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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A CELEBRAÇÃO DO ADVENTO

Tudo que você precisa saber sobre o ADVENTO e a COROA!

O Tempo do Advento, (quatro semanas que antecedem o Natal), é oportunidade para um mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de esperança, preparação alegre para a vinda do Senhor, meio precioso de recordar o mistério da salvação e reavivar os valores cristãos. Começa às vésperas do domingo mais próximo do dia 30 de novembro.
Tempo de esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, na vida eterna; esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida. É tempo propício à conversão, a "preparar o caminho do Senhor", vencendo o pecado, com uma disposição maior para a Oração e mergulho na Palavra.
O Advento, deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela Salvação que se realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus. 
As vestes litúrgicas (casula, estola, etc.) são de cor roxa, bem como o pano que recobre o ambão, como sinal de conversão em preparação para a festa do Natal, com exceção do terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois, o Senhor está perto. (Fl 4, 4). 

A COROA DO ADVENTO


Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a Coroa ou Grinalda do Advento. A coroa pode ser pendurada no presbitério, colocada no canto do altar ou em qualquer outro lugar visível. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem.

O círculo da coroa é símbolo do amor de Deus que é eterno, sem princípio, sem fim; também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de união entre Deus e as pessoas, como uma grande Aliança.

Os ramos sempre verdes são sinais de esperança e da vida nova que Cristo trará e que não passa. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna.

 A fita vermelha que enfeita a coroa representa o amor de Deus que nos envolve e a manifestação do nosso amor que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
As quatro velas simbolizam as quatro semanas do Advento. No início, a coroa sem luz recorda-nos a experiência de escuridão do pecado. Na medida em que se aproxima o Natal, vamos acendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada, entre nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, que dissipa a escuridão.
A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá. 

Quanto à cor das velas, ainda podemos usar:

a) Três roxas e uma rosa: a cor roxa é um convite a purificar os nossos corações, para acolher o Cristo que vem. A cor rosa, no terceiro domingo, é um chamado à alegria, pois o Senhor está próximo. Detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
b) Quatro velas nas cores litúrgicas:
Roxa - cor penitencial que lembra o perdão concedido a Adão e Eva.
Vermelha - expressa a fé de Abraão e demais Patriarcas.
Branca - simboliza a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança.
Verde - recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador.

c) Na falta de velas coloridas, podemos usar velas brancas ou amarelas, decorando-as com as cores das opções anteriores.
d) E elas podem ainda ser todas roxas, todas vermelhas, todas verdes ou em tons degradê.




O ato de acender as velas pode ser colocado no início da celebração eucarística, no início da liturgia da palavra ou em qualquer outro momento desde que se harmonize com a celebração. Em qualquer caso deve ser um momento que celebra o caminho de espera do Senhor. O acender das velas deve ser acompanhado de uma oração própria e de um canto, o mesmo para os quatro domingos. 

No primeiro domingo deste tempo litúrgico, acende-se a primeira vela que simboliza o perdão a Adão e a Eva. No segundo domingo, a segunda vela acesa representa a fé dos patriarcas. Eles creram no dom da terra prometida. A terceira vela simboliza a alegria do rei David, que celebrou a aliança e sua continuidade. A última vela acesa no último domingo, ou seja, que antecede o Natal, representa o ensinamento dos profetas que anunciaram um reino de paz e de justiça. 

ORIGEM DA COROA DO ADVENTO



A origem da coroa do Advento remete-nos aos povos da Alemanha, que durante a escuridão do inverno faziam a união de luzes ao redor das folhas verdes na expectativa da primavera que renovaria a natureza. A origem deste costume é pagã. Os cristãos assimilaram estas tradições, marcando a espera do natal (nascimento de Jesus, luz do mundo) com a confecção de uma coroa luminosa, nos mesmos moldes das antigas tradições germânicas. 

Entre as famílias protestantes, a coroa é originalmente feita com galhos de pinheiro enfeitado com fitas vermelhas. As velas eram roxas ou púrpuras, a cor da realeza. A quarta vela era rosa e expressava alegria. A vela do meio, incluída somente na noite do Natal, era branca e simbolizava o Cristo. Em casa cada família colocará a Coroa do Advento num lugar apropriado, num lugar de encontro da família. 

