CONHEÇA!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

DOCE DE ABÓBORA...

Imagem: Blog da Anette - https://blogs.gazetaonline.com.br/blogdaanette/834/doce-de-abobora/
 

Peço licença hoje, a Anete Musso, do Blog da Anette, da Gazeta Online, para reproduzir aqui um texto que tocou meu coração neste começo de semana. Vi o texto no nosso grupo no Facebook, publicado pela Andreia Antunes de Taubaté. A equipe de catequista e o pároco da comunidade usaram o texto para enviar uma mensagem ao catequistas neste natal. E, coincidentemente, eu também tenho um texto sobre "Doce de Abóbora"... Mas, sobre este eu falo depois. Agora, vamos reviver as lembranças de infância da Anette.

 

"Doce de abóbora: um gosto que traduz as melhores lembranças da infância em Aracruz. Meu pai possuía um pedaço de terra, o Acary. Tinha curral, vacas, touro – Destino de Quiçamã, galinha, pomar, horta. Tudo que uma roça deve ter.  Meu pai me ensinou a ordenhar, a cuidar das galinhas, a semear, a esperar a colheita e saborear os frutos. Herdei do meu pai esse espírito roceiro que acredita que a terra é sagrada, que a semeadura é a certeza da mesa farta, que o suor e o trabalho duro nos fortalecem.

 

Acredito que naquele tempo eu não pensava assim, mas hoje, saboreando o doce de abóbora do post, essas lembranças voltaram em um passe de mágica.

 

Lembro-me de passar horas e horas, embaixo do sol forte, lançando sementes de abóbora em pequenos buracos que meu pai abria com uma engenhoca engraçada, tipo uma cavadeira pequena.  A regra era clara: três sementes por buraco. Depois passava o pé por cima para tampar com terra.

– Pai, demora muito para crescer?

– Tem que esperar, filha. A semente fica no escuro, dormindo, depois chove, a semente acorda e começa a brotar.

– Quanto tempo?

– Depende da natureza, depende da força da semente, da chuva ou da falta de chuva.

– Ah, entendi!!

Entendi? Que nada!!! Queria acabar logo e tomar banho de rio. Para adianta o trabalho, vez por outra lançava um monte de sementes em um só buraco.

– Já acabou? Poxa, será que calculei errado a quantidade de sementes, filha? Se tiver muita semente no mesmo buraco, uma abafa a outra e não vinga.

O calor, o rio passando, o tempo passando, a mão suja de terra, o suor escorrendo, a consciência pesada por causa da mentira.  Meu pai secava o suor com um lenço, secava minha testa também. Procurava uma sombra e descascava laranjas.

– Pode ir brincar, filha.

– Você vem comigo?

– Agora não, tem muito trabalho, ainda. E você já esta cansada. Vai brincar.

Saia em disparada capoeira afora.

 

O tempo passava. Antes era lento, hoje é rápido demais. Chegava o tempo da colheita. Papai dava uns “crocs” na casca abóbora e pelo som sabia se estava madura ou não.

– Não é melhor levar tudo de uma vez?

– Não filha, tem um tempo para tudo. Para plantar e para colher.

Tempo, tempo, tempo – sempre.

 

Papai seguia dando “crocs” e colhendo, deixava um pedaço da rama, o engaço, para proteger a abóbora.

 

As crianças carregavam as abóboras para a carrocinha e depois para dentro de casa. O quarto dos fundos ficava cheio. Depois espalhava pela sala, pela cozinha, por todo canto tinha abóbora. Tudo empilhado, arrumado. As maiores embaixo, as pequenas separadas para o consumo da família. As grandonas eram presenteadas aos amigos de papai.

– Pai, você vai dar um abóbora para o Dr. Carlito? Ele não tem dinheiro para comprar, não?

– Tem , sim filha. Mas eu devo um favor a ele. Lembra quando você operou as amigdalas. Ele não cobrou nada.  É justo levar um presente.

– Abóbora é presente?

– Não é só a abóbora. É o meu trabalho, o seu. É lembrar-se de quem ajudou na hora que precisamos.  A sua mãe vai fazer um doce de abóbora. Vamos levar umas quatro abóboras, o doce e uns queijos. Se der, levo um robalo, também. Ele vai ficar feliz. Você vai junto comigo.

Tremi só em pensar na cena. No dia e hora marcados chegamos ao consultório.

– Que menina bonita, essa sua filha, Múcio!!!

– Conta o que viemos fazer, Anette.

Morta de vergonha e cor de abóbora madura, respondi;

– Viemos trazer um presente e agradecer, estendendo a mão com o pote de doce de abóbora.

– Que menina danada, adivinhou o meu doce favorito!!!


Respirei aliviada."

 

Doce de abóbora

 

Ingredientes

1 kg de abóbora madura

½ kg de coco seco ralado bem fininho

Açúcar

1 pitada de sal

Cravo e canela

 

Prepare assim:

Cozinhe a abóbora com casca. Escorra, deixe esfriar, amasse bem com a ajuda de um garfo. Coloque na panela de fundo grosso, junte o coco e 11/2 xícara de açúcar. Deixe cozinhar em fogo baixo, acrescentando água aos pouquinhos. Depois de umas duas cozinhando, desligue o fogo, cubra a panela com um pano de prato e deixe esfriar por uma noite. No dia seguinte, prove o doce, acrescente mais açúcar e o sal. Volte a cozinhar até ficar brilhante ou “vidrado” (minha mãe garante que o doce esta no ponto quando esta – vidrado). Acrescente cravinhos e canela em pau. Cozinhe um pouco mais. Desligue o fogo e deixe esfriar. Sirva com queijo ou se preferir coma no pão com bastante manteiga".


Ajudinhas:

 

Folha de samambaia renda portuguesa do meu jardim

Potinho de cristal –  herança da Tia Dudú. Era um conjunto de potinhos para colocar em cima da penteadeira. Acho que era do meu bisavó materno.

 FONTE: BLOG DA ANETTE - GAZETAS ONLINE  https://blogs.gazetaonline.com.br/blogdaanette/834/doce-de-abobora/ 


Bom, o resto da mensagem aos catequistas é um texto do Pároco e da Equipe de catequistas, junto com um potinho de doce de abóbora, é claro:

"Jesus nos mostra como ser catequista, sendo amoroso, não se afastando da nossa missão e acima de tudo acreditando nela. Sem se preocupar com resultados. Nós somos fruto da catequese de alguém e também deixaremos nossos frutos, acreditar nisso faz toda diferença. Nós plantamos, regamos, mas quem dá o crescimento é Deus.

“Não pare nunca de plantar suas sementes, porque você não sabe qual delas vai crescer, talvez todas cresçam” (Ec 11,5).

Apesar de tantas situações novas que vivemos, de forma tão diferente, agradecemos sua colaboração e empenho, sem você nada teria sido possível!

Peçamos a Deus a graça de descansar nosso coração Nele, e também o sentimento de missão cumprida, apesar das dificuldades.

EQUIPE DE CATEQUESE - Pe. Ricardo Luís Cassiano – Pároco Dez /2020.

Detalhe, pedimos para uma pessoa da comunidade, conceituadissima em doces, para fazer, fomos ver com ela o material, o trabalho ... Não gente, faço questão, vou doar, apenas venham buscar ... E assim Deus vai conduzindo." (Andréia Antunes).


Ângela Rocha
Catequistas em Formação




Nenhum comentário: