“Passei por uma turbulência pessoal,
as coisas estão resolvidas, não com o final que eu gostaria, mas entreguei tudo
nas mãos de Deus. Comunidade pequena, falatório corre solto mesmo, minha
vizinha evangélica veio conversar comigo e me disse:
- Por que você não corre atrás e
tenta reverter essa situação? Quem sabe se vocês forem numa igreja evangélica
tudo dá certo. Lá tem ensinamento da Palavra de Deus, coisa que não tem na
Católica...
No que eu respondi:
- Tem sim! Inclusive estou estudando
e aprendendo bastante sobre os ensinamentos de Deus.
Ela: Você lê a Bíblia?
Eu: Sim.
Ela: Todos os dias?
Eu: Sim!!! Leio, estudo. Estou
aprendendo mais sobre o Catecismo da Igreja Católica. A Igreja Católica é muito
rica em seus ensinamentos, só não sabe quem não procura.
Daí outra vizinha chegou e a conversa
mudou. Mas, que percepção é essa de que a Igreja não tem estudo da Palavra? Se
a própria missa é ensinamento diário de tudo que está na Bíblia. E assim,
qualquer católico menos atento acaba caindo nestas falas que, por mais que
estejam com boas intenções, só nos tiram da Igreja de Jesus Cristo”.
Para começar, as pessoas adoram
dar conselhos para vida do outro...
Quanto a percepção que muitos
evangélicos e protestantes tem de que a Igreja Católica não "estuda"
a Palavra, vem do próprio "cisma" que fez a separação de católicos e
protestantes. Este pensamento - de que a Igreja católica não "usa" a
Bíblia - vem da inspiração da Sola Scriptura, que é o princípio segundo
o qual a Bíblia tem absoluta primazia, sendo ela a única regra de Fé e Prática
que todo ser humano deve seguir.
A intenção da reforma era a de
corrigir aquilo que julgavam como erros no catolicismo romano por meio
da autoridade da Bíblia, de modo a tentar abolir tudo aquilo que não continha
fundamentação e base nas Escrituras, legado pela Tradição oral, pelo Magistério
da Igreja através da Santa Sé e pelos concílios ecumênicos da Igreja Católica.
A Igreja Católica, que fundamenta sua doutrina sobre o tripé (1) Tradição
Apostólica, (2) Bíblia e (3) Magistério, contesta de maneira sistemática este
ensinamento protestante desde o Concílio de Trento. Os padres conciliares,
contrários às inovações de Lutero, mantiveram-se firmes contra a interpretação
particular das Sagradas Escrituras. Os protestantes sabem a Bíblia "de cor"
porque o ensino é exclusivamente por meio da Bíblia. Resumindo, se não está
escrito nela, não "procede da boca de Deus".
Existem ainda inúmeras
contradições da "Sola Scriptura" do ponto de vista católico:
nas Escrituras, não consta o que é a Bíblia, sendo assim, para se tentar
compreender o que é a Bíblia, é necessário sair das Escrituras, descumprindo
assim a Sola Scriptura.
Outro ponto de contradição,
segundo a visão católica, é que nem tudo foi escrito nas Escrituras, é preciso
ver a tradição e as interpretações feitas pelos primeiros padres da Igreja.
Segundo a fé católica existem preceitos formulados por São Paulo, que ordenam
aos cristãos a obediência à Tradição Apostólica, como no versículos: "Por
isso, irmãos, fiquem firmes e mantenham as tradições que lhes ensinamos de viva
voz ou por meio da nossa carta.” (2Ts 2, 15). E também: " Intimamo-vos,
irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo
irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido"
(2Ts 3,6).
Os "evangélicos", que
não são protestantes, mas, pentecostais, herdaram destes o preceito de que só
na Bíblia estão os ensinamentos da fé.
Ângela Rocha
Catequista – Graduada em Teologia PUCPR
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