Também cabe ressaltar a importância das cores das velas. Se você adotar, por exemplo, a cor vermelha para a primeira vela, utilize matizes mais claras para as outras duas, sendo a última sempre tem que ser branca. O mesmo serve para a cor verde ou azul. As cores escuras no início representam o início de tudo, o pecado de Adão e Eva, o início da humanidade à busca da evolução através dos tempos. Sucessivamente as outras duas velas de tons mais claros (em degradê), representam a esperança e a fé. Por último a vela branca está a luz Divina enviada através de Jesus, traduzindo a pureza e a união.

Esquema dos textos da liturgia

Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia expressa o aspecto escatológico do Advento, colocando nos corações a alegre expectativa pela segunda vinda de Cristo. Nas semanas seguintes, a Igreja nos prepara diretamente para a celebração do Natal do Senhor. 
O 1º domingo é a da espera vigilante do Senhor. Preparar os caminhos é o tema específico do 2º domingo do Advento. O 3º domingo apresenta os tempos messiânicos, quando Deus vem salvar-nos e a sua vinda está próxima. O 4º domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias. 

TRADIÇÕES DIVERSAS A RESPEITO DAS VELAS DO ADVENTO:

Pesquisando aqui e ali, observamos que as velas mudam de cor e até de “posição” (1ª, 2ª, 3ª, 4ª), dependendo da “tradição”. Pudemos apurar basicamente quatro tradições diferentes:

PRIMEIRA:
1ª - Vela do profeta - vermelha
2ª - Vela de João Batista - Roxa
3ª Vela de Maria ou anjos - Rosa
4ª Vela de Jesus Cristo - branca.
SEGUNDA:
A primeira vela é do profeta;
A segunda vela é de Belém;
A terceira vela é dos pastores;
A quarta vela é dos anjos.
TERCEIRA
- A primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
- A segunda é a vela da fé dos patriarcas que creem na promessa da Terra Prometida;
- A terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
- A quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.
QUARTA:
As quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, representam:
- O tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
- O tempo dos patriarcas;
- O tempo dos reis;
- O tempo dos profetas.


FAZENDO A COROA DO ADVENTO NA CATEQUESE OU EM FAMÍLIA

Alguns modelos utilizados pelos catequistas e pelas famílias:

SIMPLES E BONITO:


- Prato descartável
- Festão
- Forma descartável de docinho de festa
- Velas (dividida ao meio)
- Fitilho paro o lacinho
- Cola quente
Acender uma vela em cada domingo do advento, junto com a família e fazer a leitura do evangelho.

COROA DO ADVENTO FEITA COM AS “MÃOS” DAS CRIANÇAS

Uma atividade interessante para se fazer: Desenhar as mãos dos catequizados num papel cartão/colorset verde e recortar, formar uma coroa imitando as folhas (que significa vida). Confeccionar a coroa emendando as mãozinhas, enfeitar com flores e fitas vermelhas e no centro colocar pequenas velinhas, vermelhas ou com as cores litúrgicas da Coroa do Advento.















ORAÇÃO DO ADVENTO: para rezar enquanto se acende cada vela...









FONTE: 
Acervo Catequistas em Formação e imagens Google.
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Coroa de Advento: História, simbolismo e celebrações, Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

QUAL É O DIA CERTO PARA MONTAR A ÁRVORE DE NATAL?



Quando o fim do ano se aproxima, quem valoriza as tradições - sejam culturais ou religiosas - não vê a hora de montar a árvore de Natal, um dos grandes símbolos do período natalino. Pisca-piscas, presépios, guirlandas e, é claro, a árvore de Natal! Quando o fim do ano se aproxima, muitas famílias começam a pensar nos símbolos e adornos que irão usar para decorar suas residências ou estabelecimentos comerciais para a data.

Mas você sabia que há um dia apropriado para começar a enfeitar a casa?

De acordo com a tradição cristã é durante o primeiro domingo do Advento – o quarto domingo antes do Natal, em 25 de dezembro. Em 2017, a data cai no dia 3 de dezembro.

