — acabamos por culpar os pais: "não levam", "não dão exemplo", "não participam da catequese dos filhos"… e assim por diante.

Vamos, então, esmiuçar essa questão. Em primeiro lugar, a missa (liturgia) não é um simples "exemplo", "costume" ou "hábito", como foi no passado. Muito menos um compromisso social. A missa é a celebração da fé, que é, na essência, celebração da vida. É uma necessidade espiritual, jamais uma imposição. E a ausência na missa não pode ser compreendida simplesmente como “pecado”, mas como um sinal de que a fé ainda não foi despertada plenamente.

Enfim, nós temos uma missão na catequese. Para além de ensinar a doutrina, precisamos revelar os mistérios da fé. Não se trata apenas de “ensinar” liturgia, mas de viver a liturgia. Precisamos ensinar a celebrar! Estamos vivos, fomos salvos pelo sacrifício amoroso de Cristo. Nossa catequese deve ser cristocêntrica, e não apenas doutrinal, sacramental ou devocional.

E celebrar começa pela vida, pelo cotidiano, pelas pequenas coisas que vivemos: o dia lindo de sol, a chuva que rega a terra, a beleza da natureza colocada à disposição do ser humano, a água que mata a sede, a luz que rompe a escuridão, o pão que sacia a fome. Se não ensinarmos nossas crianças a celebrar a vida, a festejar as maravilhas de Deus, elas jamais entenderão por que precisam ir à missa.

Então é isso: a celebração precisa começar nos encontros! E cada etapa ou fase da catequese pode ter seus momentos celebrativos. Como fazer isso? É uma questão de planejamento e sensibilidade pastoral. O que precisamos celebrar nos encontros, para que nossos catequizandos sintam o desejo de celebrar também com a comunidade? Devemos usar símbolos, explorar os sentimentos, dar espaço ao invisível que pode ser simbolizado. Somos despertados para a vida, e para Deus, por meio dos sentidos: o olhar, o ouvir, o toque, o perfume.

Por que não usar isso em celebrações catequéticas? Que podem ser realizadas a cada etapa vencida, a cada novo compromisso assumido: o perdão, a bondade, o amor, a caridade... As celebrações fazem parte da catequese como um preâmbulo da missa, que é a grande celebração da comunidade.

A introspecção, o silêncio, a oração, o ambiente... tudo isso é celebração. Precisamos ensinar isso às nossas crianças e adolescentes: a deixar de lado o mundo barulhento lá fora e voltar o olhar para dentro. É claro que, ao falarmos de crianças, o agito, a empolgação, o barulho, fazem parte de seu amadurecimento. A concentração é mais difícil, mas é possível.

Vamos fazer uma analogia entre o encontro de catequese e a Santa Missa. Isso nos ajuda a perceber que a catequese não está separada da vida litúrgica da Igreja, mas é um aprofundamento e uma preparação para ela.

O Encontro de Catequese como Reflexo da Missa

A Santa Missa é o centro da vida cristã. Nela, nos encontramos com Deus, com a comunidade e alimentamos nossa fé na Palavra e na Eucaristia. O encontro de catequese, por sua vez, é uma preparação para essa vida litúrgica, um tempo de escuta, formação e conversão. Por isso, podemos traçar uma analogia entre os momentos da Missa e as etapas de um encontro catequético.

1. Ritos Iniciais – Acolhida e Ambientação

Na Missa, começamos com os ritos iniciais: saudação, canto de entrada, sinal da cruz e ato penitencial. É o momento de nos reconhecer irmãos, nos acolher mutuamente e nos colocar diante de Deus com o coração aberto.

Na catequese, fazemos algo semelhante: acolhemos cada um com alegria, rezamos juntos, cantamos, criamos um ambiente fraterno e de escuta. A ambientação do espaço e uma breve oração inicial preparam o coração para o que virá. É o tempo de "chegar", tanto fisicamente quanto espiritualmente.