Segundo orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a árvore não deve ser montada toda de uma vez, o ideal é acrescentar enfeites e adereços aos poucos, durante as quatro semanas do Advento, que é, para os católicos, um tempo de preparação.

Por isso, mais do que aderir à tradição e às comemorações de final de ano, é importante aproveitar esta época para refletir e resgatar o espírito de união e confraternização com o próximo.

O padre José Airton de Oliveira, pároco da Paróquia São Martinho de Lima, no bairro Cajuru, em Curitiba, explica que o ideal é ir preparando a casa de maneira gradual até o dia 24 de dezembro. “No início do Advento as pessoas começam a enfeitar a casa e a decorar a árvore, aumentando a decoração até o Natal. Isso deixa claro o sentido de que estamos nos aproximando de uma grande festa. O presépio também deve ser montado aos poucos. O Menino Jesus é colocado apenas na noite de Natal”.

Na tradição da Igreja Católica o pinheiro simboliza a vida. Isso porque durante o Natal, no Hemisfério Norte, todas as árvores perdem as folhas, com exceção do pinheiro.

Presépios 

A montagem do presépio, também tradicional em tempos de Natal, deve seguir a mesma linha da preparação da árvore de natal. Nos primeiros dias monte a gruta, depois vá colocando os animais e os pastores. Maria, José e o menino Jesus devem fazer parte do presépio apenas mais próximo do Natal, recomenda a Igreja.

Hora de desmontar

Tradicionalmente, o dia de desmontar a árvore de Natal, o presépio e toda a decoração natalina depois do dia 6 de janeiro, o Dia de Reis. Foi nesse dia que os três reis magos encontram o menino Jesus e o revelaram a todas as nações. No final de Semana seguinte, é o Dia da Epifania do Senhor, 1º Domingo do Tempo Comum, termina o tempo de Natal e começa o tempo comum para a Igreja. 

O Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro, representa o encontro dos Reis Magos com Jesus. Também é só neste dia que os reis do presépio devem chegar ao seu destino, de acordo com Oliveira. “Os Reis devem ser colocados lá atrás no início do Advento, e vão caminhando até janeiro”, elucida. A data encerra os festejos natalinos e, por isso, é o melhor dia para desmontar a árvore e guardar os enfeites.


Por trás da decoração

As luzes dos pisca-piscas que embelezam a cidade no período natalino têm um importante sentido para os cristãos. “Ela representa a própria luz, que é Jesus”, diz o padre. Os pinheiros de Natal, por sua vez, representam a vida. “Em encenações de civilizações antigas antes do Natal, era comum associar a árvore a Cristo, que trouxe a vida. Colocavam frutos, pedacinhos de pão para enfeitar, e a criatividade foi para dentro das casas”, explica o coordenador do curso de Teologia da PUCPR, Cesar Leandro Ribeiro.

O teólogo destaca ainda que a data de celebração do nascimento de Jesus é simbólica, e explica a consolidação do 25 de dezembro. “A origem de tudo está em uma antiga festa pagã, de muitos séculos antes de Cristo, que era relacionada ao sol. Era uma celebração difundida em vários povos e culturas, e coincidia com o solstício de inverno (no hemisfério norte), quando tínhamos a noite mais longa do ano. A partir daquela noite o sol voltaria a brilhar por mais tempo”, explana. Quando o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, a partir do século IV, a festa ao sol foi substituída pela celebração natalina.

FONTE: Gazeta do Povo – Curitiba PR.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

COMO LER A BÍBLIA NA CATEQUESE


Um excelente artigo para o catequista ler e compreender melhor a Bíblia na Catequese.

INTRODUÇÃO


A Bíblia retrata o itinerário da fé de um povo, por isso, é nela que buscamos luz e inspiração para todo o processo da evangelização e da catequese, sobretudo quando se trata dos adultos. Mas para trabalhar de forma adequada, faz-se necessária uma sólida formação bíblica tanto do/as catequistas e outras lideranças de base, quanto dos seus formadores. Isto supõe que se conheça e leve à prática, na formação e na catequese, os avanços no campo da hermenêutica bíblica (métodos de abordagens e de interpretações já assumidos e recomendados pelo Magistério). 

A Palavra de Deus, tal como encontramos na Bíblia é o coração da Catequese. A catequese nasce da Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras. Na Igreja a partir do Vaticano II a Bíblia recuperou o lugar que nunca devia ter perdido. 

A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Palavra de Deus. A catequese há de haurir sempre o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida na Tradição e na Escritura (CT 27). A Bíblia ocupa lugar especial: nela, a Igreja reconhece o testemunho autêntico da Revelação divina. É o livro de catequese por excelência; os textos catequéticos lhe servem de complementação” (TM, 24). O Documento de Catequese Renovada recorda que os manuais de catequética não devem substituir a leitura da Bíblia, o livro da catequese por excelência da catequese, mas orientar para ela (CR nº 154; DNC nº 104).


1 DIFICULDADES MAIS FREQÜENTES DOS CATEQUISTAS EM RELAÇÃO À BÍBLIA
O catequista como o fiel ouvinte da Palavra é considerado o ministro da Palavra. Aquele que tem a missão de fazer ressoar a Palavra de Deus em todo lugar. É aquele e aquela que acompanha, que introduz os catequizandos na escuta da Palavra. Neste caminhar do catequista encontram-se algumas dificuldades como:
Falta de preparação

É muito comum entre os catequistas a falta de preparação, experiência e conhecimento das Escrituras. Ele não é um exegeta, um especialista nas ciências Bíblicas. Porém sabe que deve ser um bom leitor e conhecedor das escrituras e procura ser um excelente comunicador da fé. A Bíblia deve ser para o catequista algo como sua casa, sua família. Porém, como fazer para que o catequista cresça na familiaridade com a Bíblia? Como capacitá-los?

Linguagem distinta

Como ouvinte e servidor da palavra, o catequista deve perceber o mistério de Deus revelado na história humana e transmiti-la numa linguagem que fale ao coração humano. Levar os catequizandos a descobrir a proposta da mensagem que a palavra traz para cada um. Percebe-se um distanciamento entre o modo de falar da Bíblia e a maneira como o catequista transmite aos seus catequizandos. O que fazer para entender a linguagem da Bíblia?

Formas de pensar diferentes

A maneira de pensar dos catequistas, homens e mulheres de hoje é muito distinta da forma do pensar que encontramos na Bíblia. Há muitas palavras, símbolos na Bíblia que correspondem a seu tempo, aos povos e culturas da época em que surgiu tal livro e que na maioria das vezes não traz nenhuma mensagem a cultura e a realidade do povo nos seus diversos lugares. Como entender a maneira de pensar que está por traz de um texto?

Ambientes diversos

Percebe-se uma grande dificuldade em descobrir o ambiente em que nasceu o texto. O povo da Bíblia era um povo profundamente religioso, de tal forma que não podia entender nada sem fazer a relação com Deus. O sagrado estava presente em todas as manifestações de sua vida. Sempre estava em relação com o divino, o ambiente campesino ou pastoril. A presença do divino estava em toda parte (Sl 139). Porém hoje os ambientes onde se escuta e transmite a Palavra é muito distinto do ambiente de onde originou tal texto. O que fazer para aproximar o ambiente da Bíblia com o ambiente de hoje? O desafio do catequista e da comunidade catequizadora é o de buscar a atualização e a formação.

Outras dificuldades

Leitura utilitarista. A leitura ao pé da letra (fundamentalista). Muitas vezes acham que a Bíblia é um livro muito difícil de entender e recorrem somente àqueles textos consideram de maior facilidade. Há um grande crescimento da leitura liberalista da Bíblia. Como motivar os catequistas para a leitura adequada da Bíblia?