2. Liturgia da Palavra – Leitura Bíblica e Reflexão

Na Missa, escutamos a Palavra de Deus: leituras do Antigo e Novo Testamento, salmo, evangelho e homilia. É o momento em que Deus nos fala e nós escutamos com atenção.

No encontro catequético, também há um momento essencial de escuta da Palavra: uma leitura bíblica, feita com atenção e reverência. Muitas vezes utilizamos os passos da Lectio divina para aprofundar o texto, e em seguida fazemos uma reflexão sobre seu significado e como ela se liga ao tema do encontro e à nossa vida.

3. Liturgia Eucarística – Compromisso e Vida

Na Missa, após escutar a Palavra, oferecemos o pão e o vinho, que se tornam Corpo e Sangue de Cristo. A comunidade também oferece a si mesma, suas alegrias, sofrimentos e ações. Depois comungamos, recebendo Jesus para nos fortalecer.

No encontro de catequese, não temos a Eucaristia propriamente dita, mas somos convidados a responder à Palavra com compromisso: aquilo que aprendemos se traduz em atitudes, em ações concretas. Podemos propor gestos simples, tarefas de casa, compromissos de oração ou atitudes solidárias – é o momento de colocar a fé em prática.

4. Ritos Finais – Oração e Envio

Na Missa, terminamos com a bênção e o envio: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”. Saímos em missão, alimentados por Cristo para viver no mundo como seus discípulos.

Do mesmo modo, o encontro catequético se encerra com um momento de oração e envio: agradecemos a Deus, pedimos força para viver o que aprendemos, e nos despedimos com alegria, sabendo que seguimos unidos na fé.

Essa analogia ajuda a entender que cada encontro de catequese é, de certa forma, um eco da Eucaristia: um momento de encontro com Deus, com os irmãos, de escuta, partilha e compromisso. Formar-se na fé é também preparar o coração para viver bem cada Missa, que é o grande encontro da comunidade com o Ressuscitado.

🍞🍷 A Missa e o Encontro de Catequese

Missa

Encontro de Catequese

Significado

Ritos Iniciais

Acolhida e Ambientação

Chegar, se reunir como irmãos, criar um ambiente de fé e escuta.

Canto de Entrada e Saudação

Dinâmica de Boas-Vindas / Oração Inicial

Alegria de estarmos juntos, começamos com Deus no centro.

Ato Penitencial

Reflexão Inicial / Silêncio / Prece

Reconhecemos nossas falhas e abrimos o coração para Deus.

Liturgia da Palavra

Leitura Bíblica e Reflexão

Deus nos fala pela Palavra, e nós ouvimos e respondemos.

Homilia

Aprendizado do Tema / Partilha

Aprofundamos o sentido da Palavra e do tema proposto.

Ofertório e Oração Eucarística

Compromisso Concreto / Dinâmica Prática

Entregamos nossa vida e colocamos a fé em ação.

Comunhão

Vivência do que foi aprendido

Somos alimentados e chamados a viver o Evangelho.

Ritos Finais e Envio

Oração Final e Envio com Missão

Recebemos força para viver como cristãos no dia a dia.

E ainda podemos trazer muita coisa da Missa para o encontro, e também levar do encontro para a Missa. Não só o abraço da paz, a oração do Pai Nosso, a leitura do domingo, mas também o aprendizado do silêncio, da contemplação, da escuta atenta. Podemos aprender, na catequese, a responder com o coração aberto aos gestos e palavras da liturgia, a valorizar os símbolos, a compreender os ritos e a perceber que tudo tem um sentido profundo. Da mesma forma, aquilo que vivemos na Missa — o espírito de comunhão, o louvor, a entrega confiante — pode inspirar e transformar cada encontro de catequese em um verdadeiro momento de encontro com Deus vivo, que caminha conosco.

Ângela Rocha
Catequista - Graduada em Teologia pela PUCPR.

P.S. Este texto nos leva a entender porque ensinarmos o que são os objetos litúrgico, o que significa os espaços do templo e todos os gestos da missa.