2 CRITÉRIOS PARA A LEITURA DA BÍBLIA NA CATEQUESE

Crer que Bíblia é a Palavra de Deus e Palavra da vida

  • Esta fé é o ponto de partida para a leitura fiel da Bíblia.
  • É a porta de entrada que faz compreender que a Bíblia é Palavra de Deus, é inspiração de Deus, “ Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra (2 Tm 3, 16-17).
  • A Bíblia é a Palavra de Deus: Por ser Palavra de Deus ela tem autoridade sobre os leitores e ouvintes dela mesma; é regra da nossa fé unida a Tradição; está na raiz da vida da Igreja que nasce e alimenta –se nela; tem uma força especial para realizar o que transmite; comunica o Espírito Santo a quem lê com fé; está na comunidade para que os pastores (Magistério) vivam segundo a palavra. Como recomenda Tiago “ Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (Tg 1, 22).
É Palavra de Deus em linguagem humana

  • O Concilio Vaticano II nos recorda que nas Sagradas Escrituras Deus falou de modo humano, através de homens e mulheres. Porque é a única linguagem que os homens e mulheres podem entender. Uma linguagem com todas as possibilidades e limitações. Como afirma a Dei Verbum, “A Bíblia é Palavra de Deus em linguagem humana, pois Deus se revelou bem por dentro de nossas lutas e sofrimentos, alegrias e conquistas, virtudes e pecado (cf DV 2)”.
  • Desde o momento da Criação e Encarnação Deus se fez um como nós para falar em linguagem humana. Para entender a linguagem das Escrituras faz-se necessário entender a linguagem humana: o modo de falar, os costumes, a cultura, ritos...

Deus se revela na Palavra e na Escritura

  • Antes de ser um conjunto de verdades (dogma de fé) a Sagrada Escritura é a manifestação plena da vida, da graça, do amor e da misericórdia de Deus para com seus filhos e filhas.
  • Na Bíblia encontramos a presença amorosa de Deus, que experimentamos com força libertadora na história da humanidade.
  • Sua manifestação se faz a partir de um processo gradativo, tanto no Primeiro como no Segundo Testamento.

Jesus é a chave para compreender a Escritura

  • Jesus é a promessa, cumprimento e plenitude da revelação. Todos os livros das Escrituras nos falam de Jesus Cristo como o centro da promessa anunciada. A comunidade joanina faz esta referencia quando diz: “ Vós perscrutais as Escrituras porque julgais ter nela a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim (Jo 5, 39)”.
  • Os cristãos buscam na Bíblia conhecer e seguir uma pessoa chamada de Jesus de Nazaré, o Cristo da nossa fé. O homem nascido de uma mulher (Gl 4, 4-5).
  • Em diversas passagens das Escrituras encontramos a referência de Jesus como o cumprimento da profecia revelada. Isso significa que Jesus é a chave para entender as Sagradas Escrituras. São Jerônimo afirma isto ao dizer que: Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.

Ter a Bíblia como livro da Comunidade-Igreja

  • Este critério da Igreja-Comunidade tem muito valor. A Bíblia é um livro comunitário. Nasce na comunidade e está dirigido a uma comunidade. O leitor pode até fazer a leitura pessoal, mas o faz como parte integrante de uma comunidade de fé.
  • A tarefa de interpretar a Sagrada Escritura é uma tarefa comunitária e nunca individual. Isto é, o leitor está diante de um texto com uma tarefa comunitária.
  • A Palavra da Bíblia há de ser bem proclamada, lida, celebrada e vivida sempre na comunidade de fé cristã.

Ler a Bíblia aplicando os critérios da fé da Igreja

  • É muito importante reconhecer que os textos e livros da Escritura não são umas séries de pedaços fragmentados, mas sim, um conjunto harmonioso que tem uma unidade literária. Por isso, se entende melhor a Bíblia quando colocamos cada livro, cada capítulo, cada texto e cada versículo dentro do seu conjunto, onde cada detalhe se explica com o todo.
  • Outro critério valioso é levar em conta a Tradição viva da Igreja, ante, durante e depois da escrita. A Escritura é resultado de muitas experiências humanas e de muitas gerações que ao longo do processo foram narrando oralmente, aos poucos colocando por escrito, interpretando, transmitindo e atualizando em cada época.
  • A leitura da Bíblia deverá ser feita sempre dentro do conjunto e integridade da fé professada, para tornarmos mais seguras na fé.

Ler a Bíblia com os olhos da Realidade do povo

  • Primeiro, por os olhos na realidade do povo em que o texto foi escrito: Israel com seus costumes, crenças, organizações, problemas, experiências... Isto ajudará o leitor a entender porque de tal escrito diz tal coisa e desta maneira.
  • Segundo, com os olhos na realidade do povo que lê a Bíblia, pois sua situação é muita parecida com a do povo da Bíblia. Deus segue chamando e esperando, acompanhado e convocando o povo e hoje, os homens e mulheres para encontrar-se com Ele e dar sentido a vida. O Deus da Bíblia e do povo da Bíblia se parecem muito com o Deus de hoje e o povo de hoje.

Ler a Bíblia em ambiente de oração

  • Se a Bíblia deve ser lida com a fé da Igreja, uma das experiências mais harmoniosa é sem dúvida, a oração pessoal, comunitária e litúrgica. Isto quer dizer que, ao ler a Escritura toda nossa vida está envolvida na vida de Deus. Sua Palavra se encontra com nossa palavra para entrar em diálogo. Sua verdade entra em choque com nossas inverdades. Sua misericórdia com nossa dureza de coração. Um método que deu certo e está se espalhando é o Método da leitura Orante da Bíblia.
  • Assim a Sagrada Escritura é como um espelho donde reflete nossa relação e fidelidade a Deus, a nós, ao mundo e a nossa história. Uma boa leitura das Escrituras que começa e termina em oração é a forma mais segura de avançar no caminho da conversão.

Toda leitura e Interpretação das Escrituras devem ser em função da catequese e da Evangelização.

  • Encontrar-se com a Palavra Bíblica é converter-se em testemunho que anuncia com a vida a Boa Notícia de Deus. O corpo leitor no contato com o corpo texto torna-se um corpo que evangeliza e se deixa evangelizar. A ação de Deus na vida pessoal se prolonga como ação Deus na vida da comunidade.
  • O encontro não pode ser de outro modo. Pois como a mulher samaritana (Jo 4), Zaquel (Lc 19, 1-11) e tantos outros exemplos que o encontro com a Palavra se transforma em ação.



3 PRESENÇA DA CATEQUESE NA ESCRITURA E DA ESCRITURA NA CATEQUESE

Afirmar que a Bíblia é fonte por excelência da catequese é reconhecer esta palavra escrita, como Palavra de Deus e da Vida. No princípio diz a Bíblia, que Deus com sua palavra criadora modelou e organizou todas as coisas em seu devido lugar (Gn 1, 1-2).

A Escritura é fonte e princípio da revelação de Deus. A catequese tem a missão de fazer ressoar na vida dos catequizandos a Palavra revelada.

A Escritura, Palavra de Deus e palavra humana, são consideradas, como um manual de catequese uma vez que a catequese foi dando forma a Tradição escrita. Sabe-se, pela Tradição, que a Palavra de Deus (Tradição oral e escrita) é o ponto central da vida da comunidade que, no exílio e, sobretudo, após o exílio, passa a ser lida, relida e atualizada em vista da organização do povo, em resposta ao Deus da Aliança.

O processo de transmissão consistia num núcleo fundamental para a exegese hebraica. Esta Tradição oral, ensinamento foi sendo transmitida de geração em geração. Este processo podemos chamar de catequese. Para a Igreja a Escritura junto com a Tradição viva é norma suprema da fé, fonte principal e anúncio de vida.

Qual a relação entre Bíblia e Catequese:

Origem comum: Nasceram juntas. Hoje podemos dizer que a Bíblia é fonte da catequese, assim como a catequese, de alguma forma foi também fonte da Bíblia. Antes da Bíblia se tornar escrita, foi anunciada, contada, narrada, uma verdadeira catequese na comunidade de Israel e nas comunidades cristãs. Os sábios e hagiógrafos, movidos pelo Espírito Santo (inspiração) e percebendo as necessidades das comunidades, colocaram por escrito os ensinamentos, o plano de Deus para seu povo. Assim, a Bíblia se torna livro escrito inspirado, tornando a fonte da catequese. Hoje é notável esta presença da bíblia na catequese, assim como, a relação recíproca entre as ambas.

Finalidade comum: Tanto a Bíblia como a catequese tem a mesma finalidade. A Bíblia não é um depósito de idéias e nem um livro de doutrinas. É, sobretudo, a manifestação escrita do ato vivo de Deus, que se comunica sem cessar as pessoas. Assim, também a catequese. Antes de ser um conjunto de doutrinas, é a manifestação do amor de Deus sempre presente na vida humana. Transformar, iluminar e comprometer a vida dos que recebem a Palavra é exatamente o que busca tanto a bíblia como a catequese.

Mensagem comum: A mensagem da Bíblia é exatamente o mesmo que a catequese. Tanto para uma como a outra os grandes temas que lhes envolvem são:
 - O Deus vivo, encarnado na história. Tem uma vida de intimidade chamada comunidade de amor (Trindade);
- A pessoa humana, homem e mulher, com seu mistério, sua vocação e sua missão no mundo e na história;
- O mundo, tarefa da pessoa e espaço de sua convivência e responsabilidade. Lugar do estabelecimento das relações fraternas;
- A história, lugar da intervenção gratuita de Deus e da resposta das pessoas;
- A comunidade (Israel, a Igreja), sacramento vivo de Deus, povo santo, família de Deus, povo da palavra;
- O Reino, presença misteriosa, permanente e transformadora de Deus no mundo, na história e no coração humano;
- O seguimento de Jesus, as bem-aventuranças e os valores centrais do Evangelho;
-  O testemunho e compromisso com o serviço dos irmãos;
- O sentido que tem a vida humana;
- A vida da fé, esperança e amor fraterno;
- A necessidade do diálogo com Deus por meio da oração pessoal, comunitária e litúrgica.

Pedagogia comum: a pedagogia é a forma como Deus se relaciona se comunica e liberta as pessoas. Para a catequese não há outra pedagogia que a pedagogia de Deus usada por Jesus para revelar-se aos homens e mulheres de ontem e de hoje. A pedagogia de Deus destaca o valor da pessoa humana em primeiro lugar.



4 COMO LER AS ESCRITURAS NA CATEQUESE

Há muitas formas de ler as Sagradas Escrituras na catequese. Porém, Métodos e procedimentos são caminhos através dos quais podemos ler um texto bíblico e não devem ser absolutizados. O Diretório Nacional de Catequese lembra-se de dois objetivos na leitura da função da Bíblia na catequese:
a) Formar comunidade de fé;
b)  Alimentar a identidade cristã.

 

Critérios metodológicos:


Todos os textos da Bíblia têm um valor próprio e especial e por isso foram conservados ao longo de tanto tempo, e a Tradição os considerou inspirados. É necessário descobrir esses valores presentes nos textos e deixar que eles iluminem nossa vida. O texto requer sempre uma atenção especial. Às vezes é tal a ânsia de se servir dele para expor as próprias idéias, que não se presta atenção ao que ele tem a dizer. Requer empenho para que pequenas dificuldades com o texto não distraiam da mensagem fundamental que a Bíblia traz: o mistério da vida, da história, do Deus sempre imprevisível. Esse critério ajudará na leitura da Bíblia a superar os riscos de uma leitura fundamentalista, isto é, a impossibilidade de perceber as riquezas incontáveis da Palavra de Deus.

O povo ama a Bíblia e gosta de ouvir o que diz a Palavra de Deus na liturgia, em grupos ou na oração pessoal. A Palavra de Deus é exigente, mas traz também estímulo, confiança, alimento para a fé. Ela é fonte de alegria mesmo em momentos difíceis. Os métodos exegéticos possibilitam uma melhor compreensão do texto bíblico. O importante é chegar à meta: ouvir o que Deus quer nos dizer. Ler um texto bíblico é aprofundar o sentido da vida. A própria Bíblia é uma mediação para a sublime revelação divina. Quanto mais experiência de vida e vivência de fé, mais a pessoa penetra a mensagem bíblica. O importante mesmo é o posicionamento do leitor: lemos a Bíblia como a lê a nossa Igreja: na perspectiva doutrinal, moral e evangélico-transformadora... a partir dos desamparados nos quais Deus quer ser servido. A leitura da Bíblia não é mera questão de técnicas: é uma opção de vida, fruto do dom do Espírito (cf 1ª Cor 2, 1-16; Rm 11, 33-36).

Função do Método

1.                  Perceber na comunidade e na sociedade a presença de Deus;
2.                  Buscar compreender o Deus revelado na Bíblia como o Deus da Vida;
3.                  Interpretar a vida à luz da Bíblia;
4.                  Conhecer e viver intensamente o Projeto de Deus.

O método recorre às ciências para compreender o texto bíblico:

Para procurar responder as questões: Quem escreveu o texto? Para quem? Quando? Onde e Como? Método e os subsídios didáticos a serem utilizados na leitura Bíblica e na Catequese estão a serviço da interação fé e vida: aproximação, assimilação e vivência da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja, e a serviço das pessoas para que se encaminhem para a maturidade na fé, sejam ativos na Igreja e evangelizadores eficientes na missão. O uso de um bom método garante a fidelidade ao conteúdo.
  • Leitura Orante da Bíblia / Lectio Divina;
  • Leitura da Bíblia nas comunidades
  • Leitura Libertadora / Popular;
  • Leitura Histórico-Crítica

 

COMO NÃO LER A BÍBLIA NA CATEQUESE?


De forma: Apologética, Utilitarista, Oportunista, Fundamentalista, Intimista, Intelectualista, desencarnada, como horóscopo. A Bíblia deve permear a ação catequética evangelizadora no seu todo, mas ainda assim precisa de um trabalho específico.

Dois blocos de indicações: Impulso ao Serviço de Animação Bíblica e a Bíblia como alma de toda ação evangelizadora:

Serviço de Animação Bíblica

  • Conhecer e articular as forças já existentes;
  • Investir na formação bíblica dos catequistas e de todos os cristãos;
  • Investir na atualização dos presbíteros;
  • Dialogar com os movimentos e pastorais;
  • Difundir e valorizar a prática da leitura orante da Bíblia (Leitura, Meditação, Oração e Contemplação);
  • Valorizar a tradição da Liturgia das Horas;
  • Incentivar círculos bíblicos e/ou grupos de reflexão;
  • Cuidar da composição de cantos;
  • Vivenciar uma eclesiologia de comunhão e participação...

Atividades e atitudes que envolvem a educação para a leitura bíblica na catequese

  • Docilidade ao Espírito, unindo leitura e oração, fé e vida;
  • Sintonia com a Igreja;
  • Preparação cuidadosa das homilias;
  • Valorização do texto bíblico na liturgia (leituras do Lecionário);
  • Divulgação de esquema básico de história bíblica (linha do tempo);
  • Respeito à condição sagrada do texto;
  • Parceria com as Igrejas cristãs para o estudo ecumênico da Bíblia;
  • Respeitar a situação dos destinatários: caminhada processual;
  • Criação, na paróquia, de uma biblioteca popular;
  • Revisão dos textos de catequese;
  • Valor da Bíblia por si mesma e não como mero instrumental para...;
  • Valorização da Bíblia como fonte fundamental da evangelização.
  • A leitura Bíblica deve nos tornar pessoas humanas, fraternas e capazes de construir um mundo melhor. Tornar o leitor capaz de confiar na Palavra como força para transformar vidas, animar esperanças, alimentar a fé e como caminho de realização do Plano de Deus.

Texto organizado por Ir. Maria Aparecida Barboza.
Teóloga e doutora em Sagradas Escrituras pela PUC-RIO.

Outras fontes pesquisadas:

CNBB. Crescer na Leitura da Bíblia. Coleção de Estudos da CNBB, no 86. Paulus,2004.

________. Diretório Nacional de Catequese. Brasília: Edições CNBB, 2006.

_________. Ler a Bíblia com a Igreja. Comentário Didático Popular à Constituição Dogmática Dei Verbum. Coleção Projeto Nacional de Evangelização. Paulus e Paulinas, 2004.

MERLOS, Francisco A. Cómo leer la Bíblia con ojos de Catequista. Editorial Nueva Palabra. México, 2004.


Sagradas Escrituras: Tradução CNBB e Jerusalém.